8 de dez. de 2011


Cana de Açúcar




Processamento, Tecnologia de Aplicação e Marcas e Maquinas.

Processamento da Cana de açúcar 

Parte 1


Parte 2



Tecnologia de Aplicação para Cana de Açúcar




Programa Marcas e Maquinas




Cana de Açúcar
(Saccharum hibridas)

Introdução
Originária do sudeste da Ásia, onde é cultivada desde épocas remotas, a exploração canavieira assentou-se, no início, sobre a espécie S. officinarum. O surgimento de várias doenças e de uma tecnologia mais avançada exigiram a criação de novas variedades, as quais foram obtidas pelo cruzamento da S. officinarum com as outras quatro espécies do gênero Saccharum e, posteriormente, através de recruzamentos com as ascendentes.
Os trabalhos de melhoramento persistem até os dias atuais e conferem a todas as variedades em cultivo uma mistura das cinco espécies originais e a existência de cultivares ou variedades híbridas.
A importância da cana de açúcar pode ser atribuída à sua múltipla utilização, podendo ser empregada in natura, sob a forma de forragem, para alimentação animal, ou como matéria prima para a fabricação de rapadura, melado, aguardente, açúcar e álcool.

Clima e Solo
A cana-de-açúcar é cultivada numa extensa área territorial, compreendida entre os paralelos 35º de latitude Norte e Sul do Equador, apresentando melhor comportamento nas regiões quentes. O clima ideal é aquele que apresenta duas estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar a germinação, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para promover a maturação e conseqüente acumulo de sacarose nos colmos.
Solos profundos, pesados, bem estruturados, férteis e com boa capacidade de retenção são os ideais para a cana-de-açúcar que, devido à sua rusticidade, se desenvolve satisfatoriamente em solos arenosos e menos férteis, como os de cerrado. Solos rasos, isto é, com camada impermeável superficial ou mal drenados, não devem ser indicados para a cana-de-açúcar.
Para trabalhar com segurança em culturas semi-mecanizadas, que constituem a maioria das nossas explorações, a declividade máxima deverá estar em torno de 12% ; declividade acima desse limite apresentam restrições às práticas mecânicas.
Para culturas mecanizadas, com adoção de colheitadeiras automotrizes, o limite máximo de declividade cai para 8 a 10%.

Cultivares
Um dos pontos que merece especial atenção do agricultor é a escolha do cultivar para  plantio. Isso não só pela sua importância econômica, como geradora de massa verde e riqueza em açúcar, mas também pelo seu processo dinâmico, pois anualmente surgem novas variedades, sempre com melhorias tecnológicas quando comparadas com aquelas que estão sendo cultivadas. Dentre as várias maneiras para classificação dos cultivares de cana, a mais prática é quanto à época da colheita.Quando apresentarem longo Período de Utilização Industrial (PUI), a indicação de alguns cultivares ocorrerá para mais de uma época.
Atualmente os cultivares mais indicados para São Paulo e Estados limítrofes são:
·     para início de safra: SP80-3250, SP80-1842, RB76-5418, RB83-5486, RB85-5453 e RB83-5054
·     para meio de safra: SP79-1011, SP80-1816, RB85-5113 e RB85-5536
·     para fim de safra: SP79-1011, SP79-2313, SP79-6192, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB84-5257
Os cultivares SP79-2313, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB83-5486 caracterizam-se pela baixa exigência em fertilidade de solo.

Preparo do Terreno
Tendo a cana-de-açúcar um sistema radicular profundo, um ciclo vegetativo econômico de quatro anos e meio ou mais e uma intensa mecanização que se processa durante esse longo tempo de permanência da cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo e esmerado. Convém salientar que as unidades sucroalcooleiras não seguem uma linha uniforme de preparo do solo, tendo cada uma seu sistema próprio, variação essa que ocorre em função do tipo de solo predominante e da disponibilidade de máquinas e implementos.
No preparo do solo, temos de considerar duas situações distintas:
- a cana vai ser implantada pela primeira vez;
- o terreno já se encontra ocupado com cana.
No primeiro caso, faz-se uma aração profunda, com bastante antecedência do plantio, visando à destruição, incorporação e decomposição dos restos culturais existentes, seguida de gradagem, com o objetivo de completar a primeira operação. Em solos argilosos é normal a existência de uma camada impermeável, a qual pode ser detectada através de trincheiras abertas no perfil do solo, ou pelo penetrômetro.
Constatada a compactação do solo, seu rompimento se faz através de subsolagem, que só é aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma profundidade entre 20 e 50 cm da superfície e com solo seco.
Nas vésperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do preparo do terreno e à eliminação de ervas daninhas.
Na segunda situação, onde a cultura da cana já se encontra instalada, o primeiro passo é a destruição da soqueira, que deve ser realizada logo após a colheita. Essa operação pode ser feita por meio de aração rasa (15-20 cm) nas linhas de cana, seguidas de gradagem ou através de gradagem pesada, enxada rotativa ou uso de herbicida.
Se confirmada a compactação do solo, a subsolagem torna-se necessária. Nas vésperas do plantio procede-se a uma aração profunda (25-30 cm), por meio de arado ou grade pesada. Seguem-se as gradagens necessárias, visando manter o terreno destorroado e apto ao plantio.
Devido à facilidade de transporte, à menor regulagem e ao maior rendimento operacional, há uma tendência das grades pesadas substituírem o arado.

Calagem
A necessidade de aplicação de calcário é determinada pela análise química do solo, devendo ser utilizado para elevar a saturação por bases a 60%. Se o teor de magnésio for baixo, dar preferência ao calcário dolomítico.
O calcário deve ser aplicado o mais uniforme possível sobre o solo. A época mais indicada para aplicação do calcário vai desde o último corte da cana, durante a reforma do canavial, até antes da última gradagem de preparo do terreno. Dentro desse período, quanto mais cedo executada maior será sua eficiência.

Adubação
Para a cana de açúcar há a necessidade de considerar duas situações distintas, adubação para cana-planta e para soqueiras, sendo que, em ambas, a quantificação será determinada pela análise do solo.
Para cana-planta, o fertilizante deverá ser aplicado no fundo do sulco de plantio, após a sua abertura, ou por meio de adubadeiras conjugadas aos sulcadores em operação dupla.
No quadro a seguir são indicadas as quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio a serem aplicadas com base na análise do solo e de acordo com a produtividade esperada.

Adubação Mineral de Plantio
Produtividade esperada
Nitrogênio
P resina, mg/dm³
0 - 6
7 - 15
16 - 40
>40
t/ha
N, kg/ha
P2O5, kg/ha
<100
100 - 150
>150
30
30
30
180
180
*
100
120
140
60
80
100
40
60
80

Produtividade esperada
K+ trocável, mmolc/dm³
0 - 0,7
0,8 - 1,5
1,6 - 3,0
3,1 - 6,0
>6,0
t/ha
K2O, kg/ha
<100
100 - 150
>150
100
150
200
80
120
160
40
80
120
40
60
80
0
0
0
* Não é provável obter a produtividade dessa classe, com teor muito baixo de P no solo
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996

Aplicar mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o mês de abril; em solo arenoso dividir a cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra metade em setembro - outubro.
Adubações pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de plantio até 100 kg/ha e o restante juntamente com o N em cobertura, durante o mês de abril.
Para soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em ambos os lados da linha de cana; quando aplicada superficialmente, deve ser bem misturada com a terra ou alocada até a profundidade de 15 cm.
Na adubação mineral da cana-soca aplicar as indicações do quadro a seguir, observando os resultados da análise de solo e de acordo com a produtividade esperada.

Adubação Mineral da Cana-Soca
Produtividade esperada
Nitrogênio
P resina, mg/dm³
K+ trocável, mmolc/dm³
0-15 > 15
0,15  1,5-3,0 > 3,0
t/ha
N, kg/ha
P2O5, kg/ha
K2O, kg/ha
< 60
60 - 80
80 - 100
> 100
60
80
100
120
30
30
30
30
0
0
0
0
90
110
130
150
60
80
100
120
30
50
70
90
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996

Aplicar os adubos ao lado das linhas de cana, superficialmente e misturado ao solo, no máximo a 10 cm de profundidade.
Se for constatada deficiência de cobre ou de zinco, de acordo com a análise do solo, aplicar os nutrientes com a adubação de plantio, nas quantidades indicadas a seguir:

Zinco no solo
Zn
Cobre no solo
Cu
mg/dm³
kg/ha
mg/dm³
kg/ha
0-0,5
> 0,5
5
0
0-0,2
> 0,2
4
0
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996

Uso de Resíduos da Agroindústria Canavieira
Atualmente há uma tendência em substituir a adubação química das socas pela aplicação de vinhaça, cuja quantidade por hectare esta  na dependência da composição química da vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes.
Os sistemas básicos de aplicação são por infiltração, por veículos e aspersão, sendo que cada sistema apresenta modificações.
A torta de filtro (úmida) pode ser aplicada em área total (80-100 t/ha), em pré-plantio, no sulco de plantio (15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha). Metade do fósforo aí contido pode ser deduzido da adubação fosfatada recomendada. (Boletim Técnico 100 IAC, 1996)

Plantio
Existem duas épocas de plantio para a região Centro-Sul: setembro-outubro e janeiro a março. Setembro-outubro não é a época mais recomendada, sendo indicada em casos de necessidade urgente de matéria prima, quer por recente instalação ou ampliação do setor industrial, quer por comprometimento de safra devido à ocorrência de adversidade climática. Plantios efetuados nessa época propiciam menor produtividade agrícola e expõem a lavoura à maior incidência de ervas daninhas, pragas, assoreamento dos sulcos e retardam a próxima colheita.
O plantio da cana de "ano e meio" é feito de janeiro a março, sendo o mais recomendado tecnicamente. Além de não apresentar os inconvenientes da outra época, permite um melhor aproveitamento do terreno com plantio de outras culturas. Em regiões quentes, como o oeste do Estado de São Paulo, essa época pode ser estendida para os meses subseqüentes, desde que haja umidade suficiente.
O espaçamento entre os sulcos de plantio é de 1,40 m, sua profundidade de 20 a 25 cm e a largura é proporcionada pela abertura das asas do sulcador num ângulo de 45º, com pequenas variações para mais ou para menos, dependendo da textura do solo.
Os colmos com idade de 10 a 12 meses são colocados no fundo do sulco, sempre cruzando a ponta do colmo anterior com o pé do seguinte e picados, com podão, em toletes de aproximadamente de três gemas.
A densidade do plantio é em torno de 12 gemas por metro linear de sulco, que, dependendo da variedade e do seu desenvolvimento vegetativo, corresponde a um gasto de 7-10 toneladas por hectare.
Os toletes são cobertos com uma camada de terra de 7 cm, devendo ser ligeiramente compactada. Dependendo do tipo de solo e das condições climáticas reinantes, pode haver uma variação na espessura dessa camada.

Tratos Culturais
Os tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das ervas daninhas, adubação em cobertura e adoção de uma vigilância fitossanitária para controlar a incidência do carvão. No que concerne à adubação em cobertura, já foi visto no item adubação e a vigilância fitossanitária será comentada em doenças e seu controle.
O período crítico da cultura, devido à concorrência de ervas daninhas, vai da emergência aos 90 dias de idade.
O controle mais eficiente as ervas, nesse período, é o químico, através da aplicação de herbicidas em pré-emergência, logo após o plantio e em área total. Dependendo das condições de aplicação, infestação da gleba e eficiência do praguicida, há necessidade de uma ou mais carpas mecânicas e catação manual até o fechamento da lavoura. A partir dai a infestação de ervas é praticamente nula.
Outro método é a combinação de carpas mecânicas e manuais. Instalada a cultura, após o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente, com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto às entrelinhas, sendo complementado com carpa manual nas linhas de plantio, evitando, assim, o assoreamento do sulco. Essa operação é repetida quantas vezes forem necessárias; normalmente três controles são suficientes.
As soqueiras exigem enleiramento do "paliço", permeabilização do solo, controle das ervas daninhas, adubação e vigilância sanitária. Os dois últimos tratos culturais encontram-se em itens próprios.
Após a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e pontas, cuja permanência prejudica a nova brotação e dificulta os tratos culturais. A maneira de eliminar esse material (paliço) seria a queima pelo fogo, porém essa prática não é indicada devido aos inconvenientes que ela acarreta, como falhas na brotação futura, perdas de umidade e matéria orgânica do solo e quebra do equilíbrio biológico.
O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "paliço" deixando duas, quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse material. É realizado por enleiradeira tipo Lely, implemento leve com pouca exigência de potência.
Após a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e impermeável à penetração de água, ar e fertilizantes. Visando à permeabilização do solo e controle das ervas daninhas iniciais, diversos métodos e implementos podem ser usados.
Existem no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras ou escarificadoras, adubadeiras e cultivadores que realizam simultaneamente, operações de escarificação, adubação, cultivo e preparo do terreno para receber a carpa química, exigindo, para tanto, tratores de aproximadamente 90 HPs. Normalmente, essa prática, conhecida como operação tríplice, seguida do cultivo químico, é suficiente para manter a soqueira no limpo.
Além desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas com tração animal ou mecânica apresenta bons resultados. Devido ao rápido crescimento das soqueiras, o número de carpas exigidos é menor que o da cana planta.

Pragas e seu controle
A cana-de-açúcar é atacada por cerca de 80 pragas, porém pequeno número causa prejuízos à cultura. Dependendo da espécie da praga presente no local, bem como do nível populacional dessa espécie, as pragas de solo podem provocar importantes prejuízos à cana-de-açúcar, com reduções significativas nas produtividades agrícola e industrial dessa cultura.
Dos organismos que a atacam, três merecem destaque pelos danos que causam: os nematóides, oscupins e o besouro Migdolus.  Veja mais detalhes em Pragas da Cana-de-Açúcar.

Colheita
A colheita inicia-se em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras em abril, prolongando-se até novembro, período em que a planta atinge o ponto de maturação, devendo, sempre que possível, antecipar o fim da safra, por ser um período bastante chuvoso, que dificulta o transporte de matéria prima e faz cair o rendimento industrial.

Maturadores Químicos
São produtos químicos que tem a propriedade de paralisar o desenvolvimento da cana induzindo a translocação e o armazenamento dos açúcares. Vêm sendo utilizados como um instrumento auxiliar no planejamento da colheita e no manejo varietal. Muitos compostos apresentam, ainda, ação dessecante, favorecendo a queima e diminuindo, portanto, as impurezas vegetais. Há uma ação inibidora do florescimento, em alguns casos, viabilizando a utilização de variedades com este comportamento.
Dentre os produtos comerciais utilizados como maturadores, podemos citar: Ethepon, Polaris, Paraquat, Diquat, Glifosato e Moddus. Estudos sobre a época de aplicação e dosagens vêm sendo conduzidos com o objetivo de aperfeiçoar a metodologia de manejo desses produtos, que podem representar acréscimos superiores a 10% no teor de sacarose.

Determinação do Estágio de Maturação
O ponto de maturação pode ser determinado pelo refratômetro de campo e complementado pela análise de laboratório. Com a adoção do sistema de pagamento pelo teor de sacarose, há necessidade de o produtor conciliar alta produtividade agrícola com elevado teor de sacarose na época da colheita.
O refratômetro fornece diretamente a porcentagem de sólidos solúveis do caldo (Brix). O Brix esta estreitamente correlacionado ao teor de sacarose da cana.
A maturação ocorre da base para o ápice do colmo. A cana imatura apresenta valores bastante distintos nesses seguimentos, os quais vão se aproximando no processo de maturação. Assim, o critério mais racional de estimar a maturação pelo refratômetro de campo é pelo índice de maturação (IM), que fornece o quociente da relação.
IM=Brix da ponta do colmo
       Brix da base do colmo
Admitem-se para a cana-de-açúcar, os seguintes estágios de maturação:
IM
Estágio de Maturação
< 0,60
0,60 - 0,85
0,85 - 1,00
> 1,00
cana verde
cana em maturação
cana madura
cana em declínio de maturação

As determinações tecnológicas em laboratório (brix, pol, açúcares redutores e pureza) fornecem dados mais precisos da maturação, sendo, a rigor, uma confirmação do refratômetro de campo.

Operação de Corte (manual e/ou mecanizada)
O corte pode ser manual, com um rendimento médio de 5 a 6 toneladas/homem/dia, ou mecanicamente, através de colheitadeiras. Existem basicamente dois tipos: colheitadeira para cana inteira, com rendimento operacional médio em condições normais de 20 t/hora, e colheitadeiras para cana picada (automotrizes), com rendimento de 15 a 20 t/hora.
Após o corte, a cana-de-açúcar deve ser transportada o mais rápido possível ao setor industrial, por meio de caminhão ou carreta tracionada por trator.

Rendimento Agrícola
Em relação à produtividade e região de plantio, observamos que a produtividade está estritamente relacionada com o ambiente de produção, e este é dado por padrão do solo, clima e nível tecnológico aplicado.

Produção de Mudas
Após, em média, quatro ou cinco cortes consecutivos, a lavoura canavieira precisa ser renovada. A taxa de renovação está ao redor de 15 a 20% da área total cultivada, exigindo grandes quantidades de mudas. A boa qualidade das mudas é o fator de produção de mais baixo custo e que maior retorno econômico proporciona ao agricultor, principalmente quando produzida por ele próprio.
Para a produção de mudas, há necessidade de que o material básico seja de boa procedência, com idade de 10 a 12 meses, sadio, proveniente de cana-planta ou primeira soca e que tenha sido submetido ao tratamento térmico.
A tecnologia empregada na produção de mudas é praticamente a mesma dispensada à lavoura comercial, apenas com a introdução de algumas técnicas fitossanitárias, tais como:
- Desinfecção do podão - o podão utilizado na colheita de mudas e no seu corte em toletes, quando contaminado, é um violento propagador da escaldadura e do raquitismo. Antes e durantes estas operações deve-se desinfetar o podão, através de álcool, formol, lisol, cresol ou fogo. Uma desinfecção prática, eficiente e econômica é feita pela imersão do instrumento numa solução com creolina a 10% (18 litros de água + 2 litros de creolina) durante meia hora, antes do início da colheita das mudas e do corte das mesmas em toletes.
Durante essas duas operações, deve-se mergulhar, freqüente e rapidamente, o podão na solução.
- Vigilância sanitária e "roguing" - formando o viveiro, torna-se imprescindível a realização de inspeções sanitárias freqüentes, no mínimo uma vez por mês. A finalidade dessas inspeções é a erradicação de toda touceira que exiba sintoma patológico ou características diferentes da variedade em cultivo.
Além dessas duas medidas fitossanitárias, algumas recomendações agronômicas devem ser levadas em consideração, como a despalha manual das mudas, menor densidade das mudas dentro do sulco e maior parcelamento do fertilizante nitrogenado.
- Rotação de culturas - durante a reforma do canavial, no período em que o terreno permanece ocioso, deve-se efetuar o plantio de culturas de ciclo curto, em rotação com a cana-de-açúcar. Amendoim e soja são as mais indicadas.
Além dos conhecidos benefícios agronômicos proporcionados pela rotação de culturas, a cana-de-açúcar permite a consorciação com outra cultura, aproveitando o terreno numa época em que estaria ocioso, proporcionando melhor aproveitamento de máquinas e implementos. A implantação da cultura é feita sem gasto financeiro correspondente ao preparo do solo, havendo menor exposição do terreno à erosão e às ervas daninhas e diminuição da sazonalidade de empregos.

Pragas

Cupins

Os cupins são insetos sociais, de hábitos subterrâneos,pertencentes à Ordem Isoptera. Existem cerca de 2500 espécies e vivem em colônias altamente organizadas, onde o princípio básico é a sobrevivência da colônia e não do indivíduo. A alimentação preferida é a matéria orgânica morta ou em decomposição, mas alimentam-se também de vegetais vivos.
Os principais prejuízos ocasionados pela infestação de cupins são causados aos toletes destinados aos novos plantios. Penetrando pelas extremidades, os cupins destroem o tecido parenquimatoso e as gemas, causando falhas na lavoura. Nas brotações, o ataque ocorre no sistema radicular, provocando debilidade da nova planta. Logo após o corte, e principalmente quando houve queima do talhão, o ataque ocorre na soqueira através da incisão dos tocos e conseqüente destruição das raízes e rizomas.
Nas canas adultas, a penetração ocorre através dos órgãos subterrâneos secos, atingindo até os primeiros internódios. Cana cortada e deixada por algum tempo no campo também é atacada pelos cupins. Havendo escassez de matéria orgânica decomposta, os cupins podem atacar folhas de brotações novas. A destruição dos ninhos e dos restos culturais, através de um profundo preparo do solo, constitui um método de controle.
Na cultura da cana-de-açúcar, os cupins podem causar danos de até 10 toneladas por hectare no ano, o que representa cerca de 60 toneladas por hectare durante o ciclo da cultura.
Já foram identificadas junto à cana-de-açúcar mais de 12 espécies de cupins e há outras em fase de identificação. Dentre as já enumeradas, as mais danosas pertencem às espéciesHetterotermes tenuis, Hetterotermes longiceps, Procornitermes triacifer, Neocapritermes opacus e Neocapritermes parcus. No Nordeste, os cupins mais importantes pertencem aos gêneros Amitermes, Cylindrotermes e Nasutitermes.


H. tenuis
P. triacifer
Nasutitermes sp
N. Opacus
Syntermes dirus
C. bequaerti











No controle dos cupins subterrâneos, recomendam-se, normalmente, aplicações de inseticidas de longo poder residual, impedindo, assim, que esses insetos infestem as touceiras de cana. Na prática, o que parece ocorrer é uma ação de repelencia do produto, associada a uma desestruturação da colônia dos cupins.
A única oportunidade que os produtores possuem para conter os ataques dos cupins subterrâneos é no momento da instalação da lavoura, tanto nas áreas de expansão, como nas de reforma. Isso ocorre através da aplicação de inseticidas de solo no sulco de plantio da cana.Nos últimos 20 anos, mesmo antes da proibição do uso de inseticidas organoclorados, em setembro de 1985, uma série de produtos vem sendo testada no controle dos cupins que atacam a cana-de-açúcar. Inseticidas do grupo dos fosforados, carbomatos, piretróides, além dos clorados, foram avaliados em diversas dosagens, formulações e época de aplicação. Invariavelmente, os únicos produtos que mostravam um efeito protetor durante os 18 meses de cultivo da cana eram os clorados. Determinados inseticidas assinalavam um controle de até 6 meses após o plantio, o que se mostrava insuficiente para evitar redução na produção final da cultura no momento da colheita.
Entretanto, a partir de 1993, foram instalados dois experimentos com o inseticida Regent 800 WG, pertencente ao grupo químico dos fenil-pirazóis, em canaviais naturalmente infestados por cupins dos gêneros Hetterotermes, Procornitermes e Cornitermes. Em todos os ensaios, o Regente 800 WG controlou os cupins até o momento da colheita, mostrando a mesma eficiência dos inseticidas usados como padrão.
Os acréscimos na produção obtidos na colheita para o tratamento com o inseticida Regent 800 WG foram de até 18 toneladas de cana por hectare, semelhantes aos encontrados com o Heptacloro 400 CE e Thiodan 350 CE.


 Besouro Migdolus

O Migdolus fryanus é um besouro da família Cerambycidae, que, em sua fase larval, ataca e destrói o sistema radicular de várias culturas, entre elas a cana-de-açúcar. As perdas provocadas por esse inseto podem variar de algumas toneladas de cana por hectare até, na maioria dos casos, a completa destruição da lavoura, resultando na reforma antecipada mesmo de canaviais de primeiro corte.
Além das dificuldades normais de controle de qualquer praga de solo, o desconhecimento de várias fases do ciclo desse coleóptero complica ainda mais o seu combate. Entretanto, os esclarecimentos atuais, fruto dos avanços tecnológicos alcançados nos últimos 5 anos, tem possibilitado, de certa forma, obter resultados satisfatórios de controle dessa praga.
As condições de seca, bem como a redução ou mesmo a eliminação do uso de inseticidas organoclorados (Aldrin, Heptacloro, Thiodan), anotada em muitas usinas e destilarias, resultaram num aumento significativo das áreas atacadas pelo Migdolus fryanus, principalmente nos Estados de São Paulo e Paraná.

Controle
O controle do besouro Migdolus é difícil e trabalhoso. Isso se deve ao fato de, aliado ao desconhecimento do seu ciclo biológico, o que impossibilita antever com exatidão o seu aparecimento em uma determinada área, a larva e mesmo os adultos passarem uma etapa da vida em grandes profundidades no solo (2 a 5 metros), o que proporciona a esse inseto uma substancial proteção às medidas tradicionais de combate.
Apesar do modo de vida pouco peculiar desse inseto, o mesmo apresenta algumas características biológicas favoráveis ao agricultor, as quais devem ser exploradas no sentido de aumentar a eficiência do controle. Entre essas características merecem destaque as seguintes:
 - a baixa capacidade reprodutiva (cerca de 30 ovos por fêmea);
 - a fragilidade das larvas no que se refere a qualquer interferência mecânica no seu habitat;
 - o curto período de sobrevivência dos machos (1 a 4 dias);
 - a ausência de asas funcionais nas fêmeas, o que restringe, sobremaneira, a disseminação.
O controle integrado do besouro Migdolus fryanus consiste no emprego concomitante de três métodos: mecânico, químico e cultural.

Controle Mecânico
O controle mecânico esta vinculado à destruição do canavial atacado e, nesse aspecto, dois pontos importantes devem ser considerados: a época de execução do trabalho e os implementos utilizados.
Estudos da flutuação populacional do Migdolus mostraram que a época do ano, na qual a maior porcentagem de larvas se concentra nos primeiros 20 a 30 cm do solo, coincide com os meses mais frios e secos, ou seja, de março a agosto. Desse modo, do ponto de vista do controle mecânico, a destruição das touceiras de cana, quando efetuada nessa época, mesmo que parcialmente, é muito mais efetiva.
Aliada à época de reforma, o tipo de destruição também tem influência na mortalidade das larvas. Experimentos conduzidos em áreas infestadas revelaram que o uso de diferentes implementos por ocasião da reforma do canavial apresentam efeitos variados no extermínio das larvas de Migdolus. A grade aradora, passada apenas uma vez, atinge níveis de mortalidade ao redor de 40%, enquanto o uso de eliminador de soqueira, modelo Copersucar, pode reduzir a população das larvas em mais de 80%.
Outros trabalhos executados em condições de plantio comercial de cana-de-açúcar confirmaram a eficiência do destruidor de soqueira no controle das larvas do Migdolus.
Os mesmos estudos assinalaram também bons resultados com o arado de aiveca, não só no aspecto relativo à mortandade de larvas, mas também na eficiente destruição dos canais usados pelas larvas na sua movimentação vertical durante o ano. Ainda no tocante ao método de reforma dos canaviais, alerta-se para a inconveniência do emprego do cultivo mínimo nas áreas infestadas com Migdolus.

Controle Químico
O método mais simples e pratico de controle é o químico aplicado no sulco de plantio. Essa forma de aplicação de inseticidas tem revelado resultados promissores no combate a essa praga.
Experimentos mostraram que o emprego de inseticidas organoclorados (Endosulfan 350 CE) apresentou reduções significativas na população e no peso das larvas de Migdolus, quando comparadas a uma testemunha não tratada. A aplicação desses produtos resultou na proteção das touceiras de cana durante o primeiro corte da cultura, com aumentos na produção da ordem de 19 toneladas de cana por hectare. Os números mais expressivos de controle foram alcançados nas soqueiras subseqüentes. Os acréscimos de produtividade registraram valores superiores a duas ou três vezes aos encontrados nas parcelas-testemunhas, como conseqüência do uso de inseticidas.
Estudos com o inseticida Endosulfan 350 CE, mostraram um retorno econômico altamente significativo, tanto em doses isoladas como quando associado ao nematicida Carbofuran 350SC. A produtividade média de três cortes, nas áreas tratadas com Endosulfan 350 CE, na dosagem de 12 litros/ha, foi de 105 t/ha, contra 46 t/ha obtidas nas parcelas testemunhas. O custo desse controle foi de US$ 78,00/ha, para um valor presente líquido de margem de contribuição da ordem de US$ 790,00/ha.
Uma outra forma de controle é a aplicação de inseticidas de longo poder residual no preparo do solo, através de bicos colocados atrás das bacias do arado de aiveca. Esse método, que implica no consumo de 300 a 1000 litros de solução por hectare, apresenta a vantagem de depositar o inseticida a aproximadamente 40 cm de profundidade, formando uma faixa protetora contínua.
Os resultados atuais de pesquisa recomendam o controle químico através do emprego do inseticida Endosulfan 350 CE, aplicado no arado de aiveca na dosagem de 12 litros/ha, mais uma complementação com o inseticida Regent 800 WG, utilizado na dosagem de 250 g/ha, colocado no sulco de plantio, no momento de cobertura da cana.

Controle Cultural
Consiste no uso de armadilhas com feromônio sintético, as quais capturam e matam os machos do besouro Migdolus. Além do efeito de controle dessas armadilhas, deve-se ressaltar também a possibilidade de monitorar um grande número de fazendas, o que proporcionará, em breve, antever ataque de larvas nas raizes.

Macho de Migdolus tentando copular pastilha de feromônio
Danos causados pelo besouro Migdolus

Macho de Migdolus na beira de armadilha com feromônio.















Broca-da-cana

No Estado de São Paulo, a mais importante praga é a Diatraea saccharalis, cujo adulto é uma mariposa de hábitos noturnos, que realiza a postura na parte dorsal das folhas. Nascidas, as lagartinhas descem pela folha e penetram no colmo, perfurando-o na região nodal. Dentro do colmo cavam galerias, onde permanecem até o estádio adulto.
Broca da cana

Danos causados pela broca

Ovo da broca da cana

Adulto da broca da cana
Os prejuízos decorrentes do ataque são a perda de peso devido ao mau desenvolvimento  das plantas atacadas, morte de algumas plantas, quebra do colmo na região da galeria por agentes mecânicos e redução da quantidade de caldo. Além desses, o principal prejuízo é causado pela ação de agentes patológicos, como oFusarium moniliforme e Colletotrichum falcatum, que penetram pelo orifício ou são arrastados juntamente com a lagartinha, ocasionando, respectivamente, a podridão-de-fusarium e a podridão-vermelha, responsáveis pela inversão e perda de sacarose no colmo.
Para nossas condições de clima quente, o controle químico não apresenta os efeitos desejados. O mais eficiente é o controle biológico através de inimigos naturais que, criados em laboratórios, são liberados no campo, em glebas previamente levantadas, para determinar a intensidade de infestação.
Os inimigos naturais que melhor se aclimataram na região e desempenham maior eficiência no controle da broca são o microhimenóptero Apanteles flavipes e os dípteros Metagonystilum minense e Paratheresia claripalpis.
Algumas medidas culturais auxiliares podem ser adotadas, com o uso de variedades resistentes, corte da cana o mais rente possível do solo; evitar o plantio de plantas hospedeiras (arroz, milho, sorgo e outras gramíneas) nas proximidades do canavial e queimadas desnecessárias, principalmente o "paliço".

Elasmo

Além da cana-de-açúcar, o Elasmopalpus lignosellus ataca também o milho, arroz, amendoim, trigo, sorgo, feijão, soja, algodão, etc..., durante o desenvolvimento inicial da cultura. O adulto realiza a postura na parte aérea da cana. As larvas recém nascidas alimentam-se inicialmente de folhas, caminham em direção ao solo e, na altura do colo, perfuram o broto, abrindo galerias no seu interior. No orifício de entrada do túnel, as larvas constroem, com fios de seda, terra  e detritos, um abrigo de forma tubular, onde permanecem a maior parte do dia, saindo à noite para atacar outras plantas jovens nas proximidades. A perfuração basal na planta nova provoca a morte da gema apical, seguida de amarelecimento e seca das folhas centrais, surgindo o conhecido coração-morto.






Em muitos casos a planta atacada morre, gerando falhas na lavoura; em outros casos, a planta recupera-se emitindo perfilhos. Os prejuízos são mais intensos na cana planta.
Em glebas infestadas, onde a praga constitui problemas, pode-se indicar o controle químico, por meio de pulverizações dirigidas ao colo das plantinhas e realizadas ao entardecer, com soluções inseticidas à base de Carbaril 125 g/100 litros de água ou Acefato 45 g/100 litros de água ou Deltametrina 1 cm3/100 litros de água.

Gorgulho-rajado ou besouro-da-cana

O Sphenophorus levis, conhecido como gorgulhao-rajado ou besouro-da-cana, é a mais recente praga da cana-de-açúcar. Semelhante ao bicudo do algodão, tem o dobro do tamanho, medindo cerca de 15 mm. Assemelha-se também ao Metamasius hemipterus, praga da parte aérea da cana. Desprovido de manchas nos élitros, o S. levis tem hábitos noturnos, apresenta pouca agilidade e simula-se de morto quando atacado.
A postura dos ovos é realizada ao nível do solo, ou mais abaixo, nos rizomas. As larvas nascidas são brancas, com cabeça e corpo volumosos, ápodas, de hábitos subterrâneos e elevada sensibilidade ao calor e à desidratação. Elas penetram nos rizomas, em busca de alimento e abrigo, construindo galerias irregulares onde permanecem até os primeiros dias do estádio adulto. Bloqueando a parte basal das plantas e rizomas, surge amarelecimento do canavial, morte das plantas e falhas nas soqueiras. A intensidade dos prejuízos esta em função da população da praga.
Até o momento, o controle recomendado é feito durante a reforma do talhão, através de uma aração nas linhas de plantio, procurando revolver os restos culturais e expor as larvas à ação dos raios solares e inimigos naturais. Cerca de 2 a 3 semanas após, complementa-se essa operação com enxada rotativa para triturar e acelerar a seca do material. Duas semanas depois, faz-se o preparo normal do solo.
O uso de iscas envenenadas constitui outro método de controle. As iscas constam de duas metades de um tolete de aproximadamente 30 cm, seccionado longitudinalmente, dispostas lado a lado. As iscas são previamente mergulhadas em solução inseticida por cerca de 12 horas; as faces seccionadas devem estar em contato com o solo e cobertas com capim.

Nematóides

Nas mais diferentes culturas do mundo, os nematóides parasitos de plantas têm sido responsáveis por uma parcela significativa de perdas provocadas pela destruição do sistema radicular.
Dentre as diversas plantas que os nematóides atacam, merece destaque a cana-de-açúcar. Nessa cultura os prejuízos alcançaram a cifra anual de 16 milhões de dólares, com uma estimativa de perda da ordem de 15 a 20%.
Em estudos conduzidos em condições de viveiro telado, plantas sadias que foram comparadas com outras, atacadas por nematóides das galhas, Meloydogyne javanica, mostraram diminuição de 43% na produção de colmos.
Entre os métodos viáveis de controle a serem utilizados em cana-de-açúcar, podem ser citados o controle químico e o varietal.
O controle químico consiste na aplicação, no solo e no momento do plantio, de substâncias conhecidas como nematicidas. Em geral, esses produtos podem eliminar até 90% da população de nematóides de uma área e, quando empregados corretamente, têm proporcionado resultados altamente compensatórios.
Nas condições brasileiras, os melhores resultados tem sido obtidos com os nematicidas Counter 50 G, na dosagem de 60 kg/ha e com Furadan, na formulação 350 SC, aplicado a 8,5 litros/ha, ou na formulação 50 G, empregado na quantidade de 60 kg/ha. Os acréscimos na produtividade, obtidos com esses tratamentos, são da ordem de 20 a 30 toneladas de cana por hectare.
O controle varietal, através do uso de variedades resistentes ou tolerantes, é o método mais prático e econômico. Contudo, os fatores que conferem à cana-de-açúcar os caracteres de alta produtividade e riqueza em açúcar são, geralmente, antagônicos àqueles que propiciam rusticidade, tais como resistência às pragas e doenças, além da não-exigência em fertilidade de solo. É preciso considerar também o fato de que é possível constatar, numa mesma área, altas populações de duas ou mais espécies de nematóides, e que, nem sempre, uma mesma variedade de cana se comporta como resistente ou tolerante em relação às diferentes espécies de nematóides. Assim, é importante a determinação correta dos nematóides presentes numa determinada área e o conhecimento do modo como as variedades de cana se comportam em relação à eles.
A coleta de material para análise nematológica deve considerar alguns cuidados importantes, tais como:
- retirar amostras de raízes e solo com umidade natural, sendo fundamental a presença de raízes vivas;
- coletar a uma profundidade de 0 a 25 cm, caminhando em ziguezague pela área;
- cada amostra deve ser feita separadamente quanto ao tipo de solo, variedade, idade da planta e uso de insumos agrícolas (matéria orgânica e nematicida);
- coletar de 5 a 10 subamostras por hectare. Misturá-las e tomar uma amostra composta com pelo menos 1 litro de solo e 50 g de raízes;
- acondicionar as amostras em sacos plásticos resistentes e enviá-las o mais breve possível para o laboratório, sempre acompanhada de uma ficha de identificação.

Doenças

Mosaico

Trata-se de uma doença sistêmica, causada por vírus e que, no passado, acarretou seríssimos prejuízos à agroindústria mundial, inclusive à brasileira, chegando a dizimar certas variedades com extenso cultivo na época. A transmissão da doença ocorre através do plantio de tolete contaminado e pelos pulgões.
O principal sintoma surge nas folhas jovens do cartucho, sob a forma de pequenas estrias cloróticas no limbo foliar, causando uma alternância entre o verde normal da folha e o verde claro das estrias. Dependendo da linhagem do vírus e da variedade atacada, os sintomas visuais são diferentes. Em alguns casos o quadro é invertido, predominando o verde-claro, em conseqüência do grande número e coalescencia das estrias amareladas.
A baixa produtividade das lavouras enfermas é conseqüência do subdesenvolvimento das plantas e baixo perfilhamento das touceiras, sendo que os prejuízos estão em função da resistência varietal, grau de infecção e virulência do agente etiológico.
O controle é realizado pela adoção de variedades resistentes, plantio de mudas sadias e práticas de "roguig".

Escaldadura
Morte das plantas

Estrias brancas nas folhas e brotação lateral dos colmos

Sintomas internos na região nodal



Doença de ação sistêmica, causada pela bactéria Xantomonas albilineans, é transmitida pelo plantio de mudas doentes ou qualquer instrumento de corte contaminado.
Os sintomas são determinados por duas estrias  clorótica e finas nas folhas e bainhas, podendo também aparecer manchas cloróticas no limbo foliar e brotações laterais de baixo para cima no colmo doente. As folhas tornam-se anormais, duras, subdesenvolvidas e eretas. Pontuações avermelhadas são observadas na região do nó, quando o colmo é seccionado longitudinalmente.
A escaldadura provoca baixa germinação das mudas, morte dos rebentos ou de toda a touceira, desenvolvimento subnormal das plantas doentes, entrenós curtos e baixo rendimento em sacarose. Com  o avanço da doença, advêm a seca e a morte das plantas.
O controle é feito por meio de variedades resistentes, plantio de mudas sadias, "roguing" e pela desinfecção do podão ou outro instrumento utilizado na colheita e corte dos colmos.
  
Raquitismo-das-soqueiras

A alta transmissibilidade do agente causal, provavelmente uma bactéria, e a ausência de sintomas típicos que permitem o seu diagnóstico, fazem com que o raquitismo-das-soqueiras seja a doença mais traiçoeira da cana-de-açúcar.
A disseminação do raquitismo no campo ocorre pelo plantio de muda doente e pelo uso de instrumento cortante contaminado, principalmente o podão usado no corte da cana.
Algumas variedades enfermas, quando cortadas longitudinalmente, apresentam pontuações avermelhadas na região da inserção das folhas.
As mudas portadoras do raquitismo exibem germinação lenta e desuniforme, e os maiores prejuízos ocorrem nas soqueiras com baixo perfilhamento, internódios curtos, com subdesenvolvimento geral e desuniforme no talhão.
O controle preconizado baseia-se no tratamento térmico das mudas a 50,5ºC durante duas horas e "descontaminação" dos instrumentos cortantes.

Raquitismo-das-soqueiras

A alta transmissibilidade do agente causal, provavelmente uma bactéria, e a ausência de sintomas típicos que permitem o seu diagnóstico, fazem com que o raquitismo-das-soqueiras seja a doença mais traiçoeira da cana-de-açúcar.
A disseminação do raquitismo no campo ocorre pelo plantio de muda doente e pelo uso de instrumento cortante contaminado, principalmente o podão usado no corte da cana.
Algumas variedades enfermas, quando cortadas longitudinalmente, apresentam pontuações avermelhadas na região da inserção das folhas.
As mudas portadoras do raquitismo exibem germinação lenta e desuniforme, e os maiores prejuízos ocorrem nas soqueiras com baixo perfilhamento, internódios curtos, com subdesenvolvimento geral e desuniforme no talhão.
O controle preconizado baseia-se no tratamento térmico das mudas a 50,5ºC durante duas horas e "descontaminação" dos instrumentos cortantes.


Carvão
Sintomas do carvão da cana,apresentando chicotes em clone altamente suscetível




É uma doença sistêmica causada pelo fungo Ustilago scitaminea, e que encontra boas condições de desenvolvimento nas regiões subtropicais com inverno frio e seco.
O sintoma característico é a presença de um apêndice na região apical do colmo, medindo de 20 a 50 cm de comprimento por 0,5 a 1,0 cm de diâmetro. Inicialmente, esse "chicote" apresenta cor prateada, passando posteriormente à preta, devido à maturação dos esporos nele contidos.
A transmissão ocorre pelo plantio de mudas doentes, pelo vento que dissemina os esporos e pelo solo contaminado.
A doença provoca um verdadeiro definhamento na cana-de-açúcar, gerando internódios finos e curtos, dando à planta uma semelhança de capim. Os rendimentos agrícola e industrial são severamente afetados.
O controle é feito por meio de variedades resistentes, tratamento térmico, "roguing", plantio de mudas sadias e proteção química das mudas com fungicida à base de Triadimefon 25 g/100 litros de água do ingrediente ativo em banho de imersão durante 10 minutos, ou pulverização no fundo do sulco de plantio com 500 g do ingrediente ativo por hectare.
  
Podridão-abacaxi

Causada pelo fungo Thielaviopsis paradoxa, a podridão-abacaxi é uma doença típica dos toletes, podendo causar prejuízos à cana colhida e deixada no campo. A penetração do patógeno ocorre pela extremidade seccionada ou por ferimentos na casca.
O tolete contaminado inicialmente apresenta uma coloração amarelo-pardacenta, passando à negra. Geralmente há destruição total do tecido parenquimatoso, permanecendo indestrutíveis os tecidos fibrovasculares. Os toletes atacados não germinam, provocando falhas na lavoura, podendo dar prejuízo total.  Durante o ataque pode haver exalação de odor típico, semelhante ao de abacaxi maduro.
A doença ocorre em função do atraso na germinação dos toletes, que pode ser motivado por seca e, principalmente, baixa temperatura.
Plantio em época correta, bom preparo do solo e colocação do tolete à profundidade adequada aceleram a germinação e constituem o melhor controle da doença.
Também é recomendado o tratamento químico dos toletes com Benomil a 35-40 g/100 litros de água do ingrediente ativo ou Thiadimefon 25 g/100 litros de água do ingrediente ativo, em banho de imersão durante 3 minutos.

Extraído de:






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