Processamento, Tecnologia de Aplicação e Marcas e Maquinas.
Processamento da Cana de açúcar
Parte 1
Parte 2
Tecnologia de Aplicação para Cana de Açúcar
Programa Marcas e Maquinas
Cana
de Açúcar
(Saccharum hibridas)
Introdução
Originária do sudeste
da Ásia, onde é cultivada desde épocas remotas, a exploração canavieira
assentou-se, no início, sobre a espécie S. officinarum. O surgimento de várias
doenças e de uma tecnologia mais avançada exigiram a criação de novas
variedades, as quais foram obtidas pelo cruzamento da S. officinarum com as
outras quatro espécies do gênero Saccharum e, posteriormente, através de
recruzamentos com as ascendentes.
Os trabalhos de
melhoramento persistem até os dias atuais e conferem a todas as variedades em
cultivo uma mistura das cinco espécies originais e a existência de cultivares
ou variedades híbridas.
A importância da cana
de açúcar pode ser atribuída à sua múltipla utilização, podendo ser empregada
in natura, sob a forma de forragem, para alimentação animal, ou como matéria
prima para a fabricação de rapadura, melado, aguardente, açúcar e álcool.
Clima e Solo
A
cana-de-açúcar é cultivada numa extensa área territorial, compreendida entre os
paralelos 35º de latitude Norte e Sul do Equador, apresentando melhor
comportamento nas regiões quentes. O clima ideal é aquele que apresenta duas
estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar a germinação,
perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para
promover a maturação e conseqüente acumulo de sacarose nos colmos.
Solos
profundos, pesados, bem estruturados, férteis e com boa capacidade de retenção
são os ideais para a cana-de-açúcar que, devido à sua rusticidade, se
desenvolve satisfatoriamente em solos arenosos e menos férteis, como os de
cerrado. Solos rasos, isto é, com camada impermeável superficial ou mal
drenados, não devem ser indicados para a cana-de-açúcar.
Para
trabalhar com segurança em culturas semi-mecanizadas, que constituem a maioria
das nossas explorações, a declividade máxima deverá estar em torno de 12% ;
declividade acima desse limite apresentam restrições às práticas mecânicas.
Para
culturas mecanizadas, com adoção de colheitadeiras automotrizes, o limite
máximo de declividade cai para 8 a 10%.
Cultivares
Um
dos pontos que merece especial atenção do agricultor é a escolha do cultivar
para plantio. Isso não só pela sua importância econômica, como geradora
de massa verde e riqueza em açúcar, mas também pelo seu processo dinâmico, pois
anualmente surgem novas variedades, sempre com melhorias tecnológicas quando
comparadas com aquelas que estão sendo cultivadas. Dentre as várias maneiras
para classificação dos cultivares de cana, a mais prática é quanto à época da
colheita.Quando apresentarem longo Período de Utilização Industrial (PUI), a
indicação de alguns cultivares ocorrerá para mais de uma época.
Atualmente
os cultivares mais indicados para São Paulo e Estados limítrofes são:
· para início de safra: SP80-3250,
SP80-1842, RB76-5418, RB83-5486, RB85-5453 e RB83-5054
· para meio de safra: SP79-1011,
SP80-1816, RB85-5113 e RB85-5536
· para fim de safra: SP79-1011,
SP79-2313, SP79-6192, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB84-5257
Os
cultivares SP79-2313, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB83-5486
caracterizam-se pela baixa exigência em fertilidade de solo.
Preparo do Terreno
Tendo
a cana-de-açúcar um sistema radicular profundo, um ciclo vegetativo econômico
de quatro anos e meio ou mais e uma intensa mecanização que se processa durante
esse longo tempo de permanência da cultura no terreno, o preparo do solo deve
ser profundo e esmerado. Convém salientar que as unidades sucroalcooleiras não
seguem uma linha uniforme de preparo do solo, tendo cada uma seu sistema
próprio, variação essa que ocorre em função do tipo de solo predominante e da
disponibilidade de máquinas e implementos.
No
preparo do solo, temos de considerar duas situações distintas:
-
a cana vai ser implantada pela primeira vez;
-
o terreno já se encontra ocupado com cana.
No
primeiro caso, faz-se uma aração profunda, com bastante antecedência do
plantio, visando à destruição, incorporação e decomposição dos restos culturais
existentes, seguida de gradagem, com o objetivo de completar a primeira
operação. Em solos argilosos é normal a existência de uma camada impermeável, a
qual pode ser detectada através de trincheiras abertas no perfil do solo, ou
pelo penetrômetro.
Constatada
a compactação do solo, seu rompimento se faz através de subsolagem, que só é
aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma profundidade entre 20 e
50 cm da superfície e com solo seco.
Nas
vésperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do preparo do
terreno e à eliminação de ervas daninhas.
Na
segunda situação, onde a cultura da cana já se encontra instalada, o primeiro
passo é a destruição da soqueira, que deve ser realizada logo após a colheita.
Essa operação pode ser feita por meio de aração rasa (15-20 cm) nas linhas de
cana, seguidas de gradagem ou através de gradagem pesada, enxada rotativa ou
uso de herbicida.
Se
confirmada a compactação do solo, a subsolagem torna-se necessária. Nas
vésperas do plantio procede-se a uma aração profunda (25-30 cm), por meio de
arado ou grade pesada. Seguem-se as gradagens necessárias, visando manter o
terreno destorroado e apto ao plantio.
Devido
à facilidade de transporte, à menor regulagem e ao maior rendimento
operacional, há uma tendência das grades pesadas substituírem o arado.
Calagem
A
necessidade de aplicação de calcário é determinada pela análise química do
solo, devendo ser utilizado para elevar a saturação por bases a 60%. Se o teor
de magnésio for baixo, dar preferência ao calcário dolomítico.
O
calcário deve ser aplicado o mais uniforme possível sobre o solo. A época mais
indicada para aplicação do calcário vai desde o último corte da cana, durante a
reforma do canavial, até antes da última gradagem de preparo do terreno. Dentro
desse período, quanto mais cedo executada maior será sua eficiência.
Adubação
Para
a cana de açúcar há a necessidade de considerar duas situações distintas,
adubação para cana-planta e para soqueiras, sendo que, em ambas, a
quantificação será determinada pela análise do solo.
Para
cana-planta, o fertilizante deverá ser aplicado no fundo do sulco de plantio,
após a sua abertura, ou por meio de adubadeiras conjugadas aos sulcadores em
operação dupla.
No
quadro a seguir são indicadas as quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio
a serem aplicadas com base na análise do solo e de acordo com a produtividade
esperada.
Adubação
Mineral de Plantio
Produtividade
esperada
|
Nitrogênio
|
P resina, mg/dm³
|
|||
0 - 6
|
7 - 15
|
16 - 40
|
>40
|
||
t/ha
|
N, kg/ha
|
P2O5, kg/ha
|
|||
<100
100
- 150
>150
|
30
30
30
|
180
180
*
|
100
120
140
|
60
80
100
|
40
60
80
|
Produtividade
esperada
|
K+ trocável, mmolc/dm³
|
||||
0 - 0,7
|
0,8 - 1,5
|
1,6 - 3,0
|
3,1 - 6,0
|
>6,0
|
|
t/ha
|
K2O, kg/ha
|
||||
<100
100
- 150
>150
|
100
150
200
|
80
120
160
|
40
80
120
|
40
60
80
|
0
0
0
|
* Não é provável obter a produtividade dessa classe, com teor muito
baixo de P no solo
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Aplicar
mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o mês de abril; em solo arenoso
dividir a cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra metade em
setembro - outubro.
Adubações
pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de plantio até 100
kg/ha e o restante juntamente com o N em cobertura, durante o mês de abril.
Para
soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em
ambos os lados da linha de cana; quando aplicada superficialmente, deve ser bem
misturada com a terra ou alocada até a profundidade de 15 cm.
Na
adubação mineral da cana-soca aplicar as indicações do quadro a seguir, observando
os resultados da análise de solo e de acordo com a produtividade esperada.
Adubação
Mineral da Cana-Soca
Produtividade
esperada
|
Nitrogênio
|
P resina, mg/dm³
|
K+ trocável, mmolc/dm³
|
|||
0-15 > 15
|
0,15 1,5-3,0
> 3,0
|
|||||
t/ha
|
N, kg/ha
|
P2O5, kg/ha
|
K2O, kg/ha
|
|||
<
60
60
- 80
80
- 100
>
100
|
60
80
100
120
|
30
30
30
30
|
0
0
0
0
|
90
110
130
150
|
60
80
100
120
|
30
50
70
90
|
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Aplicar
os adubos ao lado das linhas de cana, superficialmente e misturado ao solo, no
máximo a 10 cm de profundidade.
Se
for constatada deficiência de cobre ou de zinco, de acordo com a análise do
solo, aplicar os nutrientes com a adubação de plantio, nas quantidades
indicadas a seguir:
Zinco no solo
|
Zn
|
Cobre no solo
|
Cu
|
mg/dm³
|
kg/ha
|
mg/dm³
|
kg/ha
|
0-0,5
>
0,5
|
5
0
|
0-0,2
>
0,2
|
4
0
|
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996
Uso de Resíduos da Agroindústria Canavieira
Atualmente
há uma tendência em substituir a adubação química das socas pela aplicação de
vinhaça, cuja quantidade por hectare esta na dependência da composição
química da vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes.
Os
sistemas básicos de aplicação são por infiltração, por veículos e aspersão,
sendo que cada sistema apresenta modificações.
A
torta de filtro (úmida) pode ser aplicada em área total (80-100 t/ha), em
pré-plantio, no sulco de plantio (15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha).
Metade do fósforo aí contido pode ser deduzido da adubação fosfatada
recomendada. (Boletim
Técnico 100 IAC, 1996)
Plantio
Existem
duas épocas de plantio para a região Centro-Sul: setembro-outubro e janeiro a
março. Setembro-outubro não é a época mais recomendada, sendo indicada em casos
de necessidade urgente de matéria prima, quer por recente instalação ou
ampliação do setor industrial, quer por comprometimento de safra devido à
ocorrência de adversidade climática. Plantios efetuados nessa época propiciam
menor produtividade agrícola e expõem a lavoura à maior incidência de ervas
daninhas, pragas, assoreamento dos sulcos e retardam a próxima colheita.
O
plantio da cana de "ano e meio" é feito de janeiro a março, sendo o
mais recomendado tecnicamente. Além de não apresentar os inconvenientes da
outra época, permite um melhor aproveitamento do terreno com plantio de outras
culturas. Em regiões quentes, como o oeste do Estado de São Paulo, essa época
pode ser estendida para os meses subseqüentes, desde que haja umidade
suficiente.
O
espaçamento entre os sulcos de plantio é de 1,40 m, sua profundidade de 20 a 25
cm e a largura é proporcionada pela abertura das asas do sulcador num ângulo de
45º, com pequenas variações para mais ou para menos, dependendo da textura do
solo.
Os
colmos com idade de 10 a 12 meses são colocados no fundo do sulco, sempre
cruzando a ponta do colmo anterior com o pé do seguinte e picados, com podão,
em toletes de aproximadamente de três gemas.
A
densidade do plantio é em torno de 12 gemas por metro linear de sulco, que,
dependendo da variedade e do seu desenvolvimento vegetativo, corresponde a um
gasto de 7-10 toneladas por hectare.
Os
toletes são cobertos com uma camada de terra de 7 cm, devendo ser ligeiramente
compactada. Dependendo do tipo de solo e das condições climáticas reinantes,
pode haver uma variação na espessura dessa camada.
Tratos Culturais
Os
tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das ervas
daninhas, adubação em cobertura e adoção de uma vigilância fitossanitária para
controlar a incidência do carvão. No que concerne à adubação em cobertura, já
foi visto no item adubação e a vigilância fitossanitária será comentada em
doenças e seu controle.
O
período crítico da cultura, devido à concorrência de ervas daninhas, vai da
emergência aos 90 dias de idade.
O
controle mais eficiente as ervas, nesse período, é o químico, através da
aplicação de herbicidas em pré-emergência, logo após o plantio e em área total.
Dependendo das condições de aplicação, infestação da gleba e eficiência do
praguicida, há necessidade de uma ou mais carpas mecânicas e catação manual até
o fechamento da lavoura. A partir dai a infestação de ervas é praticamente
nula.
Outro
método é a combinação de carpas mecânicas e manuais. Instalada a cultura, após
o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente, com o emprego de
cultivadores de disco ou de enxadas junto às entrelinhas, sendo complementado
com carpa manual nas linhas de plantio, evitando, assim, o assoreamento do
sulco. Essa operação é repetida quantas vezes forem necessárias; normalmente
três controles são suficientes.
As
soqueiras exigem enleiramento do "paliço", permeabilização do solo,
controle das ervas daninhas, adubação e vigilância sanitária. Os dois últimos
tratos culturais encontram-se em itens próprios.
Após
a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e pontas, cuja
permanência prejudica a nova brotação e dificulta os tratos culturais. A
maneira de eliminar esse material (paliço) seria a queima pelo fogo, porém essa
prática não é indicada devido aos inconvenientes que ela acarreta, como falhas
na brotação futura, perdas de umidade e matéria orgânica do solo e quebra do
equilíbrio biológico.
O
enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "paliço" deixando
duas, quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse material. É
realizado por enleiradeira tipo Lely, implemento leve com pouca exigência de
potência.
Após
a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e impermeável à
penetração de água, ar e fertilizantes. Visando à permeabilização do solo e
controle das ervas daninhas iniciais, diversos métodos e implementos podem ser
usados.
Existem
no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras ou escarificadoras,
adubadeiras e cultivadores que realizam simultaneamente, operações de
escarificação, adubação, cultivo e preparo do terreno para receber a carpa
química, exigindo, para tanto, tratores de aproximadamente 90 HPs. Normalmente,
essa prática, conhecida como operação tríplice, seguida do cultivo químico, é
suficiente para manter a soqueira no limpo.
Além
desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas com tração animal
ou mecânica apresenta bons resultados. Devido ao rápido crescimento das
soqueiras, o número de carpas exigidos é menor que o da cana planta.
Pragas e seu controle
A
cana-de-açúcar é atacada por cerca de 80 pragas, porém pequeno número causa
prejuízos à cultura. Dependendo da espécie da praga presente no local, bem como
do nível populacional dessa espécie, as pragas de solo podem provocar
importantes prejuízos à cana-de-açúcar, com reduções significativas nas
produtividades agrícola e industrial dessa cultura.
Dos organismos que a atacam, três merecem destaque
pelos danos que causam: os nematóides,
oscupins e o besouro Migdolus.
Veja mais detalhes em Pragas da
Cana-de-Açúcar.
Colheita
A
colheita inicia-se em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras em abril,
prolongando-se até novembro, período em que a planta atinge o ponto de
maturação, devendo, sempre que possível, antecipar o fim da safra, por ser um
período bastante chuvoso, que dificulta o transporte de matéria prima e faz
cair o rendimento industrial.
Maturadores Químicos
São
produtos químicos que tem a propriedade de paralisar o desenvolvimento da cana
induzindo a translocação e o armazenamento dos açúcares. Vêm sendo utilizados
como um instrumento auxiliar no planejamento da colheita e no manejo varietal.
Muitos compostos apresentam, ainda, ação dessecante, favorecendo a queima e
diminuindo, portanto, as impurezas vegetais. Há uma ação inibidora do
florescimento, em alguns casos, viabilizando a utilização de variedades com
este comportamento.
Dentre
os produtos comerciais utilizados como maturadores, podemos citar: Ethepon,
Polaris, Paraquat, Diquat, Glifosato e Moddus. Estudos sobre a época de
aplicação e dosagens vêm sendo conduzidos com o objetivo de aperfeiçoar a
metodologia de manejo desses produtos, que podem representar acréscimos
superiores a 10% no teor de sacarose.
Determinação do Estágio de Maturação
O
ponto de maturação pode ser determinado pelo refratômetro de campo e
complementado pela análise de laboratório. Com a adoção do sistema de pagamento
pelo teor de sacarose, há necessidade de o produtor conciliar alta
produtividade agrícola com elevado teor de sacarose na época da colheita.
O
refratômetro fornece diretamente a porcentagem de sólidos solúveis do caldo
(Brix). O Brix esta estreitamente correlacionado ao teor de sacarose da cana.
A
maturação ocorre da base para o ápice do colmo. A cana imatura apresenta
valores bastante distintos nesses seguimentos, os quais vão se aproximando no
processo de maturação. Assim, o critério mais racional de estimar a maturação
pelo refratômetro de campo é pelo índice de maturação (IM), que fornece o
quociente da relação.
IM=Brix
da ponta do colmo
Brix da base do colmo
Admitem-se
para a cana-de-açúcar, os seguintes estágios de maturação:
IM
|
Estágio de Maturação
|
<
0,60
0,60
- 0,85
0,85
- 1,00
>
1,00
|
cana
verde
cana
em maturação
cana
madura
cana
em declínio de maturação
|
As
determinações tecnológicas em laboratório (brix, pol, açúcares redutores e
pureza) fornecem dados mais precisos da maturação, sendo, a rigor, uma
confirmação do refratômetro de campo.
Operação de Corte (manual e/ou mecanizada)
O
corte pode ser manual, com um rendimento médio de 5 a 6 toneladas/homem/dia, ou
mecanicamente, através de colheitadeiras. Existem basicamente dois tipos:
colheitadeira para cana inteira, com rendimento operacional médio em condições
normais de 20 t/hora, e colheitadeiras para cana picada (automotrizes), com
rendimento de 15 a 20 t/hora.
Após
o corte, a cana-de-açúcar deve ser transportada o mais rápido possível ao setor
industrial, por meio de caminhão ou carreta tracionada por trator.
Rendimento Agrícola
Em
relação à produtividade e região de plantio, observamos que a produtividade
está estritamente relacionada com o ambiente de produção, e este é dado por
padrão do solo, clima e nível tecnológico aplicado.
Produção de Mudas
Após,
em média, quatro ou cinco cortes consecutivos, a lavoura canavieira precisa ser
renovada. A taxa de renovação está ao redor de 15 a 20% da área total
cultivada, exigindo grandes quantidades de mudas. A boa qualidade das mudas é o
fator de produção de mais baixo custo e que maior retorno econômico proporciona
ao agricultor, principalmente quando produzida por ele próprio.
Para
a produção de mudas, há necessidade de que o material básico seja de boa
procedência, com idade de 10 a 12 meses, sadio, proveniente de cana-planta ou
primeira soca e que tenha sido submetido ao tratamento térmico.
A
tecnologia empregada na produção de mudas é praticamente a mesma dispensada à
lavoura comercial, apenas com a introdução de algumas técnicas fitossanitárias,
tais como:
- Desinfecção do podão - o podão utilizado na colheita
de mudas e no seu corte em toletes, quando contaminado, é um violento
propagador da escaldadura e do raquitismo. Antes e durantes estas operações
deve-se desinfetar o podão, através de álcool, formol, lisol, cresol ou fogo.
Uma desinfecção prática, eficiente e econômica é feita pela imersão do
instrumento numa solução com creolina a 10% (18 litros de água + 2 litros de
creolina) durante meia hora, antes do início da colheita das mudas e do corte
das mesmas em toletes.
Durante
essas duas operações, deve-se mergulhar, freqüente e rapidamente, o podão na
solução.
- Vigilância sanitária e "roguing" - formando o viveiro, torna-se
imprescindível a realização de inspeções sanitárias freqüentes, no mínimo uma
vez por mês. A finalidade dessas inspeções é a erradicação de toda touceira que
exiba sintoma patológico ou características diferentes da variedade em cultivo.
Além
dessas duas medidas fitossanitárias, algumas recomendações agronômicas devem
ser levadas em consideração, como a despalha manual das mudas, menor densidade
das mudas dentro do sulco e maior parcelamento do fertilizante nitrogenado.
-
Rotação de culturas - durante a reforma do canavial, no período em que o
terreno permanece ocioso, deve-se efetuar o plantio de culturas de ciclo curto,
em rotação com a cana-de-açúcar. Amendoim e soja são as mais indicadas.
Além
dos conhecidos benefícios agronômicos proporcionados pela rotação de culturas,
a cana-de-açúcar permite a consorciação com outra cultura, aproveitando o
terreno numa época em que estaria ocioso, proporcionando melhor aproveitamento
de máquinas e implementos. A implantação da cultura é feita sem gasto
financeiro correspondente ao preparo do solo, havendo menor exposição do
terreno à erosão e às ervas daninhas e diminuição da sazonalidade de empregos.
Pragas
Cupins
Os cupins são insetos sociais, de
hábitos subterrâneos,pertencentes à Ordem Isoptera. Existem cerca de 2500
espécies e vivem em colônias altamente organizadas, onde o princípio básico é a
sobrevivência da colônia e não do indivíduo. A alimentação preferida é a
matéria orgânica morta ou em decomposição, mas alimentam-se também de vegetais
vivos.
Os principais prejuízos ocasionados
pela infestação de cupins são causados aos toletes destinados aos novos
plantios. Penetrando pelas extremidades, os cupins destroem o tecido
parenquimatoso e as gemas, causando falhas na lavoura. Nas brotações, o ataque
ocorre no sistema radicular, provocando debilidade da nova planta. Logo após o
corte, e principalmente quando houve queima do talhão, o ataque ocorre na
soqueira através da incisão dos tocos e conseqüente destruição das raízes e
rizomas.
Nas canas adultas, a penetração ocorre
através dos órgãos subterrâneos secos, atingindo até os primeiros internódios.
Cana cortada e deixada por algum tempo no campo também é atacada pelos cupins.
Havendo escassez de matéria orgânica decomposta, os cupins podem atacar folhas
de brotações novas. A destruição dos ninhos e dos restos culturais, através de
um profundo preparo do solo, constitui um método de controle.
Na cultura da cana-de-açúcar, os cupins
podem causar danos de até 10 toneladas por hectare no ano, o que representa
cerca de 60 toneladas por hectare durante o ciclo da cultura.
Já foram identificadas junto à
cana-de-açúcar mais de 12 espécies de cupins e há outras em fase de identificação.
Dentre as já enumeradas, as mais danosas pertencem às espéciesHetterotermes
tenuis, Hetterotermes longiceps, Procornitermes triacifer, Neocapritermes
opacus e Neocapritermes parcus. No Nordeste, os cupins mais importantes
pertencem aos gêneros Amitermes, Cylindrotermes e Nasutitermes.
No controle dos cupins subterrâneos,
recomendam-se, normalmente, aplicações de inseticidas de longo poder residual,
impedindo, assim, que esses insetos infestem as touceiras de cana. Na prática,
o que parece ocorrer é uma ação de repelencia do produto, associada a uma
desestruturação da colônia dos cupins.
A única oportunidade que os produtores
possuem para conter os ataques dos cupins subterrâneos é no momento da
instalação da lavoura, tanto nas áreas de expansão, como nas de reforma. Isso
ocorre através da aplicação de inseticidas de solo no sulco de plantio da
cana.Nos últimos 20 anos, mesmo antes da proibição do uso de inseticidas
organoclorados, em setembro de 1985, uma série de produtos vem sendo testada no
controle dos cupins que atacam a cana-de-açúcar. Inseticidas do grupo dos
fosforados, carbomatos, piretróides, além dos clorados, foram avaliados em
diversas dosagens, formulações e época de aplicação. Invariavelmente, os únicos
produtos que mostravam um efeito protetor durante os 18 meses de cultivo da
cana eram os clorados. Determinados inseticidas assinalavam um controle de até
6 meses após o plantio, o que se mostrava insuficiente para evitar redução na
produção final da cultura no momento da colheita.
Entretanto, a partir de 1993, foram
instalados dois experimentos com o inseticida Regent 800 WG, pertencente ao
grupo químico dos fenil-pirazóis, em canaviais naturalmente infestados por
cupins dos gêneros Hetterotermes, Procornitermes e Cornitermes. Em todos os
ensaios, o Regente 800 WG controlou os cupins até o momento da colheita,
mostrando a mesma eficiência dos inseticidas usados como padrão.
Os acréscimos na produção obtidos na
colheita para o tratamento com o inseticida Regent 800 WG foram de até 18
toneladas de cana por hectare, semelhantes aos encontrados com o Heptacloro 400
CE e Thiodan 350 CE.
O Migdolus fryanus é
um besouro da família Cerambycidae, que, em sua fase larval, ataca e destrói o
sistema radicular de várias culturas, entre elas a cana-de-açúcar. As perdas
provocadas por esse inseto podem variar de algumas toneladas de cana por
hectare até, na maioria dos casos, a completa destruição da lavoura, resultando
na reforma antecipada mesmo de canaviais de primeiro corte.
Além das dificuldades
normais de controle de qualquer praga de solo, o desconhecimento de várias
fases do ciclo desse coleóptero complica ainda mais o seu combate. Entretanto,
os esclarecimentos atuais, fruto dos avanços tecnológicos alcançados nos
últimos 5 anos, tem possibilitado, de certa forma, obter resultados satisfatórios
de controle dessa praga.
As condições de seca,
bem como a redução ou mesmo a eliminação do uso de inseticidas organoclorados
(Aldrin, Heptacloro, Thiodan), anotada em muitas usinas e destilarias,
resultaram num aumento significativo das áreas atacadas pelo Migdolus fryanus,
principalmente nos Estados de São Paulo e Paraná.
Controle
O controle do besouro
Migdolus é difícil e trabalhoso. Isso se deve ao fato de, aliado ao
desconhecimento do seu ciclo biológico, o que impossibilita antever com
exatidão o seu aparecimento em uma determinada área, a larva e mesmo os adultos
passarem uma etapa da vida em grandes profundidades no solo (2 a 5 metros), o
que proporciona a esse inseto uma substancial proteção às medidas tradicionais
de combate.
Apesar do modo de
vida pouco peculiar desse inseto, o mesmo apresenta algumas características
biológicas favoráveis ao agricultor, as quais devem ser exploradas no sentido
de aumentar a eficiência do controle. Entre essas características merecem
destaque as seguintes:
- a baixa
capacidade reprodutiva (cerca de 30 ovos por fêmea);
- a fragilidade
das larvas no que se refere a qualquer interferência mecânica no seu habitat;
- o curto
período de sobrevivência dos machos (1 a 4 dias);
- a ausência de
asas funcionais nas fêmeas, o que restringe, sobremaneira, a disseminação.
O controle integrado
do besouro Migdolus fryanus consiste no emprego concomitante de três métodos:
mecânico, químico e cultural.
Controle Mecânico
O controle mecânico
esta vinculado à destruição do canavial atacado e, nesse aspecto, dois pontos
importantes devem ser considerados: a época de execução do trabalho e os
implementos utilizados.
Estudos da flutuação
populacional do Migdolus mostraram que a época do ano, na qual a maior
porcentagem de larvas se concentra nos primeiros 20 a 30 cm do solo, coincide
com os meses mais frios e secos, ou seja, de março a agosto. Desse modo, do
ponto de vista do controle mecânico, a destruição das touceiras de cana, quando
efetuada nessa época, mesmo que parcialmente, é muito mais efetiva.
Aliada à época de
reforma, o tipo de destruição também tem influência na mortalidade das larvas.
Experimentos conduzidos em áreas infestadas revelaram que o uso de diferentes
implementos por ocasião da reforma do canavial apresentam efeitos variados no
extermínio das larvas de Migdolus. A grade aradora, passada apenas uma vez,
atinge níveis de mortalidade ao redor de 40%, enquanto o uso de eliminador de
soqueira, modelo Copersucar, pode reduzir a população das larvas em mais de
80%.
Outros trabalhos
executados em condições de plantio comercial de cana-de-açúcar confirmaram a
eficiência do destruidor de soqueira no controle das larvas do Migdolus.
Os mesmos estudos
assinalaram também bons resultados com o arado de aiveca, não só no aspecto
relativo à mortandade de larvas, mas também na eficiente destruição dos canais
usados pelas larvas na sua movimentação vertical durante o ano. Ainda no
tocante ao método de reforma dos canaviais, alerta-se para a inconveniência do
emprego do cultivo mínimo nas áreas infestadas com Migdolus.
Controle Químico
O método mais simples
e pratico de controle é o químico aplicado no sulco de plantio. Essa forma de
aplicação de inseticidas tem revelado resultados promissores no combate a essa
praga.
Experimentos
mostraram que o emprego de inseticidas organoclorados (Endosulfan 350 CE)
apresentou reduções significativas na população e no peso das larvas de
Migdolus, quando comparadas a uma testemunha não tratada. A aplicação desses
produtos resultou na proteção das touceiras de cana durante o primeiro corte da
cultura, com aumentos na produção da ordem de 19 toneladas de cana por hectare.
Os números mais expressivos de controle foram alcançados nas soqueiras
subseqüentes. Os acréscimos de produtividade registraram valores superiores a
duas ou três vezes aos encontrados nas parcelas-testemunhas, como conseqüência
do uso de inseticidas.
Estudos com o
inseticida Endosulfan 350 CE, mostraram um retorno econômico altamente
significativo, tanto em doses isoladas como quando associado ao nematicida
Carbofuran 350SC. A produtividade média de três cortes, nas áreas tratadas com
Endosulfan 350 CE, na dosagem de 12 litros/ha, foi de 105 t/ha, contra 46 t/ha
obtidas nas parcelas testemunhas. O custo desse controle foi de US$ 78,00/ha,
para um valor presente líquido de margem de contribuição da ordem de US$ 790,00/ha.
Uma outra forma de
controle é a aplicação de inseticidas de longo poder residual no preparo do
solo, através de bicos colocados atrás das bacias do arado de aiveca. Esse
método, que implica no consumo de 300 a 1000 litros de solução por hectare, apresenta
a vantagem de depositar o inseticida a aproximadamente 40 cm de profundidade,
formando uma faixa protetora contínua.
Os resultados atuais
de pesquisa recomendam o controle químico através do emprego do inseticida
Endosulfan 350 CE, aplicado no arado de aiveca na dosagem de 12 litros/ha, mais
uma complementação com o inseticida Regent 800 WG, utilizado na dosagem de 250
g/ha, colocado no sulco de plantio, no momento de cobertura da cana.
Controle Cultural
Consiste no uso de
armadilhas com feromônio sintético, as quais capturam e matam os machos do
besouro Migdolus. Além do efeito de controle dessas armadilhas, deve-se
ressaltar também a possibilidade de monitorar um grande número de fazendas, o
que proporcionará, em breve, antever ataque de larvas nas raizes.
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Macho de Migdolus tentando copular pastilha de feromônio |
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Danos causados pelo besouro Migdolus |
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Macho de Migdolus na beira de armadilha com feromônio. |
Broca-da-cana
No Estado de São Paulo, a mais importante praga é a Diatraea
saccharalis, cujo adulto é uma mariposa de hábitos noturnos, que realiza a
postura na parte dorsal das folhas. Nascidas, as lagartinhas descem pela folha
e penetram no colmo, perfurando-o na região nodal. Dentro do colmo cavam
galerias, onde permanecem até o estádio adulto.
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Broca da cana |
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Danos causados pela broca |
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Ovo da broca da cana |
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Adulto da broca da cana |
Os prejuízos decorrentes do ataque são a perda de peso devido ao mau
desenvolvimento das plantas atacadas, morte de algumas plantas, quebra do
colmo na região da galeria por agentes mecânicos e redução da quantidade de
caldo. Além desses, o principal prejuízo é causado pela ação de agentes
patológicos, como oFusarium moniliforme e Colletotrichum
falcatum, que penetram pelo orifício ou são arrastados juntamente com a
lagartinha, ocasionando, respectivamente, a podridão-de-fusarium e a
podridão-vermelha, responsáveis pela inversão e perda de sacarose no colmo.
Para nossas condições de clima quente, o controle químico não apresenta
os efeitos desejados. O mais eficiente é o controle biológico através de
inimigos naturais que, criados em laboratórios, são liberados no campo, em
glebas previamente levantadas, para determinar a intensidade de infestação.
Os inimigos naturais que melhor se aclimataram na região e desempenham
maior eficiência no controle da broca são o microhimenóptero Apanteles
flavipes e os dípteros Metagonystilum minense e Paratheresia
claripalpis.
Algumas medidas culturais auxiliares podem ser adotadas, com o uso de
variedades resistentes, corte da cana o mais rente possível do solo; evitar o
plantio de plantas hospedeiras (arroz, milho, sorgo e outras gramíneas) nas
proximidades do canavial e queimadas desnecessárias, principalmente o
"paliço".
Elasmo
Além da cana-de-açúcar, o Elasmopalpus
lignosellus ataca também o milho, arroz, amendoim, trigo, sorgo,
feijão, soja, algodão, etc..., durante o desenvolvimento inicial da cultura. O
adulto realiza a postura na parte aérea da cana. As larvas recém nascidas
alimentam-se inicialmente de folhas, caminham em direção ao solo e, na altura
do colo, perfuram o broto, abrindo galerias no seu interior. No orifício de
entrada do túnel, as larvas constroem, com fios de seda, terra e
detritos, um abrigo de forma tubular, onde permanecem a maior parte do dia, saindo
à noite para atacar outras plantas jovens nas proximidades. A perfuração basal
na planta nova provoca a morte da gema apical, seguida de amarelecimento e seca
das folhas centrais, surgindo o conhecido coração-morto.
Em muitos casos a planta atacada morre, gerando
falhas na lavoura; em outros casos, a planta recupera-se emitindo perfilhos. Os
prejuízos são mais intensos na cana planta.
Em glebas infestadas, onde a praga constitui
problemas, pode-se indicar o controle químico, por meio de pulverizações
dirigidas ao colo das plantinhas e realizadas ao entardecer, com soluções inseticidas
à base de Carbaril 125 g/100 litros de água ou Acefato 45 g/100 litros de água
ou Deltametrina 1 cm3/100 litros de água.
Gorgulho-rajado ou besouro-da-cana
O Sphenophorus levis, conhecido
como gorgulhao-rajado ou besouro-da-cana, é a mais recente praga da
cana-de-açúcar. Semelhante ao bicudo do algodão, tem o dobro do tamanho,
medindo cerca de 15 mm. Assemelha-se também ao Metamasius hemipterus, praga da
parte aérea da cana. Desprovido de manchas nos élitros, o S. levis tem hábitos noturnos, apresenta pouca
agilidade e simula-se de morto quando atacado.
A postura dos ovos é
realizada ao nível do solo, ou mais abaixo, nos rizomas. As larvas nascidas são
brancas, com cabeça e corpo volumosos, ápodas, de hábitos subterrâneos e
elevada sensibilidade ao calor e à desidratação. Elas penetram nos rizomas, em
busca de alimento e abrigo, construindo galerias irregulares onde permanecem
até os primeiros dias do estádio adulto. Bloqueando a parte basal das plantas e
rizomas, surge amarelecimento do canavial, morte das plantas e falhas nas
soqueiras. A intensidade dos prejuízos esta em função da população da praga.
Até o momento, o
controle recomendado é feito durante a reforma do talhão, através de uma aração
nas linhas de plantio, procurando revolver os restos culturais e expor as
larvas à ação dos raios solares e inimigos naturais. Cerca de 2 a 3 semanas
após, complementa-se essa operação com enxada rotativa para triturar e acelerar
a seca do material. Duas semanas depois, faz-se o preparo normal do solo.
O uso de iscas
envenenadas constitui outro método de controle. As iscas constam de duas
metades de um tolete de aproximadamente 30 cm, seccionado longitudinalmente,
dispostas lado a lado. As iscas são previamente mergulhadas em solução
inseticida por cerca de 12 horas; as faces seccionadas devem estar em contato
com o solo e cobertas com capim.
Nematóides
Nas
mais diferentes culturas do mundo, os nematóides parasitos de plantas têm sido
responsáveis por uma parcela significativa de perdas provocadas pela destruição
do sistema radicular.
Dentre
as diversas plantas que os nematóides atacam, merece destaque a cana-de-açúcar.
Nessa cultura os prejuízos alcançaram a cifra anual de 16 milhões de dólares,
com uma estimativa de perda da ordem de 15 a 20%.
Em
estudos conduzidos em condições de viveiro telado, plantas sadias que foram
comparadas com outras, atacadas por nematóides das galhas, Meloydogyne javanica, mostraram
diminuição de 43% na produção de colmos.
Entre
os métodos viáveis de controle a serem utilizados em cana-de-açúcar, podem ser
citados o controle químico e o varietal.
O
controle químico consiste na aplicação, no solo e no momento do plantio, de
substâncias conhecidas como nematicidas. Em geral, esses produtos podem
eliminar até 90% da população de nematóides de uma área e, quando empregados
corretamente, têm proporcionado resultados altamente compensatórios.
Nas
condições brasileiras, os melhores resultados tem sido obtidos com os
nematicidas Counter 50 G, na dosagem de 60 kg/ha e com Furadan, na formulação
350 SC, aplicado a 8,5 litros/ha, ou na formulação 50 G, empregado na
quantidade de 60 kg/ha. Os acréscimos na produtividade, obtidos com esses
tratamentos, são da ordem de 20 a 30 toneladas de cana por hectare.
O
controle varietal, através do uso de variedades resistentes ou tolerantes, é o
método mais prático e econômico. Contudo, os fatores que conferem à
cana-de-açúcar os caracteres de alta produtividade e riqueza em açúcar são,
geralmente, antagônicos àqueles que propiciam rusticidade, tais como
resistência às pragas e doenças, além da não-exigência em fertilidade de solo.
É preciso considerar também o fato de que é possível constatar, numa mesma
área, altas populações de duas ou mais espécies de nematóides, e que, nem
sempre, uma mesma variedade de cana se comporta como resistente ou tolerante em
relação às diferentes espécies de nematóides. Assim, é importante a
determinação correta dos nematóides presentes numa determinada área e o
conhecimento do modo como as variedades de cana se comportam em relação à eles.
A
coleta de material para análise nematológica deve considerar alguns cuidados
importantes, tais como:
-
retirar amostras de raízes e solo com umidade natural, sendo fundamental a
presença de raízes vivas;
-
coletar a uma profundidade de 0 a 25 cm, caminhando em ziguezague pela área;
-
cada amostra deve ser feita separadamente quanto ao tipo de solo, variedade,
idade da planta e uso de insumos agrícolas (matéria orgânica e nematicida);
-
coletar de 5 a 10 subamostras por hectare. Misturá-las e tomar uma amostra
composta com pelo menos 1 litro de solo e 50 g de raízes;
- acondicionar as amostras em sacos plásticos
resistentes e enviá-las o mais breve possível para o laboratório, sempre
acompanhada de uma ficha de identificação.
Doenças
Mosaico
Trata-se de uma
doença sistêmica, causada por vírus e que, no passado, acarretou seríssimos
prejuízos à agroindústria mundial, inclusive à brasileira, chegando a dizimar
certas variedades com extenso cultivo na época. A transmissão da doença ocorre
através do plantio de tolete contaminado e pelos pulgões.
O principal sintoma
surge nas folhas jovens do cartucho, sob a forma de pequenas estrias cloróticas
no limbo foliar, causando uma alternância entre o verde normal da folha e o
verde claro das estrias. Dependendo da linhagem do vírus e da variedade
atacada, os sintomas visuais são diferentes. Em alguns casos o quadro é
invertido, predominando o verde-claro, em conseqüência do grande número e
coalescencia das estrias amareladas.
A baixa produtividade
das lavouras enfermas é conseqüência do subdesenvolvimento das plantas e baixo
perfilhamento das touceiras, sendo que os prejuízos estão em função da
resistência varietal, grau de infecção e virulência do agente etiológico.
O controle é
realizado pela adoção de variedades resistentes, plantio de mudas sadias e
práticas de "roguig".
Escaldadura
![]() |
Morte das plantas |
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Estrias brancas nas folhas e brotação lateral dos colmos |
![]() |
Sintomas internos na região nodal |
Doença de ação sistêmica, causada pela
bactéria Xantomonas albilineans, é transmitida pelo plantio de
mudas doentes ou qualquer instrumento de corte contaminado.
Os sintomas são determinados por duas
estrias clorótica e finas nas folhas e bainhas, podendo também aparecer
manchas cloróticas no limbo foliar e brotações laterais de baixo para cima no
colmo doente. As folhas tornam-se anormais, duras, subdesenvolvidas e eretas.
Pontuações avermelhadas são observadas na região do nó, quando o colmo é
seccionado longitudinalmente.
A escaldadura provoca baixa germinação
das mudas, morte dos rebentos ou de toda a touceira, desenvolvimento subnormal
das plantas doentes, entrenós curtos e baixo rendimento em sacarose. Com
o avanço da doença, advêm a seca e a morte das plantas.
O controle é feito por meio de
variedades resistentes, plantio de mudas sadias, "roguing" e pela
desinfecção do podão ou outro instrumento utilizado na colheita e corte dos
colmos.
Raquitismo-das-soqueiras
A
alta transmissibilidade do agente causal, provavelmente uma bactéria, e a
ausência de sintomas típicos que permitem o seu diagnóstico, fazem com que o
raquitismo-das-soqueiras seja a doença mais traiçoeira da cana-de-açúcar.
A
disseminação do raquitismo no campo ocorre pelo plantio de muda doente e pelo
uso de instrumento cortante contaminado, principalmente o podão usado no corte
da cana.
Algumas
variedades enfermas, quando cortadas longitudinalmente, apresentam pontuações
avermelhadas na região da inserção das folhas.
As
mudas portadoras do raquitismo exibem germinação lenta e desuniforme, e os
maiores prejuízos ocorrem nas soqueiras com baixo perfilhamento, internódios
curtos, com subdesenvolvimento geral e desuniforme no talhão.
O
controle preconizado baseia-se no tratamento térmico das mudas a 50,5ºC durante
duas horas e "descontaminação" dos instrumentos cortantes.
Raquitismo-das-soqueiras
A
alta transmissibilidade do agente causal, provavelmente uma bactéria, e a
ausência de sintomas típicos que permitem o seu diagnóstico, fazem com que o
raquitismo-das-soqueiras seja a doença mais traiçoeira da cana-de-açúcar.
A
disseminação do raquitismo no campo ocorre pelo plantio de muda doente e pelo
uso de instrumento cortante contaminado, principalmente o podão usado no corte
da cana.
Algumas
variedades enfermas, quando cortadas longitudinalmente, apresentam pontuações
avermelhadas na região da inserção das folhas.
As
mudas portadoras do raquitismo exibem germinação lenta e desuniforme, e os
maiores prejuízos ocorrem nas soqueiras com baixo perfilhamento, internódios
curtos, com subdesenvolvimento geral e desuniforme no talhão.
O
controle preconizado baseia-se no tratamento térmico das mudas a 50,5ºC durante
duas horas e "descontaminação" dos instrumentos cortantes.
Carvão
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|
É uma doença sistêmica causada pelo
fungo Ustilago scitaminea, e que encontra boas condições de
desenvolvimento nas regiões subtropicais com inverno frio e seco.
O sintoma característico é a presença
de um apêndice na região apical do colmo, medindo de 20 a 50 cm de comprimento
por 0,5 a 1,0 cm de diâmetro. Inicialmente, esse "chicote" apresenta
cor prateada, passando posteriormente à preta, devido à maturação dos esporos
nele contidos.
A transmissão ocorre pelo plantio de
mudas doentes, pelo vento que dissemina os esporos e pelo solo contaminado.
A doença provoca um verdadeiro
definhamento na cana-de-açúcar, gerando internódios finos e curtos, dando à
planta uma semelhança de capim. Os rendimentos agrícola e industrial são
severamente afetados.
O controle é feito por meio de
variedades resistentes, tratamento térmico, "roguing", plantio de
mudas sadias e proteção química das mudas com fungicida à base de Triadimefon
25 g/100 litros de água do ingrediente ativo em banho de imersão durante 10
minutos, ou pulverização no fundo do sulco de plantio com 500 g do ingrediente
ativo por hectare.
Podridão-abacaxi
Causada
pelo fungo Thielaviopsis
paradoxa, a podridão-abacaxi é uma doença típica dos toletes, podendo
causar prejuízos à cana colhida e deixada no campo. A penetração do patógeno
ocorre pela extremidade seccionada ou por ferimentos na casca.
O tolete contaminado inicialmente apresenta uma coloração
amarelo-pardacenta, passando à negra. Geralmente há destruição total do tecido
parenquimatoso, permanecendo indestrutíveis os tecidos fibrovasculares. Os
toletes atacados não germinam, provocando falhas na lavoura, podendo dar
prejuízo total. Durante o ataque pode haver exalação de odor típico,
semelhante ao de abacaxi maduro.
A
doença ocorre em função do atraso na germinação dos toletes, que pode ser
motivado por seca e, principalmente, baixa temperatura.
Plantio
em época correta, bom preparo do solo e colocação do tolete à profundidade
adequada aceleram a germinação e constituem o melhor controle da doença.
Também
é recomendado o tratamento químico dos toletes com Benomil a 35-40 g/100 litros
de água do ingrediente ativo ou Thiadimefon 25 g/100 litros de água do
ingrediente ativo, em banho de imersão durante 3 minutos.
Extraído de:
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