CULTURA DA GOIABEIRA
A
fruticultura apresenta inúmeras vantagens econômicas e sociais, como elevação
do nível de emprego, fixação do homem no campo, a melhor distribuição da renda
regional, a geração de produtos de alto valor comercial e importantes receitas
e impostos, além de excelentes expectativas de mercado interno e externo
gerando divisas. Entre as novas alternativas, encontra-se a cultura da goiaba,
atividade de alta rentabilidade e com grande possibilidade de expansão no país.
Originária
da América Tropical, a goiabeira adapta-se a diferentes condições climáticas e
de solo, fornecendo frutos que são aproveitados deste a forma artesanal até a
industrial. É cultivada no Brasil e em outros países sul americanos, bem como
nas Antilhas e nas partes mais quentes dos Estados Unidos, como a Flórida e a
Califórnia. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais juntamente com a
Índia, Paquistão, México, Egito e Venezuela.
Irrigando
a lavoura e fazendo podas programadas é possível colher durante todo o ano,
permitindo ao produtor a comercialização dos frutos no período de entressafra.
Efetuando-se o devido controle de pragas e doenças, é possível obter 800 frutos
por planta adulta, com produtividade superior a 40 toneladas por hectare.
Na região sudeste,
destaca-se os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro como os
maiores produtores; Bahia, Pernambuco e Paraíba, na região nordeste; Goiás, no
centro-oeste e Rio Grande do Sul e Paraná na região sul (Quadro 1).
A
goiabeira pertence ao gênero Psidium, da família Mitaceae, que é composta por
mais de 70 gêneros e 2.800 espécies, sendo que 110 a 130 espécies são naturais
da América Tropical e Subtropical.
A planta
é um arbusto de árvore de pequeno porte (Koller, 1979), que pode atingir de 3 a
6 metros de altura. As folhas são opostas, tem formato elíptico-ablongo e caem
após a maturação.
As flores
são brancas, hermafroditas, eclodem em botões isolados ou em grupos de dois ou
três, sempre nas axilas das folhas e nas brotações surgidas em ramos maduros.
No que
diz respeito à polinização, sabe-se que a goiabeira apresenta fecundação
cruzada, que pode variar entre plantas 25,7 a 41,3 %, considerando-se 35,6 como
o índice médio (Soubihe Sobrinho & Gurgel, 1962). A abelha Apis
melífera é o principal polinizador.
Os frutos
da goiabeira são bagas que tem tamanho, forma e coloração de polpa variável em
função da cultivar. A frutificação começa no segundo ou terceiro ano após o
plantio no local definitivo ou menos dependendo se a cultivar foi oriunda de
propagação por estaquia. A floração ocorre entre 71 e 84 dias após a
poda. Os botões florais são formados entre 47 a 70 dias após a poda. O
pegamento dos frutos ocorre, aproximadamente, 90 dias após a poda.
A goiaba
é um alimento de grande valor nutritivo. Possui quantidade razoável de sais
minerais, como cálcio e fósforo. É rica em vitaminas como A, B1 (Tiamina),
e B2 (Riboflavina), B6 (Piridoxina). Em matéria
de vitamina C, tem poucos rivais. Algumas variedades nacionais acusam em média
um teor de ácido ascórbico de 80 miligramas por 100 gramas. A goiaba branca e a
amarela são mais ricas que a vermelha. O limão contém cerca de 40 mg por 100g,
que corresponde à metade da concentração da goiaba branca.
O
conteúdo de vitamina C vai descendo de fora para dentro do fruto. Nessas
condições, a casca é mais rica do que a polpa interna.
Graças à
descoberta do elevado teor de vitamina C da goiaba, esta fruta foi, durante a
Segunda Guerra Mundial, utilizada como suplemento na alimentação dos soldados
aliados nas regiões frias. Desidratada e reduzida a pó tinha por finalidade
aumentar a resistência orgânica contra as afecções do aparelho respiratório.
O suco de
goiaba, no Brasil, poderá a vir a ser um substituto do suco de laranja e limão
na alimentação não só das crianças, mas na do adulto, ajudando-os a ter uma
alimentação balanceada, indispensável no equilíbrio da saúde.
Sabendo
do valor nutricional da goiaba, faz-se necessário saber a sua composição
química em 100 gramas de fruto (quadro 2,3 e 4).
Quadro
2 – Composição química da goiaba
Composição química
|
Quantidade
|
Calorias
|
39,60kcal
|
Água
|
90,11g
|
Carboidratos
|
7,98g
|
Proteínas
|
0,75g
|
Lipídios
|
0,50g
|
Cinzas
|
0,66g
|
Fonte: As frutas na medicina natural
Quadro 3 – Composição química (Vitaminas)
Espécie
Composição
Química
|
Goiaba
vermelha
|
Goiaba
amarela
|
Goiaba
branca
|
Vitamina A (retinol
equivalente)
|
24mcg
|
-
|
33mcg
|
Vitamina B1 (Tiamina)
|
190,00mcg
|
-
|
-
|
Vitamina B2 (Riboflavina)
|
154,00mcg
|
183,00mcg
|
156,00mcg
|
Vitamina C (Ácido Ascórbico)
|
45,60mg
|
80,20mg
|
80,10mg
|
Niacina
|
1,20mg
|
0,77mg
|
-
|
Fonte: SAPS
Quadro 4 – Composição Química – Sais Minerais
Sais
Minerais
|
Quantidade
|
Cálcio
|
14,00mg
|
Fósforo
|
30,00mg
|
Ferro
|
0,50mg
|
Fonte: SAPS
O
produtor que optar pelo mercado externo deverá dar preferência às variedades
que produzam frutos com polpa branca e para o mercado interno, para consumo in
natura ou para fins industriais, as variedades que produzam frutos de polpa
avermelhada (Quadro 5).
Quadro 5 Características das principais variedades
de goiaba. Macaé-RJ, 1997.
VARIEDADE
|
ORIGEM
|
CARACTÉRISTICAS DOS FRUTOS
|
VIGOR DAS ÁRVORES
|
||
COLORAÇÃO
|
TAMANHO
|
FORMA
|
|||
Kumagai
|
Campinas-SP
|
Branca
|
Grande
|
Arredondada
|
Médio
|
Ogawa 1
|
Seropédica-RJ
|
Branca
|
Grande
|
Oblonga
|
Vigorosa
|
Ogawa 2
|
Seropédica-RJ
|
Vermelha
|
Grande
|
Oblonga
|
Vigorosa
|
Ogawa 3
|
Seropédica-RJ
|
Rosada
|
Grande
|
Arredondada
|
Médio
|
Paluma
|
Jaboticabal-SP
|
Vermelha
|
Grande
|
Piriforme
|
Vigorosa
|
Rica
|
Jaboticabal-SP
|
Vermelha
|
Médio
|
Piriforme
|
Vigorosa
|
Pedro Sato
|
Nova Iguaçu-RJ
|
Vermelha
|
Grande
|
Oblonga
|
Vigorosa
|
Sassaoca
|
Valinhos-SP
|
Vermelho
|
Grande
|
Arredondada
|
Bom
|
Fonte:
PESAGRO-RIO
Apesar de ser nativa de região tropical, a
goiabeira vegeta e produz bem, desde ao nível do mar até à altitude de l.700 m,
sendo, por essa razão, amplamente difundida em várias regiões do país. Segundo
Manica, citado por Pereira & Martínez Júnior (1986), é possível encontrar
pomares comerciais de goiabeira do Rio Grande do Sul ao Nordeste brasileiro.
No Planalto Paulista, onde, de um modo geral, o
inverno é brando e pouco chuvoso e o verão é longo e úmido, a goiabeira,
segundo Pereira & Martínez Júnior (1986), apresenta ótimo desenvolvimento.
Levantamentos realizados por Maia et al. (1988) dão conta da produção de goiaba
de mesa em 94 municípios do Estado de São Paulo, destacando-se os de Campinas e
Valinhos.
Não obstante a adaptabilidade da goiabeira a uma
faixa climática bastante ampla, alguns fatores exercem grande influência sobre
o seu desempenho agronômico.
A
temperatura ideal para a vegetação e produção situa-se entre 25 e 30°, sendo
muito exigente ao fotoperíodo. A temperatura não só limita, mas determina a
época de produção da goiabeira. As goiabeiras sofrem danos em regiões sujeitas
a geadas e ventos fortes.
A
quantidade de chuvas por ano não deve ser inferior a 600mm, sendo que o
intervalo ideal é de 1000 a 1600mm anuais, com boa distribuição ao longo do
ano.
Nas
regiões onde a estação das secas se prolonga, torna-se necessário fazer
irrigação.
A umidade relativa do ar, outro fator importante
para o cultivo da goiabeira, pode influir tanto no aspecto fisiológico como nas
condições fitossanitárias dos frutos produzidos.
A faixa de umidade relativa do ar mais favorável ao
cultivo da goiabeira parece situar-se entre 50 e 80%.
É importante assinalar aqui que independentemente
da existência de faixas adequadas de temperatura e umidade, isoladamente
consideradas, é imprescindível que os demais fatores de crescimento sejam
otimizados.
A goiabeira não
tolera geada, causando, as mais rigorosas, queimas de folhas e ramos. Em
plantas podadas, os danos são mais drásticos pela maior exposição dos ramos
internos. Em algumas áreas da região Sudeste sujeitas a geadas o produtor
devera evitar poda drástica entre os meses de junho e julho.
Por ser uma planta
dotada de grande rusticidade, a goiabeira adapta-se aos mais variados tipos de
solo. Recomenda-se, porém, que sejam evitados os solos pesados e mal drenados
principalmente nas áreas irrigadas onde existe o risco de salinização.
Os
solos adequados ao cultivo da goiabeira, sobretudo no caso da instalação de
pomares destinados à produção de frutas para consumo in natura e exportação,
são os areno-argilosos profundos, bem drenados, ricos em matéria orgânica e com
pH em torno 5,5 a 6,0. Em solos com pH igual ou superior a sete normalmente
aparecem deficiências de ferro. Deve-se também sempre que possível preferir o
plantio em terrenos protegidos dos ventos frios ou do frio vindos do sul.
6
PROPAGAÇÃO
A
goiabeira pode ser propagada através de semente, alporquia (mergulhia),
estaquia, enxertia e cultura de tecido.
Muitos pomares ainda são constituídos por plantas
oriundas de sementes (pé franco), porém, atualmente, não se aconselha essa
forma de propagação, pois o pomar demora a produzir e o vigor das plantas
difere de uma para outra. Mesmo que se tirem as sementes de um único fruto,
colhem-se frutos sem padrão definido (vermelho, branco, pequeno, grande,
redondo, em forma de pêra, etc.).
O plantio por sementes é aconselhável somente para
os porta-enxertos, quando 4 ou 5 sementes são plantadas em sacos de 5 litros
contendo substrato de esterco, areia e terra, podendo-se utilizar ou não
calcário e superfosfato.
A goiabeira pode ser propagada por diversos tipos
de borbulhia (T normal; T invertido e em placa ou escudo) e garfagem, sendo a
mais utilizada a borbulhia em placa ou escudo.
Procede-se à enxertia quando o diâmetro do
porta-enxerto (ou cavalo) atingir l cm no local do enxerto, o que ocorre após
11 a 15 meses após o plantio. Uma ou duas semanas antes da enxertia, os ramos
da planta mãe (borbulheira) devem ser podados para que intumesçam as gemas. Com
a ajuda de um vazador de l cm de diâmetro, retira-se a casca do porta-enxerto e
coloca-se no lugar um pedaço da casca da copa com uma borbulha, também retirada
com o mesmo vazador. Enrola-se com fita de enxertia por duas semanas até o
pegamento, quando é retirada a fita e feita a poda apical l cm acima do ponto
de enxertia.
É um processo mais recente, cujas principais
vantagens são o curto período necessário para a formação das mudas e a
uniformidade genética da planta obtida.
A estaquia herbácea é realizada dentro de câmaras
de nebulização intermitente. As câmaras de nebulização, que podem ser
instaladas sob estufa, ripado ou a céu aberto, são compartimentos que
dispõe de um conjunto de bicos nebulizadores cujo volume de água no ambiente é controlado por
uma válvula solenóide sempre aberta. A distribuição da água, cuja função é manter uma fina camada de
umidade sobre a superfície
das folhas, é regulada por um "Timer", que comanda a válvula solenóide,
permitindo que os intervalos de aproximadamente um a dois minutos estejam distribuídos no interior
da câmara, através dos bicos
nebulizadores, jatos de água com duração de 5 a 10 segundos.
As estacas retiradas das partes verdes dos ramos de
crescimento do ano são preparadas com dois nós, mantendo-se o par de folhas
intacto no nó superior, retirando-se as folhas basais. O corte basal na estaca
deve ser realizado logo abaixo do nó e o corte apical deve ser feito l cm acima
do par de folhas. Estacas preparadas com partes lenhosas (amareladas ou
achocolatadas) dos ramos têm enraizamento praticamente nulo.
As estacas herbáceas devem ser esfaqueadas
em caixas de madeira "tipo uva", tendo como substrato a vermiculita fina.
Normalmente em uma caixa tipo uva (11 x 40 x 22 cm) são estaqueadas cerca de 24
a 28 estacas.
Quando a estaquia é realizada nos períodos quentes
do ano o enraizamento é normalmente muito satisfatório (aproximadamente 70%).
No inverno esta porcentagem tende a cair de modo significativo, sendo
aconselhável nesta época a utilização de reguladores de crescimento.
O regulador de crescimento que traz melhores
resultados é o IBA (Ácido indolbutirico) que em doses de 200 ppm através de
aplicações por
imersão da base das estacas por 12 a 14 horas, em ambiente escuro e temperatura
próxima a 23°C, propicia satisfatório acréscimo no enraizamento.
Normalmente o período necessário para o
enraizamento varia em função das condições climáticas, ocorrendo normalmente
entre 45 a 65 dias.
Após o enraizamento, as estacas devem ser
transplantadas para sacos plásticos com 2 a 3 litros de volume, tendo como
substrato mistura de terra argilosa, areia e matéria orgânica na proporção de
1:1:1.
Nos sacos plásticos, mantidos sob sombra durante o
primeiro mês, ocorre o início da brotação das duas gemas existentes na
"axila" das folhas.
Procedendo-se a condução de um único broto,
aproximadamente 6 meses após a estaquia pode se obter uma muda com haste única
de 50 cm de altura, em condições de ser levada ao campo.
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Vários são os
recipientes utilizados na produção de mudas de goiaba. Entre estes, podem ser
citados: sacos plásticos, tubetes, citropotes, bandejas plásticas ou de isopor,
caixas de madeira ou metal, vasos plásticos, entre outros. A seguir, serão
descritos alguns dos principais recipientes utilizados na propagação comercial:
São
recipientes que podem apresentar as mais diferentes dimensões, tais como 8 cm
(diâmetro) x 12 cm (altura) e 12 x 20 cm. Normalmente, apresentam coloração
preta ou escura para impedir o desenvolvimento de algas e invasoras dentro do
recipiente e proporcionar melhores condições de desenvolvimento para as raízes.
São perfurados na sua base para a drenagem da água. Apresentam a vantagem de
serem muito versáteis, adaptando-se a uma grande variedade de situações, além
de terem baixo custo de aquisição, serem reutilizáveis e serem de fácil manejo.
Porém, se o plástico for de pouca espessura, facilmente rompem devido ao peso
do substrato ou ao crescimento das raízes e não permitem a sua reutilização por
várias vezes. Além disso, se as perfurações devem estar localizadas próximo à
base da embalagem, caso contrário, não permitem um bom escoamento da água em
excesso, prejudicando o crescimento da muda. É importante atentar-se para a
qualidade do plástico, além do número e posição das perfurações no momento da
aquisição.
São
recipientes de formato cônico, construídos em plástico rígido e de cor escura.
Internamente, apresentam estrias que impedem o enovelamento das raízes. Podem
acondicionar diferentes volumes de substrato. Para o uso dos tubetes, é
necessário um sistema de suporte, que pode ser uma bandeja de isopor, de
plástico ou metal, bem como uma bancada com fios de arame distanciados de forma
a possibilitar a colocação dos tubetes. Assim, os tubetes ficam suspensos, de
modo que a sua base fique exposta ao ar, proporcionando a denominada "poda
pelo vento" das raízes. Apresentam a vantagem de serem reutilizáveis por
muitas vezes, além de permitir a produção de um grande número de mudas por
unidade de área. Por serem unidades independentes, os tubetes permitem a
seleção das mudas com a embalagem. Por reterem um pequeno volume de substrato,
requerem que se retire a muda tão logo as raízes ocupem todo o substrato - por
isso, são úteis para a primeira etapa da propagação, além de necessitarem de
irrigações periódicas, visto que o substrato facilmente se resseca. Dependendo
do substrato, o tubete pode não reter o mesmo, que é perdido pelo orifício na
base.
Podem
ser confeccionadas em plástico, normalmente apresentando um espaço único e
contínuo para acondicionamento do substrato, bem como podem ser feitas de
poliestireno expandido (isopor), constituídas de um número variável de células,
nas quais é feita a produção da muda. As células apresentam forma piramidal
invertida, com capacidade de até 120 cm3 de substrato por
célula. Na base, a célula apresenta um orifício para escoamento da água. As
bandejas podem ser reutilizadas por diversas vezes. Assim como o tubete, as
bandejas são úteis na primeira etapa da propagação, pois acondicionam pequeno
volume de substrato. Preferencialmente, as bandejas devem ficar suspensas,
permitindo a "poda pelo vento". A durabilidade da bandeja está em
função do ambiente onde é feita a propagação e do cuidado no manuseio das
mesmas. Para uma dada espécies, em sistemas tradicionais de propagação
(viveiros), podem ser produzidas cerca de 25 a 30.000 mudas/ha, enquanto com
uso de bandejas, podem ser produzidas cerca de 200.000 mudas/ha.
Também
conhecidos como "containers", apresentam esta denominação, por terem
sido desenvolvidos e difundidos para a produção de mudas cítricas. São
confeccionados em plástico preto rígido e acondicionam grande volume de
substrato, de modo a permitir que a muda seja mantida neste recipiente desde a
repicagem da muda (produzida em tubetes ou bandejas) até a comercialização e
apresentam diversas vantagens, dentre as quais a facilidade de manuseio da
muda, a possibilidade de produção de mudas numa mesma área durante vários anos
(desde que o substrato seja oriundo de local isento de patógenos), bem como
permitindo o plantio da muda no pomar sem danos ao sistema radicular. Uma das
principais limitações ao uso do citropote é o levado custo.
Na propagação por
sementes, são comumente utilizados os sacos plásticos, as bandejas e os
tubetes, já na propagação por estacas, é mais comum o uso de sacos plásticos,
embora ensaios feitos com bandejas e tubetes tenham, até o momento,
proporcionado resultados bastante promissores.
Atualmente, em plantios
comerciais, não se plantam mudas oriundas de sementes, já que elas não produzem
de forma homogênea devido à diversidade genética. Utilizam-se mudas enxertadas
e de estacas herbáceas.
As mudas enxertadas são mais caras, pois levam 18
meses para serem produzidas, porém suas plantas apresentam raízes pivotantes e
copas mais vigorosas. As mudas de estacas são obtidas em apenas quatro meses em
câmaras de nebulização e são mais baratas. Só produzem raízes adventícias e,
por isso, as plantas são menos resistentes a estiagens prolongadas e ventos
fortes.
Os produtores devem adquirir mudas de boa
procedência, livres de pragas e doenças (com folhas inteiras e sem manchas) e
sem ramificações laterais, evitando comprar mudas cujas raízes já tenham
rompido os sacos de polietileno.
Antes da abertura das covas, geralmente, faz-se uma
calagem de acordo com a análise de solo, seguida de aração e gradagem.
O plantio direto também pode ser utilizado,
adotando-se espaçamento de 7m x 5m ou 6m x 6m, abrindo-se covas de 60cm x 60cm
x 60cm. A camada superior do solo, retirada das covas (até 20 cm de
profundidade), acrescentam-se esterco de curral ou esterco de aves e calcário
dolomítico. Adubos fosfatados devem ser aplicados apenas na hora do plantio, no
mínimo após duas semanas. No ato do plantio, o colo das plantas deve ficar ao
nível do terreno, eliminando-se o saco plástico (ou jaca), firmando-se o solo
ao redor do torrão. Ao lado de cada muda, deve-se fincar uma estaca de bambu ou
outra madeira de l,5m e providenciar o amarrio das mudas. Ao redor da planta,
pode ser colocada cobertura morta (capim seco, palha de arroz e outras),
deixando apenas 5 a 10 cm ao redor da planta sem cobrir, para evitar que
doenças possam atingir o colo da muda pelo excesso de umidade.
10 TRATOS CULTURAIS
Existem,
basicamente, três tipos de podas em goiabeiras: poda de formação, poda de
limpeza e poda de frutificação.
É dividida em duas fases: na primeira, deve-se
fazer a poda do ramo apical quando o local do corte, à altura de 40 a 60 cm,
dependendo da variedade, estiver lenhoso. Nesta fase, a casca tem coloração
acastanhada. Na segunda fase, após ramificação abundante ocasionada pela poda
apical, escolhem-se de três a cinco ramos bem distribuídos, saindo de pontos
diferentes do tronco.
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Fonte: Cultura da goiaba -1995
Goiabeira com formação adequada de copa
Fonte: Foto do Autor.
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Goiabeira com primeira poda de formação
Fonte: FRUPEX
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Como a goiabeira produz em ramos, em
crescimento, a poda de frutificação consiste no encurtamento dos ramos que já
produziram, de modo a manter a planta em atividade, pelo estimulo à nova
brotação, que devera ser frutífera. Para que isso aconteça, o ramo devera ser
podado no comprimento correto. Ramos vigorosos, podados em esporão, resultaram
em crescimento vegetativo, enquanto a poda longa de ramos fracos tende a
enfraquecer a nova brotação.
A poda pode ser continua ou total. Na poda
continua, cada ramo é podado individualmente a cada repasse do pomar, quando é
realizado o encurtamento dos ramos produtivos primários cerca de um mês apos a
colheita dos últimos frutos para que produzam uma segunda safra, de forma que
cada planta produza continuadamente ao longo de todo o ano.
É importante que se de ao ramo esse período de
repouso de pelo menos trinta dias, par que haja acumulo de reservas, tanto
nutritivas quanto hormonais, necessárias a uma brotação e frutificação
adequada.
Na poda total, todos os ramos são podados de
uma só vez, de forma que a produção ocorra ao mesmo tempo. Essa poda deve ser
feita em duas etapas. Na primeira é deixado um ramo pulmão por planta, para a
finalidade de manter a transpiração, assegurando a uniformidade da brotação e a
produção de maior número de ramos frutíferos. Na segunda com inicio da brotação
resultante da primeira poda, é feita a poda do ramo pulmão.
Em lavouras irrigadas, a época de poda define a
época de colheita, sendo possível planejar a safra para qualquer mês do ano (6
a 7 meses após a poda ocorre a maturação dos frutos).
Na execução da poda
de frutificação, podem-se adotar certas regras úteis, por estabelecerem uma
seqüência lógica para a operação:
- Remova
os ramos quebrados, mortos, e doentes;
- Remova
os ramos “ladrões”;
- Remova
os ramos que, por estarem encostados, se atritam com o movimento da planta;
- Remova
os ramos que crescem em direção ao centro da planta ou que cruzam na copa;
- Remova
os ramos que crescem para baixo, pois, geralmente são improdutivos;
- Execute
a poda dos ramos remanescentes com o objetivo de manter o equilíbrio entre as
funções reprodutivas e vegetativas da planta, baseando, dentro dos limites do
possível, realçá-las ao máximo.
-
Nos pomares
destinados à produção de goiabas de mesa, após as operações anteriormente
relacionadas, devem-se submeter os ramos remanescentes a uma poda de
encurtamento. Este encurtamento, que depende do vigor dos ramos, é realizado em
ramos normais deixando de 2 a 3 pares de folhas. A intensa brotação que ocorre
após a poda, deve ser reduzida através de sucessivas desbrotas, deixando-se em
média dois brotos, em posições distintas, por ramos podado. Os frutos que se
desenvolvem nestes brotos devem ser desbastados, quando apresentam de 2 a 3cm
de diâmetro, deixando-se em média 2 frutos por broto.
Com o objetivo de se
obter uma sobre-colheita que irá prolongar o período de safra, muitos
produtores costumam despontar estes ramos deixando no mínimo 6 pares de folhas
acima dos frutos. Deste desponte, que possibilita nova brotação na extremidade
dos ramos, deixa-se apenas dois brotos localizados em posições opostas por
ramo, para que frutifiquem.
Durante todo o
período de crescimento da brotação devem ser feitas sucessivas desbrotas para
reduzir os ramos em excesso e manter o centro da copa aberto, a fim de
assegurar adequada penetração de ar e luz no interior da planta, garantindo
assim a sua sanidade e a qualidade de sua produção.
Tanto o
desbaste como o encurtamento são praticas importantes na formação e manejo da
goiabeira. O encurtamento é mais importante na fase de formação, tendo por
finalidade obtenção de uma copa bem formada, enquanto o desbaste favorece a
produção de ramos frutíferos e a sua manutenção em boas condições. A medida que
a planta vai ficando mais velha, há maior necessidade de mais desbaste e menos
encurtamento.
Entre
outras formas de supressão de ramos ou de suas partes os mais importantes são:
- Desponte: é o encurtamento praticado em
verde, sobre a extremidade do ramo novo. Sua prática diminui o vigor da
planta.
- Desbrota: é a intervenção que se faz em
verde, para eliminar ramos supérfluos e concorrentes.
- Poda em coroa: é o encurtamento total do
ramo, que fica reduzido à "coroa", que é a porção mais grossa
existente em sua base e onde existe um cordão de gemas.
- Poda em esporão: é o encurtamento
deixando-se apenas a base do ramo, geralmente com duas ou três gemas, ou com
quatro a seis centímetros de comprimento.
- Poda em vara: é o encurtamento em que se
deixa o ramo com um número maior de gemas, em geral com 10 a 20 cm
de comprimento.
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Poda total com ramos pulmões
Fonte: Foto do autor.
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Poda de encurtamento dos ramos
produtivos para obtenção de uma
segunda safra.
Fonte: Foto do Autor.
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Brotação intensa sem desbaste. Fonte: CATI – 1994. |
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Poda em esporão
Fonte: CATI-1994.
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Em pomares exclusivos de goiaba de mesa o desbaste
de frutos é obrigatório para a obtenção de frutos grandes com ótimo aspecto.
O desbaste deve ser feito quando os frutos
apresentarem de 2 a 3cm de diâmetro, deixando-se de 2 a 3 frutos por ramo. Em
plantas adultas são deixados entre 600 a 800 frutos. Durante a operação de desbaste
devem ser retirados os restos do cálice floral existentes na base dos frutos,
para melhorar o seu aspecto.
Nos mais tecnificados pomares, os frutos
remanescentes são protegidos por sacos de papel manteiga com dimensões usuais
de 15x12cm. Estes sacos são presos no pedúnculo do fruto ou no ramo que o
sustenta, sendo no ramo mais aconselhável.
Vantagens do ensacamento:
- Melhora o aspecto do fruto, que quando maduro
apresenta a casca uniforme completamente sem manchas;
-É o mais eficiente método de controle da mosca das
frutas, do gorgulho e de eventuais ataques do besouro amarelo e;
-Permite a colheita de frutos sem resíduos tóxicos
na casca.
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Ramos sem desbaste
Fonte: Cultura da Goiabeira - 1995
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Ramos com desbaste
Fonte: Cultura da Goiabeira - 1995
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- Os
cortes deverão ser sempre lisos e inclinados, para facilitar a cicatrização e
evitar o acumulo de água na sua superfície.
- Deve-se
utilizar tesoura com lamina devidamente afiada e serrotes bem travados;
- O
desbaste de ramo deve ser feito com corte bem rente a sua base, sem danificar a
“coroa” de gemas ai existentes.
- Os
encurtamentos deverão ser feitos 2cm acima de uma gema, de forma a favorecer a
brotação da mesma.
- Fazer a
aplicação de uma pasta ou uma calda de um fungicida a base de cobre nas partes
feridas para evitar a invasão de organismos causadores de doenças e podridões.
- Nos
pomares submetidos a poda total, recomenda-se a sua pulverização imediatamente
após o termino da operação com calda sulfocálcica, na diluição de um litro de
calda para 8 litros de água.
A goiabeira é uma
planta que responde bem à irrigação. Além de apresentar excelente produtividade,
o goiabal irrigado pode produzir duas ou mais safras por ano. Este é de fato
uma grande vantagem, pois com o manejo adequado da poda é possível direcionar a
safra para períodos economicamente desejáveis. A irrigação é uma técnica que
está associada a uma série de fatores que influem diretamente na produtividade
da goiabeira e na qualidade de seus frutos.
- Necessidade de Água:
A necessidade de água que tem a planta é um
parâmetro extremamente importante, seja para o dimensionamento do sistema de
irrigação, seja para o manejo da água ao longo do ciclo fenológico da planta.
Para culturas frutícolas como a goiabeira, recomenda-se que a demanda de água
seja calculada para períodos semanais ou quinzenais.
-
Evapotranspiração de Referência:
Eto= Kp x Et
Eto=
evapotranspiração de referência mm/dia
Kp= fator do tanque -
variável
Et= evaporação do
tanque – mm/dia
-
Cálculo da Precipitação Efetiva:
Pe= f x p
Pe= precipitação
efetiva mm.
f= fator de correção.
p= precipitação real
(pluviômetro)mm.
-
Cálculo da Lâmina de Irrigação
Lb= Kc x Eto –Pe
Ei
Lb= Lâmina de
irrigação (mm).
Kc= Coeficiente
cultura (quadro 4).
Ei= Eficiência do
Sistema de irrigação %.
Vap= Lb x Ep x Ef
D
Vap= Volume de água
aplicado por planta (litros/planta/dia)
Ep= Espaçamento entre
plantas (m).
Ef= Espaçamento entre
linhas de plantas (m)
D= número de dias no
intervalo de irrigação (dia)
No caso de sistemas automatizados em que o manejo
de água se baseia no volume desta determina-se tal volume por umidade de rega.
V= 10 x Lb x A
V= volume de
água por umidade de rega (m3 ),
A= área da
umidade de rega ( ha).
-
Freqüência da Irrigação
A freqüência da irrigação vai depender da
necessidade de água que tem a planta e da capacidade de retenção de água pelo
solo na profundidade efetiva das raízes.
-
Cálculo do Tempo de Irrigação
Ti= Vap
N
x Qe
Ti= tempo de
irrigação por umidade de rega (h);
N= número de
emissores por planta,
Qe= vazão do emissor
(l/h) obtida em teste de campo.
- Manejo da água:
O manejo da água está diretamente associado ao tipo
de solo, à profundidade efetiva do sistema radicular e ao sistema de irrigação
selecionado.
Na irrigação localizada, o nível de água disponível
no solo não deve ser inferior a 80%.
Recomenda-se suspender a irrigação por um período
de um a dois meses antes da poda, a fim de submeter a planta a um estresse
hídrico cuja duração vai depender do tipo do solo a do sistema de irrigação
usado.
É recomendável que na irrigação localizada o manejo
de água seja monitorado por tensiômetros instalados em pontos correspondentes a
50% da profundidade efetiva das raízes. O número recomendado é de três a quatro
estações de tensiômetros numa parcela de solo uniforme de tamanho não superior
a 2 ha.
A tensão hídrica do solo aceitável para o manejo
das regas depende do tipo dos solos explorados. Para os arenosos, a tensão pode
variar entre 15 e 25 centibares; para os argilosos, pode alcançar de 40 a 60
centibares.
Discriminação
|
Percentagem de área molhada
|
|||||||||
10
|
20
|
30
|
40
|
50
|
60
|
70
|
80
|
90
|
100
|
|
Kc
|
0,45
|
0,45
|
0,50
|
0,60
|
0,65
|
0,70
|
0,75
|
0,75
|
0,75
|
0,75
|
Kr
|
0,20
|
0,30
|
0,40
|
0,50
|
0,60
|
0,70
|
0,75
|
0,80
|
1,00
|
1,00
|
Kc x Kr
|
0,09
|
0,14
|
0,20
|
0,30
|
0,39
|
0,49
|
0,56
|
0,60
|
0,75
|
0,75
|
Fonte: Doorenhos & Kassan (1979) citados por
Neto e Soares – Embrapa – Frupex – 1994.
10.6 Adubação
No que diz respeito à adubação da goiabeira,
dispõe-se de poucos resultados de pesquisa realizada no Brasil e em outros
países no sentido de estabelecer as verdadeiras necessidades nutricionais dessa
cultura.
Em sendo considerada a goiabeira uma planta rústica,
tolerante à acidez e pouco exigente em termos de solo, para a obtenção de
resultados econômicos satisfatórios em pomares comerciais, é necessário atender
adequadamente as exigências da planta.
Tendo em vista que o melhoramento genético tem dado
origem a goiabeiras cada vez mais produtivas, porém mais exigentes em termos
nutricionais, desenvolveu-se uma série de ensaios de campo, buscando avaliar os
efeitos da adubação nitrogenada e potássica sobre a cultura.
Para goiabeiras com 3 anos de idade, os teores foliares
de N considerados adequados foram 2,35% ( V.Rica) e 2,15% (V.Paluma) em análise
foliares, enquanto que para o K, os valores foram 1,9% (V.Rica) e 1,54%
(V.Paluma).
Para solos com baixa fertilidade natural, como
ocorre em geral com as áreas tropicais e, considerando-se plantas com 3 anos de
idade, a aplicação de 422g N/planta foi suficiente para garantir uma produção
de 90% da máxima possível.
Um sistema de adubação eficiente é o de
fertirrigação, que leva nutrientes às plantas através da água.
· Adubação
de Plantio:
Em cada cova, devem ser aplicados: 20 litros de
esterco de curral; 100g de P2O5 (=500g superfosfato
simples) 1000g de calcário dolomítico; 50g de FTE (micronutrientes); 140g de
sulfato de amônia; 20g de cloreto de potássio.
· Adubação
de Cobertura:
Recomenda-se três adubações de cobertura com
nitrogênio (sulfato de amônia ou uréia) e potássio (cloreto de potássio) por
ano. Em lavouras irrigadas, pode-se aplicar o nitrogênio mensalmente e o
potássio a cada dois meses.
Quadro 7: Sugestões de adubação de cobertura por
planta/ano:
PRODUTOS
|
ANO I
|
ANO II
|
ANO III
|
ANO IV
|
Sulfato de
amônio (g)
|
600
|
1000
|
2000
|
2500
|
Superfosfato
simples (g)
|
600
|
1000
|
1500
|
1500
|
Cloreto de
potássio (g)
|
120
|
200
|
400
|
600
|
Fonte: Pesagro – Rio – Maio-2001.
Em pomares
produtivos, recomenda-se a aplicação anual, após a poda de frutificação de
esterco de curral bem curtido, aproveitando-se a ocasião para aplicar o adubo
fosfatado, os micronutrientes (FTE) e o calcário, que deverão ser aplicados apenas
uma vez por ano. Também após a poda de frutificação devem ser aplicados parte
do nitrogênio e do potássio, com o objetivo de formar ramos produtivos,
vigorosos e em abundância, carregados de botões florais. Depois do desbastes e
ensacamento dos frutos, faz-se nova adubação potássica e a nitrogenada visando
aumentar o peso e a qualidade dos frutos. Após a colheita, o potássio e o
nitrogênio são novamente aplicados com o objetivo de recuperar a planta
exaurida pela frutificação.
A região abaixo da copa deve ser mantida limpa
através de capinas manuais periódicas ou aplicação de
herbicidas, processo chamado de coroamento.
As entrelinhas e a região entre as plantas não
devem ser capinadas, apenas roçadas, o que poderá ser feito com roçadeira
mecanizada.
A prática de intercalar culturas em pomares de
goiabeira orientados para a exportação de frutas poderá ser adotada, embora
apresente algumas restrições. A principal condição restritiva diz
respeito ao método de irrigação empregado: a consorciação só é possível quando
se adota a irrigação por aspersão, que é o sistema menos aconselhável para o
cultivo da goiabeira cujos frutos se destinem à exportação. Restará, pois, a
consorciação no período das chuvas, uma atividade pouco atraente, dada a
irregularidade temporal e espacial das precipitações no Nordeste.
Entre as culturas que podem ser consorciadas com a
goiabeira, desde que se use irrigação por aspersão, incluem-se o caupi, o
milho, o tomate industrial e a melancia, entre outras.
É importante frisar, entretanto, que em virtude do
alto padrão de qualidade exigido pelo mercado importador de frutas frescas, não
se aconselha a prática da consorciação nos pomares destinados a produzir
goiabas de exportação. Neste caso, os produtores deverão dedicar o máximo de
atenção possível ao seu principal empreendimento, a fim de
obter frutas dentro dos padrões internacionais exigidos, ou correrão o risco de
não alcançar a capacidade necessária para competir em um mercado cada vez mais
exigente, do qual são automaticamente excluídos os fruticultores que não
apresentarem produtos com as devidas qualificações.
A consorciação poderá e deverá ser incentivada
apenas na fase de formação do goiabal, até mesmo como um possível meio de
amortizar parte do investimento financeiro realizado ou de agilizar o seu
retorno.
A goiabeira, durante as diferentes fases de seu
desenvolvimento, pode sofrer ataques de um número de pragas relativamente
grande. Entre as mais importantes merecem destaque:
12.1.1 Broca das
Mirtáceas - Timocratica
albella (ZELLER, 1959).
O
controle deve ser efetuado anualmente, raspando-se a superfície do tronco com
escovas ou luvas grossa, de forma a expor o inseto. Este deve ser destruído
caso encontrado, após o que faz um pincelamento no tronco e pernadas principais
com solução de carbaryl e fungicida cúprico.
As
larvas com comprimento em torno de 30mm se alimenta de uma parte da madeira
desintegrada com suas mandíbulas. A outra parte, que é serragem, é expelida
pelos orifícios abertos nos tronco e ramos mais grossos.
Para
controle da coleobroca pode ser efetuada uma injeção de 1 a 2ml de solução de
Carbaryl nos orifícios ou então da mesma forma do que para a broca dos
mirtáceas.
12.1.3 Besouro da
Goiabeira - Besouro Amarelo - Costalimaita ferruginea
vulgata (Lefevre, 1885).
O
adulto tem forma quase elíptica, mede 5 a 6,5mm de comprimento e o
apresenta cor creme-amarelada.
O
besouro ataca as folhas novas e relativamente novas da goiabeira, deixando-as
cheias de orifícios. Os brotos também podem ser atacados. E em flores a casos
que chegam a destruir a superfície dos frutos, deformando-os.
O
período de maior ataque é quando a goiabeira inicia as brotações. O controle
pode ser feito através de pulverização com inseticidas organofosforados ou
carbonatos.
12.1.4 Psilídio - Trizoida
sp.
São
insetos sugadores de seiva cujos adultos mede de 2,0 a 2,4mm de comprimento. As
ninfas sugam a seiva das bordas das folhas, que devido as toxinas que são
injetadas, enrolam-se e deformam-se adquirindo uma coloração amarelada ou
avermelhada, tornando-se depois necróticas.
Examinando-se
o interior das partes enroladas, encontram-se as colônias de psilídeos,
recobertos pela secreção cerosa, entre gotículas de substâncias açucaradas e
esbranquiçadas.
Para
controle pode utilizar pulverizações com inseticidas organofosforados ou
carbamatos.
Os
danos causados por este inseto podem ser grandes, pois, afetam desde botões
florais até frutos desenvolvidos, porém antes do início da maturação.
Inicialmente observam-se manchas aquosas, irregulares, com cerca de 1mm de
diâmetro, há uma reação do próprio fruto, de modo a cicatrizar estas lesões. Os
tecidos da parte central da lesão ficam necrosados e permanecem na superfície
do fruto como um ponto, duro, que atinge de 2 a 5mm de diâmetro, podendo ser
destacado manual ou naturalmente.
Estas
lesões, dependendo da intensidade e da época de surgimento, podem-se desprender
do fruto ou permanecer depreciando. O controle deve ser feito com inseticidas
fosforados não sistêmicos.
O
inseto é um pequeno besouro de aproximadamente 6mm de comprimento por 4mm de
largura, de coloração parda escura, com peças bucais cilíndricas e
alongadas.
A
larva é branca com a cabeça negra; o corpo enrugado transversalmente mede,
quando desenvolvido 12 mm de comprimento por 4mm na maior largura.
Ao
iniciarem a postura, as fêmeas dos gorgulhos procuram os frutos verdes, cavando
com a mandíbula orifícios onde depositam os ovos.
Este
local não acompanha o desenvolvimento do restante do fruto, ficando enegrecido
e tornando uma cicatriz circular deprimida com um ponto negro no centro. Após a
eclosão a larva penetra no fruto e se alimenta da semente, ficando parte da
polpa e as sementes destruídas e enegrecidas.
No
fruto maduro, a larva do gorgulho não ataca a polpa e só se alimenta de
sementes, ocasionando a podridão seca.
O
controle pode ser efetuado através de aplicações de inseticidas
organofosforados e deve ser iniciado quando os frutos ainda são verdes, do
tamanho de uma “azeitona”.
-
Ceratitis capitata (Wied; 1824).
- Anastrepha
fraterculus: Larva vermiforme, completamente desenvolvida, mede cerca de 12
mm de comprimento.
-
Ceratitis capitata: Larva com a região anterior do corpo bastante
afilada, medindo quando completamente desenvolvida de 7 a 9mm de comprimento.
Por meio do ovopositor a fêmea perfura os frutos e efetua a postura. As larvas
novas passam a viver no interior dos frutos, tornando-o imprestável.
Para
controle das moscas das frutas, várias medidas são indicadas, desde a proteção
dos frutos através de ensacamento, com iscas envenenadas ou em pulverizações em
área total. Os produtos mais utilizados e que vem mostrando bom resultado no
controle das moscas das frutas são os organofosforados, tais como o malathion,
parathion menthyl, fenthion, etc.
São
pragas que normalmente não apresentam danos econômicos à cultura e que tem sido
mantidas sob controle através do esquema de tratamento fitossanitário para
controle das pragas principais; são elas:
- Cochonilhas;
- Lagartas;
- Percevejos;
- Coleópteros;
- Cupins,
formigas, abelhas, mosca, etc;
- Tripes,
e;
- Nematóides.
PRAGA
|
PARTE
AFETADA
|
CONTROLE
CULTURAL
|
CONTROLE
QUÍMICO
|
Broca coleobroca
|
Tronco
|
Esmagamento,
calda bordalesa
|
Injeção de
Carbariy (0,1 %)
|
Cochonilha de cera
|
Caule
|
-
|
Folidol 600 (0,l
%)
|
Psilídios tingídios
|
Folhas
|
-
|
Lebaycid 500
(0,1%), folidol 600 (0,1%)
|
Tripés percevejos
|
Folhas e frutos
|
Ensacamento de
frutos
|
Lebaycid 500
(0,1%), folidol 600 (0,1%)
|
Gorgulho
|
Fruto
|
Ensacamento de
frutos
|
Folidol 600
(0,1%)
|
Mosca-das-frutas
|
Fruto
|
Ensacamento,
armadilhas
|
Dipterex (0,3%),
Lebaycid (0,1%)
|
Lagartas
|
aérea
|
-
|
Dipel (0,l%)
|
Fonte: PESAGRO-RIO MAIO-2002
Nota: Tomar cuidado de observar a carência dos
produtos antes de iniciar a colheita
Causada
pelo fungo Puccina psidii wint, trata-se de uma infestação fúngica
que ataca, indistintamente, todos os tecidos novos dos vários órgãos da planta
em desenvolvimento. Produz manchas necróticas, circulares de diâmetro variável.
As manchas se recobrem rapidamente por uma densa massa pulverulenta, de cor
amarela viva.
Em
geral, o aparecimento da doença é registrado nas condições ambientais de
temperatura moderada, e alta umidade atmosférica.
O
controle da ferrugem é feito conjulgando-se algumas práticas culturais:
- Poda de limpeza,
que promove maior aeração no interior da copa;
- Controle de ervas
daninhas;
- Aplicação
preventiva ou curativa de fungicidas.
Pode
ocorrer em botões e frutos em desenvolvimento, antes da maturação. Esta doença
provoca deformações no fruto que pode levá-lo à queda. O controle é feito com
aplicações de fungicidas cúpricos.
Causada
pelo fungo Sphcelona psidii bit, a antracnose ataca as folhas e os
ramos novos, mas pode atingir os frutos em qualquer estádio de desenvolvimento.
Seu controle, quando necessário, pode ser feito por meio de podas de limpeza.
Deve-se evitar também a permanência, na planta, de frutos sobremaduros.
Doença
causada pela bactéria Erwiria psidii, Ocorre nas extremidades dos
ramos provocando o muchamento repentino dos brotos, que adquirem um tom
pardo-avermelhado. A doença ocorre com maior gravidade em condições de alta temperatura
e umidade.
Aconselha-se
que sejam evitadas as operações de poda ou colheita quando os tecidos da planta
estiverem umedecidos, seja, por orvalho, por chuva ou irrigação.
Para medida de controle recomenda-se:
- Condução
da planta visando bom arejamento, insolação e penetração da calda fúngica.
- Devem-se
evitar podas contínuas numa mesma planta.
- Os
ramos eliminados, doentes devem ser queimados.
- Os
ramos doentes devem ser retirados à base ao primeiro sintoma da doença.
- Proteção
dos ferimentos de poda com pasta cúprica.
- Desinfecção
das ferramentas para poda com hipoclorito de sódio; na diluição 1:3 a cada
corte.
- Após
a poda aplicação de calda sulfocálcica na diluição 1:8.
- Pulverização
com fungicidas cúprico desde o início da brotação até que os frutos atinjam o
diâmetro de 3cm.
- Limitar
as adubações nitrogenadas à necessidade mínimas, para que não provoquem
formações excessivas de órgãos tenros.
O
combate às doenças através de agrotóxicos deve obedecer a um cronograma
rigoroso de aplicação. É importante a conscientização dos produtores sobre os
riscos à saúde quando utilizados de forma indiscriminada.
DOENÇA
|
PARTE
AFETADA
|
CONTROLE
|
Ferrugem
|
Aérea
|
Poda de
arejamento, aplicação de Oxicloreto de Cobre a 0,2% e Folicur a 0,1%,
altemadamente.
|
Verrugose
|
Frutos
|
Oxicloreto de
Cobre a 0,2 %
|
Bacteriose
|
Ramos novos e
frutos
|
Oxicloreto de
Cobre a 0,2% e eliminação dos ramos afetados.
|
Fonte: Adaptado de PEREIRA,
F.M. Goiabas para industrialização, 1996.
O combate às doenças através de agrotóxicos deve
obedecer a um cronograma rigoroso de aplicação (Quadro 10). E importante a
conscientização dos produtores sobre os riscos à sua saúde quando utilizados de
forma indiscriminada.
Alguns
cuidados devem ser tomados, como por exemplo:
-
só manipular o produto ao ar livre;
-
usar equipamento de proteção (máscara, luvas, botas, macacão e chapéu
impermeável);
-
aplicar as doses de acordo com as recomendações técnicas;
-
evitar as horas mais quentes do dia e aplicar o produto a favor do vento;
-
crianças e animais devem ser mantidos afastados das áreas de aplicação;
-
banhar-se com muita água e sabão imediatamente após o término do serviço.
Quadro 10 - Cronograma de aplicação de agrotóxicos.
MÊS
|
PRODUTO
|
DOSAGEM
|
PRAGA OU DOENÇA
|
FREQUÊNCIA
|
Julho
|
Oxicloreto de
cobre
|
Pasta
|
Pincelamento local da poda
|
-
|
Setembro
|
Oxicloreto de
cobre
|
0,5%
|
Ferrugem
|
1x
|
Outubro
|
Oxicloreto de
cobre Parathion metílico
|
0,5%
0,2%
|
Ferrugem
Gorgulho/Psilídeo
|
2x
2x
|
Novembro
|
Oxicloreto de
cobre Parathion metílico Trichiorfon
|
0,5%
0,2%
0,2%
|
Ferrugem
Gorgulho/Psilídeo
Gorgulho
|
2x
1x
1x
|
Dezembro
|
Oxicloreto de
cobre Parathion metílico Trichiorfon
|
0,5%
0,2%
0,2%
|
Ferrugem
Gorgulho/Mosca-das-frutas
Gorgulho/Mosca-das-frutas
|
2x
1x
-
|
Janeiro
|
Trichiorfon
|
0,2%
|
Mosca-das-frutas
|
2x
|
Fevereiro
|
Trichiorfon
|
0,2%
|
Mosca-das-frutas
|
2x
|
Março
|
Trichiorfon
|
0,2%
|
Mosca-das-frutas
|
2x
|
Fonte: Adaptado de PEREIRA,
F.M., Goiabas para industrialização, 1996.
A colheita da goiaba é feita duas a três vezes por
semana. Embora se costume colher as goiabas quando a coloração verde-escuro
brilhante começa a clarear, o ponto ideal de colheita depende da variedade e do
destino dos frutos.
As goiabas devem ser colhidas com cuidado e
colocadas em jacas ou diretamente em caixas plásticas de 20 kg e transportadas
para um barracão para seleção e embalagem.
Classificação é a separação de unidades do produto
por cor, tamanho, formato e categoria. Utilizar a classificação da goiaba é
unificar a linguagem do mercado. Produtores, atacadistas, varejistas e
consumidores devem ter os mesmos padrões para determinar a qualidade do
produto. Só assim, obteremos transparência na comercialização, melhores preços
para produtores e consumidores, menores perdas e maior qualidade.

![]() |
Amarela |
![]() |
Verde-Amarelada |
![]() |
Verde-Clara |
![]() |
de 7 a 8 cm |
![]() |
de 6 a 7 cm |
![]() |
de 5 a 6 cm |
![]() |
> que 10 cm |
![]() |
de 9 a 10 cm |
![]() |
Add caption |
A classificação da goiaba deve ser feita de forma
que se consiga a homogeneidade de formato, coloração, comprimento, diâmetro ou
calibre, bem como, a identificação da qualidade pela caracterização e
quantificação dos defeitos.
O quadro abaixo estabelece os limites de tolerância
de defeitos graves e leves para cada categoria de qualidade e permite a
classificação em: Extra Categoria I, Categoria II e Categoria III.
DEFEITOS GRAVES
|
EXTRA
|
CATEGORIA I
|
CATEGORIA II
|
CATEGORIA III
|
Imaturo
Dano profundo
Podridão
Alterações Fisiológicas
|
1%
1%
1%
1%
|
2%
2%
2%
3%
|
3%
3%
3%
4%
|
30%
20%
10%*
40%
|
Totais graves
Total leve
|
1%
5%
|
5%
10%
|
7%
15%
|
40%
100%
|
Total geral
|
5%
|
10%
|
15%
|
100%
|
*Acima de 10% de podridão a goiaba não deverá ser
reclassificada.
Fonte: CEAGESP
-
Defeitos graves
![]() |
Dano profundo |
![]() |
Imaturo |
![]() |
Podridão |
![]() |
Alterações fisiológicas |
Defeitos
leves




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