9 de dez. de 2011




SOLOS DO CERRADO



A maioria dos solos da região dos Cerrados são os Latossolos, cobrindo 46% da área. Esses tipos de solos podem apresentar uma coloração variando do vermelho para o amarelo, são profundos, bem drenados na maior parte do ano, apresentam acidez, toxidez de alumínio e são pobres em nutrientes essências (como cálcio, magnésio, potássio e alguns micronutientes) para a maioria das plantas. Além desses, temos os solos pedregosos e rasos (Neossolos Litólicos), geralmente de encostas, os arenosos (Neossolos Quartzarênicos), os orgânicos (Organossolos) e outros de menor expressão.

Areia Quartzosa



                                Ambiente de Ocorrência                                                                                    Perfil

Fotos: acervo Embrapa Cerrados.
Fotos: acervo Embrapa Cerrados.

Cambissolo


Fotos: acervo Embrapa Cerrados.
Fotos: acervo Embrapa Cerrados.

       

















Glei Pouco Húmico

Fotos: acervo Embrapa Cerrados
Fotos: acervo Embrapa Cerrados



Latossolo ( Perfil Latossolo Vermelho-Amarelo)



Fotos: acervo Embrapa Cerrados
Fotos: acervo Embrapa Cerrados
   
Litólico (Litossolos)


Fotos: acervo Embrapa Cerrados
Fotos: acervo Embrapa Cerrados

Plintossolo


Fotos: acervo Embrapa Cerrados
Fotos: acervo Embrapa Cerrados
Podzólico  

Fotos: acervo Embrapa Cerrados
Fotos: acervo Embrapa Cerrados
  







Terra Roxa Estruturada

Fotos: acervo Embrapa Cerrados
Fotos: acervo Embrapa Cerrados
  




















CLASSES DE SOLOS DO CERRADO




Fotos: acervo Embrapa Cerrados.


Classes de solos
Ocorrência estimada (%)
Latossolos
45,7
Latossolo Roxo (LR)
3,5
Latossolo Vermelho-Escuro (LE)
18,6
Latossolo Vermelho-Amarelo (LV)
21,6
Latossolo Variação-Una (LU)
0,5
Latossolo Amarelo (LA)
1,5
Areia Quartzosa (AQ)
15,2
Podzólicos
15,1
Podzólico Vermelho-Escuro (PE)
6,9
Podzóilico Vermelho-Amarelo (PV)
8,2
Solos Plínticos
9,0
Plintossolo (PT)
6,0
Plintossolo Pétrico (PP)
3,0
Solos Hidromórficos
2,5
Hidromórfico Cinzento (HC)
0,3
Glei Húmico (HG)
0,2
Glei Pouco Húmico (HGP)
1,8
Solos Aluviais (A)
(-) de 0,1
Solos Organicos (O)
(-) de 0,1
Solos Litólicos
7,3
Cambissolos
3,1
Terra Roxa Estruturada
1,7
Outros
0,4




Areia Quartzosa / Neossolo Quartzarênico



Características gerais

Em geral, são solos originados de depósitos arenosos, apresentando textura areia ou areia franca ao longo de pelo menos 2 m de profundidade. Esses solos são constituídos essencialmente de grãos de quartzo, sendo, por conseguinte, praticamente destituídos de minerais primários pouco resistentes ao intemperismo.
Essa classe de solos abrange as Areias Quartzosas não-hidromórficas descoloridas, apresentando também coloração amarela ou vermelha. A granulometria da fração areia é variável e, em algumas situações, predominam diâmetros maiores e, em outras, menores. O teor máximo de argila chega a 15%, quando o silte está ausente.

Aptidão Agricola 

As Areias Quartzosas são consideradas solos de baixa aptidão agrícola. O uso contínuo de culturas anuais pode levá-las rapidamente à degradação. Práticas de manejo que mantenham ou aumentem os teores de matéria orgânica podem reduzir esse problema. 

Culturas perenes, plantadas em áreas de Areia Quartzosas, requerem manejo adequado e cuidados intensivos no controle da erosão, da adubação (principalmente com N e K) e da irrigação, esta última, visando à economia de água. Caso contrário, há o depauperamento da lavoura, acarretando baixas produtividades. 

As áreas de Areias Quartzosas que ocorrem junto aos mananciais devem ser obrigatoriamente isoladas e mantidas para a preservação dos recursos hídricos, da flora e da fauna. O reflorestamento de áreas degradadas, sem finalidade comercial, é uma opção recomendável onde a regeneração da vegetação natural é lenta, entretanto, o reflorestamento comercial é uma alternativa para as áreas mais afastadas dos mananciais e da rede de drenagem. 


Fatores Limitantes ao uso agrícola

Por serem muito arenosos, com baixa capacidade de agregação de partículas, condicionada pelos baixos teores de argila e de matéria orgânica, esses solos são muito suscetíveis à erosão. Quando ocupam as cabeceiras de drenagem, em geral, dão origem a grandes voçorocas. 

Tendo em vista a grande quantidade de areia, nesses solos, sobretudo naqueles em que a areia grossa predomina sobre a fina, há séria limitação quanto à capacidade de armazenamento de água disponível. 

Apesar de a adsorção de P ser pequena nesses solos, existem problemas sérios quanto à lixiviação de nitrogênio e à decomposição rápida da matéria orgânica. A lixiviação de nitratos e de sulfatos é intensa por causa da grande macroporisidade e da permeabilidade dos solos de textura arenosa. 

Ambientes de ocorrência 

No Cerrado, as Areias Quartzosas estão relacionadas a depósitos arenosos de cobertura, normalmente em relevo plano ou suave-ondulado. Em relevo mais movimentado, esses solos não permanecem estáveis. 

Manejo das Areias quartzosas

Uso desse solo conforme sua aptidão agrícola; 
Avaliação da CTC, pois solos arenosos apresentam CTC muito baixa e dependem do teor de matéria orgânica; 
Teores de areia grossa maiores que os de areia fina implicam menor CTC e retenção de água; 
As Areias Quartzosas, em relevo suave-ondulado (entre 3% e 8%), são muitos suscetíveis à erosão; 
Esses solos apresentam elevada perda de água por infiltração rápida; 
Os investimentos na melhoria e na manutenção das condições de produção podem ultrapassar os rendimentos obtidos. Deve-se, portanto, avaliar a viabilidade econômica do uso desses solos. 
Culturas perenes são opções mais recomendáveis do que as anuais. 




Glei Pouco Húmico / Gleissolo Háplico 

 



Características Gerais

São solos minerais, hidromórficos, apresentando horizontes A (mineral) ou H (orgânico), seguido de um horizonte de cor cinzento-olivácea, esverdeado ou azulado, chamado horizonte glei, resultado de modificações sofridas pelos óxidos de ferro existentes no solo (redução) em condições de encharcamento durante o ano todo ou parte dele. O horizonte glei pode começar a 40 cm da superfície. São solos mal drenados, podendo apresentar textura bastante variável ao longo do perfil. 
Podem apresentar tanto argila de baixa atividade, quanto de alta atividade, são solos pobres ou ricos em bases ou com teores de alumínio elevado. Como estão localizados em baixadas, próximas às drenagens, suas características são influenciadas pela contribuição de partículas provenientes dos solos das posições mais altas e da água de drenagem, uma vez que são formados em áreas de recepção ou trânsito de produtos transportados. 
Além do Glei Húmico, encontra-se na mesma posição, porém em proporção bastante reduzida nas áreas de Cerrado, o Glei Húmico. A diferença básica está no horizonte A. No Glei Húmico, esse horizonte tem 20 cm ou mais de espessura, apresenta-se escuro, turfoso ou com grande quantidade de matéria orgânica em outra forma. No Glei Pouco Húmico o horizonte A é mais claro do que no Glei Húmico, sendo mais pobre em matéria orgânica. 

Fatores Limitantes

A maior limitação está na presença de lençol freático elevado, com riscos de inundação, necessitando de drenagem para seu uso. Raramente apresentam fertilidade alta e a neutralização da acidez pela calagem é problemática, exigindo, muitas vezes, grandes quantidades de calcário. 
A textura ao longo do perfil deve ser observada, pois solos muito argilosos em subsuperfície podem apresentar sérios problemas quando drenados. À medida que esses solos secam, ficam endurecidos, prejudicando o desenvolvimento de raízes. Ciclos constantes de umedecimento e secagem podem provocar endurecimento irreversível do solo. 
No caso de Glei Húmico, a existência de camada orgânica, resultante do acúmulo de material orgânico, devido à má drenagem, pode provocar elevados valores de CTC e da relação C/N. Pode ocorrer ainda subsidência do material orgânico (afundamento) e perigo de incêndio desse material. A elevada afinidade da matéria orgânica com o cobre pode induzir a deficiência desse elemento nas plantas. 

Aptidão agrícola

Apresentam sérias limitações ao uso agrícola, principalmente, em relação à deficiência de oxigênio (pelo excesso de água), à baixa fertilidade e ao impedimento à mecanização. 
Por estarem em locais úmidos, conservadores de água, não se recomenda sua utilização para atividades agrícolas, principalmente, nas áreas que ainda estão intactas e nas nascentes dos cursos d água. O ambiente onde se encontram os solos glei é muito importante do ponto de vista conservação do recurso água. A drenagem dessas áreas pode comprometer o reservatório hídrico da região, particularmente, nas áreas onde se utiliza irrigação de superfície. A manutenção das várzeas é de suma importância para a perenização dos cursos d´água. Em alguns casos, mormente em pequenas propriedades, onde o uso do solo é bastante intensivo devido à escassez de área, é comum a utilização de várzeas, em especial, para horticultura, plantio de arroz por inundação e pastagens. Apesar de não recomendado, nesses casos, não há outra opção senão seu uso. Cuidados com o assoreamento e a poluição dos cursos d água podem ser tomados, mas sempre que possível essas áreas devem ser protegidas, procurando-se opções menos agressivas ao ambiente. 

Ambiente de ocorrência

Solos Glei Pouco Húmico estão localizados em áreas de várzeas normalmente com vegetação de vereda, campos higróficos ou hidrófilos, em relevo plano que permite o acúmulo de água durante todo o ano ou na maior parte dele. Podem ocorrer em cabeceiras de rios ou córregos e também ao longo deles, estando sujeitos a inundações. O lençol freático quase sempre está próximo à superfície. 

Manejo dos solos Glei 

Os ambientes onde se encontram esses solos devem ser mantidos com o mínimo de interferência antrópica, uma vez que neles se concentram as reservas hídricas da Região do Cerrado. 
Manter esses ambientes, preferencialmente, como área de preservação. 




Latossolos 




Características gerais 

São formados pelo processo denominado latolização que consiste basicamente na remoção da sílica e das bases do perfil (Ca2+, Mg2+, K+ etc), após transformação dos minerais primários constituintes. 

São definidas sete diferentes classes de latossolo, diferenciadas com base na combinação de características com teor de Fe2O3, cor do solo e relação Ki (SiO2/Al2O3). 

São solos minerais , não-hidromórficos, profundos (normalmente superiores a 2 m), horizontes B muito espesso (> 50 cm) com seqüência de horizontes A, B e C pouco diferenciados; as cores variam de vermelhas muito escuras a amareladas, geralmente escuras no A, vivas no B e mais claras no C. A sílica (SiO2) e as bases trocáveis (em particular Ca, Mg e K) são removidas do sistema, levando ao enriquecimento com óxidos de ferro e de alumínio que são agentes agregantes, dando à massa do solo aspecto maciço poroso; apresentam estrutura granular muito pequena; são macios quando secos e altamente friáveis quando úmidos. 

Apresentam teor de silte inferior a 20% e argila variando entre 15% e 80%. São solos com alta permeabilidade à água, podendo ser trabalhados em grande amplitude de umidade. 

Os latossolos apresentam tendência a formar crostas superficiais, possivelmente, devido à floculação das argilas que passam a comportar-se funcionalmente como silte e areia fina. A fração silte desempenha papel importante no encrostamento, o que pode ser evitado, mantendo-se o terreno com cobertura vegetal a maior parte do tempo, em especial, em áreas com pastagens. Essas pastagens, quando manejadas de maneira inadequada, como: uso de fogo, pisoteio excessivo de animais, deixam o solo exposto e sujeito ao ressecamento. 

Os latossolos são muito intemperizados, com pequena reserva de nutrientes para as plantas, representados normalmente por sua baixa a média capacidade de troca de cátions. Mais de 95% dos latossolos são distróficos e ácidos, com pH entre 4,0 e 5,5 e teores de fósforo disponível extremamente baixos, quase sempre inferiores a 1 mg/dm³. Em geral, são solos com grandes problemas de fertilidade. 

A fração argila dos latossolos é composta principalmente por caulinita, óxidos de ferro (goethita e hematita) e óxidos de alumínio (gibbsita). Alguns latossolos, formados de rochas ricas em ferro, apresentam, na fração argila, a maghemita e , na fração areia, a magnetita e a ilmenita. A esses últimos, estão associados os elementos-traço (micronutrientes) como o cobre e o zinco, importantes para o desenvolvimento das plantas. 

Aptidão agrícola 

Os latossolos são passíveis de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e reflorestamento. Normalmente, estão situados em relevo plano a suave-ondulado, com declividade que raramente ultrapassa 7%, o que facilita a mecanização. São profundos, porosos, bem drenados, bem permeáveis mesmo quando muito argilosos, friáveis e de fácil preparo. Apesar do alto potencial para agropecuária, parte de sua área deve ser mantida com reserva para proteção da biodiversidade desses ambientes. 

Fatores limitantes ao uso agrícola 

Um fator limitante é a baixa fertilidade desses solos. Contudo, com aplicações adequadas de corretivos e fertilizantes, aliadas à época propícia de plantio de cultivares adaptadas, obtêm-se boas produções. 

Os latossolos de textura média, com teores elevados de areia, assemelham-se às Areias Quartzosas, sendo muito suscetíveis à erosão, requerendo tratos conservacionistas e manejo cuidadoso. A grande percolação de água no perfil desses solos, associada à baixa CTC, pode provocar lixiviação de nutrientes. Essa é uma das razões por que os sistemas irrigados devem ser dimensionados, levando-se em conta a textura do solo. Dessa forma, evitam-se problemas de perdas de solo e, conseqüentemente, de nutrientes. No caso de plantios de sequeiro, a baixa capacidade de armazenamento de água dos latossolos de textura média pode provocar grandes prejuízos no rendimento das culturas, haja vista, a ocorrência de veranicos e o período seco pronunciado, característicos do Cerrado. Sistemas que preconizem a cobertura dos solo e que melhorem os teores de matéria orgânica e o conseqüente aumento da retenção de umidade do solo devem ser adotados. 

Nos latossolos argilosos, o cuidado com a erosão não é menos importante. Mesmos em Latossolos Roxos, depois do preparo para o plantio, o risco de erosão é muito grande, pois a chuva encontra o solo totalmente desprotegido. A estrutura forte, muito pequena e granular leva os latossolos argilosos a apresentar comportamento semelhante aos solos arenosos. Além disso, nos latossolos de textura argilosa a muito argilosa, quando intensamente mecanizados, a estrutura é destruída, levando à redução da porosidade do solo e conseqüente formação de uma camada compactada (20 a 30 cm), dificultando o enraizamento das plantas e a infiltração da água da chuva recebe doses excessivas de calcário, o que pode provocar dispersão da argila que por sua vez irá obstruir os poros do solo. 

A baixa CTC desses solos pode ser melhorada, adotando-se práticas de manejo que promovam a elevação dos teores de matéria orgânica do solo, uma vez que a CTC depende essencialmente dela. Plantio direto, associado à rotação de culturas, pode permitir a elevação desses teores. 

Os Latossolos Amarelos, além da baixa fertilidade e da alta saturação por alumínio, apresentam problemas físicos com limitações quanto à permeabilidade restrita (elevada coesão dos agregados, pois o solo é extremamente duro quando seco) e lenta a infiltração de água. Os de textura mais argilosa têm certa tendência ao selamento superficial, condicionado pela ação das chuvas torrenciais próprias dos climas equatoriais e tropicais. Os solos, utilizados para lavouras ou pastagens, apresentam alta erodibilidade à proporção que permanecem desnudos. 

Ambiente de ocorrência 

No Cerrado, os latossolos ocupam praticamente todas as áreas planas a suave-onduladas, sejam chapadas ou vales. Ocupam ainda as posições de topo até o terço médio das encostas suave-onduladas, típicas das áreas de derrames basálticos e de influência dos arenitos. 

Manejo dos latossolos 

Usar o solo de acordo com a sua aptidão agrícola; 
Fazer as correções do solo no que diz respeito à acidez, à saturação por alumínio e à baixa fertilidade; 
Observar o teor de argila do latossolo; se estiver próximo do limite de 15%, cuidados especiais devem ser tomados com manejos muito intensivos, principalmente, em sistemas irrigados; 
Manter o solo coberto a maior parte do tempo possível, especialmente, no início das chuvas. 
Adotar, sempre que possível, manejos convervacionistas como cultivo mínimo e plantio direto. 


Podzólicos / Argissolos 




Características gerais 

São solos minerais, não-hidromórficos, com horizonte A ou E (horizonte de perda de argila, ferro ou matéria orgânica, de coloração clara) seguido de horizonte B textural, com nítida diferença entre os horizontes. Apresentam horizonte B de cor avermelhada até amarelada e teores de óxidos de ferro inferiores a 15%. Podem ser eutróficos, distróficos ou álicos. Têm profundidade variadas e ampla variabilidade de classes texturais. 

Na Região do Cerrado, as classes mais comuns de Podzólicos são o Podzólico Vermelho-Amarelo (PV) e Podzólico Vermelho-Escuro (PE). Esse último distingue-se pela coloração avermelhada mais escura e teor de óxidos de ferro mais elevado. Alguns podzólicos podem mostrar características intermediárias com outras classes de solos, como pouco desenvolvimento de estrutura e cerosidade, próprios de latossolos ou cambissolos. 

Fatores limitantes 

Nesses solos, constata-se grande diversidade nas propriedades de interesse para a fertilidade e uso agrícola (teor variável de nutrientes, textura, profundidade, presença ou ausência de cascalhos, pedras o concreções, ocorrência em diferentes posições na paisagem, entre outras). Dessa forma, torna-se difícil generalizar suas qualidades. 

Problemas sérios de erosão são verificados naqueles solos em que há grande diferença de textura entre os horizontes A e B, sendo tanto maior o problema quanto maior for a declividade do terreno. 

Os solos distróficos e álicos, além da limitação da fertilidade, podem ainda apresentar problemas com a eficiência da adubação e da calagem se estiverem localizados em relevos de ondulados a forte-ondulados. Nessas situações, é imprescindível a utilização intensiva de práticas de conservação do solo para evitar perdas de fertilizantes e de corretivos por erosão. Os problemas podem ser mais graves ainda se o solo for cascalhento. 

Nos solos eutróficos, não existe limitação quanto a fertilidade. Entretanto, a retirada constante de nutrientes pelas plantas cultivadas, e a erosão nas áreas mais declivosas podem reduzir a disponibilidade de nutrientes. 


Aptidão agrícola

Quando a fertilidade natural é elevada e não há pedregosidade, sua aptidão é boa para agricultura. São particularmente indicados para situações em que não é possível grandes aplicações de capital para o melhoramento e a conservação do solo e das lavouras, o que é mais comum em áreas de agricultura familiar. 

Os intermediários para latossolos apresentam aptidão para uso mais intensivo, mesmo contendo baixa fertilidade natural, uma vez que são profundos. Essa limitação pode ser corrigida, desde que ocorram em áreas de relevo suavizado. Culturas perenes também são uma alternativa para esses solos, principalmente, os mais profundos. 

Ambiente de ocorrência 

Apesar de não ocorrerem em grandes áreas contínuas no Cerrado, sua presença é freqüente. Ocupam, na paisagem, a porção inferior das encostas onde o relevo apresenta-se ondulado (8% a 20% de declive) ou forte-ondulado (20% a 45% de declive). 

Manejo dos podzólicos 

Observar a presença de cascalhos e pedras; 
Declividade do terreno: acima de 8% é difícil controlar a erosão; 
Diferença de textura entre os horizontes A e B, quando o A for arenoso e o b argiloso, esses solos são bastante suscetíveis à erosão. 


Terra Roxa Estruturada / Nitossolo Vermelho 





Características gerais 

São solos minerais, não-hidromórficos, apresentando cor vermelho-escura tendendo à arroxeada. São derivados do intemperismo de rochas básicas e ultrabásicas, ricas em minerais ferromagnesianos. Na sua maioria, são eutróficos com ocorrência menos freqüentes de distróficos e raramente álicos. Quando comparados aos latossolos, as TRs apresentam maior potencial de resposta às adubações, conseqüência de sua CTC mais elevada. 

Apresentam horizonte B textural, caracterizado mais pela presença de estrutura em blocos e cerosidade do que por grandes diferenças de textura entre os horizontes A e B. A textura varia de argilosa a muito argilosa e são bastante porosos (normalmente a porosidade total é superior a 50%). Uma característica peculiar é que esses solos, como os Latossolos Roxos, apresentam materiais que são atraídos pelo imã. Seus teores de ferro (Fe2O3) são elevados (superiores a 15%). 

Na Região do Cerrado, é comum amostras de TRs com a presença de horizonte B latossólico logo abaixo do B textural. Essas passam a se chamar Terra Roxa Estruturada Latossólica e apresentam comportamento intermediário entre Terra Roxa Estruturada e Latossolo Roxo. 

Fatores limitantes 

Apresentam riscos de erosão se estiverem localizados em relevos ondulados. Entretanto, se o solo for álico em profundidade, ocorrem limitações para o desenvolvimento radicular. 


Aptidão agrícola 

As Terras Roxas Estruturadas compreendem solos de grande importância agrícola; as eutróficas são de elevado potencial produtivo, e as distróficas e álicas respondem bem à aplicação de fertilizantes e corretivos. 

Em vista de suas características, à exceção do relevo, esses solos têm aptidão boa para lavouras e demais usos agropastoris. 

Ambiente de ocorrência

Formam-se sobre rochas básicas e ocupam as porções média e inferior de encostas onduladas até fortemente onduladas. É comum sua ocorrência em áreas bem drenadas, próximas a cursos d água onde predominam rochas básicas (basalto, diabásio). Estão freqüentemente associadas a Latossolos Roxos (LR). Diferenciam-se dos Podzólicos Vermelho-Escuros por apresentar maior quantidade de ferro que este, além de serem atraídos pelo imã e por não apresentarem gradiente textural elevado (diferença significativa de argila do horizonte A para o B). A TR latossólica situa-se em posições intermediárias entre TR e LR. 

Manejo das terras roxas estruturadas 

Verificar a profundidade efetiva do solo a fim de, se necessário, utilizar o sistema de preparo adequado (mecânico ou tração animal); 
Por estar localizado em relevos movimentados, o risco de erosão é freqüente. 
No caso de solos de baixa disponibilidade de nutrientes, verificar a correta dosagem de adubos e corretivos a ser aplicada, uma vez que sua resposta à adubação é alta. 








Correção e Manutenção da Fertilidade do Solo 

Amostragem e análise do solo

Em áreas que não necessitam de calagem, a amostragem para fins de indicação de fertilizantes poderá ser feita logo após a maturação fisiológica da cultura anterior àquela que será instalada. Caso haja necessidade de calagem, a retirada da amostra tem que ser feita de modo a possibilitar que o calcário esteja incorporado pelo menos três meses antes da semeadura.
Na retirada de amostra do solo com vistas à caracterização da fertilidade, o interesse é pela camada arável do solo que, normalmente, é a mais intensamente alterada, seja por arações e gradagens, seja pela adição de corretivos, fertilizantes e restos culturais. A amostragem deverá, portanto, contemplar essa camada, ou seja, os primeiros 20 cm de profundidade. 
No sistema de semeadura direta indica se que, sempre que possível, a amostragem seja realizada em duas profundidades (0 10 e 10 20 cm), com o objetivo principal de se avaliar a disponibilidade de cálcio e a variação da acidez entre as duas profundidades.

As indicações de adubação devem ser orientadas pelos teores dos nutrientes determinados na análise de solo. Na Tabela 4.1 são apresentados os parâmetros para a interpretação da análise de solo.



Acidez do solo

Os nutrientes têm sua disponibilidade determinada por vários fatores, entre eles o valor do pH, medida da concentração (atividade) de íons hidrogênio na solução do solo. 

A Fig. 4.1 ilustra a tendência da disponibilidade dos diversos elementos químicos às plantas, em função do pH do solo. A disponibilidade varia como conseqüência do aumento da solubilidade dos diversos compostos na solução do solo. 


Calagem

A determinação da quantidade de calcário a ser aplicada ao solo pode ser feita segundo duas metodologias básicas de análise do solo: 

a) Neutralização do Al3+ e suprimento de Ca2+ e Mg2+

Este método é, particularmente, adequado para solos sob vegetação de Cerrados, nos quais ambos os efeitos são importantes.
O cálculo da necessidade de calagem (NC) é feito através da seguinte fórmula: 
NC (t.ha-1) = Al3+ x 2 + [2 - (Ca2+ + Mg2+)] (PRNT = 100%)

b) Saturação de bases do solo

Este método consiste na elevação da saturação de bases trocáveis para um valor que proporcione o máximo rendimento econômico do uso de calcário.
O cálculo da necessidade de calcário (NC) é feito através da seguinte fórmula:


em que:
V1 = valor da saturação das bases trocáveis do solo, em porcentagem, antes da correção. (V1 = 100 S/T) sendo:
S = Ca2+ + Mg2+ + K+ (cmolc.dm-3); 
V2 = Valor da saturação de bases trocáveis que se deseja;
T = capacidade de troca de cátions, T = S + (H+Al3+)(cmolc.dm-3);
f = fator de correção do PRNT do calcário f = 100/PRNT.
Quando o potássio é expresso em mg.dm-3, na análise do solo, há necessidade de transformar para cmolc.dm-3 pela fórmula:

cmolc.dm-3 de K = (0,0026) mg.dm-3 de K 

A saturação de bases é variável para cada estado ou região. Para o Estado do Paraná 70%, para os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, 60%. Nos demais estados da Região Central, formados basicamente por solos sob vegetação de Cerrados, o valor adequado de saturação é de 50%. 

c) Calagem para solos arenosos
Quando se tratar de solos arenosos (teor de argila menor que 20%), a quantidade de calcário a ser utilizada (NC) é dada pelo maior valor encontrado de uma destas duas fórmulas:

NC (t.ha-1) = (2 x Al) x f
NC (t.ha-1) = [2 - (Ca + Mg)] x f 

Calagem no sistema de semeadura direta 

Preferencialmente, antes de iniciar o sistema semeadura direta em áreas sob cultivo convencional, indica-se corrigir integralmente a acidez do solo, sendo esta etapa fundamental para a adequação do solo a esse sistema. O corretivo, na quantidade recomendada, deve ser incorporado, uniformemente, na camada arável do solo, ou seja, até 20 cm de profundidade. 

Após a implementação da semeadura direta, os processos de acidificação do solo irão ocorrer e será necessário, depois de algum tempo, a correção da acidez. Para a identificação da necessidade de calagem, o solo já implantado de maneira correta, deve ser amostrado na profundidade de 0 a 20 cm, podendo-se aplicar até 1/3 da quantidade necessária. Para os solos que já receberam calcário na superfície, a amostragem deve ser realizada de 0 a 10 e 10 a 20 cm de profundidade. Portanto, em solos que já receberam calcário em superfície, sugere-se que, para o cálculo da recalagem, sejam utilizados os valores médios das duas profundidades, aplicando-se até 1/3 da calagem indicada. 

Qualidade e uso do calcário

Para que a calagem atinja os objetivos de neutralização do alumínio trocável e/ou de elevação dos teores de cálcio e magnésio, algumas condições básicas devem ser observadas:

* todo o calcário deve passar em peneira com malha de 0,3 mm;

* o calcário deve apresentar teores de CaO + MgO > 38%, com preferência ao uso de calcário dolomítico (>12,0% MgO) ou magnesiano (entre 5,1% e 12,0% MgO), em solos com larga relação Ca/Mg (>3/1);

* na escolha do corretivo, em solos que contenham menos de 0,8 cmolc.dm-3 de Mg, deve ser dada preferência para materiais que contenham o magnésio (calcário dolomítico e ou magnesiano) a fim de evitar que ocorra um desequilíbrio entre os nutrientes. Como os calcários dolomíticos encontrados no mercado contém teores de magnésio elevados, deve-se acompanhar a evolução dos teores de Ca e Mg no solo e, caso haja desequilíbrio, pode-se aplicar calcário calcítico (<5,0% MgO) para aumentar a relação Ca/Mg; e

* a má distribuição e/ou a incorporação muito rasa do calcário pode causar ou agravar a deficiência de manganês, resultando em queda de produtividade.

Correção da acidez subsuperficial 

Os solos do Brasil apresentam problemas de acidez subsuperficial, uma vez que a incorporação profunda (>20cm) do calcário nem sempre é possível. 

Assim, camadas mais profundas do solo (abaixo de 35cm ou 40cm) podem continuar com excesso de alumínio tóxico. Esse problema, aliado à baixa capacidade de retenção de água desses solos, limita a produtividade, principalmente nas regiões onde é mais freqüente a ocorrência de veranicos (Sousa et al., 1996).

A aplicação de gesso agrícola diminui, em menor tempo, a saturação de alumínio nessas camadas mais profundas. Desse modo, criam-se condições para o sistema radicular das plantas se aprofundar no solo e, conseqüentemente, minimizar o efeito de veranicos. Deve ficar claro, porém, que o gesso não neutraliza a acidez do solo.

O gesso deve ser utilizado em áreas onde a análise de solo, na profundidade de 30 cm a 50 cm, indicar a saturação de alumínio maior que 20% e/ou quando a saturação do cálcio for menor que 60% (cálculo feito com base na capacidade de troca efetiva de cátions). A dose de gesso agrícola (15% de S) a aplicar é de 700, 1200, 2200 e 3200 kg.ha-1 para solos de textura arenosa, média, argilosa e muito argilosa, respectivamente. O efeito residual dessas dosagens é de, no mínimo, cinco anos.

Caso o gesso seja aplicado apenas como fonte de enxofre, a dosagem deve ser ao redor de 350 kg.ha-1 por cultivo.

Exigências minerais e adubação para a cultura da soja
Exigências minerais

A absorção de nutrientes por uma determinada espécie vegetal é influenciada por diversos fatores, entre eles as condições climáticas como chuvas e temperaturas, as diferenças genéticas entre cultivares de uma mesma espécie, o teor de nutrientes no solo e os diversos tratos culturais. Na tabela 4.2, são apresentadas as quantidades médias de nutrientes, contidos em 1.000 kg de restos culturais de soja e em 1.000 kg de grãos de soja.



Diagnose foliar

Além da análise do solo, para indicação de adubação, existe a possibilidade complementar da Diagnose Foliar, principalmente para micronutrientes, pois os níveis críticos desses no solo, apresentados na seção 4.8.6, são ainda preliminares. Assim, a Diagnose Foliar uma ferramenta complementar na interpretação dos dados de análise de solo, para fins de indicação de adubos, principalmente para a safra seguinte.

Basicamente, a Diagnose Foliar consiste em analisar, quimicamente, as folhas e interpretar os resultados conforme a Tabela 4.3. Os trifólios a serem coletados, sem o pecíolo, são o terceiro e/ou o quarto, a partir do ápice de, no mínimo, 40 plantas no talhão, no início da floração. Quando necessário, para evitar a contaminação com poeira de solo nas folhas, sugere-se mergulhá-las em água, simplesmente para a remoção de resíduos de poeira e em seguida colocadas para secar à sombra e após embaladas em sacos de papel (não usar plástico).


Adubação
Nitrogênio

A soja obtém a maior parte do nitrogênio que necessita através da fixação simbiótica que ocorre com bactérias do gênero Bradyrhizobium. 


Região de Cerrados
Adubação fosfatada

A indicação da quantidade de nutrientes, principalmente em se tratando de adubação corretiva, é feita com base nos resultados da análise do solo.
Na Tabela 4.4 são apresentados os teores de P extraível, obtidos pelo método Mehlich I e a correspondente interpretação, que varia em função dos teores de argila. 

Duas proposições são apresentadas para a indicação de adubação fosfatada corretiva: a correção do solo de uma só vez, com posterior manutenção do nível de fertilidade atingido e a correção gradativa, através de aplicações anuais no sulco de semeadura (Tabela 4.5). 

A adubação corretiva gradual pode ser utilizada quando não há a possibilidade de fazer a correção do solo de uma só vez. Esta prática consiste em aplicar, no sulco de semeadura ou a lanço, uma quantidade de P de modo a acumular, com o passar do tempo, o excedente e atingindo, após alguns anos, a disponibilidade de P desejada. Ao utilizar as doses de adubo fosfatado sugeridas na Tabela 4.5, espera- se que, num período máximo de seis anos, o solo apresente teores de P em torno do nível crítico.
Quando o nível de P no solo estiver classificado como Médio ou Bom (Tabela 4.4), usar somente a adubação de manutenção, que corresponde a 20 kg de P2O5.ha-1, para cada 1000 kg de grãos produzidos.






Adubação potássica 

A indicação para adubação corretiva com potássio, de acordo com a análise do solo, é apresentada na Tabela 4.6. Esta adubação deve ser feita a lanço, em solos com teor de argila maior que 20%. Em solos de textura arenosa (< 20% de argila), não se deve fazer adubação corretiva de potássio, devido as acentuadas perdas por lixiviação.

Como a cultura da soja retira grande quantidade de K nos grãos (aproximadamente 20 kg de K2O.t-1 de grãos), deve-se fazer manutenção com 60 kg.ha-1 de K2O. Isso, se a expectativa de produção for de três toneladas de grãos.ha-1, independentemente da textura do solo.

Nas dosagens de K2O acima de 50 kg.ha-1, utilizar a metade da dose em cobertura, principalmente em solos arenosos, 30 ou 40 dias após a germinação, respectivamente para cultivares de ciclo mais precoce e mais tardio.



Estado de São Paulo 

Na Tabela 4.7 constam as doses de P e K a serem aplicadas e que variam com a análise do solo e a produtividade esperada.

Estado do Paraná


Adubação com enxofre

A absorção deste nutriente, pela planta de soja, é de 15 kg para cada 1000 kg de grãos produzidos, quantidade que deve ser adicionada anualmente como manutenção, ou seja, 45 kg quando se espera uma produtividade de 3000 kg.ha-1 de grãos.

Para determinar a necessidade correta de S, deve-se fazer a análise do solo e/ou foliar, cujo nível crítico, no solo, é de 10 mg dm-3 e a faixa de suficiência, nas folhas, é de 2,1 a 4,0 g kg-1. Com a análise do solo efetuada, utilizar as Tabelas 4.9 a 4.11.

No mercado, encontram-se algumas fontes de enxofre (S), que são: gesso agrícola (15% de S), superfosfato simples (12% de S) e "flor de enxofre" ou enxofre elementar (98 % de S). Além disso, há várias fórmulas no mercado, em princípio fórmulas com N-P-K, que contêm até 8% de S. 







Adubação com micronutrientes

Como sugestão para interpretação de micronutrientes em análises de solo, com os extratores Mehlich I e DTPA, respectivamente, são apresentados os teores limites para as faixas baixo, médio e alto (Tabelas 4.9 e 4.10).
As indicações da aplicação de doses de enxofre (S) e de micronutrientes no solo estão contidas na Tabela 4.11.

Esses elementos, de fontes solúveis ou insolúveis em água, são aplicados a lanço, desde que o produto satisfaça a dose indicada. O efeito residual dessa indicação atinge, pelo menos, um período de cinco anos. Para reaplicação de qualquer um desses micronutrientes, consultar a análise foliar como instrumento indicador. A análise de folhas, para diagnosticar possíveis deficiências ou toxicidade de micronutrientes em soja, constitui-se em argumento efetivo para correção via adubação de algum desequilíbrio nutricional (Tabela 4.3) Porém, as correções só se viabilizam na próxima safra, considerando que, para as análises, a amostragem de folhas é indicada no período da floração, a partir do qual não é mais possível realizar correção de ordem nutricional.

A aplicação de micronutrientes no sulco de semeadura tem sido bastante utilizada pelos produtores. Nesse caso, aplica-se 1/3 da indicação a lanço por um período de três anos suscessivos.

No caso do Mo e do Co, indica-se a aplicação via semente com as doses de 12 a 30 g.ha-1 de Mo e 2 a 3 g.ha-1 de Co, conforme especificação no rótulo dos produtos comerciais, que devem apresentar alta solubilidade. 



Adubação foliar com macro e micronutrientes

No caso de deficiência de manganês, constatada através de exame visual, indica-se a aplicação de 350 g.ha-1 de Mn (1,5 kg de MnSO4) diluído em 200 litros de água com 0,5% de uréia.
A adubação foliar não é indicada a outros macro ou micronutrientes para a cultura da soja. 






























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