A Cultura do Coqueiro
A produção brasileira de coco, que em 2001 chegou a 1,3 bilhões de
frutos, está distribuída por quase todo o território nacional, com exceção dos
estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em função das suas limitações
climáticas durante parte do ano.
Em 1985 a área colhida com coqueiro no Brasil situava-se em torno de 166
mil hectares. E entre 1985 e 2001 houve um incremento na área colhida que
ultrapassou os 100 mil hectares, dos quais estima-se que, 70% são representados
pela variedade de coqueiro anão, 15% com coqueiro híbrido e 15% com coqueiro
gigante.
Nesse mesmo período verificou-se um deslocamento das áreas tradicionais
de produção de coco em direção às demais regiões do país, principalmente para o
Norte e Sudeste, como mostrado na tabela 1. Pode-se constatar que a região
Nordeste detinha em 1985, mais de 94% da produção e mais de 96% da área colhida
com coco, diminuindo sua participação em 2001, para 71,2% da produção
brasileira e para 87,6% da área total colhida. Em contrapartida, somando-se as
produções das regiões Norte e Sudeste, observa-se que a participação destas, na
produção total, passou de 5,6% para 28,8% entre 1985 e 2001. O aumento
significativo tanto no porcentual de produção e principalmente do rendimento
por hectare, observado para estas regiões, pode ser atribuído à utilização da
variedade Anã Verde que se caracteriza por uma maior produção de frutos por
hectare.
A participação dessas duas
regiões no total da área colhida não acompanhou a evolução registrada pela
produção naquele período, devido aos altos índices de rendimento obtidos em
áreas de expansão recente da cultura, onde são utilizados sistemas de produção
intensivos e alto grau de tecnologia, como aconteceu no Sudeste que, em 2001
chegou a atingir rendimento acima dos 14.869 frutos/ha, tendo como destaque o
estado do Espírito Santo que conseguiu medias superiores aos 15.169 frutos/ha
(Tabela 1).
Região
|
% de
Produção
|
% de
área colhida
|
Rendimento/ha
|
|||
1985
|
2001
|
1985
|
2001
|
1985
|
2001
|
|
Nordeste
|
94,4
|
71,2
|
96,2
|
87,6
|
3.354
|
4.070
|
Norte
|
3,8
|
14,8
|
2,3
|
7,7
|
5.642
|
9.692
|
Sudeste
|
1,8
|
14,0
|
1,5
|
4,7
|
4.207
|
14.869
|
Importância
do coco seco no Brasil
A produção de coco seco no Brasil, concentra-se na região litorânea do Nordeste,
cultivado de forma extensiva e/ou semi-extensiva, sendo o fruto comercializado
in natura ou vendido para indústrias de alimentos que produzem o leite de coco
e/ou coco ralado como principais produtos.
No Brasil, a cocoicultura gera emprego e renda para mais de 500 mil
pessoas envolvidas diretamente no processo, além dos inúmeros empregos
indiretos gerados ao longo da cadeia produtiva, nos setores secundário e
terciário da economia (comércio, transportes, indústria de alimentos, insumos,
têxtil, máquinas e equipamentos, embalagens, etc.) A cultura também é
importante na formação do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA) do Nordeste,
sendo que a sua participação vem evoluindo positivamente nas últimas três
décadas; de 1,77% em 1977, para 2,65% em 1989 (CUENCA, 1997). Em 2000 a
cocoicultura chegou a representar 5% do valor gerado por toda agricultura
nordestina. Se considerarmos apenas o VBPA gerado pelas fruteiras perenes, a
cocoicultura respondeu, em 2000, por 20% do total (IBGE, 2002). Nessa região a
cocoicultura gera emprego e renda para mais de 220.000 produtores, sendo que
mais de 85% deles são pequenos produtores familiares, localizados
principalmente nas regiões litorâneas, com propriedades inferiores a 10ha
(IBGE, 1996).
A demanda de matéria-prima por parte das indústrias processadoras, para
atender o mercado interno, é de aproximadamente 26.000 toneladas/ano de coco
seco ralado (desidratado). As importações crescentes durante a década de 90,
chegaram em 1996 ao pico máximo de 17.000 toneladas, colocando em xeque a
sobrevivência dos cocoicultores, tendo em vista, a falta de mercado para
comercialização de sua produção e a queda nos preços em função das importações.
Essa diminuição de preços causou uma descapitalização dos produtores,
deixando-os sem condições de aplicar as mínimas práticas de manejo, pois a
receita obtida, na maioria das vezes, era insuficiente para cobrir os custos
operacionais.
Em julho de 2002, o Sindicato dos Produtores de Coco (SINDCOCO)
conseguiu sensibilizar as autoridades do Ministério da Indústria e Comércio que
através do Grupo Executivo de Comércio Exterior (GECEX) aprovou a Medidas de
Salvaguarda do Coco, que limitou as importações do coco seco em até 3.957
toneladas para os 12 meses seguintes, 4.154 toneladas no segundo ano, 4.353 no
terceiro ano e 4.550 no quarto ano. Esta medida poderá ser estendida por mais
quatro anos e em seguida por mais dois. Isto seguramente irá beneficiar os
cocoicultores, os quais terão garantia da colocação do seu produto para atender
a demanda cada vez mais crescente de coco seco.
Em função das perspectivas favoráveis de mercado, a implementação de um
plano de recuperação e renovação do coqueiral brasileiro, constitui-se portanto
como de maior importância, sendo necessário para suprir o mercado interno de
matéria-prima e consequentemente a manutenção das medidas de salvaguarda
impostas pelo governo brasileiro que limitam provisoriamente a importação de
coco.
Importância
do coco verde no Brasil
O aumento significativo da demanda por água de coco, observado nas
últimas anos, gerou uma rápida expansão do plantio com coqueiros da variedade
Anã, os quais, passaram a ocupar áreas não tradicionais de cultivo com esta
cultura. Estima-se que atualmente mais de 57.000ha encontra-se implantada com
esta cultura distribuídas entre as regiões Sudeste, Norte, Centro-Oeste,
Semi-Árido do Nordeste etc.
Estes plantios encontram-se principalmente localizados em pólos de irrigação, sendo a produção voltada para atender o mercado de frutos verdes in natura para consumo da água de coco. Esta rápida expansão gerou um excedente de produção que se refletiu na queda de preço do produto, proporcionando em algumas situações, um deslocamento de parte desta produção para o segmento de coco seco, destinado à indústria onde atualmente é melhor o preço em relação ao coco verde.
A região Sudeste, principalmente os Estados do Espirito Santo e Rio de
Janeiro, apresenta vantagens de localização em relação à região Nordeste,
quando se considera as questões relacionadas com proximidade do mercado
consumidor, possibilitando assim a oferta do produto a preços mais baixos. Alem
disto, esta região apresenta maior renda per capita favorecendo inclusive o
estabelecimento de indústrias processadoras.
No Espirito Santo, a expansão da área plantada passou de 1275ha, em
1990, para cerca de 8 mil ha em 1999, enquanto a produção de cerca de 3,6
milhões de frutos, em 1990, passou para mais de 73,9 milhões em 1999. No Rio de
Janeiro, a área de plantio e a produção de frutos passaram de 603 ha e 4
milhões de frutos, respectivamente, em 1990, para 6 mil ha e mais de 25 milhões
de frutos em 1999 (Rego Filho et al.,1999). Também no Estado de São Paulo, já
em 1996/97, existiam um total de 2052ha plantados, dos quais apenas 308 encontram-se
em produção.
No Centro-Oeste o Estado do
Mato Grosso, pela sua proximidade com os países do Mercosul e pela
possibilidade do escoamento fluvial da produção, apresenta grande potencial
para a cocoicultura irrigada.
Exigências
climáticas do coqueiro
Como as demais palmáceas, o coqueiro (Cocos nucifera L.) é
uma planta essencialmente tropical, encontrando condições climáticas favoráveis
entre as latitudes 20°N e 20°S.
Temperatura
O coqueiro requer um clima quente, sem grandes variações de temperatura,
com média anual em torno de 27°C e oscilações diárias de 5ºC a 7°C,
consideradas ótimas para o crescimento e produção. Mínimas diárias inferiores a
15°C modificam a morfologia do coqueiro e, mesmo que de pequena duração,
provocam desordens fisiológicas, tais como a parada do crescimento e o
abortamento de flores.
Temperaturas mais elevadas que a ótima são toleradas, tornando-se
prejudiciais apenas quando coincidem com baixa umidade atmosférica, agravada
pelo ventos quentes e secos, provocando alta taxa de transpiração foliar, que
não pode ser compensada pela absorção de água através das raízes. A temperatura
determina também, a altitude em que o coqueiro pode ser cultivado. No Sri
Lanka, 8°N, são encontrados coqueiros a 750 metros acima do nível do mar,
enquanto que na Jamaica, a 18°N, coqueiros acima de 150m não são comercialmente
cultivados. À medida que se distancia da linha do equador, o limite máximo de
altitude torna-se mais baixo.
Umidade
atmosférica
Pela distribuição geográfica da cultura do coqueiro pode-se concluir que
os climas quentes e úmidos são os mais favoráveis ao desenvolvimento dessa
planta. Umidade relativa do ar inferior a 60% é prejudicial ao crescimento
dessa espécie. Em regiões onde o lençol freático é pouco profundo (1 a 4
metros), o aumento da transpiração foliar, provocado pela redução da umidade
atmosférica, induz um aumento na absorção de água e, conseqüentemente, de
nutrientes pelas raízes. Por outro lado, quando a umidade é muito elevada,
verifica-se uma redução da absorção de nutrientes, devido à redução da
transpiração, com queda prematura dos frutos, favorecendo a propagação de
doenças fúngicas.
Pluviosidade
A distribuição das chuvas é o fator que mais influi no desenvolvimento
do coqueiro. Tem-se observado que o crescimento e produção não dependem apenas
da pluviosidade total, mas também da distribuição anual das chuvas. O regime
pluviométrico ideal é caracterizado por uma precipitação anual de 1.500mm, com
pluviosidades mensais nunca inferiores a 130mm. Um período de três meses, com
menos de 50mm de precipitação por mês, é considerado prejudicial ao coqueiro.
Essa situação é amenizada em ambiente onde o lençol freático é pouco profundo
(1 a 4m), ou quando o fornecimento de água é possível através da irrigação.
Tem-se observado que o número de frutos por planta, o tamanho da noz e a quantidade de copra por noz são consideravelmente afetados 30 meses após um prolongado período de seca, sendo a produção recuperada somente dois anos após o fim desse período. Contudo, uma excessiva quantidade de chuva, por um longo período, pode ser prejudicial, causando as seguintes conseqüências: redução da insolação; possível falta de aeração do solo; lixiviação dos elementos minerais e, ainda, dificuldade de ocorrer uma boa fecundação.
Tem-se observado que o número de frutos por planta, o tamanho da noz e a quantidade de copra por noz são consideravelmente afetados 30 meses após um prolongado período de seca, sendo a produção recuperada somente dois anos após o fim desse período. Contudo, uma excessiva quantidade de chuva, por um longo período, pode ser prejudicial, causando as seguintes conseqüências: redução da insolação; possível falta de aeração do solo; lixiviação dos elementos minerais e, ainda, dificuldade de ocorrer uma boa fecundação.
Intensidade
luminosa - radiação solar
O coqueiro é uma planta altamente exigente em luz e não se desenvolve
bem sob condições de baixa luminosidade. O aspecto estiolado de coqueiros que
crescem sob o sombreamento de coqueiros adultos é bem conhecido. Uma insolação
de 2.000 horas anuais com, no mínimo, 120 horas por mês, é considerada ideal.
No entanto a insolação não é um bom método para avaliar a incidência de energia
luminosa, devendo-se considerar principalmente a radiação solar.
Vento
Os
ventos fracos e moderados favorecem o desenvolvimento do coqueiro por
aumentarem sua transpiração, e conseqüentemente, a absorção de água e
nutrientes pelas raízes. Todavia sob condições de deficiência de água no solo,
principalmente na zona de maior atuação das raízes, os ventos tornam-se
prejudiciais por agravarem os efeitos da seca. Apesar do sistema radicular do
coqueiro ser muito resistente, os ventos fortes podem derrubar coqueiros muito
altos, principalmente quando seu estipe está danificado pela ação das coleobrocas,
como acontece na região litorânea do Nordeste do Brasil. O vento tem papel
importante na disseminação do pólen e na fecundação das flores femininas. Essa
importância é maior na variedade Gigante por ser alógama, sendo menos
importante nas variedades Anãs por serem predominantemente autógamas.
Solos
Escolha do solo
Em geral, o coqueiro apresenta melhores condições de adaptação a solos
leves e bem drenados, mas que permitam bom suprimento de água para as plantas.
A adaptação do coqueiro aos Neossolos Quartzarênicos (Areias Quartazosas) do
Litoral Nordestino, seu habitat, está quase sempre associada à presença de
lençol freático pouco profundo, compensando assim, sua baixa capacidade de
retenção de água. Quando o lençol freático é profundo, caso dos solos dos
Tabuleiros Costeiros do Nordeste, região em franca expansão da cocoicultura
para água de coco, é necessária a adoção de técnicas eficazes no suprimento de
água para as plantas, sendo a irrigação a alternativa mais utilizada.
O deslocamento da cultura do coqueiro para regiões não convencionalmente
cultivadas, trouxe, como conseqüência, uma série de problemas tecnológicos, os
quais, na sua grande maioria, ainda se encontram em fase de estudo. Nos
Tabuleiros Costeiros, um dos problemas mais graves, diz respeito à existência
de camadas coesas sub superficiais, comuns nos solos desse ecossistema. Essas
camadas, interferem na forma com que a água é retida, na aeração e na
resistência à penetração das raízes. Por apresentarem elevados níveis de adensamento,
reduzem a profundidade efetiva do solo dificultando a circulação normal de água
e ar e, se muito superficiais, deixam as plantas vulneráveis ao tombamento. Em
plantios de sequeiro, este conjunto de características põe em risco a
cocoicultura, promovendo danos ao crescimento e desenvolvimento das plantas,
principalmente se a variedade cultivada for o coqueiro Anão Verde, mais
exigente em água e nutrientes.
Os solos que predominam nos tabuleiros são, em geral, arenosos,
favoráveis, portanto ao coqueiro, porém apresentam baixos teores de matéria
orgânica e de nutrientes, baixa capacidade de retenção de água e lençol
freático muito profundo. Como agravante, as precipitações pluviais são
concentradas em cinco a seis meses contínuos, gerando déficit hídrico para
culturas de ciclo longo, perenes ou semiperenes, cultivadas sob regime de
sequeiro. A cultura do coqueiro se enquadra nessa categoria, necessitando dessa
forma, de cuidados especiais quanto ao fornecimento regular de água e
nutrientes a fim de que seja possível sua exploração econômica nesse
ecossistema.
Como os riscos para o coqueiro nos Tabuleiros Costeiros estão
relacionados quase sempre ao baixo suprimento de água para as plantas, o seu
cultivo tem sido viável, predominantemente, em sistemas irrigados. Além de
regular o suprimento de água, a irrigação reduz a expressão do adensamento da
camada coesa, a qual, na presença de umidade, se torna friável, permitindo a
penetração das raízes e o aprofundamento do sistema radicular. Essa condição
permite a ampliação da área de solo a ser explorada pelas raízes, melhorando o
suprimento de água e nutrientes e reduzindo a vulnerabilidade das plantas a
estresses hídricos.
Apesar dessas limitações é possível o cultivo do coqueiro em outras
regiões que não a Baixada Litorânea devendo-se utilizar, no entanto, sistemas
tecnificados, irrigados ou não, mas que garantam a manutenção de umidade e de
nutrientes no solo por toda vida útil das plantas. É imprescindível a
utilização de práticas culturais que impeçam a perda rápida de água após a
estação chuvosa e o revolvimento excessivo do solo. Com esses cuidados, será
possível a obtenção de produtividades compatíveis com os investimentos
aplicados, boas relações custo/benefício e preservação ambiental.
Manejo do solo
O manejo do solo nas entrelinhas de culturas perenes, é um pré-requisito
importante para promover o arejamento da camada explorada pelas raízes,
facilitar a absorção de água e nutrientes. Se feito de forma inadequada, no
entanto, pode intensificar a erosão e promover compactação subsuperficial. Nos
solos dos tabuleiros com camada coesa, esse efeito é muito grave, pois a
combinação de horizonte coeso com camada compactada tende a acelerar o processo
de degradação podendo criar situações insustentáveis para exploração agrícola e
preservação ambiental.
O produtor deverá ter sempre em mente que o melhor manejo é aquele em
que se utiliza o mínimo possível de operações mecanizadas. O bom senso é que
vai determinar quantas operações serão necessárias devendo-se, sempre que
possível, restringir a duas, ou, no máximo três operações ao ano. Deve-se optar
pela manutenção da cobertura vegetal durante a época chuvosa, quando os teores
de água no solo são elevados e reduzi-las durante o período seco. Essa
estratégia tem sido bastante utilizada em diversas fruteiras cultivadas no
Nordeste.
No manejo do solo utilizando disco, o objetivo principal consiste em
cortar o solo a determinada profundidade da superfície, e fazer a inversão da
área cortada, acreditando-se com isso, estar proporcionando melhores condições
físicas para o desenvolvimento da cultura. A vantagem desse sistema é bastante
discutível, principalmente nos Tabuleiros Costeiros. Em muitos solos desse
ecossistema, a "camada arável" se reduz a poucos centímetros, fazendo
com que essa prática acelere a degradação da matéria orgânica e deixe o solo
mais vulnerável à erosão. Por esse motivo, acredita-se que a operação de
preparo utilizando hastes (escarificador), seja mais recomendável,
principalmente em plantios jovens, onde o sistema radicular ainda não ocupou
toda a área das entrelinhas. Dentre as vantagens desse sistema, pode-se citar o
menor consumo de energia, a manutenção da cobertura vegetal sobre o solo e o
rompimento de camadas adensadas e/ou compactadas superficiais, quando
existentes.
Conservação do solo
Devido
à preferência para o plantio do coqueiro em áreas com relevo plano a suave
ondulado e em solos arenoso, bem drenados, as práticas conservacionistas devem
ser direcionadas para melhorar a estrutura do solo através da adição de matéria
orgânica e minimização de práticas mecanizadas. Entre as estratégias a serem
utilizadas deve-se incluir sempre que possível a substituição da grade por
escarificador, utilizar alternância de capinas, reduzir a freqüência de
operações mecanizadas, utilizar coberturas vegetais (leguminosas) nas
entrelinhas, cuidando-se para evitar competição por água e nutrientes e
promover a utilização dos resíduos da cultura como cobertura morta, entre
outras práticas que propiciem a utilização dos recursos naturais disponíveis e
que tenha o cunho de preservação ambiental.
Adubação
do coqueiro
A nutrição equilibrada do coqueiro constitui-se em pré requisito de
fundamental importância para que se obtenha uma produção adequada. A
determinação da necessidade de adubação e/ou calagem do coqueiral, deverá ser
realizada tomando-se como base a análise do solo e foliar.
Análise
de solo - para áreas já implantadas, recomenda-se a coleta de amostras na
projeção da copa das plantas, que corresponde a um raio de 2m a partir do
estipe. Deve-se coletar 20 sub amostras, tomadas a uma profundidade de 0 a 20 e
20 a 40 cm, para uma área homogênea de 10ha aproximadamente. As amostras
coletadas nas entrelinhas devem ser tomadas a uma profundidade de 0 a 20cm, e
tem como objetivo avaliar a acidez do solo, para possível correção através da
calagem.
Análise
foliar – as folhas a serem amostradas devem estar localizadas no meio de
copa dos coqueiros. De acordo com a idade e desenvolvimento das plantas, são
normalmente coletadas as folhas de número 4, 9, e 14, contadas a partir da
folha mais nova e que se encontra com folíolos diferenciados constituindo-se
assim a folha número 1. Em coqueiros jovens a contagem é feita, a partir da
folha número 1 até aquela que se quer amostrar. Em plantas adultas, deve-se
localizar as folhas de cujas axilas encontram-se a inflorescência mais recente
aberta (folha 10), a qual, está situada numa posição quase que oposta (1600)
àquela que dá origem a uma inflorescência mais próxima da sua abertura (folha
9). O passo seguinte será a identificação da folha 14 que dá origem a um cacho
com frutos médios do tamanho de um punho fechado, e que encontra-se localizada
no meio da copa logo abaixo da folha 9, apresentando assim maior projeção sobre
o solo. Para correta identificação, deve-se observar a posição das
inflorescências e cachos, os quais se desenvolvem sempre de um mesmo lado da
folha.
Identificada a folha a ser amostrada, devem ser coletados três folíolos
de cada lado da sua parte central, amostrando-se apenas 10cm, posteriormente
acondicionado em saco de papel.
As amostras devem ser coletadas a partir de áreas homogêneas com
aproximadamente 10ha, tomando-se 25 plantas para compor uma amostra de coqueiros
de origem genética desconhecida, 20 plantas para coqueiros híbridos e 15 planta
para coqueiros anões. As amostras devem ser coletadas no início do período
seco, entre 7 e 11h da manhã. Quando há ocorrência de precipitação superior a
20mm torna-se necessário aguardar 36h para nova coleta de folhas.
Após a coleta o material
deve ser enviado para laboratório no mesmo dia. Quando não for possível deve-se
manter as amostras em refrigerador com prazo máximo de 3 dias após a coleta. A
amostra deverá conter nome do proprietário e da propriedade, posição da folha
amostrada, idade da planta, data de coleta, localização da amostra no plantio.
Nutrientes
|
Sintomas
|
Aparecimento dos sintomas
|
Correção
|
Nitrogênio
|
· amarelecimento
gradual nas folhas do coqueiro.
· diminuição
do número de flores femininas.
· em
estágio avançado, há um decréscimo do número e tamanho das folhas e
estreitamento do estipe, causando o que se chama “ponta-de-lápis”.
* estes sintomas têm como causas a baixa
pluviosidade, as condições de solo desfavoráveis à mineralização do N e a
presença de ervas daninhas, na área do plantio.
|
*das folhas mais velhas para as
mais novas.
|
*adubação nitrogenada à base de
uréia, sulfato de amônio e/ou adubação orgãnica, ou quando for o caso
drenagem do solo e eliminação de gramíneas..
|
Fósforo
|
· diminuição do crescimento da
planta.
*
folhas com coloração verde mais escura.
|
*adubação com superfosfato
simples em solos com teor baixo de enxofre e com superfosfato triplo e rochas
fosfatadas.
|
|
Potássio
|
Na
folha:
· aparecimento de manchas cor de
ferrugem nos dois lados do folíolo.
· pequeno amarelecimento dos
folíolos, sendo mais intenso na extremidade, as quais podem tornar-se escurecidas.
Na
planta:
· amarelecimento das folhas no
meio da copa e posterior secamento das folhas mais velhas.
* as
folhas mais novas permanecem verdes.
|
*das folhas mais velhas para as
mais novas.
|
*adubação com cloreto de
potássio ou outra fonte deste elemento.
|
Cloro
|
· inicialmente os folíolos ficam
amarelados e com manchas alaranjadas, e a seguir, secam nas margens e nas
extremidades.
*
diminuição do tamanho dos frutos.
|
*folhas mais velhas.
|
*adubação com cloreto de sódio,
caso estas não estejam sendo adubadas com cloreto de potássio.
|
Cálcio
|
· folíolos com manchas amarelas
arredondadas, tornando-se marrom no centro.
*manchas
uniformemente distribuídas nos folíolos.
· a partir da folha no 4, essas
manchas concentram-se nos folíolos da base da folha
*
manchas marrons também podem aparecer na base da ráquis foliar.
|
*primeiro aparecem nas folhas
no 1, 2 e 3, progredindo para as folhas mais velhas.
|
*aplicação de calagem e /ou
gessagem para suprir a deficiência
|
Magnésio
|
· nas partes extremas do folíolo
e expostas ao sol, o amarelecimento é mais intenso, enquanto que próximo à
ráquis da folha os folíolos permanecem verdes.
* em
caso de deficiência severa, ocorre a morte do tecido nas extremidades dos
folíolos, que ficam amarelo-escuros. Neste estádio, observa-se manchas que deixam
passar a luz.
|
*folhas mais velhas
|
* utilização da calagem ou
utilizando-se adubos magnesianos
|
Enxofre
|
No
coqueiro jovem
· folhas amarelas e alaranjadas,
podendo tornar-se escuras nas extremidades dos folíolos, com o agravamento da
deficiência.
No coqueiro
adulto
· redução no número de folhas
vivas, que amarelecem.
*
tombamento das folhas mais velhas devido ao enfraquecimento da ráquis.
|
*folhas mais novas
|
Adubação com fertilizantes à
base de enxofre.
|
Boro
|
*
folíolos apresentam-se juntos pela extremidade
* com a progressão da deficiência, os folíolos da base das ráquis diminuem de tamanho, podendo inclusive desaparecer * nos casos mais graves, o ponto de crescimento deforma-se completamente, e paralisa o desenvolvimento da planta, podendo causar sua morte. |
*folhas mais novas
|
* coqueiro jovem – aplicação de
30g de bórax na axila da folha no 4 da planta com sintomas.
* coqueiros adultos – aplicação no solo de 50 gramas de bórax por planta com sintomas |
Cobre
|
* a
ráquis da folha torna-se flácida e em seguida enverga.
* quase simultaneamente, os folíolos começam a secar as extremidades, passando do verde ao amarelo e, por fim, ao marrom – aspecto queimado. * quando a deficiência se agrava, a planta seca completamente e as novas folhas emitidas são pequenas e amarelas. * a deficiência é mais comum em plantas com até dois anos de idade. |
*folhas novas
|
* em solos com baixo teor de
cobre no solo, deve-se aplicar na cova de plantio 20 g de Sulfato de Cobre
misturando-se bem à terra antes de preencher a cova.
* em plantas com idade entre um e dois anos aplicar 100g de sulfato de cobre por planta com sintomas. |
Tabela 1 . Principais sintomas de deficiência mineral e
correção do estado nutricional em coqueiros.
Análise foliar
Os níveis críticos dos macronutrientes N, P, K, Ca e Mg nas folhas no s 1, 4, 9 e 14 dos
coqueiros-gigante e híbridos são mostrados na Tabela 2. Para os
micronutrientes, os níveis críticos na folha no 14 em mg kg-1 são
os seguintes: Boro - 10; Mn - 100; Zn - 15; Cu - 5 e Fe - 40.
Nutrientes
|
Posição
da folha
|
||||||
4
|
9
|
14
|
|||||
Variedade
|
|||||||
Gigante
|
Híbrido
|
Gigante
|
Híbrido
|
Gigante
|
Híbrido
|
||
-----------------------------g kg-1 MS -------------------------
|
|||||||
N
|
22,0
|
22,0
|
22,0
|
22,0
|
18,0
|
22,0
|
|
P
|
1,3
|
1,4
|
1,3
|
1,3
|
1,2
|
1,2
|
|
K
|
17,5
|
20,0
|
11,5
|
17,0
|
8,0
|
14,0
|
|
Ca
|
3,4
|
4,4
|
5,0
|
||||
Mg
|
2,2
|
2,4
|
2,4
|
2,3
|
2,4
|
2,0
|
|
S
|
1,7
|
1,5
|
1,5
|
1,5
|
Calagem
Na cultura do coqueiro, a calagem pode ser efetuada na área como um
todo, localizada na projeção da copa e na cova de plantio. Caso o alumínio
esteja acima de5mmolc.dm-3 de
solo, a calagem deve ser efetuada na área toda, no sentido de reduzir a
toxidez. Vale salientar que em solos arenosos, a quantidade de calcário não
deve ultrapassar 2 t ha-1.
Na hipótese de alumínio, cálcio e magnésio baixos, a calagem deve ser efetuada
na área do círculo, que tem como centro o estipe e como limite a projeção da
copa. Nos dois métodos, a incorporação é importante, pois favorece as reações
de dissolução do calcário.
O espaço de tempo entre a calagem e a adubação, deve ser de, no mínimo, 60 dias. A aplicação de calcário na cova de plantio é recomendada para evitar que a presença do Al+3 iniba o crescimento radicular.
O espaço de tempo entre a calagem e a adubação, deve ser de, no mínimo, 60 dias. A aplicação de calcário na cova de plantio é recomendada para evitar que a presença do Al+3 iniba o crescimento radicular.
Adubação
Em solos onde o teor de P no solo é menor que 10mg dm -3, é recomendável misturar com o
volume de solo a ser utilizado para encher a cova de plantio, 800g de
superfosfato simples.
A Tabela 3, contém doses de N, P2O5 e K2O para os coqueiros gigante e híbridos desde a implantação até a fase adulta, em condições de sequeiro a qual pode ser usada em solos com baixos teores de P de K.
A Tabela 3, contém doses de N, P2O5 e K2O para os coqueiros gigante e híbridos desde a implantação até a fase adulta, em condições de sequeiro a qual pode ser usada em solos com baixos teores de P de K.
Idade
|
N
|
P2O5
|
K2O
|
|||
Gigante
|
Híbridos
|
Gigante
|
Híbridos
|
Gigante
|
Híbridos
|
|
------------------------------------g
planta-1 ano-1-------------------
|
||||||
0 a 1
|
500
|
6001
|
1603
|
1602
|
480
|
600
|
2
|
600
|
900
|
240
|
200
|
480
|
1000
|
3
|
720
|
1200
|
240
|
400
|
600
|
1400
|
4
|
800
|
1500
|
300
|
400
|
840
|
1800
|
5
|
1000
|
350
|
960
|
|||
6
|
1200
|
400
|
1080
|
|||
7
|
1350
|
400
|
1200
|
Tabela 3. Doses de N, P2O5 e de K recomendadas para o coqueiro em
diferentes fases, cultivado em solos com baixos teores de P e de K.
Fonte: SOBRAL (1998).
1 - A adubação com nitrogênio deverá ser iniciada
30 dias após o plantio.
2 - O superfosfato simples deverá ser utilizado como fonte de fósforo, o qual
deverá ser misturado ao volume de terra que preencherá a cova de plantio.
Estas recomendações poderão ser transformadas em fórmulas, dividindo-se
as quantidades recomendadas de nutrientes (N, P e K) pelo menor valor, para
obtenção inicialmente da relação básica, e posteriormente da formulação
comercial mais próxima. Considerando a última linha da tabela 4 tem-se 1350g N;
400g P2O5 e 1200gK2O por
planta. Com estas relações, pode-se calcular uma fórmula comercial. Para
facilitar fazemos a quantidade de N igual a de K2O. A
quantidade remanescente de N seria aplicada na forma de uréia. Assim, teríamos
em g planta–1: N-1200; P2O5 —400 eK2O -1200.
A proporção seria 3-1-3. Dividindo-se esta relação por 2, tem-se 1.5-1.1.5 que
corresponde a uma fórmula 15-10-15. Para alcançar os níveis de N, P2O5 e K2Orecomendados
na última linha da tabela 4, seriam necessários 8kg de fórmula 15-10-15 e mais
330g de uréia.
Em plantios irrigados e que disponham de injetor de fertilizantes, tanto
o N quanto o K podem ser aplicados via fertirrigação. Na utilização desta
técnica, é aconselhável verificar se as doses calculadas estão efetivamente
chegando às plantas, pois diferenças de pressão e eventuais resíduos oriundos
da incompleta dissolução dos fertilizantes, podem influenciar na distribuição
correta das quantidades. Isto pode ser feito através da coleta de amostras de
solução, nos emissores. As amostras deverão ser coletadas em recipientes
previamente lavados com água desmineralizada e enviadas ao laboratório para
análise. Nas tabelas 4 e 5, são apresentadas recomendações de N, P e K para o
coqueiro anão irrigado.
Ano
|
P
resina, mg dm-3
|
K
trocável, mmolc dm-3
|
|||||||
N g planta-1
|
- 12
|
13 a 30
|
> 30
|
< 1,6
|
1,6 – 3,0
|
> 3,0
|
|||
P2O5 , g planta-1
|
K2O , g planta-1
|
||||||||
0 – 1
1 – 2
2 - 3 |
450
|
-
200
300 |
-
150
200 |
-
100
100 |
600
900
1200 |
400
700
900 |
200
500
600 |
||
N na folha 1, g kg-1
|
|||||||||
< 16
|
16 - 20
|
> 20
|
|||||||
600
900 |
450
750 |
300
600 |
Fonte: SOBRAL (2002).
Tabela 4 . Recomendações de N, P e K para o coqueiro anão irrigado, em formação, com base na análise foliar para N e de solo para P e K.
Produtividade
esperada, 1.000 frutos ha-1
|
N em folha,
g kg-1
(Folha 14) |
P
resina, mg dm -3
|
K
trocável, mmolc dm -3
|
||||||
<16
|
16-20
|
>20
|
0-12
|
13-30
|
>30
|
<1,6
|
1,6-3,0
|
>3,0
|
|
N, kg ha-1
|
P2 O5, kg ha-1
|
K2O, kg ha-1
|
|||||||
<20
|
180
|
120
|
80
|
80
|
60
|
20
|
200
|
150
|
100
|
20 – 30
|
220
|
180
|
100
|
100
|
70
|
30
|
250
|
200
|
120
|
30 – 40
|
260
|
200
|
120
|
120
|
90
|
40
|
300
|
240
|
150
|
40 – 50
|
300
|
220
|
140
|
140
|
100
|
50
|
400
|
300
|
180
|
>50
|
360
|
250
|
160
|
160
|
120
|
60
|
500
|
350
|
200
|
Fonte: SOBRAL (2002).
Na tabela 6 são mostradas recomendações de adubação
com os micronutrientes B, Zn, Mn e Cu, com base na análise de solo.
Tabela 5 . Recomendações de N, P e K para o coqueiro anão irrigado em produção, com base na análise foliar para N e de solo para P e K, considerando a produtividade esperada (205 plantas/ha).
Nutriente/Método
de Análise
|
Teor no
solo mg dm-3
|
Quantidade
do fertilizante em g planta-1 ano-1
|
B (Água quente)
|
0 a 0,2 > 0,2
|
Bórax – 50 -
|
Mn (DTPA)
|
0 a 1,2 > 1,2
|
Sulfato de Manganês - 200
|
Cu (DTPA)
|
0 a 0,2 > 0,2
|
Sulfato de Cobre – 100
|
Zn (DTPA)
|
0 a 0,5 > 0,5
|
Sulfato de Zinco – 200
|
Fonte: SOBRAL (2002).
Tabela 6 . Recomendações de micronutrientes para o coqueiro, em produção com base na análise de solo.
A
economicidade da adubação do coqueiro, pode ser inferida de maneira prática,
considerando-se a quantidade de frutos necessários para cobrir os custos com os
fertilizantes. A relação preço do coco/preço do fertilizante, tem forte
influência na rentabilidade da fertilização, pois, quando a mesma é favorável,
um menor número de frutos é necessário para cobrir os custos do fertilizante.
Entretanto, quando o preço do coco está baixo, ou o preço dos fertilizantes
está alto, a citada relação torna-se desfavorável ao produtor, e é necessário
um maior número de frutos, para cobrir os custos da adubação, diminuindo a
rentabilidade. O produtor deve sempre lembrar que os efeitos diretos do
fertilizante no aumento de produção do coqueiro, somente ocorre dois anos após
a adubação. Como consequência deste fato os financiamentos de custeios para
cultura do coqueiro devem ter prazo mínimo de dois anos.
Cultivares
de coqueiro
O gênero Cocos é constituído apenas pela espécie Cocos nucifera
L., a qual é composta de algumas variedades, entre as quais as mais
importantes são: Typica(Var. Gigante) e Nana (Var.
Anã). Os híbridos de coqueiro mais utilizados são resultantes dos cruzamentos
entre essas variedades. Atualmente segundo o Sindicato dos Produtores de Coco
(SINDCOCO), em torno de 70, 20 e 10% dos plantios de coqueiro no país, são
formados pelas cultivares gigante, anão e híbrido, respectivamente.
O coqueiro gigante é ainda bastante explorado, principalmente pelos
pequenos produtores de coco. É uma variedade rústica, de crescimento rápido e
fase vegetativa longa, iniciando o florescimento entre 5 a 7 anos, em condições
ecológicas ideais, chegando a florescer, no entanto, até com 10 anos, após o
plantio. Esta variedade atinge 20 a 30m de altura, podendo produzir até 80
frutos/planta/ano, de tamanho variando de médio a grande e com vida econômica
de 60 a 70 anos. No Brasil é muito empregado, in natura para uso culinário (na
produção de doces, bolos etc.), bem como na agroindústria de alimentos para
leite de coco, farinha de coco, entre outros.
O coqueiro anão constitui-se na variedade de coqueiro mais utilizada
comercialmente no Brasil, para produção de água de coco, com qualidade
sensorial superior às demais cultivares, apesar de poder ser empregada também
na agroindústria de alimentos e/ou do fruto seco in natura, com produtividade
estimada de polpa nos plantios tecnificados, acima de 8 ton/ha. Neste contexto,
essa variedade pode se constituir em alternativa promissora para os produtores
de coco seco, pois além de se tornar uma variedade de maior utilidade
comercial, reduzirá o “déficit” de produção de polpa atualmente observado nos
plantios com as cultivares de coqueiro híbrido e gigante. Além disto, com
relação a qualidade dessa polpa, o teor de gordura encontra-se em torno de
30%,sendo menos da metade dos teores encontrados na variedade gigante (65 a
70%) e no híbrido (62 a 65%), abrindo consequentemente, uma perspectiva muito
interessante no segmento de mercado de alimentos “light”, a base de coco, que é
um mercado crescente.
A variedade Anã apresenta desenvolvimento vegetativo lento, é precoce,
iniciando a produção em média com dois a três anos após o plantio. Chega a
atingir 10 a 12m de altura e tem vida útil em torno de 30 a 40 anos. Apresenta
estipe delgado, folhas numerosas porém curtas, produz um grande número de
pequenos frutos (150 a 200 frutos/planta/ano), é mais sensível ao ataque de
pragas, como ácaro, e doenças foliares. Em geral apresenta maiores exigências
de clima e solo do que a variedade Gigante. Os
frutos do coqueiro anão destinados ao consumo in natura de água de coco devem
ser colhidos, principalmente, entre o sexto e o sétimo mês, após a abertura
natural da inflorescência, independentemente da cultivar considerada. Nessa
idade ocorrem os maiores valores para: pesos de fruto, volume de água de coco,
teores de frutose, glicose e grau brix, consequentemente, as características
sensoriais são superiores (Tabela 1). Para uso agroindustrial, recomenda-se
efetuar uma mistura da água dos frutos colhidos nas idades de 5 a 8 meses. Já
os frutos secos para produção agroindustrial de alimentos ou para uso
culinário, devem ser colhidos entre 11 a 12 meses de idade.
Características
|
Idade
(meses)
|
|
6
|
7
|
|
Peso do
fruto (g)
|
1358,9
|
1558,9
|
Volume
de água (mL)
|
324,08
|
289,0
|
Frutose
(g/100 g)
|
3,25
|
2,09
|
Glicose
(g/100 g)
|
2,96
|
1,95
|
Grau
Brix
|
6,16
|
6,13
|
Potássio
(mg/100 mL)
|
102 a
192
|
143 a
191
|
A variedade Anã é composta das cultivares amarela, verde , vermelho de
Camarões e vermelho da Malásia. No Brasil, a principal demanda para plantio, é
da cultivar verde. Segundo estimativas da SINDCOCO, atualmente a área plantada
com coqueiro anão verde no país é de 57 mil hectares.
O coqueiro híbrido intervarietal anão x gigante, é uma cultivar de ampla
utilidade comercial, podendo ser empregada para produções de água de coco e de
fibras, e principalmente, para produção de polpa ou albúmen sólido. A grande
dificuldade a curto e médio prazo, é a baixa disponibilidade de sementes híbridas
no mercado, para implantação de extensas áreas com essa cultivar.
O uso do coqueiro híbrido pode oferecer diversas vantagens em relação
aos parentais Anão e Gigante, em condições agroecológicas ideais de exploração:
·
Maior estabilidade de produção quando submetidos a
diferentes condições ambientais;
·
Ampla utilidade do fruto – uso in natura (culinária
e água de coco) e emprego agroindustrial (alimentos, água de coco, saboaria,
detergentes, fibras para estofados e ração animal, entre outros);
·
Fruto de tamanho médio de acordo com a exigência do
mercado;
·
Maior produtividade de polpa – pode produzir em
média entre 8,5 a 9,5 t/ha de polpa, enquanto o gigante entre 3,5 a 5,0 t/ha e
o anão em média 8 t/ha;
·
Maior produtividade de água que o gigante – produz
cerca de 10.000 a 12.000 L/ha, enquanto o gigante 5.000 a 7.000 L/ha e
produtividade igual ao dos anões;
·
Maior estabilidade de preço no ano, devido a sua
ampla utilidade.
Vantagens
do coqueiro híbrido em relação ao gigante:
·
Germinação das sementes mais rápida – germina entre
70 a 90 dias, enquanto o gigante entre 100 a 150 dias;
·
Crescimento e desenvolvimento da planta mais lento;
·
Menor porte – atinge até 20m;
·
Florescimento mais precoce – floresce em média
entre 3,0 a 3,2 anos;
·
Maior produção de frutos por planta - produz em
média entre 130 a 150 frutos;
·
Maior produtividade de frutos - produz em média
entre 20.000 a 24.000 frutos/ha, enquanto o gigante nas 8.500 a 11.500
frutos/ha;
·
Água mais saborosa.
Vantagens
do coqueiro híbrido em relação ao coqueiro anão:
·
Planta mais vigorosa;
·
Fruto maior, consequentemente, mais aceito tanto
para consumo in natura quanto agroindustrial;
·
Maior produção de água - produz em média 500
ml/fruto, enquanto o Anão 300 mL/fruto;
·
Maior produção de polpa – produz em média 350 a 400
g/fruto, enquanto o Anão nas mesmas condições apresenta em média 200g;
·
Vida útil econômica - entre 50 a 60 anos, portanto,
maior que a do Anão.
Apesar de apresentar uma série de vantagens, os híbridos apresentam algumas desvantagens em relação aos Anões e Gigante no que se refere a segregação genética. Não se recomenda, portanto, plantar as sementes (sementes F2) colhidas dos híbridos (plantas F1), porque a plantação originada dessas sementes, além de ter uma produção de frutos menor em relação a produção das plantas híbridas, será muito desuniforme para qualquer característica, principalmente, aquelas de interesse agronômico e econômico, como: início de florescimento, produção de frutos, porte, tolerância e ou resistência às pragas, doenças e estresse ambiental, entre outras. Estes aspectos não interessam ao produtor.
Apesar de apresentar uma série de vantagens, os híbridos apresentam algumas desvantagens em relação aos Anões e Gigante no que se refere a segregação genética. Não se recomenda, portanto, plantar as sementes (sementes F2) colhidas dos híbridos (plantas F1), porque a plantação originada dessas sementes, além de ter uma produção de frutos menor em relação a produção das plantas híbridas, será muito desuniforme para qualquer característica, principalmente, aquelas de interesse agronômico e econômico, como: início de florescimento, produção de frutos, porte, tolerância e ou resistência às pragas, doenças e estresse ambiental, entre outras. Estes aspectos não interessam ao produtor.
Desvantagens
do coqueiro híbrido em relação ao coqueiro gigante:
·
Planta menos rústica;
·
Menor produção de polpa – produz em média 350 a 400
g/fruto de polpa enquanto o coqueiro gigante entre 400 a 500 g/fruto;
·
Menor produção de água – produz em média 500
mL/fruto, enquanto o coqueiro gigante 600 mL/fruto;
·
Vida útil econômica entre 50 a 60 anos, portanto
menor que a do coqueiro gigante.
Desvantagens do coqueiro híbrido em relação ao coqueiro anão:
·
apresenta germinação da semente mais lenta –
germina entre 70 a 90 dias, enquanto o anão entre 40 a 60 dias;
·
Crescimento e desenvolvimento da planta mais
rápido;
·
Maior porte – atinge 20m de altura, enquanto o anão
atinge até 12m;
·
Florescimento mais tardio – floresce em média entre
3,0 a 3,2 anos, enquanto o Anão floresce em média entre 2,5 a 2,9 anos;
Menor produção de frutos –
produz em média entre 130 a 150 frutos/planta/ano, enquanto o anão entre 150 a
200 frutos/planta/ano.
Produção
e obtenção de mudas
A produção de mudas de coqueiro pode ser realizada utilizando-se os
métodos tradicional e alternativo. No primeiro caso utiliza-se germinadouro e
viveiro onde a muda fica pronta para ser levada ao campo entre 10 a 12 meses de
idade, quando apresenta em torno de oito folhas vivas podendo ser produzidas em
raízes nuas e /ou em sacos plásticos. No sistema alternativo, as mudas são
transplantadas diretamente do germinadouro para o campo, sem passar portanto
pela fase de viveiro, e levam em média 4 a 6 meses para serem produzidas,
quando apresentam 3 a 4 folhas vivas. Considerando-se a maior praticidade e as
vantagens oferecidas pelo método alternativo, será dado ênfase a este método
por ser atualmente o mais utilizado entre produtores de mudas de coqueiro.
Seleção
das sementes
As sementes devem ser coletadas de plantações legítimas tanto para as
variedade Gigante quanto para a variedade Anã. As plantas matrizes a serem
selecionadas para fornecimento de sementes, devem apresentar legitimidade e
estarem livres de ataques de pragas e doenças; apresentar estipe reto,
cicatrizes foliares pouco espaçadas, grande número de folhas (30 a 35), cachos
com muitos frutos, os quais devem ser bem apoiados sobre a base das folhas, com
pedúnculo curto e numerosas flores femininas. Os frutos devem ser de tamanho
médio e grande para coqueiro gigante e pequeno para o coqueiro anão.
Com relação à utilização de sementes híbridas, estas somente devem ser
adquiridas de fornecedores credenciados, que utilizam as técnicas de
polinização controlada para cruzamento principalmente entre as variedades
Gigante e Anã. Este procedimento deve ser supervisionado por pessoal técnico
capacitado para que possa assim ser garantida a qualidade das sementes obtidas
no que se refere a sua legitimidade. Convém ressaltar que as plantações de
coqueiros híbridos originadas por este tipo de semente, não devem ser
utilizadas como provedoras de sementes para novos plantios, uma vez que
resultam em plantios desuniformes em relação a precocidade de produção e
tamanho dos frutos, dentre outras, causando, consequentemente, prejuízos aos
produtores.
As sementes a serem utilizadas para produção de mudas devem ser colhidas
completamente secas com aproximadamente 11 a 12 meses de idade e posteriormente
estocadas para completar a maturação. Recomenda-se um período de estocagem de
10 dias para sementes de coqueiros anões e 21 dias para coqueiros gigantes.
Deve-se selecionar sementes de tamanho médio, arredondadas, livres da ação de
pragas e doenças e que apresentem sinais de presença de água no seu interior.
Preparo
da muda
Os germinadouros devem ser abertos com largura de aproximadamente 1m,
20cm de profundidade e comprimento variável em função do número de mudas que se
quer produzir As sementes são distribuídas na posição horizontal e/ou vertical
nos canteiros observando uma densidade de 10 a 15 sementes/m2 permitindo assim
que, após germinadas, permaneçam no germinadouro até que apresentem
desenvolvimento suficiente para que sejam levadas ao campo.
Todo o viveiro deve ser mantido livre de ervas daninhas, principalmente
gramíneas, por serem consideradas plantas hospedeiras de insetos vetores de
doenças como a “podridão seca” do olho do coqueiro. A limpeza da área deve ser
realizada regularmente, inclusive na área externa, abrangendo uma faixa mínima
de 10m. A adubação nesta fase embora proporcione melhoria do estado nutricional
e do aspecto geral das plantas, não interfere no desenvolvimento das mudas,
considerando-se que as estas são repicadas muito jovens para o campo.
A utilização por alguns viveiristas, de uma adubação orgânica de lastro
nos germinadouros, associada a uma cobertura morta das sementes, tem-se
constituído numa excelente opção para obtenção de mudas de muito boa qualidade
sem a utilização de fertilizantes químicos. Esta prática, além de reduzir os
custos com capinas manuais, eliminou o problema de perda de mudas decorrente da
queima do broto terminal, normalmente observada em solos arenosos, a qual pode
ser atribuída ao aquecimento excessivo da camada superficial do solo. A
cobertura morta, além de reduzir a sua amplitude térmica, proporciona um
aumento da retenção de água, favorecendo, assim, o processo germinativo. A
utilização de uma adubação foliar à base de uréia (2%) pode ser empregada como
fonte de nitrogênio, com o objetivo de melhorar a coloração das folhas.
A irrigação do germinadouro é de fundamental importância para acelerar a
velocidade de germinação das sementes. A necessidade de água nesta fase é de 6
a 7 mm/dia ou seja, 6 a 7 litros de água/m², que corresponde a 60.000 a 70.000
litros/água/ha/dia. Recomenda-se a aplicação da irrigação em dois turnos:
início da manhã e final da tarde.
A transferência das mudas
para o campo é realizada, em média, a partir do quinto mês de instalação do
germinadouro, quando estas são levadas diretamente para o local definitivo de
plantio com 3 a 4 folhas vivas em média. Nesta oportunidade as raízes devem ser
podadas devendo as mudas permanecerem à sombra até o momento do plantio, o qual
deverá ser o menor possível evitando desidratação das mesmas. Além do menor
custo, a utilização de mudas mais jovens apresenta vantagens, em função do
maior índice de pega observado em campo, maior teor de reservas das sementes e
menor área foliar da muda.
Plantio
A marcação
da área deve ser realizada observando-se o sentido norte-sul, para
estabelecimento da linha principal de plantio, com o objetivo de proporcionar
maior período de insolação às plantas. O plantio das mudas deve ser realizado
preferencialmente no início do período chuvoso, garantindo assim bom suprimento
de água às plantas. Quando realizado em condição de sequeiro, em regiões com
déficit hídrico elevado, deve-se dar preferência à utilização de mudas mais
jovens, com 3 a 4 folhas em média, as quais apresentam menor área foliar e
maior teor de reserva no endosperma, possibilitando menores perdas em campo. No
caso de plantios irrigados, a utilização de mudas mais desenvolvidas produzidas
em sacos plásticos de polietileno, podem proporcionar maior precocidade de
produção e desenvolvimento das plantas em campo. Deve-se observar no entanto a
relação custo/benefício, para que o produtor possa tomar a melhor decisão em
relação ao padrão da muda a ser utilizada.
A abertura
de covas para plantio, tem como objetivo principal, proporcionar à jovem
planta, condições favoráveis no que se refere a umidade e fertilidade do solo,
favorecendo assim o desenvolvimento e o aprofundamento das raízes do coqueiro.
A depender do tipo de solo, as covas devem ser abertas com dimensões que variam
entre 0,60m x 0,60m x 0,60m a 0,80m x 0,80m x 0,80m, devendo ser preparadas
preferencialmente um mês antes do plantio. No caso de solos arenosos, onde deve
ser maior a preocupação com a retenção de umidade, o terço inferior da cova
deverá ser preenchido com material que favoreça a retenção de água. Quando se
utiliza casca de coco, deve-se observar que estas devem ser dispostas com a
cavidade voltada para cima, com camadas de solo entre estas, evitando-se a
formação de espaços vazios O restante deve ser preenchido com solo de
superfície e adubo orgânico, misturados homogeneamente ao fertilizante
fosfatado. Recomenda-se o uso de 3kg de torta de mamona ou o equivalente em
esterco ou outra fonte orgânica. Como fonte de fósforo, deve-se dar preferência
ao superfosfato simples (800 g/cova) em virtude da presença do enxofre na sua
composição.
As mudas em
raízes nuas devem ser imediatamente plantadas após o arranquio, ou devem
permanecer à sombra durante um período o mais curto possível, evitando perda de
umidade do material. Recomenda-se a poda das raízes, efetuando-se o plantio no
centro da cova, tendo-se o cuidado de evitar o enterramento da muda abaixo do
nível do solo.
Para as
mudas produzidas em saco plástico, deve-se retirar o saco no momento do
plantio.
Espaçamentos
utilizados
Os
espaçamentos tradicionalmente recomendados para a cultura do coqueiro, utilizam
o sistema de plantio em triângulo equilátero possibilitando assim um aumento de
15% do número de plantas por área. São os seguintes os espaçamentos utilizados
de acordo com a cultivar a ser implantada: 9m x 9m x 9m (142 plantas por
hectare) para a variedade de coqueiro-gigante, de 7,5m x 7,5m x 7,5m (205
plantas por hectare) para a variedade de coqueiro anão e de 8,5m x 8,5m x 8,5m
(160 plantas por hectare) para o coqueiro híbrido.
Considerando-se
que os novos plantios com coqueiros anões e híbridos são realizados em sua
maioria, com irrigação localizada, utilizando-se o sistema de plantio em
triângulo equilátero, tem-se observado na maioria das situações, que estes
espaçamentos, apresentam problema de sombreamento, decorrente do maior
desenvolvimento das plantas. Como conseqüência, aumentam as dificuldades
relativas à consorciação com outras culturas e a mecanização nas entrelinhas,
comprometendo inclusive a qualidade dos frutos.
A utilização de novos plantios em quadrado e/ou
retângulo, ou mesmo em triângulo, adotando-se maiores espaçamentos, além de
facilitar o manejo do coqueiral, constitui-se numa alternativa que pode ser
seguida entre pequenos produtores de coco, os quais, dependem da utilização das
entrelinhas para plantio de culturas de subsistência. Recomenda-se portanto,
independentemente do sistema de plantio utilizado, espaçamentos com 8,5 e 9,0m
para coqueiros anões e híbridos respectivamente, em função do maior número e da
disposição das folhas destas cultivares, o mesmo não ocorrendo em relação a
variedade Gigante. Neste caso, apesar do menor número de plantas por área, o
produtor tem a opção de ocupar de forma mais eficiente o espaço disponível no
coqueiral, utilizando outras culturas nas entrelinhas ou mesmo nas faixas de
plantio do coqueiro, aumentando consequentemente a eficiência do seu sistema de
produção.
Irrigação
Métodos
A cultura do coqueiro adapta-se bem a diversos métodos e sistemas de
irrigação. Os principais métodos utilizados são: 1) Irrigação por superfície,
sendo os sistemas por inundação e sulcos as formas mais utilizadas; 2)
Irrigação por aspersão, através dos sistemas de aspersores convencionais,
canhões e autopropelidos; e 3) Irrigação localizada, por meio dos sistemas de
gotejamento superficial e subterrâneo e de microaspersão.
Diante da atual necessidade de um gerenciamento dos recursos hídricos
visando à sua conservação e economia, em função da crescente competição pelos
múltiplos usos da água, recomenda-se utilizar os sistemas de irrigação
localizada ou microirrigação, por utilizarem menos água e proporcionarem maior
eficiência de irrigação em comparação com os outros sistemas.
Para solos arenosos, a microaspersão é mais recomendada, uma vez que,
com um único microaspersor, ao invés de vários gotejadores, consegue-se uma
área de umedecimento do solo mais ampla, o que proporciona melhor distribuição
das raízes no perfil do solo. Sempre que for conveniente e viável
economicamente, sugere-se utilizar dois microaspersores por planta, com
objetivo de aumentar a eficiência de aplicação ou distribuição de água e
reduzir a potência exigida pelo conjunto moto-bomba.
Em regiões onde a água é escassa e/ou de baixa qualidade, sobretudo se o
solo for de textura franca (média) a argilosa, deve-se optar por um sistema de
gotejamento, quer seja superficial ou subterrâneo. Esse sistema permite manter
um determinado volume do solo continuamente umedecido, tanto espacial quanto
temporalmente. Isto contribui para reduzir os efeitos prejudiciais da
salinidade nas propriedades físicas e químicas do solo e no crescimento e
produção da cultura. Para aumentar a eficiência de distribuição de água,
recomenda-se utilizar o anel auxiliar , rabo de porco ou rabicho.
O sistema de gotejamento subterrâneo, por utilizar todos o recursos da
irrigação localizada, apresenta as seguintes vantagens comparativas: menor
perda de água por evaporação, maior eficiência no uso de água e nutrientes,
menor incidência de doenças e plantas invasoras, maior durabilidade dos
materiais (tubulações), menor suscetibilidade aos tratos culturais, e
possibilidade de mecanização de 100% da área e uso de águas residuais. Contudo,
é um sistema de mais difícil manutenção, por não se poder acompanhar
visualmente e testar o funcionamento dos emissores que se encontram enterrados.
É potencialmente suscetível ao acúmulo de sais, na camada compreendida entre a
superfície do solo e a região acima da lateral, bem como à intrusão ou
penetração de raízes nas linhas laterais dos gotejadores.
Para prevenir os problemas de obstrução ou entupimento dos emissores,
provocados por raízes ou qualquer outro material orgânico que se deposite em
seus orifícios, recomenda-se evitar aplicar volumes de água insuficientes e
operar o sistema à baixa pressão (menos de 55kPa ). Essa intrusão também pode
ser contornada aplicando-se 0,13mL de Trifluralina por gotejador, duas a três
vez por ano, em solos argilosos, e três a quatro vezes, em solos arenosos.
Necessidade de água da cultura
A quantidade de água requerida pelo coqueiro depende de vários fatores,
tais como: edáficos (tipo de solo, textura, teor de umidade, fertilidade),
climáticos (radiação solar, temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do
vento), biológicos (cultivar, idade, altura, área foliar e estado nutricional
da planta) e manejo cultural (uso de quebra ventos e cobertura morta, controle
fitossanitário e de plantas invasoras, fertilização, método e/ou sistema de
irrigação utilizado, freqüência e tempo de aplicação de água).
É indispensável o conhecimento, por parte do produtor, de que a cultura
do coqueiro requer uma precipitação anual em torno de 1.500mm, uniformemente
distribuídos ao longo do ano, podendo sobreviver a períodos longos de estiagem.
Porém, em condições de seca de mais de três meses, com menos de 50mm de chuva
por mês, a sua produtividade é severamente afetada. Os efeitos do estresse
hídrico podem prolongar-se por até 30 meses depois, e manifestar-se como aborto
de inflorescências e redução do número e tamanho dos frutos. Em ambientes onde
o lençol freático se apresenta pouco profundo (isto é: 1 a 4m), esses efeitos
podem ser amenizados. Por sua vez, chuvas excessivas, especialmente pela manhã,
também são prejudiciais por interferir na polinização e, conseqüentemente, na
produção do coqueiro.
Um suprimento de água adequado, portanto, constitui a principal
exigência para o cultivo do coqueiro uma vez que esta cultura apresenta
crescimento e produção contínuos, com frutos nos diversos estágios de
desenvolvimento numa mesma planta. O coqueiro se desenvolve melhor quando o
solo apresenta disponibilidade de água em torno da capacidade de campo, ou
seja, sem exigir grandes esforços energéticos da planta para a absorção de água
e nutrientes. O ideal seria o pomar receber, no mínimo, 130 mm de água por mês.
Para tanto, faz-se necessário fornecer água ou complementar as necessidades
hídricas da planta por meio da irrigação.
Em geral, cultivares da variedade de coqueiro-gigante são mais
tolerantes à seca do que cultivares híbridas. Estas, por sua vez, são mais
tolerantes ao déficit hídrico do que as da variedade Anã. Dentre as três
cultivares Anãs existentes (verde, vermelho e amarelo), a verde é mais tolerante
às condições adversas do ambiente e a amarela, mais suscetível. Sob condições
regulares de suprimento de água, as cultivares híbridas apresentam maior
produtividade do que as cultivares da variedade gigante; mas durante seca
prolongada, as híbridas podem sofrer muito mais, resultando em sérias perdas de
produtividade por um ou dois anos.
Manejo
da irrigação
O manejo ou controle da irrigação é um dos fatores indispensáveis na
otimização do uso da água. Contudo, para que o manejo da irrigação se proceda dentro
de um critério racional, faz-se necessário ter controle sobre a umidade do solo
para se determinar, adequadamente, o momento da irrigação e a quantidade de
água a ser aplicada. Logo, precisa-se ter conhecimento prévio de uma série de
informações relacionadas não só à planta, como também ao solo, à água e ao
clima.
A reposta da cultura às condições de umidade do solo e à demanda
evaporativa da atmosfera são, pois, os elementos básicos necessários para se
realizar o manejo adequado da irrigação, ou seja, definir da forma mais precisa
possível quando e quanto irrigar. Em princípio, a irrigação deve ser sempre
realizada no momento em que a tensão de retenção da água pelo solo atinja uma
determinada faixa ou valor limite, a partir do qual a absorção de água pela
planta seja comprometida, causando déficit hídrico capaz de afetar seu
desenvolvimento e produtividade. Com essa finalidade, vários métodos foram
desenvolvidos para o manejo da irrigação, sendo uns baseados na umidade do solo
e outros nas características climáticas da região. Os mais comumente usados são
os que se baseiam no cálculo do turno de rega, no balanço de água no solo e na
tensão da água no solo. Dentre esses métodos, o que se baseia no controle da
tensão da água no solo é o mais racional. Com ele, determina-se tanto o momento
exato de reiniciar a irrigação (quando) como a quantidade de água a ser
aplicada (quanto).
O volume de água aplicado por irrigação deve ser ajustado
periodicamente, de acordo com a tensão da água no solo, e monitorado diariamente.
No caso do coqueiro-anão, os níveis de tensão da água máximos permitidos entre
as irrigações, nas profundidades de 25 e 50cm, deve ser de 15 a 25 kPa, para
solos arenosos, e de 40 a 60kPa, para solos argilosos. O monitoramento da
umidade do solo é, portanto, essencial na orientação dos ajustes necessários à
quantidade de água a ser aplicada nas condições locais.
Recomenda-se monitorar a umidade do solo nas profundidades de 25, 50 e
75cm. Para isso, podem ser utilizados tensiômetros . Devem ser instaladas pelo
menos três baterias de tensiômetros, por área homogênea de solo e de idade das
plantas. Cada bateria é composta por dois ou três tensiômetros, instalados nas
profundidades supracitadas, a uma distância de 0,60m até 1,20m do caule, de
acordo com a idade da planta e com o raio de ação do emissor.
Freqüência
de irrigação
Para que não se ultrapasse o valor máximo permitido da tensão de água no
solo antes de cada irrigação, calculado para a cultura, há que se irrigar com
determinada freqüência média. Esta irá depender de diversos fatores
relacionados ao sistema solo-água-panta-atmosfera.
Na irrigação localizada, a variação no teor de água na zona radicular
deve ser mínima, caracterizando o método como de alta freqüência. Assim, para
manter a umidade do volume de solo molhado próximo à capacidade de campo, ou
seja: com elevados teores de água, o turno de rega (ou freqüência de irrigação)
adotado é geralmente diário. Mas, em solos com baixa capacidade de retenção de
água (areias quartzosas e areia-franca), pode haver necessidade de mais de uma
aplicação de água por dia, para evitar perdas de água por percolação profunda e
de nutrientes por lixiviação.
Quantidade
de água a ser aplicada
O conhecimento da quantidade de água a ser aplicada a cada evento é um
dos aspectos básicos para o manejo da irrigação. O volume de água a ser reposto
será o necessário para elevar a umidade do solo à capacidade de campo, na
camada de solo correspondente à profundidade efetiva das raízes da cultura.
Estudos preliminares, realizados em plantas jovens de coqueiro-anão
irrigadas por microaspersão, indicam um consumo de água variando de 8 a 12
L/planta/dia, nos primeiros seis meses após o plantio, de 12 a 28 L/planta/dia,
dos 7 aos 12 meses, e de 30 a 55 L/planta/dia, dos 13 aos 18 meses de idade.
Como uma primeira aproximação para o cálculo da quantidade de água a ser
aplicada no coqueiro-anão, recomenda-se utilizar um fator ou coeficiente de
cultura (Kc) que varia entre 0,20, para plantas em estágio inicial de
crescimento, e 0,90 para plantas adultas (ver Tabela 1).
Na Tabela 2, são apresentados alguns dados sobre a quantidade a ser
aplicada na cultura do coqueiro, a partir do segundo ano de cultivo
(porcentagem de cobertura ou fator de sombreamento do solo igual ou superior a
20%). A estimativa da necessidade hídrica da cultura (ETc) foi obtida,
considerando-se: a evapotranspiração de referência (ETo) média diária de 5
mm/dia, o Kc igual a 0,80 (plantas adultas), a irrigação com água de boa
qualidade, o espaçamento de 7,5m x 7,5m x 7,5m em triângulo (48,8 m2/planta) e
a eficiência do sistema de irrigação localizada de 90%.
Fase da
cultura (meses)
|
Kc da
cultura
|
0 – 6
|
0,20 a 0,25
|
6 – 12
|
0,40 a 0,50
|
12 – 24
|
0,60 a 0,70
|
> 24
|
0,85 a 0,95
|
Fonte: SANTOS (2002).
A
estimativa da quantidade de água necessária para a cultura também pode ser
feita através do tanque Classe A, que é um método de fácil utilização e que
apresenta boa precisão. Para tanto, deve-se multiplicar a leitura feita no
tanque por um fator de correção (Kp), que é 0,60 para regiões úmidas e 0,85 para
regiões semi-áridas, obtendo-se a evapotranspiração de referência (ETo, em
mm/dia) e, em seguida, multiplica-se pelo Kc, que é o coeficiente de cultura,
para se obter a evapotranspiração da cultura (ETc, em mm/dia).
Cobertura
ou fator de Sombreamento do solo (%)
|
Quantidade
de água (L/planta/dia)
|
|
Necessária
(lâmina líquida)
|
A ser
aplicada (eficiência de 90%)
|
|
20
|
39
|
43
|
40
|
77
|
85
|
60
|
117
|
130
|
80
|
156
|
173
|
100
|
195
|
217
|
Fonte: NOGUEIRA et
al. (1998).
Tabela 2. Estimativa da quantidade de água necessária e de água a ser aplicada na irrigação do coqueiro.
Tratos
culturais
Durante a fase jovem, que corresponde em média aos três e/ou quatro
primeiros anos de cultivo, os cuidados dispensados às plantas deverão se
refletir na precocidade de produção e produtividade do coqueiral. Da mesma
forma, durante a fase adulta, a adoção de tratos culturais adequados,
constitui-se em fator fundamental para que se obtenha produção regular de
frutos durante o ano.
Roçagem
mecânica das entrelinhas
Quando o objetivo é o plantio de coqueiros anões, visando o mercado de
água de coco, ou mesmo de coqueiros híbridos, para atender a indústria de
alimentos, na maioria das situações, a irrigação constitui-se numa prática de
fundamental importância para que se obtenha bons resultados. Considerando-se
que neste caso, as exigências de água e nutrientes são devidamente supridas, a
roçagem da vegetação natural nas entrelinhas de plantio dos coqueiros, pode ser
utilizada como um dos principais métodos de controle das plantas infestantes.
Em áreas não irrigadas, o uso freqüente da roçagem mecânica não deve ser recomendada, uma vez que pode favorecer a infestação de gramíneas, como por exemplo o “capim gengibre” (Paspalum maritimum L) espécie largamente encontrada nas regiões tradicionais de cultivo do Nordeste do Brasil, a qual, por apresentar pontos de crescimento abaixo do nível de corte da roçadeira, expande-se rapidamente, competindo com o coqueiro por água e nutrientes, prejudicando seu desenvolvimento e produção.
Em áreas não irrigadas, o uso freqüente da roçagem mecânica não deve ser recomendada, uma vez que pode favorecer a infestação de gramíneas, como por exemplo o “capim gengibre” (Paspalum maritimum L) espécie largamente encontrada nas regiões tradicionais de cultivo do Nordeste do Brasil, a qual, por apresentar pontos de crescimento abaixo do nível de corte da roçadeira, expande-se rapidamente, competindo com o coqueiro por água e nutrientes, prejudicando seu desenvolvimento e produção.
Gradagem
do solo
O uso da grade de discos nas entrelinhas de plantio dos coqueiros
cultivados em sequeiro, constituiu-se ao longo dos anos, como uma das
principais práticas culturais, utilizada largamente entre médios e grandes
produtores dedicados ao cultivo do coqueiro da variedade Gigante, para produção
de coco seco destinado a indústria de alimentos e/ou mercado de frutos para
consumo doméstico.. Seus resultados positivos estão relacionados à sua maior
eficiência de controle das plantas infestantes, consequentemente reduzindo a
competição por água e nutrientes, beneficiando assim o coqueiro. Deve-se
ressaltar no entanto, que a longo prazo, o uso freqüente desta prática, poderá
provocar danos às raízes dos coqueiros, favorecendo o processo de erosão e
lixiviação de nutrientes, além de proporcionar degradação das propriedades
físicas, químicas e biológicas do solo. No caso de solos de tabuleiros o efeito
desta prática é ainda mais drástico devendo ser evitada em função dos problemas
relacionados com a ocorrência de camadas coesas, comuns neste tipo de solo.
A utilização da gradagem deverá restringir-se portanto, àquelas regiões
mais secas, preferencialmente realizada entre o final do período chuvoso e
início do período seco, proporcionando assim a incorporação da vegetação de cobertura
ao solo, não devendo ultrapassar no entanto 20cm de profundidade. Deve-se
observar uma distância mínima de 2m de raio a partir do coleto e/ou estipe do
coqueiro, evitando-se assim corte excessivo de raízes do coqueiro.
Em plantios irrigados e/ou em regiões que não apresentam déficit
hídrico, não é aconselhável o emprego da gradagem, em função dos aspectos
comentados anteriormente.
Consorciação
nas entrelinhas de plantio
As entrelinhas de plantio, constituem-se nas áreas situadas entre as
linhas de plantio dos coqueiros, as quais, são utilizadas para cultivo com
outras culturas, principalmente durante a fase que antecede ao início da
produção, que corresponde em média aos quatro primeiros anos de cultivo. São
utilizadas principalmente por pequenos produtores durante o período chuvoso do
ano, para plantio de culturas de subsistência tais como milho, feijão e
mandioca entre outras, as quais, podem favorecer indiretamente o
desenvolvimento do coqueiro. Esta prática deve ser utilizada durante a fase jovem
que vai até o terceiro ou quarto ano de idade, ou após 20 anos, quando a
cultura permite maior passagem de luz. Quando comparado a outros sistemas de
manejo, a consorciação é considerada como uma prática recomendável de onde se
tem obtido resultados bastante satisfatórios. Além de proporcionar receita
suficiente para cobrir ou amenizar os custos de implantação do coqueiro, vários
outras vantagens podem ser considerados tais como: maior proteção do solo,
reciclagem de nutrientes, benefícios indiretos proporcionados pelos tratos
culturais dispensados à cultura consorciada, maior eficiência de uso do solo
etc.
Quando comparada às práticas de roçagem e/ou gradagem comentadas
anteriormente, a consorciação apresenta vantagens, tanto no que se refere ao
aspecto técnico como no econômico. Com relação às dificuldades de manejo das
áreas consorciadas, recomenda-se o plantio em linhas alternadas, viabilizando
assim o trânsito de máquinas e equipamentos que se fizerem necessários.
A cultura a ser selecionada para a consorciação com o coqueiro, deve
levar em consideração os aspectos relacionados com a adaptabilidade às
condições de clima e solo locais, as questões de mercado e as características
da cultura que se quer implantar. Recomenda-se de maneira geral, a manutenção
de um raio de aproximadamente 2m a partir do coleto das plantas, como forma de
evitar excesso de competição entre as culturas consorciadas, e facilitar o
manejo da cultura principal.
Consorciação
nas faixas de plantio
A faixa de plantio, corresponde a área de maior influência das raízes do
coqueiro, apresentando largura de 4m equivalente ao diâmetro da zona do
coroamento e que apresenta comprimento variável em função do espaçamento
adotado. Em plantios irrigados, durante a fase inicial de plantio, esta área
pode ser utilizada para plantio com outras culturas, em geral frutíferas, as
quais têm como função o melhor aproveitamento da água de irrigação disponível
na região de abrangência dos microaspersores.
A cultura do mamoeiro tem se constituído uma das principais alternativas
de consórcio, podendo ser plantada entre coqueiros na mesma linha de plantio.
Nesse caso, aproveita-se a existência de dois microaspersores/planta,
originalmente dimensionados para a irrigação do coqueiro, para que façam a
irrigação concomitante dos mamoeiros. O ciclo produtivo da cultura do mamoeiro
é de aproximadamente três anos, e, ao final do mesmo, inicia-se a fase
produtiva do coqueiro, permitindo assim ao produtor a obtenção de receita desde
a implantação do projeto. Segundo opinião de produtores que adotam esse sistema
de plantio, os maiores benefícios foram obtidos quando se utilizam quatro
mamoeiros entre dois coqueiros, nesse caso, deslocando-se um microaspersor para
o meio da linha, garantindo assim o fornecimento de água à cultura consorciada.
Outras alternativas, como por exemplo o consórcio com a bananeira, encontra-se
ainda em fase avaliação não apresentando portanto resultados conclusivos.
Em áreas não irrigadas, o consórcio na faixa de plantio apresenta
limitações em função das questões relacionadas com a competição por água e
nutrientes.
Cobertura
do solo com leguminosas
As leguminosas destacam-se pela capacidade de fixação de nitrogênio por
meio da associação das suas raízes com bactérias do gênero Rhizobium,
o qual é incorporado ao solo e disponibilizado às plantas cultivadas,
proporcionando ainda melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas
do solo quando da incorporação da biomassa produzida.
Entre as espécies de ciclo curto, o feijão-de-porco (Canavalia
ensiformis L.) é considerado uma das principais espécies utilizadas
como adubação verde na região dos tabuleiros costeiros do Nordeste do Brasil,
tendo em vista a sua grande capacidade de produção de biomassa e fixação de
nitrogênio. As sementes devem ser implantadas em covas ou a lanço e
posteriormente incorporada ao solo com gradagem leve. No período de floração,
recomenda-se a realização da roçagem manual ou mecânica, permanecendo a
biomassa na superfície do solo.
A utilização de leguminosas perenes como cobertura de solo, além de
apresentar maior aporte de nitrogênio para o coqueiro, apresenta também como
vantagem a elevação dos teores de matéria orgânica, maior proteção contra a
erosão e redução da amplitude térmica do solo. A utilização dessa prática em
regiões que apresentam déficit hídrico elevado, pode elevar significativamente
a competição por água entre coqueiros e plantas de cobertura.
Em regiões que apresentam condições de clima e solo favoráveis, como
ocorre na região Norte do Brasil, a utilização da Pueraria phaseoloides,
Centrosema pubescens eCalopogonium muconoides têm apresentado
resultados bastante favoráveis, uma vez que proporciona cobertura adequada do
solo e melhoria da nutrição nitrogenada do coqueiro.
Associação
com animais
A criação extensiva de bovinos em áreas cultivadas com coqueiros no
Nordeste do Brasil é uma prática bastante utilizada. Tem como objetivo
proporcionar melhor aproveitamento do espaço disponível no coqueiral,
utilizando-se a pastagem nativa para a produção de carne e/ou leite. A
implantação de pastagens artificiais à base de gramíneas, sobretudo do gênero Brachiaria,
como o B. humidicola L., constitui-se todavia em prática não
recomendável, considerando-se o aumento da competição por água e nutrientes que
poderá estabelecer-se com os coqueiros, a qual será tanto maior quanto mais
elevado for o déficit hídrico da região.
Eventuais problemas de compactação poderão ser contornados desde que
mantida uma carga animal adequada às características do solo em uso. Por outro
lado, os benefícios obtidos estão relacionados com a redução dos custos com
limpeza e pela produção de esterco, o qual, poderá ser utilizado para adubação
dos coqueiros, assim como pela possibilidade de aumento de receita da
propriedade em função da produção adicional de carne e/ou leite.
Em áreas irrigadas, a associação com animais de grande porte como
bovinos poderá ocasionar danos ao sistema de irrigação devendo portanto ser
evitada. No caso de ovinos, este problema tem sido contornado, sendo que sua
utilização tem crescido significativamente. Resultados obtidos pela Embrapa
Tabuleiros Costeiros, utilizando-se uma área de baixada litorânea implantada
com coqueiros da variedade gigante com idade aproximada de 20 anos, com
predominância de capim gengibre (Paspalum maritimum L) espécie
nativa da região e que apresenta muito bom valor forrageiro, demonstraram que a
recria/engorda de carneiros da raça Santa Inês, à taxas de 2,4 cabeças/há/ano,
associada à prática sistemática de vermifugação, mineralização e controle de
mosquitos, permitiu produção adicional da ordem de 30 kg/ha de peso vivo, com
redução de custos de duas roçagens, sem alterar a produção de coco, desde que
mantida a prática de coroamento dos coqueiros.
Aproveitamento
dos restos culturais
Quando se realiza a colheita dos frutos é comum proceder-se a limpeza da
copa das plantas, quando são retiradas folhas e cachos secos, material este que
juntamente com as cascas de coco é geralmente queimado, sendo utilizado
esporadicamente as cinzas para aplicação na zona de coroamento do coqueiro. É
comum também observar-se a permanência das cascas de coco em campo, expostas às
intempéries, o que provoca a perda do seu valor como fonte de nutrientes. Essa
prática decorre não só do desconhecimento sobre a importância desse material,
como também pelo sistema de produção adotado na maioria das propriedades, onde
o coco é colhido e transportado com casca para a sede da fazenda, onde então se
procede ao descascamento, amontoamento e queima das mesmas.
Nas áreas de cultivo em sequeiro onde todos os esforços devem ser
envidados no sentido de conservar a umidade do solo, este material é de grande
valia, uma vez que apresenta alta capacidade de retenção de água, estimada em
seis vezes o seu peso, levando em média seis anos para completar a sua
decomposição. Poderá ser utilizado como cobertura morta, enterrado em valas ou
utilizado em covas de plantio. Constitui-se também em importante fonte de
potássio e cloro, elementos estes de grande importância na nutrição do coqueiro,
os quais são lixiviados quando as cascas são deixadas a campo, expostas às
chuvas. Estima-se que até o sexto mês 77% destes elementos tenham sido perdidos
por lixiviação.
Recomenda-se
portanto, evitar a queima de folhas e cascas, devendo este material ser
distribuído nas entrelinhas para posterior trituração com roçadeira, ou
amontoamento nas linhas de plantio dos coqueiros. Sua utilização como cobertura
morta na zona do coroamento seria também uma opção a ser utilizada devendo-se
observar no entanto que neste caso, poderia dificultar o trabalho de adubação e
coleta de frutos caídos.
Manejo
de plantas infestantes
Controle
Manual
É realizado principalmente por pequenos produtores, uma vez que, em
grandes plantios, a utilização desta prática é considerada anti-econômico.
Utiliza-se a capina manual com enxada para limpeza da área como um todo, no
entanto, esta prática é utilizada principalmente para coroamento do coqueiro
na área que corresponde a projeção da copa das plantas, o que eqüivale a um
raio de 2m a partir do estipe, onde se concentra a maior parte das raízes do
coqueiro. Deve-se evitar o arrastamento da camada superficial do solo, assim
como o corte excessivo das raízes do coqueiro.
Controle
Mecânico
A roçagem da vegetação nativa nas entrelinhas de plantio dos
coqueiros, constitui-se numa alternativa eficiente de controle das plantas
infestantes, normalmente empregado em plantios irrigados e/ou regiões com
baixo déficit hídrico. O uso freqüente desta prática poderá provocar no entanto,
a disseminação de algumas espécies de gramíneas, uma vez que apresentam
pontos de crescimento abaixo do nível de corte da roçadeira em detrimento
daquelas espécies de folhas largas. Como conseqüência, aumenta
significativamente a competição por água e nutrientes principalmente o
nitrogênio. Esta situação torna-se mais grave durante a fase jovem do
coqueiro e/ou em condições de baixa densidade de plantio, em função da maior
luminosidade disponível.
O plantio de leguminosas e/ou de outras espécies de cobertura, nas
entrelinhas de plantio dos coqueiros, realizado no início das chuvas para
posterior roçagem deste material no período de floração, constitui-se numa
alternativa eficiente de controle das plantas infestantes. A utilização de
culturas consorciadas de enraizamento profundo, em substituição à vegetação
nativa, constitui-se também numa outra alternativa capaz de reduzir a
competição entre coqueiros e plantas de cobertura, favorecendo neste caso à
geração de receita para o produtor.
Em áreas não irrigadas, e/ou regiões que apresentam déficit hídrico elevado,
situação comumente observada na maior parte da região produtora de coco do
Nordeste do Brasil, o efeito exercido pelas plantas infestantes passa a ser
mais nocivo durante o período seco. A gradagem do solo, realizada no início
deste período, permite a eliminação da vegetação de cobertura, reduzindo a
evapotranspiração e beneficiando consequentemente o desenvolvimento do
coqueiro. Deve-se ressaltar no entanto, que esta é uma opção que somente
deverá ser utilizada em situações específicas, considerando-se os aspectos
relacionados com a conservação do solo e a integridade das raízes do
coqueiro.
Controle
Cultural
Considerando-se que as raízes do coqueiro concentram-se nas camadas
superficiais do solo, com distribuição lateral de aproximadamente 2m, a
utilização de cobertura morta para conservação de umidade e controle das
plantas infestantes na zona de coroamento do coqueiro, pode ser recomendada
como uma prática indicada principalmente em áreas de sequeiro, onde todos os
esforços devem ser buscados no sentido de favorecer a retenção de água no
solo. Nas regiões tradicionais de cultivo, a utilização de cascas de coco
trituradas ou não, pode ser recomendado como uma prática capaz de favorecer a
retenção de água no solo, controlando parcialmente plantas infestantes, além
de fornecer nutrientes tais como potássio e cloro de grande importância na
nutrição do coqueiro. Em se tratando de plantios irrigados, ou mesmo em
regiões onde ocorre boa precipitação e distribuição de chuvas durante o ano,
o excesso de umidade na zona de coroamento poderá causar superficialização
das raízes, reduzindo seu aprofundamento e consequentemente diminuindo a
tolerância da planta à seca. Recomenda-se portanto que, quando utilizada,
esta prática seja monitorada no sentido de que se obtenha os benefícios
pretendidos.
O pastejo com ovinos e/ou bovinos associado a coqueiros em fase de
produção, pode se constituir numa interessante alternativa para manter as
gramíneas sob controle em áreas não irrigadas. Esta espécie, apresenta muito
bom valor forrageiro, podendo portanto ser utilizado para tal fim desde que
devidamente manejado. Em área irrigadas seria recomendável a utilização
apenas de ovinos tendo em vista os problemas com o sistema de irrigação que
poderiam ser causados pelos bovinos. Estes animais funcionariam como
“varredores” reduzindo ou eliminando o capim gengibre, tendo em vista que,
esta espécie apresenta alta preferência de consumo pelos ovinos.
Controle
Químico
O controle químico das plantas infestantes tem sido largamente
empregado para coroamento na cultura do coqueiro, em função da grande
expansão das áreas de plantio de coqueiros anões irrigados, utilizando-se
sistemas intensivos de produção. Nesta áreas, o preço elevado da mão de obra,
tem levado o produtor a optar pelo controle químico considerando-se a redução
de custos e de tempo, permitindo uma aplicação de 300 a 500
plantas/homem/dia, não provocando danos ao sistema radicular do coqueiro,
permitindo ainda a manutenção de uma cobertura morta sobre o solo.
De maneira geral, deve-se dar preferencia àqueles produtos de ação pós
emergente e efeito sistêmico, evitando-se aqueles de ação pré- emergente, em
função do acúmulo de resíduos no solo. Recomenda-se a aplicação quando as
plantas infestantes encontram-se no estágio de pré- floração ocasião em que
apresentam maior susceptibilidade à ação dos herbicidas. Deve-se evitar sua
aplicação no período de temperaturas mais elevadas e maior luminosidade em
função do fechamento dos estômatos das plantas, devendo a aplicação ser
realizada no início da manhã, observando-se a questão dos ventos para evitar
deriva dos produtos. Deve-se observar ainda que a aplicação não deverá ser
realizada antes e/ou após as chuvas, uma vez que reduz-se o efeito do produto
em função dos problemas de diluição e perdas por lavagem.
O coqueiro apresenta sensibilidade à produtos hormonais tais como 2,4
D e 3,4 5 T, devendo portanto seu uso ser evitado. Produtos à base de
gliphosate apresentam ação pós emergente e efeito sistêmico, e são largamente
utilizados entre produtores de coco, uma vez que apresentam muito boa
eficiência de controle das plantas infestantes com maior efeito sobre
gramíneas.
A aplicação de herbicidas deve se concentrar na zona de coroamento do
coqueiro. mantendo-se uma faixa de 2m de raio, ou utilizado nas faixas de
plantio, em média com uma largura de 4m, que corresponde ao diâmetro da copa
das plantas.
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Doenças e métodos de controle |
Queima
das folhas
![]()
Etiologia
·
Anamorfo: Lasiodiplodia
theobromae (Pat.) (Griffon & Maubl)= Botryodiplodia
theobromae Pat.
· Teleomorfo: Botryosphaeria
cocogena Subileau
Distribuição geográfica
A queima das folhas é atualmente um dos mais sérios problemas da
cultura do coqueiro em todo o Nordeste brasileiro. A doença é originária do
Brasil e ocorre de forma epidêmica em Alagoas, Bahia, Paraíba, Pará,
Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Em outros países a sua ocorrência
é citada apenas na Guiana Francesa.
Plantas hospedeiras
O fungo Lasiodiplodia theobromae (Pat.) (Griffon
& Maubl) é encontrado atacando diversas culturas entre elas: ata,
cacaueiro, cupuaçuzeiro, eucalipto, gravioleira, mandioca, mamoeiro e
seringueira.
Sintomatologia
Os sintomas da doença iniciam a partir das folhas inferiores.
Caracteriza-se por um secamento dos folíolos localizados na extremidade da
folha em forma de V, que avança pela ráquis até atingir a base da folha, que
seca prematuramente. Concomitantemente, surgem nos folíolos manchas de
coloração marrom clara a avermelhada, de formato irregular e alongadas, que
também progridem em direção à ráquis onde se observa um exudado de goma. Uma
vez na ráquis a doença torna-se sistêmica evoluindo para a queima da folha,
determinando sua queda prematura. Em conseqüência, o cacho fica sem
sustentação e cai antes de completar a maturação. O avanço da doença na
planta provoca a redução da área fotossintética, o que reflete
significativamente na produtividade. Essa doença chega a atingir cerca de 50%
das folhas de uma planta e até 100% da plantação, daí seu caráter endêmico na
região de ocorrência.
Medidas de controle
· Remover e
queimar folhas infectadas durante o período chuvoso ou inverno
Lixa
pequena
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Etiologia
· Anamorfo:
Desconhecido
· Teleomorfo: Phyllachora
torrendiella (Batista) Subileau = Catacauma
torrendiella Batista
Distribuição geográfica
A lixa pequena só existe no Brasil, sendo todas as variedades e
híbridos cultivados suscetíveis em diferentes graus. Foi relatada pela primeira
vez no Estado de Pernambuco e atualmente encontra-se em quase todas as
regiões onde se cultiva o coqueiro. É considerada a doença mais importante da
cultura nos Estados de Pernambuco, Pará, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte,
Sergipe e Bahia.
Plantas hospedeiras
Allagoptera brevicalyx (buriti-de-praia), Bactris
ferruginea (mané-véio) e Syagrus coronata (ouricuri).
Sintomatologia
A doença é caracterizada por pequenos pontos negros, também conhecidos
como verrugas, os quais ocorrem por todas as áreas dos folíolos, ráquis,
pedúnculo floral e frutos do coqueiro. Nos folíolos as manchas são
inicialmente amareladas e posteriormente necróticas, na forma de losângulo.
Estas manchas crescem e coalescem, causando a necrose total dos folíolos.
Medidas de controle
· Corte e
queima das folhas muito infectadas e secas.
· Plantio de
leguminosas para permitir a fixação de nitrogênio.
· Biocontrole
com os fungos hiperparasitas Acremonium alternatum, A
persicinum, A. cavaraeanum, Dycima pulvinata e Septofusidium
elegantulumapesar de apresentarem bom potencial de controle, têm
demonstrado resultados variáveis, os quais podem ser atribuídos a diversos
fatores. Estudos atualmente estão sendo conduzidos com o objetivo de aumentar
a eficiência desse sistema de controle.
Lixa
grande
![]()
Etiologia
· Anamorfo:
Desconhecido
· Teleomorfo: Sphaerodothis
acrocomiae (Montagne) von Arx & Muller =Coccostroma palmicola (Speg.)
von Arx & Muller
Distribuição geográfica
Ocorrência semelhante a lixa pequena
Plantas hospedeiras
Attalea funifera (piaçava)
Sintomatologia
A doença manifesta-se sobre o limbo, na nervura dos folíolos e na
ráquis foliar, com grossos peritécios de coloração marrom que podem atingir
2mm de diâmetro. Essas frutificações estão geralmente dispostas na borda do
folíolo, ao lado da nervura central ou sobre ela. Os peritécios também
aparecem na face inferior do limbo. A ráquis é também parasitada pelo fungo e
os estromas se soltam facilmente.
Medidas de controle
· Corte e
queima das folhas muito infectadas, no período chuvoso ou inverno.
· Plantio de
leguminosas para permitir a fixação de nitrogênio.
· Biocontrole
com os fungos hiperparasitas Acremonium alternatum, A. persicinum, A.
cavaraeanum, Dycima pulvinata e Septofusidium elegantulumtêm apresentado
resultados positivos, embora com variações possivelmente em função das
condições locais.
Anel
vermelho
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Etiologia
·
Nematóide: Bursaphelenchus
cocophilus (Cobb) Baujard = Rhadinaphelenchus cocophilus Cobb
Distribuição geográfica
Essa doença é encontrada em toda região produtora de coco no País, na
América Central, no Caribe e na América do Sul.
Plantas hospedeiras
Além de todas as variedades de coqueiro, são também suscetíveis as
espécies buriti do brejo (Mauritia flexuosa), catolé (Syagrus
romanzoffiana, S. schizophylla), dendenzeiro (Elaeis guineensis),
inajá (Maximiliana maripa), macaúba (Acrocomia aculeata, A.
intumescens, A. sclerocarpa), palmeira real (Roystonia regia, R.
oleraceae), piaçava (Attalea funifera), tamareira (Phoenix
dactylifera, P. canariensis),Guilielma sp., Sabal
umbraculiferum e Syagrus coronata.
Sintomatologia
Os sintomas variam dependendo das condições ambientais, idade e
variedade do hospedeiro. Os sintomas externos são caracterizados pelo
amarelecimento das folhas basais, começando pela seca da ponta para a base.
As folhas tornam-se necrosadas e quebram na base da ráquis. Com o progresso
da doença, as folhas inferiores apresentam-se penduradas, presas ao estipe.
Num estádio mais avançado, ocorre o apodrecimento do meristema apical,
causado por microorganismos saprófitas. Plantas mortas apresentam o topo
desnudo.
O sintoma interno é observado através de um corte transversal no
estipe, apresentando-se sob a forma de um anel, de coloração marrom ou
vermelha, medindo cerca de 4 a 6cm e distante da periferia cerca de 2 a 3cm.
Medidas de controle
· Erradicação
de plantas mortas, com sintomas da doença ou não.
· Desinfecção
das ferramentas utilizadas no corte das plantas doentes.
· Uso de
armadilhas atrativas contendo cana mais o feromônio de agregação Rincoforol
para captura do inseto vetor (ver detalhes em broca-do-olho).
· Controle
biológico do inseto vetor com o fungo Beauveria bassiana inoculado
na isca vegetal (ver detalhe em broca-do-olho).
Murcha
de Fitomonas
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Etiologia
· Protozóario: Phytomonas sp.
Distribuição geográfica
A murcha de Fitomonas também conhecida como hartrot, marchitez
sorpressiva, fatal wilt, murcha do coqueiro e murcha de Cedros. Foi
constatada a ocorrência no Suriname, Trinidad e Guiana Inglesa, e atualmente
relatada no Caribe, América Central e América do Sul. No Brasil foi
assinalada na Bahia, Pará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
Plantas hospedeiras
O protozoário pode sobreviver em plantas daninhas, inclusive do gênero Euphorbia,
além das culturas como dendezeiro, piaçava, palmeira real, inajá e a palmeira
rabo de peixe anã (Caryota mitis).
Sintomatologia
Os sintomas da doença iniciam a partir das folhas mais baixas para as
mais altas e da extremidade para a base da folha. As folhas vão ficando
amareladas e com a progressão da doença tornam-se marrom-avermelhadas,
coloração esta que varia a depender da variedade da planta. As
inflorescências tornam-se necrosadas e secas, ocorrendo a queda prematura dos
frutos. A inflorescência da espata fechada encontra-se parcial ou totalmente
enegrecida, sintoma este bastante característico dessa doença. Observa-se na
planta, em fase final da doença, uma podridão fétida no broto apical.
Medidas de controle
· Erradicar
as plantas doentes.
· Manter as
plantas no limpo pela eliminação das plantas daninhas.
· Retirar as
folhas mais velhas e as bainhas mortas, as quais podem abrigar o percevejo
vetor.
· Controle
químico dos vetores Lincus spp e Ochlerus sp.
com o produtomonocrotofós (40g. i.a/100L de água) a cada três meses.
Podridão
seca
![]() Etiologia
· Doença de
etiologia ainda indefinida, contudo resultados de pesquisa preliminares tem
associado aos sintomas das doenças a presença de fragmentos de DNA de 1, 2Kb
similar à um grupo de fitoplasmas.
Distribuição geográfica
A podridão seca ocorre em viveiros e em plantios novos definitivos.
Foi registrada na Costa do Marfim, Filipinas, Indonésia, Malásia e Brasil.
Plantas hospedeiras
O dendezeiro tem se mostrado sensível a esta doença.
Sintomatologia
O sintoma externo da doença caracteriza-se pela paralização do
crescimento e pelo secamento da folha central. Internamente, aparece no
coleto, lesões internas de coloração marrom com aparência de cortiça,
observada através de corte longitudinal na planta.
Medidas de controle
· Erradicação
imediata de todas as plantas doentes.
· Evitar a
instalação do viveiro em locais úmidos.
· Eliminar
ervas daninhas, principalmente, as gramíneas.
· Pulverizar
as áreas foco com monocrotofós (40g. i.a/100L de água) a
cada 15 dias visando a eliminação do inseto vetor (cigarrinhas da família Delphacidae).
Contudo este produto ainda não estão registrado para a cultura.
Mancha
foliar ou mancha de helmitosporio
Etiologia
· Anamorfo: Bipolaris
incurvata = Drechslera incurvata = Helmintosporium incurvatum = H. halodes
· Teleomorfo: Cochliobolus sp
Distribuição geográfica
Cosmopolita
Plantas hospedeiras
Este fungo é comum em vários hospedeiros, contendo aproximadamente 45
espécies que são parasitas de plantas tropicais e subtropicais.
Sintomatologia
Nas folhas surgem lesões arredondadas de coloração verde claro com o
centro escuro, ocorrendo a formação de um halo amarelado. A medida que
evoluem tornam-se ovais, alongadas no sentido da nervura dos folíolos. Em
casos severos, as lesões coalescem provocando o secamento dos folíolos,
podendo até provocar a morte da planta. Na planta aparecem sempre a partir
das folhas mais velhas.
Medidas de controle
· Remover e
queimar folhas infectadas
· Evitar
adubação excessiva com nitrogênio
· Resultados
de pesquisa sugerem alguma eficiência de controle pulverizando a folhagem com
fungicidas a base de Mancozeb ou Captan em intervalos semanais ou
Tebuconazole em intervalos de 15 dias direcionando o jato para a face
inferior dos folíolos. Contudo estes produtos ainda não estão registrados
para a cultura.
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Pragas
e métodos de controle
O coqueiro é rica fonte de alimento para diversas espécies de insetos e
ácaros. Estes organismos uma vez na planta são hospedeiros específicos, seja,
da folhagem, das flores, dos frutos, do estipe ou das raízes causando danos que
variam de atraso no desenvolvimento, perda ou atraso na produção à morte da
planta. Algumas dessas espécies tem preferência pela planta jovem por seus
tecidos mais tenros, enquanto outras preferem as mais velhas e em produção. Os
surtos de pragas em palmeiras, como o coqueiro, são favorecidos por diversos
fatores, dentre os quais: a produção contínua e mensal de folhas e a
permanência prolongada dessas estruturas vegetais na planta fazendo com que
nessa cultura a planta tenha sempre sua copa formada por folhas jovens, folhas
em estágio de maturação (intermediárias) e folhas em senescência (mais velhas);
a emissão contínua e mensal de inflorescências que dão origem aos cachos dos
frutos, cachos estes presentes na planta em diferentes graus de maturação; e ao
não sincronismo das emissões florais dentro da plantação, o que torna o
coqueiro bastante suscetível à ação de diversas espécies-praga. Associado a
esses fatores, naturais da planta, os surtos são também favorecidos pela
ocorrência dos fatores ambientais, pela utilização de tratos culturais
inadequados, e pela utilização indiscriminada de um grande número de defensivos
agrícolas no combate às pragas.
Pragas
principais
Broca-do-olho-do-coqueiro ou bicudo
Rhynchophorus palmarum
Linnaeus, 1764 (Coleoptera: Curculionidae)
Características:

Larva – cabeça castanho-escura, corpo recurvado,
sendo mais volumoso no meio e afilado nas extremidades, subdividido em 13
anéis, com coloração branco-creme e sem pernas (ápoda). Desenvolve-se no
interior da planta formando galerias nos tecidos tenros da região apical da
planta.
Adulto – besouro preto-opaco, com 3,5cm a 6,0cm de
comprimento; possui bico recurvado (rostro) e forte, que mede aproximadamente
1,0cm; as asas externas (élitros) são curtas, deixando exposta a parte terminal
do abdome e possuem oito estrias longitudinais. Os machos diferem das fêmeas
por apresentarem pêlos rígidos em forma de escova na parte superior do rostro.
Possui habito gregário e maior atividade durante o dia. Os adultos são atraídos
pelo odor de fermentação liberado por palmeiras com ferimentos, doentes ou em
senescência.
Injúrias – são causadas tanto pelas larvas, que se
alimentam dos tecidos tenros da planta, constroem inúmeras galerias e destroem
o broto terminal (palmito), como pelos adultos, que são transmissores do
nematóide causador da doença conhecida por anel vermelho. A planta atacada
apresenta, inicialmente, a folha central mal formada e esfacelada em
decorrência da entrada do adulto, posteriormente, as folhas mais novas mostram
sinais de amarelamento, murchamento, e finalmente se curvam, indicando a morte
da planta. O coqueiro torna-se suscetível ao ataque desta praga a partir do
terceiro ano de plantio.
Táticas de Controle:
Controle cultural
·
Eliminar todas as plantas mortas pela ação da praga
ou da doença anel vermelho.
·
Queimar ou enterrar os coqueiros erradicados,
visando evitar a atração dos besouros ao local.
·
Evitar ferimentos nas plantas sadias durante os
tratos culturais e a colheita.
·
Pincelar os ferimentos da planta com piche ou
inseticida.
Controle mecânico
·
Coletar e destruir larvas, pupas e adultos
encontrados nas plantas mortas. Coletar e eliminar os adultos capturados nas
armadilhas atrativas.
Controle comportamental
Controle comportamental
Controle comportamental
·
Utilizar armadilhas atrativas modelo Pet ou Balde
para monitorar a população da praga. Para promover o controle da praga
recomenda-se aumentar a quantidade de armadilhas usadas no monitoramento da
população, proporcionalmente, ao incremento obtido na captura mensal da praga,
a partir de um incremento de 20% da população. Manter uma distância mínima de
100m entre armadilhas.
·
Uso de iscas vegetais impregnadas com inseticidas
elimina a mão-de-obra exigida para a destruição manual dos insetos capturados.
Controle biológico
Controle biológico
Controle biológico
·
O uso de iscas vegetais contaminadas com esporos do
fungo Beauveria bassiana é uma alternativa de controle de R. palmarum que
a Embrapa Tabuleiros Costeiros vem testando com sucesso. Esta prática permite
aumentar a infecção do agente microbiano sobre a broca-do-olho dentro do
coqueiral. Após imersão na suspensão de esporos do fungo, as iscas são
acondicionadas em armadilhas de auto-contaminação, que consiste em baldes
plásticos contendo o feromônio da praga e com orifícios laterais que permitem a
entrada e a saída dos besouros. Estes recipientes são distribuídos em pontos
estratégicos fora da plantação e de preferência sob arbustos. Com a
distribuição quinzenal de seis armadilhas de auto-contaminação em uma área de
10ha obteve-se uma redução de 72% e 73% na população da praga no 1º e 2º ano de
liberação do fungo.
Broca-do-estipe, broca-do-tronco ou
rhina Rhinostomus
barbirostris Fabricius, 1775 (Coleoptera:Curculionidae)

Larva – ápoda e com o corpo cilíndrico pouco
recurvado e os últimos quatro segmentos abdominais atrofiados; desenvolve-se
dentro do estipe e pode chegar a 5,0cm de comprimento.
Adulto – besouro preto de 1,5cm a 5,0cm de
comprimento; o macho possui rostro mais longo do que a fêmea e coberto por
pêlos avermelhados. Possui hábito noturno, permanecendo abrigado nas axilas das
folhas mais baixas durante o dia.
Injúrias – a praga ataca principalmente coqueiro
adulto. A infestação é constatada pela presença de serragem ou de pequenas
formações de resina endurecida no orifício de entrada da larva e pelo
aparecimento de manchas longitudinais enegrecidas no estipe, provocadas por
escorrimento da seiva. A larvas formam inúmeras galerias no interior do estipe que
reduzem ou interrompem o fluxo de seiva, causando redução na produção de frutos
(70 a 100%), amarelecimento das folhas, enfraquecimento da planta e sua
predisposição à queda pelo vento. Ataque severo no estipe, na região próxima à
copa da planta, provoca a quebra de folhas ainda verdes, que ficam penduradas
ao redor do estipe e a queda da copa e conseqüente morte da planta.
Táticas de Controle:
Controle cultural
·
Erradicar plantas quebradas pela ação do vento (o
estipe que restou em pé e a coroa foliar caída ao solo) ou plantas severamente
infestadas pela praga.
·
Queimar ou enterrar os coqueiros erradicados
(partes infestadas), visando reduzir os focos de multiplicação da praga.
Controle mecânico
Controle mecânico
·
Detectar os locais de posturas e destruí-las
mediante raspagem com facão.
·
Coletar e destruir as larvas, pupas e insetos
adultos encontrados nas plantas mortas.
Controle químico
·
Injetar solução concentrada de inseticida de
contato nos orifícios de entrada das larvas ou de saída dos adultos.
·
Para minimizar a ação dos insetos adultos
recomenda-se a pulverização da copa do coqueiro infestado com inseticida de
contato na proporção de 3 a 5 litros de solução/planta, dirigindo o jato da
calda para a região dos cachos e das axilas foliares.
Broca-do-pedúnculo-floral-do-coqueiro
Homalinotus coriaceus
Gyllenhal, 1836 (Coleoptera:Curculionidae)

Larva – ápoda, 4,0cm a 5,0cm de comprimento, cabeça
castanho-escura, corpo recurvado, delgado e branco. Após a eclosão, a larva
penetra no pedúnculo floral e forma uma galeria lateral dirigindo-se à base do
cacho, entre o estipe e a face interna da bainha. Nesta região a larva retira
tecido fibroso para construir o seu casulo, deixando sulcos superficiais no
estipe, os quais denunciam a presença da praga.
Adulto – besouro de hábito noturno, medindo 2,5cm a
3,0cm de comprimento, coloração preta e com o corpo recoberto por pequenas
escamas pardacentas, élitros estriados longitudinalmente e granulados. O adulto
passa o dia abrigado nas axilas foliares das folhas intermediárias da planta.
Injúrias – a galeria aberta pela larva no pedúnculo
floral impede o fluxo de seiva, provocando abortamento das flores femininas,
queda dos frutos imaturos e até perda total do cacho. Os adultos ao se
alimentarem de flores femininas e frutos novos, também provocam a queda destas
estruturas. O coqueiro torna-se suscetível a esta praga com a emissão de suas
primeiras inflorescências.
Táticas de Controle:
Controle cultural
·
Realizar a limpeza da copa do coqueiro por ocasião
da colheita, procedendo-se a remoção e queima das folhas e dos cachos secos,
dos pedúnculos dos cachos colhidos, das espatas florais velhas e do ingaço.
Controle mecânico
Controle mecânico
·
Coletar e destruir as larvas, pupas e insetos
adultos encontrados nos resíduos orgânicos retirados da planta.
·
Quando possível, realizar a coleta manual e a
eliminação dos besouros normalmente encontrados nas axilas das folhas
intermediárias da planta (entre as de nos 8 e 12), e principalmente na folha da
inflorescência aberta.
Controle químico
Controle químico
·
Recomenda-se efetuar pulverizações trimestrais com
inseticidas de contato e ingestão nas plantas atacadas (3 a 5 litros de
solução/planta) dirigindo-se o jato para a região das inflorescências abertas,
dos cachos e das axilas foliares.
Broca-do-pecíolo ou broca-da-ráquis foliar
Amerrhinus ynca
Sahlberg, 1823 (Coleoptera:Curculionidae)
Características:
Larva – desenvolve-se dentro da ráquis foliar,
chegando a atingir 2,7cm de comprimento.
Adulto – besouro de hábito diurno, com 2cm de
comprimento, coloração amarelada, com matiz acinzentado e inúmeros pontos
pretos brilhantes e salientes, principalmente sobre as asas e no pronoto.
Injúrias – a larva penetra na ráquis foliar e forma
galerias longitudinais que provocam amarelecimento, enfraquecimento e quebra
das folhas atacadas, resultando em atraso no desenvolvimento da planta e
redução na produção.
Táticas de Controle:
Controle cultural e mecânico
·
Poda das folhas atacadas, seguida de queima. No
caso de plantas com muitas folhas broqueadas, recomenda-se que a poda seja
gradativa, ou seja, proporcional a emissão de folhas novas.
Controle químico
·
Para controle de adultos deve-se efetuar duas
pulverizações na copa da planta, com produtos de contato e ingestão a
intervalos de 20 dias e dirigidas para a região onde se encontra o besouro
(normalmente inflorescências e base da ráquis foliar).
·
Para controle das larvas, em plantas de baixo
porte, deve-se fazer um à aplicação do produto químico diretamente nos
orifícios construídos pelas larvas, adotando-se os seguintes procedimentos: a)
com o auxílio de um ferro de ponta fina fazer um furo na ráquis da folha, acima
do local de oviposição, até encontrar o canal da larva; b) encontrando o canal,
injetar um inseticida misturado com água, que tenha a propriedade de agir por
contato e liberação de gases; e (c) em seguida fechar o orifício com sabão.
Broca-da-coroa-foliar; broca-do-dendezeiro
Eupalamides daedalus
Cramer, 1775 (Lepidoptera:Castniidae)
Características:
Larva – possui coloração branco-leitosa e cabeça
castanho-brilhante, fortemente esclerificada, mede no final de seu
desenvolvimento de 11cm a 13cm de comprimento, e tem hábito “minador”, ou seja,
penetra no estipe na região da coroa foliar da planta, abrindo galerias para o
interior da planta no sentido ascendente e em diagonal.
Adulto – mariposa grande, com asas de coloração
marrom-escura e reflexos violeta, tendo faixa transversal e pontuações brancas
nas asas anteriores e envergadura variando de 17,0cm a 20,5cm nas fêmeas e de
17,0cm a 18,5cm nos machos. Tem hábito diurno e crepuscular (voa no início da
manhã e no final da tarde).
Injúrias – larvas formam galerias dentro da coroa
foliar, resultando em perda de folhas, cicatrizes no estipe e morte da planta e
provocam quebra de folhas intermediárias que ficam penduradas na planta.
Táticas de Controle:
Controle Mecânico
·
É realizado pela captura dos adultos, usando redes
entomológicas e coleta de larvas e pupas encontradas nas axilas foliares
durante a colheita.
Controle químico
Controle químico
·
Recomenda-se pulverizar a coroa da planta com
inseticidas de contato ou sistêmico dirigindo o jato da solução para a região
dos cachos e das axilas foliares, utilizando-se, em média, 7L da solução por
planta com copa foliar acima de 10m de altura.
Controle Biológico
·
Pouco se conhece sobre agentes naturais que tenham
ação efetiva de controle sobre a população de E. daedalus, no
Brasil. Existe evidências de uma formiga e de um microhimenóptero predando ovos
e dos fungos Beauveria bassiana eMetarhizium anisopliae parasitando
ninfas.
(Linnaeus,
1758) (Lepidoptera: Nymphalidae)
Características:

Larva – cabeça castanho-avermelhada, corpo com listras
longitudinais marrom-escuras e claras, recoberto por fina pilosidade, podendo
atingir de 6,0cm a 8,0cm de comprimento. As lagartas vivem em grupo na copa do
coqueiro, dentro de um ninho (saco) construído pela união de vários folíolos,
onde permanecem abrigadas durante o dia. As lagartas são facilmente detectadas
pelo desfolhamento da planta, presença de ninhos e de excrementos no chão.
Pupa – crisálida de coloração verde-clara ou
marrom, medindo 2,0cm a 3,0cm de comprimento e fixada pelo abdome nas axilas
foliares, tronco e restos de cultura deixados no solo sob o coqueiro.
Adulto – borboleta grande, de 6,0cm a 10,0cm de
envergadura; suas asas anteriores e posteriores são marrons, atravessadas por
uma faixa laranja, que na fêmea se apresenta mais larga na asa anterior e em
forma de Y; na face inferior das asas posteriores encontram-se três ocelos
circundados de preto e marrom.
Injúrias – desfolhamento causado pelas lagartas, podendo restar apenas as nervuras centrais dos folíolos e a ráquis de cada folha. As plantas atacadas sofrem atraso no crescimento pela redução da área fotossintética, refletindo-se na queda prematura de frutos e atraso na produção.
Injúrias – desfolhamento causado pelas lagartas, podendo restar apenas as nervuras centrais dos folíolos e a ráquis de cada folha. As plantas atacadas sofrem atraso no crescimento pela redução da área fotossintética, refletindo-se na queda prematura de frutos e atraso na produção.
Táticas de Controle:
Controle mecânico
·
Enquanto a altura da planta assim o permitir,
recomenda-se a coleta dos ninhos e a destruição das lagartas abrigadas no seu
interior.
·
Controle biológico
·
Deixar no campo os ninhos que tiverem lagartas
parasitadas pelo fungo Beauveria.
·
Pulverizar somente a copa dos coqueiros infestados
com lagartas, utilizando-se formulação comercial de Bacillus
thuringiensis ou suspensão de esporos do fungoBeauveria spp.
Controle químico
Considerando a alta eficiência de controle conferida pelos
entomopatógenos mencionados acima, recomenda-se que os inseticidas químicos
sejam utilizados somente em casos de elevada infestação, dando-se preferência
para produtos seletivos aos inimigos naturais da praga.
Barata-do-coqueiro ou falsa-barata-do-coqueiro
Coraliomela
brunnea Thumberg, 1821 (Coleoptera: Chrysomelidae) e Mecistomela
marginata Thumberg, 1821 (Coleoptera: Chrysomelidae)
Características:

C. brunnea – besouro de 2,5cm de
comprimento, avermelhado com listra preta no meio do pronoto, élitros rugosos,
com antenas pretas e patas pretas e vermelhas.
M. marginata – besouro de 3,4cm de
comprimento, de coloração preto-esverdeada, com as bordas dos élitros e o
pronoto amarelo-castanho e as demais partes pretas.
Larva – chata e convexa no dorso, tem coloração
parda, três pares de patas curtas e o corpo formado por 11 segmentos, dos quais
o primeiro e o último são os mais desenvolvidos. As larvas são encontradas
entre os folíolos fechados da folha flecha, enquanto os adultos, de hábito
diurno, ficam nas folhas abertas, onde se acasalam. Nos horários mais quentes
do dia, os adultos se abrigam nas axilas das folhas.
Injúrias – praga importante do coqueiral jovem. As
larvas alimentam-se do tecido tenro da folha central fazendo perfurações nos
folíolos, que resultam no atraso do desenvolvimento e da entrada do coqueiro em
produção. Infestações severas podem destruir completamente as folhas centrais
da planta jovem e causar sua morte.
Táticas de controle:
Controle mecânico
·
Em baixa infestação recomenda-se a catação manual e
destruição de larvas, pupas e adultos encontrados na folha central (flecha) da
planta.
Controle biológico
·
Pulverizar a copa das plantas e a flecha com uma
suspensão de esporos do fungo Beauveria bassiana, visando o
controle de insetos adultos e larvas.
Controle químico
Controle químico
·
Pulverizar somente as plantas infestadas,
utilizando-se inseticidas de contato mediante jato dirigido para a folha central
da planta.
Traça das flores e frutos novos
Hyalospila ptychis Dyar,
1919 (Lepidoptera: Phycitidae)
Características:
Larva – lagarta branca, com listras longitudinais
pardacentas ou rosadas, além de pontos pretos alinhados transversalmente; tem
cabeça amarela e no primeiro segmento do tórax uma placa dorsal semicircular
amarela, subdividida ao meio.
Injúrias – As lagartas desenvolvem-se nas
inflorescências recém-abertas do coqueiro, danificando as flores femininas,
perfurando as brácteas dos frutos novos e penetrando neles. Alimentam-se dos
tecidos do mesocarpo, fazendo galerias que interrompem o fluxo de seiva. Grande
parte dos frutos atacados não completa o amadurecimento, caindo ainda bem
pequenos. Frutos que atingem a maturação se deformam, perdem peso e o valor
comercial. A infestação é notada pelo acúmulo de dejeções com fios de seda na
superfície da flor ou do fruto pequeno.
Táticas de Controle:
Controle cultural
·
Proceder a limpeza da copa das plantas e o
coroamento do solo ao redor da planta.
Controle Mecânico
·
Semanalmente coletar e destruir, por queima ou
enterrio, todos os frutos imaturos caídos no chão e aqueles que secam e ficam
presos nas inflorescências.
Controle químico
·
Efetuado somente em caso de alta infestação e
quando atingido o nível de controle comprovado pela presença da praga.
·
Pulverizar somente as plantas infestadas,
utilizando-se inseticidas de contato e ingestão .
·
Dirigir o jato do pulverizador para as
inflorescências recém-abertas e os cachos novos (referentes às folhas no 10 a
16), molhando-se bem as regiões dos cachos e axilas das folhas.
Gorgulho-das-flores-e-dos-cocos-novos Parisoschoenus obesulus
Casey 1922 (Coleoptera: Curculionidae)
Características:
Larva - tem coloração branco-leitosa, com cabeça castanho-escura;
desenvolve-se embaixo das brácteas dos frutos e flores e, em alguns casos, nas
bainhas foliares e pedúnculos florais.
Adulto – besouro pequeno, coloração variando de
castanho-claro-avermelhado a preto, com densa pilosidade dourada sobre o corpo,
com estrias longitudinais sobre os élitros e desenho em forma de T no dorso.
Injúrias – as larvas alimentam-se dos tecidos mesocárpicos dos frutos pequenos, fazendo galerias sob as brácteas e provocando a queda prematura dos frutos.
Injúrias – as larvas alimentam-se dos tecidos mesocárpicos dos frutos pequenos, fazendo galerias sob as brácteas e provocando a queda prematura dos frutos.
Táticas de Controle:
·
Utilizar as mesmas medidas de controle recomendadas
para o controle da traça-das-flores-e-frutos-novos.
Ácaro-da-necrose-do-coqueiro
Aceria guerreronis Keifer, 1965
(sin. Eriophyes) (Acari: Eriophyidae) e Ácaro da mancha-anelar do
coqueiro Amrineus cocofolius, Flechtmann, 1994 (Acari:
Eriophyidae)

Na Tabela 1 são apresentadas as principais características dessas duas
espécies de ácaros; aspecto morfológico; parte da planta atacada; local de
maior atividade da colônia; período de ocorrência; bem como as injúrias capazes
de provocar a depreciação do valor comercial dos frutos e/ou perdas.
Tabela
1. Características
morfológicas e do comportamento dos ácaros do coqueiro Aceria
guerreronis e Amrineus cocofolius
Características
|
Ácaro da necrose
|
Ácaro da mancha anelar
|
Aspecto
|
*microscópico, forma alongada e vermiforme,
coloração branco-leitosa a amarelada, com apenas quatro patas na parte
anterior e garras plumosas.
|
*microscópico, com a região anterior do
corpo mais larga e a posterior mais afilada, coloração amarelada.
|
Parte da planta atacada
|
*folhas centrais de mudas no viveiro e de
plantas com até dois anos de plantio.
*frutos novos e em desenvolvimento.
|
*folhas mais velhas de mudas em viveiro, e
*frutos.
|
Local de maior atividade da colônia na
planta
|
*sob as brácteas dos cachos
das folhas no 9 a no 14.
|
*na superfície do fruto dos cachos das
folhas no 13 a 16 que ficam opacos com aspecto de poeira esbranquiçada.
|
Período de ocorrência
|
*todo o ano, com maiores infestações na
época seca.
|
*na época seca.
|
Injúrias
|
*ocasionadas pela escarificação das células
epidérmicas e sucção de seiva.
*nas folhas centrais da muda provoca clorose, lesões castanho- escuras no
sentido longitudinal das nervuras e necrose do broto ou gema Terminal,
causando deformação das folhas, atraso no desenvolvimento e/ou morte da
planta jovem.
*nos frutos surgem cloroses triangulares a partir das brácteas, que evoluem
para necroses castanho-escuras, rachaduras superficiais longitudinais ou
estrias, com exsudação de goma e aspecto áspero.
*ataque severo nos frutos causa queda prematura ou então, redução de tamanho,
perda de peso e redução no volume de água, além de deformações que depreciam
o produto no mercado de coco verde.
|
*ocasionadas pela escarificação das células
epidérmicas e sucção de seiva.
*os frutos atacados perdem o brilho, se tornam opacos e acinzentados, em
seguida surgem pequenas pontuações marrons, que evoluem para necroses que
circundam o fruto no seu diâmetro equatorial, formando uma cinta ou anel.
*as necroses dão má aparência ao fruto, reduzindo seu valor comercial
*em áreas com alta infestação, a necrose chega a cobrir totalmente a
superfície do fruto.
|
Fonte: FERREIRA (2002).
Táticas de Controle:
Ácaro-da-necrose:
Controle cultural e mecânico
·
Identificar as plantas em produção severamente
infestadas e nelas retirar todos os cachos com frutos danificados e/ou
deformados, as palhas e panículas secas, procedendo-se em seguida a queima ou
enterrio destes materiais.
·
Retirar da área e destruir todos os frutos caídos
que apresentarem sinais de ataque do ácaro.
·
Efetuar adubação conforme análise de solo ou
foliar, evitando-se excesso de nitrogênio (Alencar, et al. 2000).
Controle biológico
A Embrapa Tabuleiros Costeiros vem testando, no Estado do Sergipe, o uso
do fungoHirsutella thompsonii em formula ções oleosas e em meio
líquido para controle do ácaro da necrose mediante pulverizações em plantas
infestadas, com jato direcionado para os cachos das folhas no 10 a 16.
Controle químico
·
Para plantas de viveiro e plantas jovens no campo
recomenda-se pulverizar todas os coqueiros com acaricida quando forem
detectados os primeiros sinais de ataque, dirigindo-se o jato para as folhas
centrais da planta.
·
Para coqueiros em produção, não há necessidade de
pulverizar toda a planta. Recomendam-se três pulverizações a intervalos de 15
dias e com alternância de produtos (acaricida de contato ou sistêmico),
dirigindo-se o jato da pistola para as inflorescências e cachos de frutos mais
novos (referentes às folhas no 10 a 16). A nova seqüência de pulverizações
deve-se iniciar somente após três meses do último tratamento e quando forem
detectados novos sinais de ataque da praga. Utilizar 3 litros de solução por
planta.
·
No uso de acaricidas sistêmicos, a colheita dos
frutos para consumo in natura deve ser realizada no mínimo 30 dias após a
última aplicação do produto.
Ácaro da mancha anelar
Controle cultural
·
Realizar a coleta e a destruição de frutos muito
danificados.
·
Efetuar adubação conforme análise de solo e foliar,
evitando-se excesso de nitrogênio.
Controle biológico
·
O emprego do fungo Hirsutella thompsonii para
controle desta esp écie também está sendo pesquisado pela Embrapa Tabuleiros
Costeiros.
Controle químico
Controle químico
·
Recomendam-se duas pulverizações quinzenais com
alternância de produtos (acaricida de contato ou sistêmico), dirigindo-se o
jato da pistola para os cachos de frutos das folhas nos 10 a 16.
Pragas secundárias
Cochonilha transparente
Aspidiotus destructor Signoret,
1869 (Homoptera: Diaspididae)
Características:

Adulto – inseto sugador; de corpo pequeno e arredondado e
com a coloração amarelo-alaranjada; a fêmea põe seus ovos e os distribuem em
volta de seu corpo e os recobre com uma escama cerosa semi-transparente;
abriga-se na face inferior dos folíolos, iniciando o ataque pela extremidade
das folhas mais velhas; macho alado.
Injúrias – na planta jovem a cochonilha causa clorose
seguida de secamento, parcial ou total, dos folíolos das folhas, a partir das
mais velhas, provocando a redução da área foliar, e, em conseqüência, atraso no
desenvolvimento da planta e retardo no início da produção do coqueiral,
afetando o rendimento da plantação. No coqueiro adulto, além das folhas causa
clorose também nas inflorescências e nos frutos, provocando abortamento de
flores femininas, queda prematura e depreciação do valor dos frutos no mercado
de coco verde.
Táticas de Controle:
Controle cultural e mecânico
·
Realizar a limpeza da copa das plantas,
procedendo-se a remoção e queima das folhas atacadas, dos pedúnculos dos cachos
colhidos, das espatas florais velhas e do ingaço.
Controle biológico
·
Várias espécies de joaninhas e vespas parasitóides
contribuem para o controle natural da praga, sendo necessário adotar medidas
que favoreçam a multiplicação e permanência destes agentes na plantação como, a
manutenção da cobertura no solo com plantas que forneçam flores em abundância.
Controle químico
·
Quando atingir o nível de controle determinado,
utilizar produtos químicos (Tabela 3) com baixa toxicidade aos inimigos
naturais da cochonilha.
·
Para mudas no viveiro recomenda-se o uso de
inseticidas granulados, que devem ser incorporado ao solo e distribuído ao
redor da planta numa distância de pelo menos 5cm.
·
Para alta infestação em plantas no campo deve-se
recorrer à pulverização localizada dos coqueiros infestados, mediante
aplicações quinzenais nas folhas ou nos frutos infestados até se constatar a
morte da cochonilha.
Pulgão-preto-do-coqueiro
Cerataphis lataniae Boisduval,
1867 (Homoptera: Aphididae)
Características:

Foto: Lindáurea Alves de Souza
Adulto - É um afídeo de forma circular, com diâmetro
variando entre 1,5mm e 2,0mm, preto, esférico e circundado por uma franja de
cera branca. De locomoção lenta, fixa-se em determinado ponto da planta para
sugar a seiva. Há ocorrência de forma alada que propicia a propagação da praga
na plantação. Excreta substâncias doces que atraem vespas, moscas e formigas.
As maiores populações são registradas na estação seca.
Injúrias - Em coqueiros jovens, provoca atraso no
desenvolvimento da planta, e conseqüentemente, retardo do início de produção.
Em coqueiros safreiros, provoca abortamento de flores femininas, queda de
frutos pequenos e/ou frutos em desenvolvimento. Em ambos os casos, observa-se a
ocorrência de fumagina na planta atacada. Os maiores danos do pulgão são
decorrentes do ataque à inflorescência em formação, retardando seu
desabrochamento. Esse tipo de ataque estimula a exploração das flores por
pequenos curculionídeos e microlepidópteros. Em coqueiro-anão o ataque desse
pulgão manifesta-se com mais severidade do que nas demais variedades.
Táticas de Controle:
Controle Químico
·
Em casos de alta incidência da praga pulverizar as
plantas infestadas com produtos sistêmicos. As pulverizações deverão ser
dirigidas para as folhas, incluindo as mais novas ou para as inflorescências
recém-abertas e cachos atacados.
Raspador-do-folíolo
Delocrania cossyphoides Guérin, 1844 (Coleoptera:
Chrysomelidae)
Características:

Larva – esbranquiçada, semitransparente e achatada, com
expansões laterais semelhantes a espinhos em cada segmento abdominal.
Adulto – besouro pequeno, de coloração
vermelho-clara, corpo achatado ventralmente, com bordos laterais prolongados
cobrindo as patas.
Injúrias – larvas e adultos alimentam-se raspando a
epiderme da face inferior dos folíolos das folhas mais novas, as quais secam e
adquirem coloração marrom-prateada. Ataques dessa praga são mais comuns em
coqueiros jovens, muito embora, danos severos possam também ocorrer em plantas
adultas. O secamento causado nos folíolos das folhas novas de uma planta jovem
provoca redução da área foliar, e, em conseqüência, atraso no desenvolvimento
da planta e retardo no início da produção do coqueiral. Na planta adulta, reduz
a produção chegando a anula-la completamente, ao tempo que predispõe a planta a
outros fatores que culminam em sua morte.
Táticas de Controle:
Controle químico
·
Quando atingir o nível de controle determinado,
utilizar produtos de contato ou sistêmicos dirigindo-se o jato da solução para
a face inferior dos folíolos das folhas danificadas. No caso de uso de produtos
sistêmicos, a colheita dos frutos para consumo in natura deve ser realizada no
mínimo 30 dias após a última aplicação do produto. Realizar aplicação
localizada somente para as plantas ou áreas altamente infestadas.
·
Em coqueirais safreiros, localizados em áreas
povoadas e de turismo, o uso de produtos sistêmicos deve ser feito com muita
cautela, sendo mais indicado o tratamento, via “injeção caulinar” ou “raiz”,
devendo a colheita dos frutos para consumo in natura ser realizada somente 90
dias após tratamento das plantas.
Broca-do-bulbo
Strategus aloeus (Linnaeus,
1758) (Coleoptera: Scarabaeidae)
Características:

Larva – esbranquiçada, mede 5,0 a 6,0cm de comprimento,
tem o abdômen abaulado e transparente na região posterior e três pares de patas
na região anterior. Desenvolve-se em madeiras em processo de decomposição.
Adulto – besouro castanho-escuro, com 6,0cm de
comprimento; possui hábito noturno e é atraído por fontes luminosas; cava um
buraco de aproximadamente 50cm de profundidade na área do coroamento da planta,
onde se abriga durante o dia. O macho possui na cabeça três chifres recurvados
para trás. A fêmea faz sua postura em madeiras em decomposição.
Injúrias – o adulto perfura o coleto de plantas
jovens, formando uma galeria ascendente em direção aos tecidos tenros da região
do meristema apical, que ao ser destruído provoca murchamento das folhas novas
e a morte da planta. Infestações severas ocorrem em áreas recém-desmatadas ou
próximo à elas e no início do período chuvoso.
Táticas de Controle:
Controle cultural
·
Remover e destruir todos os restos de madeira em
processo de decomposição dentro ou próximo da plantação.
·
Para restos de madeira enleirados dentro do
coqueiral recomenda-se o plantio localizado de leguminosas para ocultá-los.
·
Arrancar e destruir rapidamente as plantas
danificadas pela praga.
Controle mecânico
Controle mecânico
·
Retirar os insetos adultos do interior dos
orifícios feitos na planta ou no solo, com auxílio de arame grosso e de ponta
afiada e, em seguida eliminá-los manualmente.
Controle químico
·
Pulverizar ou polvilhar inseticida de contato
dentro dos orifícios feitos pelo inseto no solo ou no coleto da planta.
Outras pragas do coqueiro
Na Tabela 2, registra-se a ocorrência de outras pragas que são
encontradas na plantação causando menores prejuízos à cultura do coqueiro,
muito embora, também possam ocorrer, em algumas regiões de cultivo, em surtos
capazes de causar prejuízos econômicos.
Praga
|
Características
|
Injúrias/sinais
|
Lagarta
urticante
Automeris cinctistriga
|
mariposa
marrom-clara, com duas máculas negras nas asas posteriores; lagartas verdes
|
lagartas
causam desfolhamento e
atraso no desenvolvimento da planta
|
Lagarta
desfolhadora
Opsiphanes invirae
|
borboleta
marrom-avermelhada, com faixas alaranjadas nas asas; lagarta com cabeça
rosada e final do abdome em forma de cauda bífida
|
lagartas
causam desfolhamento e
atraso no desenvolvimento da planta
jovem
|
Lagarta
verde do coqueiro
Synale hylaspes
|
borboleta
preta, com manchas brancas nas asas;
lagarta verde coberta com pó branco e que fecha o folíolo para se proteger
|
lagartas
causam desfolhamento nas
plantas jovens
|
Inseto
rodilha
Hemisphaerota tristis
|
besouro
pequeno, esférico, azulado; larva se cobre com espiral avermelhada de
dejeções
|
adultos
e larvas danificam as folhas intermediárias e mais velhas
|
Minador
do folíolo
Taphrocerus cocois
|
besouro
pequeno, preto e com pontuações prateadas nas asas; larva se desenvolve entre
as duas faces do folíolo
|
Larvas
danificam folhas mais velhas e intermediárias
|
Vaquinha
do fruto
Himatidium neivai
|
Besouro
pequeno, vermelho brilhante, corpo achatado; larva branca, com pernas
escondidas
|
adulto
e larva raspam a superfície de frutos grandes, que fica amarronzada
|
Cupins
Heterotermes sp.
Nasutitermes sp.
|
Insetos
amarelados que vivem em colônias e se alimentam de madeira viva ou seca;
formam ninhos no solo e depois no coqueiro broqueado
|
atacam
mudas no viveiro e plantas jovens; penetram no coleto e causam secamento das
folhas e da flecha
|
Formigas
saúvas
Atta cephalotes
A. laevigatta
A. sexdens sexdens
|
Formigas
avermelhadas, com três pares de espinhos no dorso; cortam plantas e carregam
folhas para ninho para o cultivo do fungo que lhe serve de alimento; ninho
com terra solta
|
provocam
desfolhamento parcial ou total das plantas jovens, ocasionando atraso no seu
desenvolvimento
|
Gafanhoto
do coqueiroEutropidacris cristata
|
Mede
11cm de comprimento, asas anteriores verde-pardacentas e asas posteriores
azuladas
|
causa
desfolhamento do coqueiro
|
Esperança
|
Cinza-amarronzada,
com antenas muito longas, fêmeas com grande ovipositor, hábito noturno
|
perfuram
as flores femininas e os frutos geralmente nas lesões causadas pelo ácaro da
necrose
|
Tripes
|
Inseto
muito pequeno, alongado, preto, com faixa longitudinal prateada no dorso
|
raspam
a superfície dos frutos que adquirem uma coloração prateada
|
Ácaro
vermelhoTetranychus mexicanus
|
Não
visível a olho nu, vive em colônias sob teias de seda na epiderme inferior do
folíolo
|
causa
descoloração e bronzeamento nas folhas mais velhas do coqueiro
|
Ácaro
da folhaRetracrus johnstoni
|
Microscópico,
região anterior do corpo mais larga e a posterior mais afilada, cor amarelada
e com excrescências brancas; vive no folíolo
|
provoca
manchas cloróticas visíveis em ambos lados do folíolo, evoluindo para manchas
ferruginosas
|
Tabela 2. Outras pragas associadas ao coqueiro.
Inseticidas
e acaricidas usados para controle das pragas do coqueiro
A crescente demanda pela proteção ambiental tem sinalizado para a adoção
de métodos alternativos de controle de pragas no que se refere a proteção das
colheitas, sem contudo, excluir a utilização dos produtos químicos, desde que,
utilizados de forma racional e de preferência, orientado por técnicos do setor.
Inseticidas e acaricidas, mais comumente, usados para controlar a ação das
pragas na cultura do coqueiro são apresentados na tabela 3, onde estão
indicados os grupo químicos, as classes toxicológica e ambiental ao qual
pertencem, a praga-alvo a que se destinam e a situação referente ao registro de
cada um deles para uso. Vale observar que poucos são os produtos oficialmente
registrados no Brasil para uso em coqueiro, muito embora, inúmeros trabalhos de
pesquisa tenham demonstrado, ao longo dos anos, a eficiência de várias
moléculas no controle de ácaros, brocas, raspadores, sugadores, entre outros.
Importante advertência se faz ao uso de produtos clorados ou com moléculas de
cloro, a despeito dos resultados satisfatórios alcançados pela pesquisa. Convém
alertar que produtos dessa natureza estão proibidos em quase todo o mundo,
inclusive no Brasil, pelo Ministério de Agricultura e do Abastecimento, em
publicação no Diário Oficial da União, de 20 de fevereiro de 1987, por se
tratar de produtos extremamente perigosos para o homem e para o meio ambiente.
Nome técnico
|
Grupo químico
|
Modo de ação
|
Quant. de I.a./10 lt água
|
Praga-alvo
|
Classes toxicológica e ambiental
|
Situação de Registro
|
Abamectin
|
Avermectina
|
de contato e ingestão
|
-
|
ácaro da necrose ,ácaro da mancha
anelar
|
III / I
|
não
|
Carbofuran
|
Carbamato
|
Sistêmico
|
-
|
broca do olho
|
I / II
|
não
|
Carbosulfan
|
Carbamato
|
Sistêmico
|
2 g
|
broca da coroa foliar
|
II/II
|
sim
|
Carbosulfan
|
Carbamato
|
Sistêmico
|
ácaro da necrose
|
II / II
|
não
|
|
-
|
ácaro da mancha anelar, traça dos
frutos novos,gorgulho das flores e frutos, raspador do folíolo
|
|||||
Azocyclotin
|
Organoestânico
|
de contato
|
-
|
ácaro da mancha anelar
|
I / I
|
não
|
Bacillus thuringiensis
|
Inseticida biológico
|
de ingestão
|
0,32 g
|
lagarta das folhas e outras
|
IV / I
|
sim
|
Bifenthrin
|
Piretróide
|
de contato e ingestão
|
-
|
ácaro da mancha anelar
|
III / III
|
não
|
Carbaryl
|
Carbamato
|
de contato e ingestão
|
lagarta das folhas e outras, raspador
do folíolo, broca do bulbo, broca da coroa foliar
|
III / II
|
não
|
|
Chlorfenapyr
|
Análogo de pirazol
|
de contato e ingestão
|
-
|
ácaro da mancha anelar
|
III / II
|
não
|
Cyhexatin
|
Organoestânico
|
de contato
|
-
|
ácaro da mancha anelar
|
III / II
|
não
|
Diafentiuron
|
Feniltiouréia
|
de contato e ingestão
|
-
|
ácaro da mancha anelar
|
I / II
|
não
|
Dimetoato
|
Organofosforado
|
Sistêmico
|
-
|
cochonilha transparente
|
I/II
|
|
Enxofre
|
Inorgânico
|
de contato
|
-
|
ácaro da necrose, ácaro da mancha
anelar
|
IV / IV
|
não
|
Fenpropathrin
|
Piretróide
|
de contato e ingestão
|
-
|
ácaro da mancha anelar
|
I / II
|
não
|
Fenpyroximate
|
Pirazol
|
de contato
|
-
|
ácaro da necrose, ácaro da mancha
anelar
|
II / I
|
solicitado
|
Hexythiazox
|
Triazolidinacarbo
|
de contato e ingestão
|
-
|
ácaro da necrose
|
III / ?
|
não
|
xamida
|
||||||
Lufenuron
|
Benzoiluréia
|
Ingestão
|
-
|
ácaro da mancha anelar
|
IV / II
|
não
|
Malathion
|
Organofosforado
|
de contato e ingestão
|
7,5 g*
|
cochonilha transparente
|
III / ?
|
sim
|
Malathion
|
Organofosforado
|
de contato e ingestão
|
broca do estipe, broca do pedúnculo
floral, broca do bulbo, raspador do folíolo
|
III / ?
|
não
|
|
Metil paration
|
Organofosforado
|
de contato e ingestão
|
barata do coqueiro, raspador do
folíolo, broca do bulbo, broca do estipe
|
II/II
|
não
|
|
Monocrotofós
|
Organofosforado
|
sistêmico, de contato e
ingestão
|
ácaro da necrose, broca da coroa
foliar, ácaro da mancha anelar
|
II/I
|
não
|
|
Pyridaben
|
Piridazinona
|
de contato
|
-
|
ácaro da mancha anelar
|
I / I
|
não
|
óleo vegetal
|
Ésteres de ácidos graxos
|
de contato
|
100 mL
|
cochonilha transparente, pulgão
|
IV / IV
|
sem restrição
|
óleo mineral
|
Hidrocarbonetos alifáticos
|
de contato
|
100 mL
|
cochonilha transparente, pulgão
|
IV / III
|
sem restrição
|
Tetradifon
|
Organofosforado
|
de contato
|
-
|
ácaro da necrose, ácaro da mancha
anelar
|
III / ?
|
solicitado
|
Trichlorfon
|
Organofosforado
|
de contato e ingestão
|
20,8 g
|
lagarta das folhas
|
II/?
|
sim
|
Trichlorfon
|
Organofosforado
|
de contato e ingestão
|
falsa barata, raspador do folíolo e
traça dos frutos
|
II / ?
|
não
|
Fonte:
FERREIRA (2002).
1Classe
toxicológica: I – extremamente tóxico, faixa vermelha; II – altamente tóxico,
faixa amarela; III – medianamente tóxico, faixa azul; IV – pouco tóxico, faixa
verde.
Classe ambiental: I – produto altamente perigoso; II – muito perigoso; III – produto perigoso; IV – produto pouco perigoso. Fonte: Agrofit (2002).
i.a. – ingrediente ativo.
Classe ambiental: I – produto altamente perigoso; II – muito perigoso; III – produto perigoso; IV – produto pouco perigoso. Fonte: Agrofit (2002).
i.a. – ingrediente ativo.
adicionar
100mL de óleo mineral na calda.
Normas
gerais para uso de defensivos agrícolas na cultura do coqueiro
Com a promulgação da Lei Nº 7.802, em 11 de julho de 1989,
regulamentada pelo Decreto 98.816, de 11 de janeiro de 1990, pode-se dizer
que o Brasil deu o passo definitivo no sentido de alinhar-se com as
exigências de qualidade para produtos agrícolas em âmbito doméstico e
internacional. É importante notar que a Lei Nº 7.802/89 estabelece como
competência privativa da União, legislar sobre o registro, comércio
interestadual, a exportação, a importação, o transporte, a classificação, o
controle tecnológico e toxicológico, bem como analisar os produtos
agrotóxicos, seus componentes e afins, nacionais e importados.
Por outro lado, aos Estados compete legislar sobre o uso e juntamente
com a União, sobre a produção, o comércio e o armazenamento, bem como
fiscalizar o uso, o consumo, o comércio, o armazenamento e o transporte
interno. Os produtos fitossanitários e afins passaram a ser comercializados
obrigatoriamente mediante a apresentação, pelo usuário, de receituário
agronômico próprio prescrito por profissional de nível superior legalmente
habilitado. Amparados na nova legislação, o Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento, o Ministério da Saúde e o IBAMA, em suas áreas de
competência, estabeleceram normas e aperfeiçoaram mecanismos específicos
destinados a garantir ao consumidor a qualidade dos produtos, seus
componentes e afins, tendo em vista a identidade, atividade, pureza e
eficácia, além de medidas necessárias à preservação ambiental.
É importante destacar-se que a Lei trouxe responsabilidades para todos
os envolvidos no setor. O artigo 72, por exemplo, trata das responsabilidades
administrativas, civil e penal, nos casos previstos na Lei, que recairão
sobre:
I – O registrante que omitir informações ou fornecê-las
incorretamente;
II – O produtor de agrotóxico que produzir em desacordo com as
especificações do Registro;
III – O profissional que receitar a utilização de agrotóxico de forma
errada, displicente ou indevida;
IV – O comerciante que efetuar venda de agrotóxico sem receita ou em
desacordo com a mesma; o produtor consequentemente não pode utilizar estes
defensivos sem o receituário agronômico expedido por um agrônomo ou por um
técnico agrícola desde que supervisionado por um Eng.º Agrônomo ou Eng.º
Florestal (Resolução CONFEA N.º 344, 27-07-90).
V – O empregador que não fornecer ou não fizer a manutenção dos
equipamentos de proteção individual – EPI – ou proceder à manutenção dos
equipamentos de aplicação;
VI – O usuário ou prestador de serviço que utilizar agrotóxicos em
desacordo com a receita. As doses prescritas não podem, portanto, ser
alteradas.
É muito importante que todos os integrantes da cadeia produtiva do coco atentem para os cuidados que se deve ter ao manejar defensivos agrícolas. Os produtores envolvidos na produção integrada do coco devem considerar, em especial o armazenamento, o manuseio (uso de equipamentos de proteção), a aplicação e estar alerta para os cuidados a serem seguidos no caso de acidentes.
Antes de tudo é importante sempre observar a classe toxicológica
indicada pela tarja contida nas embalagens para se ter consciência do nível
de risco do produto que se está manipulando:
I – tarja vermelha – extremamente tóxico
II – tarja amarela – muito tóxico
III – tarja azul – moderadamente tóxico
IV – tarja verde – pouco tóxico
Requisitos para o armazenamento
Os locais destinados a servir de depósitos para o armazenamento de
defensivos devem reunir as seguintes condições:
· Ter boa
ventilação e estarem devidamente cobertos de maneira a protegerem os produtos
contra as intempéries;
· Estar
situado o mais longe possível de habitações ou locais onde se conservem ou
consumam alimentos, bebidas, drogas ou outros materiais, que possam entrar em
contato com pessoas ou animais;
· Contar com
as facilidades necessárias para que no caso de existirem tipos de produtos
para uso agrícola possam ficar separados e independentes, especialmente no
caso de herbicidas;
· Contar com
condições necessárias para que sejam considerados uns locais asseados e
livres de contaminações.
· Para o
armazenamento das embalagens dentro do depósito, deve-se tomar os seguintes
cuidados:
· As
embalagens devem ser colocadas utilizando-se qualquer sistema que evite o
contato direto com o piso de depósito, quando possa haver perigo de
umedecimento ou corrosão na base;
· As
embalagens para líquidos devem ser armazenadas com o fecho ou fechos para
cima;
· Salvo
indicação em contrário, para um produto em particular, recomenda-se que o
número de camadas resultantes do empilhamento de embalagens não exceda ao
especificado a seguir:
1. Sacos: Pilhas por estrado (1,20 x 1,20m) de aproximadamente uma tonelada ou de 45 sacos. Se não forem de plástico, deve-se dar tratamento antideslizante; 2. Baldes: Colocá-los sobre estrados de madeira. Não colocar mais que quatro baldes um sobre o outro; 3. Tambores de 20-60 litros: Empilhar em estrados de madeira. Não colocar mais que duas camadas por estrado; 4. Tambores de 115-210 litros: Não devem colocar um tambor cheio sobre o outro. Empilhar em estrados com no máximo quatro tambores. Rodá-los o menos possível.
· Os
tambores ou embalagens de forma semelhante não devem ser colocados
verticalmente sobre outros que se encontrem horizontalmente e vice-versa.
Atenção!: Embalagens vazias não podem ser descartadas. Devem ser armazenadas novamente para que sejam recolhidas pelo fabricante, revendedores ou conforme instruções do governo local, seja a nível municipal ou estadual.
Instruções básicas para aplicação de defensivos
·
Leia e siga as instruções do rótulo, em
consonância com o receituário agronômico;
·
Mantenha o produto afastado de crianças e animais
domésticos;
·
Evite comer, beber ou fumar durante o manuseio ou
aplicação do produto;
· Mantenha o
produto afastado de alimentos ou de ração animal;
· Não
contamine lagos, fontes, rios e demais coleções de água, lavando as
embalagens ou aparelhagem aplicadora, bem como lhes lançando seus restos;
·
Mantenha a embalagem original sempre fechada e em
lugar seco e ventilado;
· Separe as
embalagens do produto, em local protegido para posterior recolhimento por
parte do fabricante ou conforme a orientação da prefeitura do seu município;
·
Mantenha afastado das áreas de aplicação:
crianças, animais domésticos e pessoas desprotegidas por um período de 7 dias
após aplicação do produto;
·
Não utilize equipamentos com vazamentos;
·
Não desentupa bicos, orifícios, válvulas,
tubulações, etc., com a boca;
·
Não aplicar defensivos quando houver ventos
fortes, nem aplicar contra o sentido do vento;
· Após a
utilização do produto remova as roupas protetoras e tome banho;
·
Não dê nada por via oral a uma pessoa
inconsciente, que tenha aplicado um produto;
·
Distribua o produto diretamente da própria
embalagem, sem contato manual;
·
Procure imediatamente assistência médica em
qualquer caso de suspeita de intoxicação;
·
Aplique somente as doses recomendadas, de
conformidade com o receituário;
·
Não distribua o produto com as mãos
desprotegidas; use EPIs (equipamentos de proteção individual).
Instruções para manutenção e lavagem de pulverizadores
A manutenção e limpeza dos aparelhos que aplicam defensivos devem ser
realizadas ao final de cada dia de trabalho ou a cada recarga com outro tipo
de produto, tomando os seguintes cuidados:
·
Colocar os EPIs recomendados;
·
Após o uso, certificar de que toda a calda do
produto foi aplicada no local recomendado;
·
Junto com a água de limpeza, colocar detergentes
ou outros produtos recomendados pelos fabricantes;
·
Repetir o processo de lavagem com água e com o
detergente por no mínimo, mais duas vezes;
·
Desmontar o pulverizador, removendo o gatilho,
molas, agulhas, filtros e ponta, colocando-os em um balde com água;
·
Limpar também o tanque, as alças e a tampa, com
esponjas, escovas e panos apropriados;
·
Certificar-se de que o pulverizador está
totalmente vazio;
· Verificar
se a pressão dos pneus é a correta, se os parafusos de fixação apresentam
apertos adequados, se a folga das correias é a conveniente etc.;
·
Verificar se há vazamento na bomba, nas conexões,
nas mangueiras, registros e bicos, regulando a pressão de trabalho para o
ponto desejado, utilizando-se somente a água para isso;
·
Destravar a válvula reguladora de pressão, quando
o equipamento estiver com a bomba funcionando sem estar pulverizando. O mesmo
procedimento deverá ser seguido nos períodos de inatividade da máquina;
· No preparo
da calda, utilizar somente água limpa, sem materiais em suspensão,
especialmente areia;
·
Regular o equipamento, sempre que o gasto de
calda variar de 15% em relação ao obtido com a calibração inicial;
·
Trocar os componentes do bico sempre que a sua
vazão diferir de 5% da média dos bicos da mesma especificação.
Equipamentos de proteção (EPIs) para uso durante
a aplicação de defensivos
·
Luvas, botas, galocha de borracha natural;
·
Chapéus, camisas de mangas compridas, calça de
tecido pouco absorvente (colocada por cima do cano da bota), avental
impermeável
·
Máscara tipo cartucho para pós e partículas
líquidas em suspensão no ar;
·
Máscara tipo facial completa, contra gases de
alta concentração na atmosfera;
·
Após sua utilização, todo e qualquer equipamento
de proteção deverá ser recolhido, descontaminado, cuidadosamente limpo e
guardado;
· Se alguma
pessoa for vítima de contaminação pela pelo ou apresentar sintomas de
intoxicação por inalação, retirá-la imediatamente da área contaminada e
seguir instruções de PRIMEIROS SOCORROS.
Primeiros socorros
·
Em caso de ingestão acidental, procure
imediatamente assistência médica, levando a embalagem ou rótulo do produto,
se possível;
·
Em caso de inalação ou aspiração acidental do
produto, remova imediatamente o paciente para local arejado e chame logo o
médico;
· Em caso de
ocorrer contato com a pele, lave as partes atingidas imediatamente com água e
sabão em abundância e procure logo o médico, levando a embalagem ou o rótulo
do produto;
Em caso de ocorrer o contato com os olhos, lave-os imediatamente com
água corrente, durante 15 minutos e procure um médico, levando a embalagem ou
rótulo do produto.
Colheita
e pós-colheita do coco
Colheita
O ponto ideal de colheita do fruto está associado a diversos indicadores
relacionados à planta, ao fruto e às características de produção. Depende
também de determinadas propriedades química e sensorial, ligadas aos aspectos
nutritivos, alimentares e de saúde humana. Os frutos dos coqueiros anão e
híbrido destinados ao consumo in natura de água de coco devem ser colhidos,
principalmente, entre o sexto e o sétimo mês, após a abertura natural da
inflorescência. Nessa idade ocorrem os maiores valores para peso de fruto e
produção de água de coco, teores de frutose, glicose e grau brix e sais
minerais, principalmente potássio, os quais, conferem melhor sabor à água de
coco. A água proveniente de frutos com idade em torno de cinco meses, é menos
doce (menores teores de glicose e frutose e menor grau brix), enquanto na dos
frutos com oito meses de idade, já ocorrem quedas nos teores de glicose e
frutose e no grau brix, e aumento no teor de sacarose e provavelmente no de
gordura, ocasionando um sabor rançoso a água de coco.
Apesar de existirem outros métodos, o processo mais comum para se colher
os frutos verdes nas idades de seis a sete meses é a contagem do número de
folhas. Os cachos com frutos nas idades de 6 e 7 meses estão normalmente nas
folhas 17 a 19 na época do verão (época seca com temperaturas elevadas) e 18 a 20
na época do inverno (época de chuva com temperaturas mais amenas),
respectivamente. Isto porque o intervalo de abertura das inflorescências do
coqueiro é menor no verão (Ex. anão-intervalo médio de 18,4 dias) em relação ao
período do inverno (Ex. anão-intervalo médio de 23,9 dias).
O coco para consumo in natura na culinária ou para uso agroindustrial na
fabricação de alimentos, deve ser colhido com onze a doze meses, isto é, frutos
maduros. Estes frutos apresentam cor castanha, com manchas verdes e pardas
irregulares, com peso inferior ao coco verde. Para a produção de alimentos
“light” em gordura recomenda-se utilizar a polpa do coqueiro anão por possuir
menos da metade do teor de gordura em relação à polpa dos coqueiros gigante e
híbrido.
Geralmente os cachos de coco verde são colhidos manualmente com o
auxílio de um facão, uma corda contendo um gancho, utilizado para amarrar e
descer o cacho, e uma escada, quando os cachos se encontram na parte alta da
planta. A colheita é feita com o auxílio de dois operadores, um para cortar e
outro para segurar e descer o cacho. Deve-se evitar o impacto do fruto verde
sobre o solo, tendo em vista os problemas relacionados com a rachadura do seu
endocarpo, comprometendo assim a qualidade da água de coco. No caso de coqueiros
da variedade gigante, a colheita do coco seco é realizada trimestralmente,
sendo em média colhido três cachos por planta, podendo um homem colher em 60
plantas/dia. O operador deve subir até a copa do coqueiro, utilizando peias de
couro e/ou nylon, e com o auxílio de um facão, cortar o pedúnculo do cacho
deixando com que o mesmo caia sobre o solo, uma vez que, em se tratando do coco
seco, não tem se verificado o problema de rachadura do endocarpo como ocorre no
caso do coco anão.
Pós-Colheita
Após a colheita, os cachos de coco verde devem ser deixados à sombra até
o momento de serem transportados para o galpão ou levados diretamente para os
caminhões que farão a distribuição do produto no mercado.
Os cachos devem ser retirados do pomar com o auxílio de carretas
tracionadas por trator ou animal e estas devem ser rebaixadas para facilitar a
operação de colocação dos cachos.
Antes de serem transportados, e independentemente do mercado a que se
destinam, os cachos passam por uma toalete para a retirada de frutos pequenos e
fora do padrão, tais como manchas de ácaro acima de 25% da área total e/ou
ataque de broca.
Os cocos secos devem ser transportados também para as proximidades do
galpão, para serem descascados. Normalmente um homem descasca em média 1.500
frutos por dia. Os cocos secos devem ser armazenados em galpão arejado e
ventilado, para evitar a quebra do endocarpo do fruto ocasionado por altas
temperaturas.
Para a comercialização do coco verde não existe uma forma de
apresentação para o produto. Na maioria das vezes o coco-verde é comercializado
a granel por unidade ou no cacho, o que vai depender da região de destino. Com
exceção da Região Sul, onde alguns compradores exigem que os cocos sejam
retirados dos cachos e acondicionados em sacos trançados de polipropileno de
20kg, o coco é comercializado no cacho, uma vez que permite maior conservação
dos frutos à temperatura ambiente.
A qualidade da água é extremamente afetada pelo tempo decorrente entre a
colheita e o consumo final. É recomendado o transporte do fruto em caminhões do
tipo baú e de preferência refrigerados, entretanto como isso ainda não é
possível é necessário alguns cuidados para prolongar a vida útil dos frutos,
tais como:
·
Os frutos (cachos) devem ser manuseados com cuidado
e o transporte efetuado o mais rápido possível, em veículos cobertos com lonas
de cor clara de forma a reduzir a temperatura. Tendo em vista que a pressão da
água-de-coco situa-se em torno de 5atm, a temperatura elevada é considerada
prejudicial à manutenção da sua qualidade, favorecendo o aparecimento de
rachaduras na casca.
·
Deve-se ainda forrar o caminhão com palha ou
serragem para evitar danos mecânicos aos frutos das camadas inferiores.
·
Não sendo possível o transporte logo após a
colheita, recomenda-se que os cachos sejam armazenados em galpão fresco, bem
arejado e seco, por, no máximo dois dias.
·
Se o mercado exigir o fruto a granel por unidade,
proceder à retirada dos frutos do cacho com o auxílio de uma tesoura de poda,
tomando o cuidado para não arrancar o pedúnculo e o cálice floral, estruturas
que formam uma proteção natural contra a entrada de fungos e bactérias que
deterioram a água.
·
Recomenda-se que os frutos cheguem ao distribuidor
no prazo máximo de três dias após a colheita.
Na maioria das vezes o fruto exige armazenamento no local de consumo, em
virtude da própria característica de regionalização da cultura e de
peculiaridades do consumo da água-de-coco (ao natural ou industrializada). Os
cocos ao chegarem ao distribuidor ou à unidade de processamento, deverão passar
por uma inspeção, para a retirada de frutos passados, rachados e com lesões
causadas por ácaros, fungos e em início de deterioração e devem ser armazenados
ainda nos cachos, em galpões telados, com boa ventilação, evitando-se a
exposição aos raios solares e a temperaturas elevadas. Quando armazenados à
temperatura ambiente, acima de 20ºC os cocos devem ser consumidos ou
processados no período máximo de 10 dias após a colheita. Em câmara fria a 12ºC
esse período pode ser prolongado por mais 15 a 20 dias, após o qual iniciam os
processos de deterioração que comprometem, principalmente, a acidez da água.
Para o mercado externo
estão sendo desenvolvidos estudos visando determinar a melhor forma de
embalagem, redução do peso pela remoção de parte do mesocarpo, envolvimento com
filmes de PVC e embalagem à vácuo.
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