30 de jan. de 2012



A cultura da mandioca
Luciano da Silva Souza

Josefino de Freitas Fialho

Importância Econômica

          O Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de mandioca (12,7% do total). Cultivada em todas as regiões, tem papel importante na alimentação humana e animal, como matéria-prima para inúmeros produtos industriais e na geração de emprego e de renda. Estima-se que, nas fases de produção primária e no processamento de farinha e fécula, são gerados um milhão de empregos diretos e que a atividade mandioqueira proporciona receita bruta anual equivalente a 2,5 bilhões de dólares e uma contribuição tributária de 150 milhões de dólares; a produção que é transformada em farinha e fécula gera, respectivamente, receitas equivalentes a 600 milhões e 150 milhões de dólares.
Em função do tipo de raiz a mandioca pode ser classificada em: 1) de “mesa” - é comercializada na forma in natura; e 2) para a indústria, transformada principalmente em farinha, que tem uso essencialmente alimentar, e fécula que, junto com seus produtos derivados, têm competitividade crescente no mercado de amiláceos para a alimentação humana, ou como insumos em diversos ramos industriais tais como o de alimentos embutidos, embalagens, colas, mineração, têxtil e farmacêutica (Fig. 1).

          A produção nacional da cultura projetada pela CONAB para 2002 será de 22,6 milhões de toneladas de raízes, numa área plantada de 1,7 milhões de hectares, com rendimento médio de 13,3 t/ha. Dentre os principais estados produtores destacam-se: Pará (17,9%), Bahia (16,7%), Paraná (14,5%), Rio Grande do Sul (5,6%) e Amazonas (4,3%), que respondem por 59% da produção do país. A Região Nordeste sobressai-se com uma participação de 34,7% da produção nacional, porém com rendimento médio de apenas 10,6 t/ha; as demais regiões participam com 25,9% (Norte), 23,0% (Sul), 10,4% (Sudeste) e 6,0% (Centro-Oeste). As Regiões Norte e Nordeste destacam-se como principais consumidoras, sob a forma de farinha. No Sul e Sudeste, com rendimentos médios de 18,8 t/ha e 17,1 t/ha, respectivamente, a maior parte da produção é para a indústria, principalmente no Paraná, São Paulo e Minas Gerais.


Figura 1. Potencialidades de uso do amido no Brasil.

          No período de 1975 a 2000, a área plantada com mandioca diminuiu em todo o Brasil, em média 0,7% ao ano, passando de 2,0 milhões de hectares no início do período para 1,7 milhões de hectares, com reflexo de queda na produção de 0,5% ao ano, ou seja, saindo da casa 26,1 milhões para 23,0 milhões de toneladas, nesse mesmo período. A Região do Cerrado, que ocupa 24% do território nacional (Fig. 2), também acompanhou essa mesma tendência, só com queda mais significativa, 1,9% ao ano; portanto, a área cultivada passou de 311.125 hectares, em 1975, para 191.218 hectares, em 2000.
          Essa retração da área traduziu-se em queda de 2,0% ao ano na produção do Cerrado, ou seja, saiu dos 3,9 milhões de toneladas, em 1975, para 2,4 milhões de toneladas, em 2000. Em 1975, essa região participava com 15% da produção nacional, chegando a apenas 8% em 1996 e passando para a casa dos 10% em 2000. A produtividade da cultura é variável e depende da fertilidade do solo (natural ou com adubação), da variedade cultivada, da idade da cultura, dos tratos culturais, do estado fitossanitário da lavoura. Historicamente, o Brasil tem produzido 12,3 t/ha, e a Região do Cerrado 11,3 t/ha, ou seja, 8% inferior à produtividade nacional.
          O consumo per capita mundial de mandioca e derivados, em 1996, foi de 17,4 kg/hab/ano, sendo de 50,6 kg/hab/ano no Brasil. Os países da África destacam-se nesse aspecto; a República Democrática do Congo, República do Congo e Gana apresentaram, respectivamente, valores de 333,2, 281,1 e 247,2 kg/hab/ano.
          O mercado internacional da mandioca, sem considerar o comércio interno na União Européia, movimentou até 1993, em média/ano, cerca de 10 milhões de toneladas de produtos derivados ("pellets" e farinha de soja/mandioca), sendo equivalente a mais de 1 bilhão de dólares. A produção brasileira de mandioca é praticamente consumida no mercado interno, com menos de 0,5% da produção nacional sendo exportados nos últimos 10 anos.
Figura 2. Distribuição dos Cerrados, incluídas as áreas de transição com outras formações.

          Nos anos de 2000 e 2001, o Brasil exportou, em média, 13,1 milhões de toneladas de fécula de mandioca, produzindo uma receita de 3,3 milhões de dólares. Um total de 79,9% do exportado foi para a Venezuela (31,4%), Argentina (26,8%), Colômbia (10,7%), Uruguai (6,2%) e Estados Unidos (4,8%). De toda a fécula exportada, 6,2% são provenientes da Região do Cerrado. Na forma de raiz de mandioca fresca, resfriada, congelada ou seca, o Brasil exportou em média, nesse período, o equivalente a 361 toneladas e obteve receita da ordem de 195 mil dólares. Os países que mais compram, 79,5% das exportações, são: Reino Unido (40,2%), Estados Unidos (14,0%), França (13,0%) e Japão (12,3%). De toda a raiz exportada, 2,4% tiveram sua procedência da Região do Cerrado: Estados da Bahia e Goiás.

          A Região de Cerrados no Brasil, com área de 274 milhões de hectares e características de Savanas, é de fundamental importância para a agricultura brasileira e representa um dos principais centros de dispersão da cultura da mandioca. Tem grande potencial para produção de alimentos, entretanto, seus solos inférteis e a ocorrência de veranicos requerem sistemas de produção adequados, que possibilitem a sua exploração de forma racional e econômica. A mandioca é uma das culturas mais indicadas para a região, devido seu alto potencial de produção, ser de baixo risco, pouco exigente em insumos e tolerantes à acidez e ao alumínio tóxico. Entretanto, alguns problemas básicos relativos aos sistemas de produção tem sido evidenciados. As baixas produtividades da cultura na região são devidas principalmente à utilização de variedades não selecionadas e à ocorrência de pragas e doenças. Por tratar-se de uma cultura de ciclo bianual, a mandioca está sujeita a diversos ataques de insetos e ácaros, alguns classificados como pragas de maior importância que podem causar danos severos à cultura e resultar em perdas no rendimento. Apesar desse potencial, estima-se que, atualmente, cerca de apenas 10% da área plantada e de 10% da produção nacional da mandioca estão localizados na Região dos Cerrados, e com produtividade média de 14 t/ha.

Clima

          A mandioca é cultivada entre 30 graus de latitudes Norte e Sul, embora sua concentração de plantio esteja entre as latitudes 15oN e 15oS. Suporta altitudes que variam desde o nível do mar até cerca de 2.300 metros, sendo regiões baixas ou com altitude de até 600 a 800 metros as mais favoráveis.
          A faixa ideal de temperatura situa-se entre 20 a 27oC (média anual). As temperaturas baixas, em torno de 15oC, retardam a germinação e diminuem ou mesmo paralisam sua atividade vegetativa, entrando em fase de repouso.
          A faixa mais adequada de chuva é entre 1.000 a 1.500 mm/ano, bem distribuídos. Em regiões tropicais, a mandioca produz em locais com índices de até 4.000 mm/ano, sem estação seca em nenhum período do ano; nesse caso, é importante que os solos sejam bem drenados, pois o encharcamento favorece a podridão de raízes. É também muito cultivada em regiões semi-áridas, com 500 a 700 mm de chuva por ano ou menos; nessas condições, é importante adequar a época de plantio, para que não ocorra deficiência de água nos primeiros cinco meses de cultivo, o que prejudica a produção; a deficiência de água após os primeiros cinco meses de cultivo, quando as plantas já formaram suas raízes de reserva, não causa maiores reduções na produção.
         O período de luz ideal está em torno de 12 horas/dia. Dias com períodos de luz mais longos favorecem o crescimento de parte aérea e reduzem o desenvolvimento das raízes de reserva, enquanto que os períodos diários de luz mais curtos promovem o crescimento das raízes de reserva e reduzem o desenvolvimento dos ramos.

Solos

          Como o principal produto da mandioca são as raízes, ela necessita de solos profundos e friáveis (soltos), sendo ideais os solos arenosos ou de textura média, por possibilitarem um fácil crescimento das raízes, pela boa drenagem e pela facilidade de colheita. Os solos muito argilosos devem ser evitados, pois são mais compactos, dificultando o crescimento das raízes, apresentam maior risco de encharcamento e de apodrecimento das raízes e dificultam a colheita, principalmente se ela coincide com a época seca. Os terrenos de baixada, com topografia plana e sujeitos a encharcamentos periódicos, são também inadequados para o cultivo da mandioca, por provocarem um pequeno desenvolvimento das plantas e o apodrecimento das raízes. É importante observar o solo em profundidade, pois a presença de uma camada argilosa ou compactada imediatamente abaixo da camada arável pode limitar o crescimento das raízes, além de prejudicar a drenagem e a aeração do solo.
          Com relação à topografia, deve-se buscar terrenos planos ou levemente ondulados, com declividade menor que 5%, podendo ir até 10%. Em ambos os casos, deve-se utilizar práticas conservacionistas do solo, pois os plantios de mandioca estão sujeitos a acentuadas perdas de solo e água por erosão.
          A faixa favorável de pH é de 5,5 a 7, sendo 6,5 o ideal, embora a mandioca seja menos afetada pela acidez do solo do que outras culturas. Ela produz muito bem em solos de alta fertilidade, embora rendimentos satisfatórios sejam obtidos em solos degradados fisicamente e com baixos teores de nutrientes, onde a maioria dos cultivos tropicais não produziria satisfatoriamente. Os solos de cerrado, desde que melhorados por calagem e adubações oferecem condições ótimas ao cultivo da mandioca.

Preparo do solo
          Além do controle do mato, o preparo do solo visa melhorar as suas condições físicas para a brotação das manivas e crescimento das raízes e, conseqüentemente, das partes vegetativas, pelo aumento da aeração e infiltração de água e redução da resistência do solo ao crescimento radicular.
          Se for necessário desmatamento e destoca para a instalação do mandiocal, quando feitos mecanicamente deve-se evitar muita movimentação da camada superficial do solo, pela desestruturação que causa compactação, além de remover a matéria orgânica; quando feitos manualmente, no caso de áreas para pequenos plantios, esses problemas são mínimos. Em ambos os casos, deve-se deixar faixas de vegetação natural na área, bem como efetuar o enleiramento em nível (“cortando” as águas) dos restos vegetais que não apresentem valor econômico e que não justifiquem a sua retirada do terreno desmatado.
          O preparo do solo deve ser o mínimo possível, apenas o suficiente para a instalação da cultura e para o bom desenvolvimento do sistema radicular, e sempre executado em curvas de nível, orientação esta que também deve ser seguida no plantio. A aração deve ser na profundidade de 40 cm e, 30 dias depois, executadas duas gradagens em sentido cruzado, a segunda em curva de nível, deixando-se o solo bem destorroado para ser sulcado e plantado.      Nos plantios em fileiras duplas pode-se executar o preparo do solo apenas nas linhas duplas de plantio. No caso de pequenos produtores, o preparo do solo manual restringe-se à limpeza da área, coveamento e plantio.
          Vale lembrar que o solo deve ser revolvido o mínimo possível, devendo ser preparado nem muito úmido e nem muito seco, com umidade suficiente para não levantar poeira e nem aderir aos implementos; além disso, deve-se alternar o tipo de implemento (por exemplo, arado de discos, arado de aiveca etc.) e a profundidade de trabalho, usando máquinas e implementos menos pesados possíveis, acompanhar as curvas de nível do terreno e deixar o máximo de resíduos vegetais na superfície.
 Calagem e adubação
A mandioca absorve grandes quantidades de nutrientes e praticamente exporta tudo o que foi absorvido, quase nada retornando ao solo sob a forma de resíduos culturais: as raízes tuberosas são destinadas à produção de farinha, fécula e outros produtos, bem como para a alimentação humana e animal; a parte aérea (manivas e folhas), para novos plantios, alimentação humana e animal. Em média, para uma produção de 25 toneladas de raízes + parte aérea de mandioca por hectare são extraídos 123 kg de N, 27 kg de P, 146 kg de K, 46 kg de Ca e 20 kg de Mg; assim, a ordem decrescente de absorção de nutrientes é a seguinte: K > N > Ca > P > Mg.
Os sintomas de deficiência e de toxidez de nutrientes em mandioca são apresentados na Tabela 1.
No Brasil, de modo geral, não se tem conseguido aumentos acentuados na produção da mandioca pela aplicação de calcário, confirmando a tolerância da cultura à acidez do solo. No entanto, após vários cultivos na mesma área, a planta pode responder à aplicação de calcário, principalmente como suprimento de cálcio e magnésio, que são o terceiro e quinto nutrientes mais absorvidos pela cultura. Nos solos ácidos da Região dos Cerrados tem-se obtidos boas produtividades da mandioca com a aplicação de calcário para elevar a saturação por bases do solo para 25%.
A adubação da mandioca prevê a reposição dos principais nutrientes extraídos pela cultura como cálcio, magnésio, nitrogênio, fósforo e potássio. O cálcio e o magnésio são adicionados em quantidade suficiente com o calcário. Quanto ao nitrogênio, a mandioca tem apresentado respostas pequenas à sua aplicação, em solos com baixos teores de matéria orgânica, embora ele seja o segundo nutriente absorvido em maior quantidade pela planta. Possivelmente, esse fato deve-se à presença de bactérias diazotróficas, fixadoras de nitrogênio atmosférico, no solo da rizosfera, nas raízes absorventes, nas raízes tuberosas e nas manivas da mandioca. Embora o fósforo não seja extraído em grandes quantidades pela mandioca, a resposta da cultura à adubação fosfatada tem sido significativa em solos de Cerrado, com aumentos expressivos de produtividade. Deve-se salientar que os solos brasileiros em geral e, em particular os cultivados com mandioca, normalmente classificados como marginais, são pobres nesse nutriente. O potássio é o nutriente extraído em maior quantidade pela mandioca, sendo que a resposta da cultura à adubação potássica tem sido baixa nos primeiros cultivos, acentuando-se nos cultivos subseqüentes. Os solos cultivados apresentam normalmente teores baixos a médios deste nutriente, que se vai esgotando por meio de cultivos sucessivos na mesma área. Quanto aos micronutrientes, foram realizados poucos estudos com a cultura da mandioca. Nos períodos de grandes estiagens, principalmente no litoral do Nordeste, tem-se observado sintomas de deficiências de zinco e de manganês, denominados de “chapéu-de-palha” e “amarelão”. 
A calagem e adubação em mandioca devem ser definidas em função da análise química do solo, realizada com antecedência, para que haja tempo suficiente para aquisição dos insumos e para sua aplicação. Com a utilização de calcário e fertilizantes, estima-se a obtenção de um rendimento médio de 20 toneladas de raízes por hectare, sendo que a média nacional é de cerca de 13 t/ha. Adicionalmente, deve-se salientar que a eficiência dos corretivos e fertilizantes utilizados, principalmente dos adubos fosfatados, é incrementada por processos biológicos naturais como a micorriza arbuscular.
As recomendações para calagem e adubação para a cultura da mandioca são feitas com base na análise do solo, como se segue:


Calagem
1) Calcular a necessidade de calcário (NC), em toneladas por hectare (t/ha), em função da análise do solo, considerando os teores de cálcio, magnésio e alumínio trocáveis em cmolc/dm3, de acordo com as fórmulas 01 ou 02. Utilizar aquela que recomenda maior quantidade de calcário. 

Tabela 1. Sintomas de deficiência e de toxidez de nutrientes em mandioca.
Nutrientes
Sintomas de deficiência
N
crescimento reduzido da planta; em algumas cultivares ocorre amarelecimento uniforme e generalizado das folhas, iniciando nas folhas inferiores e atingindo toda a planta.
P
crescimento reduzido da planta, folhas pequenas, estreitas e com poucos lóbulos, hastes finas; em condições severas ocorre o amarelecimento das folhas inferiores, que se tornam flácidas e necróticas e caem; diferentemente da deficiência de N, as folhas superiores mantêm sua cor verde escura, mas podem ser pequenas e pendentes.
K
crescimento e vigor reduzido da planta, entrenós curtos, pecíolos curtos e folhas pequenas; em deficiência muito severa ocorrem manchas avermelhadas, amarelecimento e necrose dos ápices e bordas das folhas inferiores, que envelhecem prematuramente e caem; necrose e ranhuras finas nos pecíolos e na parte superior das hastes.
Ca
crescimento reduzido da planta; folhas superiores pequenas, com amarelecimento, queima e deformação dos ápices foliares; escassa formação de raízes.
Mg
clorose internerval marcante nas folhas inferiores, iniciando nos ápices ou bordas das folhas e avançando até o centro; em deficiência severa as margens foliares podem tornar-se necróticas; pequena redução na altura da planta.
S
amarelecimento uniforme das folhas superiores, similar ao produzido pela deficiência de N; algumas vezes são observados sintomas similares nas folhas inferiores.
B
altura reduzida da planta, entrenós e pecíolos curtos, folhas jovens verdes escuras, pequenas e disformes, com pecíolos curtos; manchas cinzas, marrons ou avermelhadas nas folhas completamente desenvolvidas; exsudação gomosa cor de café nas hastes e pecíolos; redução do desenvolvimento lateral da raiz.
Cu
deformação e clorose uniforme das folhas superiores; ápices foliares tornam-se necróticos e as margens das folhas dobram-se para cima ou para baixo; pecíolos largos e pendentes nas folhas completamente desenvolvidas; crescimento reduzido da raiz.
Fe
clorose uniforme das folhas superiores e dos pecíolos, os quais se tornam brancos em deficiência severa; inicialmente as nervuras e os pecíolos permanecem verdes, tornando-se de cor amarela-pálida, quase branca; crescimento reduzido da planta; folhas jovens pequenas, porém em formato normal.
Mn
clorose entre as nervuras nas folhas superiores ou intermediárias completamente expandidas; clorose uniforme em deficiência severa; crescimento reduzido da planta; folhas jovens pequenas, porém em formato normal.
Zn
manchas amarelas ou brancas entre as nervuras nas folhas jovens, as quais com o tempo tornam-se cloróticas, com lóbulos muito pequenos e estreitos, podendo crescer agrupadas em roseta; manchas necróticas nas folhas inferiores; crescimento reduzido da planta.
 
Sintomas de toxidez
Al
redução da altura da planta e do crescimento da raiz; amarelecimento entre as nervuras das folhas velhas sob condições severas.
B
manchas brancas ou marrons nas folhas velhas, especialmente ao longo dos bordos foliares, que posteriormente podem tornar-se necróticas.
Mn
amarelecimento das folhas velhas, com manchas pequenas escuras de cor marrom ou avermelhada ao longo das nervuras; as folhas tornam-se flácidas e pendentes e caem no solo.
Fonte: Howeler (1981)
NC (t/ha) = [2 - (Ca2+ + Mg2+)] x f        
(01)
NC (t/ha) = 2 x Al3+ 
 (02)
f = 100/PRNT,
 onde f = fator de correção do calcário para PRNT 100%.
2) Calcular a necessidade de calcário (NC), em toneladas por hectare (t/ha), de acordo com a análise do solo, para elevar a saturação por bases do solo para 25%, empregando a fórmula 03. V1 é a saturação por bases existente no solo; S é a soma de bases; T é a CTC do solo a pH 7,0 e o teor de (H + Al) é determinado na análise do solo com acetato de cálcio a pH 7,0.
NC (t/ha) = (25-V1) x (T/100) x f,
(03)
onde V1= S/T x100, S= (Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+) e T= S + (H + Al).
Recomenda-se a utilização de calcário dolomítico ou magnesiano, podendo ser utilizada também uma mistura de calcários, desde que seja mantida a relação Ca:Mg no calcário na faixa entre 1:1 a 6:1. O calcário deve ser aplicado a lanço em toda a área, de modo uniforme, e incorporado até a profundidade de 20 cm, com antecedência de um a dois meses do plantio, para dar tempo de reagir no solo. A reação do calcário vai depender da disponibilidade de água no solo. 


Adubação

Adubação nitrogenada, adubação fosfatada e potássica

a) adubação nitrogenada 
A mandioca responde bem à aplicação de adubos orgânicos (estercos, tortas, compostos, adubos verdes e outros), que devem ser preferidos como fonte de nitrogênio. Esses adubos devem ser aplicados na cova, sulco ou a lanço, no plantio ou com alguns dias de antecedência para que ocorra a sua fermentação, como acontece com a torta de mamona. A adubação mineral é recomendada na dose de 40 kg de N/ha, com uréia ou sulfato de amônio. Essa aplicação deve ser efetuada em cobertura ao redor da planta, no período de 30 a 60 dias após a brotação das manivas, com o solo úmido.
b) adubação fosfatada e potássica
A recomendação é efetuada de acordo com a disponibilidade de fósforo e potássio mostrados na análise do solo. O método de análise normalmente utilizado na rotina para determinação desses nutrientes é o método de Mehlich 1, e a interpretação dos resultados da análise para fósforo é efetuada de acordo com o teor de argila do solo, conforme sugerido na Tabela 2.
Para a cultura da mandioca recomenda-se a adubação no sulco de plantio conforme a Tabela 3. Nessa recomendação não está prevista a adubação corretiva e utiliza-se, portanto, uma adubação de manutenção maior no sulco de plantio. O superfosfato simples e o superfosfato triplo são os adubos fosfatados mais utilizados, sendo que o superfosfato simples tem a vantagem de conter também cerca de 12% de enxofre na sua composição, nutriente que será fornecido juntamente com o fósforo. Para adubação potássica utiliza-se o cloreto de potássio. Normalmente utilizam-se formulações que contêm o fósforo e o potássio para suprimento desses nutrientes, ajustando-se o volume aplicado para que forneça os nutrientes em quantidades próximas às recomendadas.

Tabela 2. Interpretação dos resultados da disponibilidade de fósforo e potássio, extraídos pelo método de Mehlich-1.
Classe de disponibilidade 
Fósforo
Potássio
Idade da folha
41-60
21-40
< 20% argila
 mg/dm3
Muito baixa 0-1
 0-3
 0-5
 0-6
-
Baixa
1,1-2
3,1-6
 5,1-10
 6,1-12
<25
Média
2,1-3
6,1-8
10,1-14
12,1-18
25-50
Alta
  >3
  >8
   >14
   >18
>50

Tabela 3. Recomendação de adubação fosfatada e potássica no sulco de plantio, de acordo com a disponibilidade dos nutrientes pela análise (Mehlich-1), e com o teor de argila do solo para o fósforo.
Classe de disponibilidade
P2O(kg/ha)
K2O (kg/ha)
>60
41-60
21-40
<20% argila
Muito baixa
100
80
70
60
-
Baixa
80
60
50
40
60
Média
60
40
30
30
40

c) Micronutrientes – Os dados de resposta da mandioca aos micronutrientes ainda são escassos. Como referência para interpretação da análise de solo, são apresentados os níveis críticos para culturas anuais na Tabela 4. Para evitar possíveis prejuízos na produção da mandioca, recomenda-se a aplicação preventiva desses micronutrientes no sulco, juntamente com o fósforo e o potássio. A recomendação mencionada na Tabela 4 é equivalente à metade da recomendada para culturas anuais. Nas lavouras com deficiências de zinco e manganês evidenciadas nas folhas, sugere-se pulverizar com uma solução contendo 2 a 4% de sulfato de zinco e de sulfato de manganês.


Tabela 4. Interpretação dos resultados da análise do solo para disponibilidade de boro (B) extraído por água quente, e cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn), extraídos pelo método de Mehlich-1, e recomendação de adubação no solo.
Classe de disponibilidade
B
Cu
Mn
Zn
mg/dm3
Baixa
<0,2
<0,4
<1,9
<1,0
Média
0,3-0,5
0,5-0,8
2,0-5,0
1,1-1,6
Alta
>0,5
>0,8
>5,0
>1,6
Recomendação de adubação no sulco (kg/ha)
Baixa
1
1
3
3
Média
0,3
0,3
0,8
0,8

Contribuição da micorriza arbuscular no crescimento da mandioca


Um aspecto importante para a nutrição da mandioca é a contribuição da micorriza arbuscular na eficiência de práticas agronômicas como a calagem e adubação, principalmente da adubação fosfatada. A micorriza é uma associação simbiótica natural entre fungos micorrízicos do solo e as raízes das plantas. O efeito benéfico da micorriza arbuscular ocorre particularmente nas plantas que apresentam um sistema radicular reduzido e pouco ramificado, como a mandioca. As hifas externas do fungo podem estender-se no solo, funcionando como um sistema radicular adicional, e absorver nutrientes de um volume maior de solo, transferindo-os para as raízes colonizadas. Isso é especialmente importante para a absorção de nutrientes com baixa mobilidade no solo, como o fósforo. A mandioca é altamente dependente da micorriza arbuscular e apresenta alta colonização radicular por fungos micorrízicos arbusculares nativos, como por exemplo a espécie Glomus manihotis, que se desenvolve melhor em solos ácidos. A aparente baixa necessidade em fósforo da mandioca cultivada em campo pode ser devido à contribuição da micorriza na maior absorção desse nutriente.

Quando presentes no solo e na planta, os fungos micorrízicos arbusculares alteram a resposta da mandioca à calagem e adubação fosfatada, aumentando a eficiência desses insumos no crescimento das plantas. Esses fungos ocorrem naturalmente nos solos e têm sido demonstrado que a rotação de culturas favorece a sua multiplicação e estimula a formação da micorriza. Culturas anuais como feijão, milho e adubos verdes (mucuna, crotalárias, feijão-de-porco, guandu, girassol, milheto, mamona), assim como forrageiras (estilosantes, andropogon, braquiária), apresentam elevado grau de dependência micorrízica; quando utilizadas em um sistema de rotação elas aumentam a população dos fungos micorrízicos arbusculares e beneficiam os cultivos subseqüentes. Desse modo, o cultivo da mandioca de forma consorciada ou em rotação poderá aumentar a população de fungos micorrízicos arbusculares e, conseqüentemente, a eficiência dos insumos utilizados para correção da acidez e da fertilidade do solo. 

Conservação do solo

Dois aspectos devem ser considerados na conservação do solo para o cultivo da mandioca: 1) o solo é pouco protegido contra a erosão, pois o crescimento inicial é muito lento e o espaçamento é amplo, fazendo com que demore a cobrir o solo para protegê-lo das chuvas e enxurradas; e 2) o solo tende ao esgotamento, pois quase tudo que produz (raízes, folhas e manivas) é exportado da área, para produção de farinha, na alimentação humana e animal e como sementes para novos plantios, sendo muito pouco retornando ao solo sob a forma de resíduos.

Primeiramente, deve-se fazer a análise do solo, para aplicar o calcário e os adubos de acordo com as recomendações para a cultura, o que permitirá melhor e mais rápido desenvolvimento das plantas. O preparo do solo e o plantio devem ser feitos em nível (“cortando” as águas). Se o solo necessitar ficar algum tempo sem cultura nenhuma, aguardando a época de plantio mais adequada, por exemplo, recomenda-se o semeio, nesse período, de alguma leguminosa como adubação verde, para incorporar matéria orgânica e nutrientes e melhorar a estrutura do solo. Para evitar ou reduzir o esgotamento dos nutrientes do solo, deve-se proceder a rotação da mandioca com outras culturas, principalmente com leguminosas, como também, quando a mandioca for plantada no sistema de fileiras duplas, utilizar a prática de consórcio com culturas adequadamente como feijão, milho, amendoim etc., pois dessa forma ocorrerá uma melhor cobertura do solo.

Em áreas inclinadas, o consórcio é recomendável para melhorar a cobertura do solo e evitar os efeitos erosivos das chuvas e enxurradas; o plantio de mandioca + milho é mais eficiente do que mandioca + feijão ou mandioca + algodão na proteção contra a erosão. Pode-se também optar pelo plantio em leirão ou camalhões e em nível, pelo excelente controle da erosão que proporciona. Outras práticas conservacionistas recomendadas em áreas inclinadas são as seguintes: a) combinar faixas de plantio de mandioca com faixas de outras culturas (milho, feijão, amendoim etc.), ajudando a melhorar a cobertura do solo e a protegê-lo contra a erosão; b) enleirar em nível os restos culturais, auxiliando a conter as águas e a reduzir os riscos de erosão; c) sempre que houver disponibilidade de resíduos vegetais, cobrir o solo com vegetação morta, que protege o solo contra a erosão, incorpora matéria orgânica e conserva por mais tempo a umidade do solo; d) usar capinas alternadas, ou seja, capinar uma linha de mandioca e deixar a seguinte sem capinar, até chegar-se ao final da área, para que o solo não fique descoberto e desprotegido contra o escoamento das águas; depois de uma ou duas semanas, retorna-se capinando aquelas linhas que ficaram para trás; e e) utilizar plantas de crescimento denso, como o capim vetiver, por exemplo, para formar linhas de vegetação cerrada que quebram a velocidade das águas, quando implantadas em curvas de nível no meio do plantio da mandioca.

As práticas conservacionistas mencionadas (preparo do solo e plantio em nível, rotação e consorciação, culturas em faixas e em nível, enleiramento em nível dos restos culturais, capinas alternadas etc.) são eficientes por si só em áreas com declividade de até 3%. Daí em diante, além de tais medidas, deve-se recorrer às práticas mecânicas de conservação do solo (terraços e canais escoadouros), que são mais onerosas que as anteriores e, por isso, somente utilizadas em condições extremas de riscos de erosão.

Cultivares

As cultivares de mandioca são classificadas em: 1) doces ou de “mesa”, também conhecidas como aipim, macaxeira ou mandioca mansa e normalmente utilizadas para consumo fresco humano e animal; e 2) amargas ou mandiocas bravas, geralmente usadas nas indústrias, para produção de farinha e fécula.

Para consumo humano, a principal característica é que as cultivares apresentem menos de 100 ppm ou 100 mg de ácido cianídrico (HCN) por quilograma de raízes. O teor de HCN varia com a cultivar, com o ambiente e com o estado fisiológico da planta, e é um fator decisivo na escolha da cultivar de aipim. Outros caracteres de natureza qualitativa também são importantes, como é o caso do tempo de cozimento das raízes, que também varia de acordo com a cultivar, condições ambientais e estado fisiológico da planta. É comum variedades de aipim ou macaxeira passarem um determinado tempo de seu ciclo “sem cozinhar”, o que é um fator crítico para o mercado in natura. Outras características referentes à qualidade, tais como ausência de fibras na massa cozida, resistência à deterioração pós-colheita, facilidade de descascamento das raízes e raízes bem conformadas são também importantes para o mercado consumidor de mandioca para mesa e devem ser consideradas na escolha da cultivar. Cultivares de mandioca para mesa em geral devem apresentar um ciclo mais curto (8 a 14 meses) para manter a qualidade do produto final.

Como o teor de HCN nas raízes é liberado durante o processamento, na indústria podem ser utilizadas tanto cultivares de mandioca mansas como bravas. A mandioca industrializada pode dar origem a inúmeros produtos e subprodutos, dentre os quais se destacam a farinha e a fécula, também chamada de amido, tapioca ou goma. Nesse caso, as cultivares devem apresentar alta produção e qualidade do amido e da farinha. Além disso, é importante que as cultivares apresentem raízes com polpa de coloração branca ou amarela, córtex branco, ausência de cintas nas raízes, película fina e raízes grossas e bem conformadas, o que facilita o descascamento e garante a qualidade do produto final.

Toda a planta da mandioca pode ser usada na alimentação de vários animais domésticos, como bovinos, aves e suínos. As raízes são fontes de carboidratos; a parte aérea fornece carboidratos e proteínas, estas últimas concentradas nas folhas. Para a alimentação animal, o ideal é que as cultivares apresentem alta produtividade de raízes, de matéria seca e de parte aérea, com boa retenção foliar e altos teores de proteínas nas folhas. O teor de ácido cianídrico deve ser baixo, tanto nas folhas como nas raízes, para evitar intoxicação dos animais.

As cultivares de mandioca apresentam adaptação específica a determinadas regiões e dificilmente uma mesma cultivar comporta-se de forma semelhante em todos os ecossistemas. Um dos motivos para isso é o grande número de pragas e doenças que afetam o cultivo, restritas a determinados ambientes. Isso justifica, em parte, a grande diversidade de cultivares utilizadas pelos agricultores de mandioca do Brasil.

Na maior parte da Região dos Cerrados predomina o clima Aw, ou seja, quente e úmido com seis meses de inverno seco. Nessas condições os principais problemas que afetam a cultura da mandioca são a bacteriose (doença), os ácaros e o percevejo-de-renda (pragas). Algumas cultivares têm sido recomendadas para a região (Tabela 5). Além dessas cultivares, agricultores da região cultivam outras com bons resultados: Vassourinha, Gostosa, Amarelinha, Engana Ladrão, Sergipe, Manteiga, Mandioca Pão e Cacau (Minas Gerais); Fitinha, Amarelinha, Olho Junto, Espeto e Fécula Branca (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul); e Cacau, Vassourinha, Pão da China, Amarelinha, IAC 576-70, Canela de Urubu, Buritis, Americana, Japonezinha e Pioneira (Goiás e Distrito Federal).

Mudas e Sementes

Produção e obtenção de mudas ou sementes
O plantio da mandioca é realizado com manivas ou manivas-semente, também denominadas manaíbas ou toletes ou rebolos, que são pedaços das hastes ou ramas do terço médio da planta, com mais ou menos 20 cm de comprimento e com 5 a 7 gemas. Devido à multiplicação vegetativa, a seleção das ramas e o preparo das manivas são pontos importantes para o sucesso da plantação.
Seleção e preparo do material de plantio
A seleção e preparo do material de plantio são determinantes para um ótimo desenvolvimento da cultura da mandioca, resultando em aumento de produção com pequenos custos. Nessa fase alguns aspectos de ordem fitossanitária e agronômica devem ser considerados. Dentro do aspecto fitossanitário, vale ressaltar que o material de plantio deve estar sadio, ou seja, livre de pragas e doenças, considerando que a disseminação de patógenos é maior nas culturas propagadas vegetativamente do que nas espécies propagadas por meio de sementes sexuais. É necessário, portanto, inspeção constante do mandiocal de onde serão retiradas as ramas para plantio, para avaliar sua sanidade, devendo ser evitados mandiocais com alta ocorrência de bacteriose, broca da haste, ácaros e percevejo-de-renda, ou que sofreram granizos ou geadas.

 
Tabela 5. Características quantitativas, qualitativas e morfológicas de cultivares de mandioca recomendadas para a Região dos Cerrados
Cultivares
Rendimento de raiz (t/ha)
Teor de amido (%)
Resistência à bacteriose
Teor de HCN
Cor da película
Cor da casca
Cor da polpa
Para mesa
IAC 24-2 (Mantiqueira)
16
26
Resistente
Baixo
Marrom
Rósea
Branca
IAC 352-6
16
25
Resistente
Baixo
Marrom
Creme
Branca
  IAC 352-7 (Jaçanã)
20
28
Resistente
Baixo
Marrom
Branca
Branca
Para indústria
IAC 12-829
30
33
Tolerante
Médio
Marrom
Branca
Branca
 IAC 7-127 (Iracema)
28
32
Tolerante
Alto
Marrom
Branca
Branca
Sonora
28
32
Tolerante
Alto
Marrom
Branca
Branca
EAB 81
30
31
Tolerante
Médio
Marrom
Branca
Branca
EAB 653
28
32
Resistente
Alto
Marrom
Branca
Branca
Fonte: Embrapa Cerrados.








Outros aspectos a serem observados são os agronômicos, que, apesar de simples, resultam em aumento de produção do mandiocal, às vezes sem acréscimo ao custo de produção:

a) Escolha da cultivar
 A escolha da cultivar deverá estar de acordo com o objetivo da exploração, se para alimentação humana in natura, uso industrial ou forrageiro, e a que melhor se adapte às condições da região. É sempre indicado o plantio de uma só cultivar numa mesma área, evitando-se a mistura de cultivares. Necessitando-se usar mais de uma cultivar, o plantio deverá ser feito em quadras separadas.
b) Seleção de ramas
As ramas devem estar maduras, provenientes de plantas com 10 a 14 meses de idade e do terço médio da planta, eliminando-se a parte herbácea superior, que possui poucas reservas, e a parte de baixo, muito lenhosa e com gemas geralmente inviáveis ou “cegas”. É importante verificar o teor de umidade da rama, o que pode ser comprovado se ocorrer o fluxo de látex imediatamente após o corte.
c) Conservação de ramas
 A falta de coincidência entre a colheita da mandioca e os novos plantios tem sido um dos problemas na preservação de cultivares, a nível de produtor, e muitas vezes resulta na perda de material de alto valor agronômico. Quando as ramas não vão ser utilizadas para novos plantios imediatamente após a colheita, elas devem ser conservadas por algum tempo para não reduzir ou perder a viabilidade. Recomenda-se que a conservação ocorra o mais próximo possível da área a ser plantada, em local fresco, com umidade moderada, sombreado, portanto protegidas dos raios solares diretos e de ventos frios e quentes. O período de conservação deve ser o menor possível, podendo as ramas ser dispostas vertical ou horizontalmente. Na posição vertical, as ramas são preparadas cortando-se as ramificações e a maniva-mãe, tendo as suas bases enterradas cerca de 5 cm, em solo previamente afofado e que permanecerá molhado durante o período do armazenamento. Quando armazenadas na posição horizontal, as ramas devem conservar a cepa ou maniva-mãe e ser empilhadas e cobertas com capim seco ou outro material. O armazenamento também pode ser feito em silos tipo trincheira ou em leirões, em regiões onde ocorrem geadas, para proteger as manivas das baixas temperaturas. Vale ressaltar que deverá ser reservada uma área com cerca de 20% do mandiocal, como campo de multiplicação de maniva-semente, para a instalação de novos plantios, exceto em áreas com riscos de geadas.
d) Seleção e preparo das manivas
As manivas-semente devem ter 20 cm de comprimento, com pelo menos 5 a 7 gemas, e diâmetro em torno de 2,5 cm, com a medula ocupando 50% ou menos. As manivas podem ser cortadas com auxílio de um facão ou utilizando uma serra circular em motores estacionários, ou mesmo as existentes em máquinas plantadeiras, de modo que o corte forme um ângulo reto, no qual a distribuição das raízes é mais uniforme do que no corte inclinado. No caso da utilização de facão, o corte é realizado segurando a rama com uma mão, dando-lhe um golpe com o facão de um lado, girando a rama 180 graus e dando outro golpe no outro lado da rama, cortando assim a maniva; evita-se, assim, apoiar a rama em qualquer superfície, para não esmagar as gemas das manivas.
e) Quantidade de manivas
A quantidade de manivas para o plantio de um hectare é de 4 m³ a 6 m³, sendo que um hectare da cultura, com 12 meses de ciclo, produz hastes para o plantio de 4 a 5 hectares. Um metro cúbico de hastes pesa aproximadamente 150 kg e pode fornecer cerca de 2.500 a 3.000 manivas com 20 cm de comprimento.

Plantio 



Época de plantio
A época de plantio adequada é importante para a produção da mandioca, principalmente pela relação com a presença de umidade no solo, necessária para brotação das manivas e enraizamento. A falta de umidade durante os primeiros meses após o plantio causa perdas na brotação e na produção, enquanto que o excesso, em solos mal drenados, prejudica a brotação e favorece a podridão de raízes. A escolha da época de plantio adequada ainda pode reduzir o ataque de pragas e doenças e a competição das ervas daninhas.
Nos cultivos industriais de mandioca é necessário combinar as épocas de plantio com os ciclos das cultivares e com as épocas de colheita, visando garantir um fornecimento contínuo de matéria-prima para o processamento industrial.

Devido à extensão do Brasil, as condições ideais para o plantio de mandioca não coincidem nos mesmos meses em todas as regiões. Nas condições dos Cerrados, a época ideal de plantio de mandioca é nos primeiros meses do período chuvoso, ou seja, de outubro a janeiro. Quanto mais cedo o plantio, melhor a reação da cultura quanto à ocorrência de pragas como a mosca do broto, ácaros e percevejo-de-renda, além de melhores condições para o controle de ervas daninhas.

Espaçamento e plantio

O espaçamento no cultivo da mandioca depende da fertilidade do solo, do porte da variedade, do objetivo da produção (raízes ou ramas), dos tratos culturais e do tipo de colheita (manual ou mecanizada).
 De maneira geral, recomenda-se os espaçamentos de 1,00 x 0,50 m e 1,00 x 0,60 m, em fileiras simples, e 2,00 x 0,60 x 0,60 m, em fileiras duplas. Em solos mais férteis deve-se aumentar a distância entre fileiras simples para 1,20 m. 
Em plantios destinados para a produção de ramas para ração animal recomenda-se um espaçamento mais estreito, com 0,80 m entre linhas e 0,50 m entre plantas.
 Quando a colheita for mecanizada, a distância entre as linhas deve ser de 1,20 m, para facilitar o movimento da máquina colhedeira. 
Se o mandiocal for capinado com equipamento mecanizado, deve-se adotar espaçamento mais largo entre as linhas, para facilitar a circulação das máquinas; nesse caso, a distância entre fileiras duplas deve ser de 2,00 m, no caso do uso de tratores pequenos, ou de 3,00 m, para uso de tratores maiores. 
O espaçamento em fileiras duplas oferece as seguintes vantagens: a) aumenta a produtividade; b) facilita a mecanização; c) facilita a consorciação; d) reduz o consumo de manivas e de adubos; e) permite a rotação de culturas na mesma área, pela alternância das fileiras; f) reduz a pressão de cultivo sobre o solo; e g) facilita a inspeção fitossanitária e a aplicação de defensivos.
Quanto ao plantio da mandioca, geralmente, é uma operação manual, podendo ser feito em covas preparadas com enxada ou em sulcos construídos com enxada, sulcador a tração animal ou motomecanizados. Tanto as covas como os sulcos devem ter aproximadamente 10 cm de profundidade. Quando em grande áreas, para fins industriais, utilizam-se plantadeiras mecanizadas disponíveis no mercado, que fazem de uma só vez as operações de sulcamento, adubação, corte das manivas, plantio e cobertura das manivas. 
Em solos muito argilosos ou com problemas de drenagem, recomenda-se plantar em cova alta ou matumbo, que são pequenas elevações de terra, de forma cônica, construídas com enxada, ou em leirões ou camalhões, que são elevações contínuas de terra, que podem ser construídos com enxada ou arados ou taipadeiras.
Quanto à posição de colocação das manivas-semente, estacas ou rebolos no plantio, a mais indicada é a horizontal, no fundo das covas ou dos sulcos, porque facilita a colheita das raízes. Quando se usa a plantadeira mecanizada, as manivas também são colocadas na posição horizontal. As posições inclinada e vertical são menos utilizadas porque as raízes aprofundam mais, dificultando a colheita, sendo, assim, utilizadas apenas para plantios em matumbos ou camalhões.

Irrigação 

A mandioca é uma cultura que apresenta boa tolerância à seca ou à falta de água no solo, quando comparada com outras culturas. Por essa razão, praticamente não existem resultados de pesquisa sobre irrigação nessa cultura. No entanto, sabe-se que o suprimento adequado de água para a mandioca é essencial e crítico nas fases de enraizamento e tuberização, que vão do primeiro ao quinto mês após o plantio. A falta de água nessas fases causam prejuízos irrecuperáveis no desenvolvimento e, conseqüentemente, na produção da cultura.

Dentre as possibilidades de suprimento de água para a cultura, em regiões com precipitação adequada durante cinco a seis meses do ano, a época de plantio pode garantir o suprimento adequado da água para o desenvolvimento da cultura na fase mais crítica. Por exemplo, o plantio de setembro a outubro, na região do Brasil Central, após o acúmulo de 50 a 60 mm de chuva, tem apresentado resultados satisfatórios no desenvolvimento da cultura, isso porque períodos de até 30 dias de veranicos, durante o período chuvoso, não tem causado perdas significativas de produtividade de mandioca.

Em situações onde é necessário plantar escalonado para alongar o período de colheita e, conseqüentemente, de oferta do produto no mercado, a irrigação pode ser uma prática, técnica e economicamente viável. Resultados experimentais recentes indicam que a cultura não responde positivamente a irrigações com alta freqüência. Tensões de água no solo de 60 a 600 kPa, medida a 15 cm de profundidade, são adequadas ao desenvolvimento da cultura. Desse modo, a aplicação de lâminas de água de 30 a 40 mm a cada 15 dias é geralmente suficiente para um desenvolvimento adequado da cultura da mandioca. Irrigações com alta freqüência associada a alta disponibilidade de nitrogênio no solo, normalmente causam excessivo desenvolvimento da parte aérea e baixa produção de raízes.

Consorciação e rotação de culturas

Os sistemas de cultivos múltiplos ou policultivos com culturas anuais e fruteiras, agroflorestais e agrosilvipastoris tem sido amplamente utilizados nas regiões tropicais, pelos pequenos produtores. A difusão desses sistemas tem como base as vantagens apresentadas pelos mesmos, em relação aos monocultivos, como o de promover maior estabilidade da produção, melhorar a utilização da terra, melhorar a exploração de água e nutrientes, melhorar a utilização da força de trabalho, aumentar a eficiência no controle de ervas daninhas, aumentar a proteção do solo contra erosão e disponibilizar mais de uma fonte alimentar e de renda. Nesse contexto, a mandioca é importante como cultura consorte, pelo seu ciclo vegetativo longo, crescimento inicial lento, variedades com hábito de crescimento ereto e vigor de folhagem médio, caracterizando as possibilidades de consórcio, principalmente com culturas anuais. O plantio de culturas associadas nesses policultivos, em uma mesma área, deve ser feito procurando distribuir o espaço da lavoura o mais conveniente possível, buscando uma baixa competição entre plantas pelos fatores de produção como luz, água e nutrientes. Essa distribuição das linhas de plantio dependerá das características agronômicas de cada uma das culturas envolvidas na consorciação, especialmente o ciclo vegetativo, as épocas de cultivo distintas e o porte das plantas.

Na Região do Cerrado estima-se que em torno de 80% das áreas com mandioca são cultivadas por pequenos produtores. Nessas condições, onde a força de trabalho, basicamente, é composta pela mão-de-obra familiar, e as áreas são minifúndios, os cultivos múltiplos revestem de maior importância, porque otimizam o uso mais intensivo dos recursos escassos, representados pela mão-de-obra, terra e capital.
De modo geral, as culturas a serem consorciadas ou os sistemas a serem utilizados pelo produtor são determinados por aspectos econômicos regionais e pelas próprias atividades produtivas na propriedade. A mandioca pode ser utilizada em policultivos com culturas anuais, perenes, agroflorestais e agrosilvipastoris.
Com culturas anuais, o arranjo espacial de plantio das linhas de mandioca pode ser em fileiras simples ou em fileiras duplas. Nas fileiras simples recomenda-se a distribuição das plantas em forma retangular, com espaçamento de 1,00 a 1,20 m entre linhas e 0,60 a 0,80 m entre plantas, sendo que a cultura intercalar é plantada em fileiras alternadas com as de mandioca. Nesse caso, recomenda-se o plantio de uma a duas fileiras da cultura intercalar, a depender do porte da cultura. Nas fileiras duplas, a distribuição das plantas é realizada reduzindo o espaçamento entre duas fileiras simples para 0,60 m, deixando um espaço maior (2,00 a 3,00 m) até as outras duas fileiras simples, também espaçadas de 0,60 m; onde o espaçamento das fileiras duplas ficam de 0,60 x 0,60 a 0,80 m x 2,00 a 3,00 m. Nesse caso, recomendam-se de duas a quatro fileiras da cultura consorciada, a depender do porte da mesma.

Quanto ao consórcio com culturas perenes e em sistemas agroflorestais, as culturas intercalares são utilizadas, além das vantagens já mencionadas, com o objetivo de propiciar retorno econômico durante o período de crescimento das culturas perenes, contribuindo para o custo de implantação das mesmas. Nessas condições, a mandioca é utilizada como cultura intercalar, onde o número de fileiras a ser utilizado estará em função da cultura perene e do espaçamento e arranjo espacial de plantio da mesma.
Vale ressaltar que, nos plantios de sistemas de policultivos ou consorciados, deverão ser utilizadas as tecnologias recomendadas para cada cultura componente do sistema.

Na cultura da mandioca, em condições de Cerrado, a utilização da prática de rotação de culturas, além de outras vantagens, visa principalmente o controle da bacteriose e a depauperação do solo. Assim, recomenda-se que essa prática seja realizada pelo menos a cada dois cultivos da mandioca, utilizando outras culturas como gramíneas ou leguminosas para produção de grãos, ou leguminosas para adubação verde, ou ainda deixando a área em pousio. Nesse particular, o sistema de plantio em fileiras duplas da mandioca em consorciação reveste de importância para pequenas áreas, por permitir a rotação das culturas em uma mesma área. Outro ponto a destacar é o aproveitamento da adubação residual realizado pela cultura da mandioca.

Tratos Culturais

Os tratos culturais compreendem, basicamente, capina ou manejo das ervas daninhas e a poda.

Poda 

A poda nem sempre é indicada na cultura da mandioca, pois reduz a produção de raízes e o teor de carboidratos, facilita a disseminação de pragas e doenças, aumenta a infestação de ervas daninhas e o teor de fibras nas raízes, além de elevar o número de hastes por planta e, conseqüentemente, a competição entre plantas. Ela somente é recomendada quando da necessidade de manivas para novos plantios, no caso de alta infestação de pragas e doenças, necessidade de ramas para alimentação animal e como medida para preservação das ramas em áreas sujeitas a geadas. Quando necessária, deve ser efetuada no início do período chuvoso, a uma altura de 10 a 15 cm da superfície do solo e em plantas com 10 a 12 meses de idade. Mandiocais que sofreram poda devem aguardar de 4 a 6 meses para que sejam colhidos.

Plantas Daninhas

Manejo das plantas daninhas, Controle cultural e Controle mecânico

Manejo das plantas daninhas
As plantas daninhas concorrem com a cultura da mandioca principalmente por água, luz e nutrientes, podendo causar perdas de até 90% na produtividade, dependendo do tempo de convivência e da quantidade de mato. O controle de plantas daninhas representa a maior parcela dos custos de produção (cerca de 35% do total). O período crítico de competição das plantas daninhas com a mandioca são os primeiros quatro a cinco meses do seu ciclo, exigindo nessa fase cerca de 100 dias livre da interferência do mato, a partir de 20 a 30 dias após sua brotação, dispensando daí em diante as limpas até à colheita.
Cada região e ecossistema tem sua peculiaridade quanto às plantas daninhas predominantes, ainda que existam muitas delas comuns às diversas regiões mandioqueiras do Brasil. Na Tabela 6 são apresentadas as plantas daninhas de maior ocorrência na cultura da mandioca, no Brasil.

Controle cultural

Consiste em criar condições para que a mandioca se estabeleça o mais rápido possível, proporcionando-lhe vantagem competitiva com as plantas daninhas na disputa por água e nutrientes. Para isso é importante um bom preparo do solo, manivas de boa qualidade, escolha da variedade adaptada ao ecossistema, densidade de plantio adequada, rotação de culturas e uso de coberturas verdes. A rotação de culturas é um meio cultural que previne o surgimento de altas populações de certas plantas daninhas adaptáveis a determinada cultura; quando a mandioca é cultivada ano após ano na mesma área, a associação plantas daninhas-cultura tende a aumentar, sendo maior sua interferência sobre a cultura. O uso de coberturas vegetais como o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), que inibem determinadas espécies, é também importante na redução da população das plantas daninhas, além de melhorar as condições do solo.

Controle mecânico

O controle mecânico é realizado por meio de práticas de eliminação do mato, como arranquio manual, capina manual, roçagem e cultivo mecanizado usando cultivadores tracionados por animais ou trator. O custo de duas limpas à enxada, para manter a cultura livre de competição por aproximadamente 100 dias (período crítico de interferência), está em torno de 18% do custo total de produção.

 Controle químico, Controle integrado, Calibração de pulverizadores costais e Calibração de pulverizadores tratorizados



Controle químico
Consiste no uso de herbicidas, que são produtos químicos aplicados em pré e pós-emergência do mato para seu controle, substituindo o controle mecânico. A maioria dos herbicidas utilizados em mandioca são aplicados em pré-emergência (antes da emergência do mato e da brotação da cultura) e aplicados logo após o plantio ou preparo do solo, no máximo, três dias depois. A escolha do herbicida depende do seu custo e das espécies de plantas daninhas que ocorrem na área. Uma aplicação da mistura de tanque de diuron + alachlor representa 8,5% do custo total de produção e substitui aproximadamente duas limpas à enxada; essa mistura é de grande eficácia no controle de mono e dicotiledôneas em várias regiões do Brasil. Na Tabela 7 são apresentados os principais herbicidas indicados pela pesquisa para o controle do mato em mandioca. As doses mais elevadas são para solos com teor de matéria orgânica superior a 1,5 % e alto teor de argila e/ou infestação muito alta do mato.

Tabela 6. Plantas daninhas que ocorrem na cultura da mandioca, no Brasil.
Famílias
Nomes científicos
Nomes populares
Amaranthaceae
Amaranthus viridis
Caruru verde
Amaranthus spinosus
Caruru-de-espinho
Amaranthus hybridus
Caruru roxo
Alternanthera tenella
Apaga fogo
Commelinaceae
Commelina benghalensis
Trapoeraba, marianinha
Commelina difusa
Trapoeraba, marianinha
Compositae
Acanthospermum australe
Carrapicho rasteiro
Acanthospermum hispidum
Carrapicho-de-carneiro
Eupatorium ballataefolium
Eupatorio, picão-preto
Eupatorium laevigatum
Eupatorio, erva-formigueira
Blainvillea rhomboidea
Picão grande
Centratheum punctatum
Perpétua
Ageratum conyzoides
Mentrasto
Bidens pilosa
Picão preto
Sonchus oleraceus
Serralha
Emilia sonchifolia
Falsa serralha
Tagetes minuta
Cravo de defunto
Galinsoga parviflora
Picão branco
Galinsoga ciliata
Picão branco, fazendeiro
Convolvulaceae
Ipomoea sp.
Corda-de-viola
Cyperaceae
Cyperus rotundus
Tiririca roxa
Cyperus esculentus
Tiriricão, tiririca amarela
Euphorbiaceae
Croton lobatus
Café bravo
Euphorbia heterophylla
Amendoim bravo
Phyllanthus tenellus
Quebra-pedra
Chamaesyce hirta
Erva-de-santa-luzia
Chamaesyce prostata
Quebra-pedra rasteiro
Euphorbia brasiliensis
Leiteira
Euphorbia pilulifera
Erva-de-santa-luzia
Euphorbia prostata
Quebra-pedra rasteiro
Gramineae
Brachiaria plantaginea
Capim marmelada
Rhynchelytrum repens
Capim favorito
Pennisetum setosum
Capim oferecido
Leptocloa filiformis
Capim mimoso
Echinochloa colonum
Capim coloninho
Digitaria horizontalis
Capim colchão
Setaria vulpiseta
Capim rabo-de-raposa
Eleusine indica
Capim pé-de-galinha
Leguminosae
Senna occidentalis
Fedegoso
Malvaceae
Sida spinosa
Guanxuma, malva
Sida rhombifolia
Guanxuma, relógio
Sida cordifolia
Malva branca
Molluginaceae
Mollugo verticillata
Cabelo de guia
Portulacaceae
Portulaca oleracea
Beldroega
Rubiaceae
Spermacoce verticillata
Vassourinha de botão
Mitracarpus hirtus
Poaia da praia
Diodia teres
Mata pasto
Richardia brasiliensis
Poaia branca
Spermacoce latifolia
Erva quente
Richardia scabra
Poaia do cerrado
Fonte: vários autores nacionais.


Tabela 7. Herbicidas indicados pela pesquisa para a cultura da mandioca no Brasil.
Nome comum*
Nomes comerciais
Dose (kg do i.a./ha
Época de aplicação
Alachlor
Laço CE, Alaclor Nortox
2,4 - 2,8
Pré
Alachlor + trifluralina
Lance
4,20
Pré
Atrazine
Gesaprim 500, Atrazinax
2,0 - 3,0
Pré
Atrazine + alachlor
Boxer
2,4 - 2,88
Pré
Atrazine + metolachlor
Primestra SC
2,5 - 3,0
Pré
Clomazone
Gamit
0,80 - 1,0
Pré
Diuron
Karmex, Diuron, Cention
1,0 - 1,5
Pré*
Diuron + alachlor
Mistura de tanque
1,0 + 1,2
Pré
Diuron + metolachlor
Mistura de tanque
1,0 + 1,92
Pré
Fenoxaprop-ethyl
Furore
0,15 - 0,21
Pós
Fluazifop-p-butil
Fusilade 125
0,188
Pós
Glifosate
Round-up, Trop etc.
0,72 - 1,08
Pós**
Haloxyfop-methyl
Verdict
0,12
Pós
Linuron
Afalon SC, Linurex
1,0 - 2,0
Pré
Linuron + alachlor
Mistura de Tanque
1,0 + 1,2
Pré
Linuron + metolachlor
Mistura de tanque
1,0 + 1,92
Pré
Metolachlor
Dual 960 CE
2,4 - 2,88
Pré
Metribuzin (exceto solo argiloso)
Sencor 480, Lexone SC
0,35 - 0,49
Pré
Metribuzin+Metolachlor
Corsum
2,40
Pré
Orizalin
Surflan 480
0,97 - 1,5
Pré
Oxyfluorfen
Goal
0,36 - 0,48
Pré
Quizalofop-p-ethyl
Targa
0,10
Pós
Sethoxydin
Poast
0,23
Pós
Trifluralin
Trifluralina Nortox etc.
0,53 - 1,07
Ppi
Trifluralin + diuron
Mistura de tanque
1,0 + 0,53
Pré
Fonte: vários autores nacionais.



Controle integrado
Consiste na integração dos métodos cultural, biológico, mecânico e químico, com o objetivo de aproveitar as vantagens de cada um deles e, assim, obter um resultado mais eficiente, redução dos custos e menor efeito sobre o meio ambiente. O uso de herbicidas nas linhas de plantio, combinado com o cultivador animal ou tratorizado nas entrelinhas da mandioca, tem proporcionado o mais baixo custo no controle do mato, em comparação com métodos mecânicos de controle. Para os pequenos produtores, onde o uso de herbicidas ainda é de difícil uso a curto prazo, a substituição do controle com enxada pelo cultivador a tração animal é uma excelente alternativa para redução dos custos das limpas e liberação de mão-de-obra familiar para outras atividades da propriedade. O uso do feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) é uma boa opção para controlar plantas daninhas nas entrelinhas da mandioca plantada em fileiras duplas, por inibir o mato e melhorar o solo, permitindo também ao produtor fazer a rotação da cultura na mesma área; deve-se deixar uma distância de 0,80 m entre as plantas de cobertura e as linhas de mandioca, para evitar a competição com esta cultura. Em virtude do alto custo das sementes das leguminosas, só justifica sua utilização quando a semente for produzida pelo produtor.

Calibração de pulverizadores costais


  • marcar 50 m na área onde será realizada a aplicação;
  • determinar a faixa de cobertura do bico ou bicos;
  • encher o reservatório com uma quantidade conhecida de água;
  • bombear até obter a pressão de trabalho desejada;
  • procurar manter a pressão e realizar a aplicação a um passo normal;
  • determinar por diferença a quantidade de água gasta;
  • repetir pelo menos três vezes o mesmo processo e obter uma média;
  • calcular o volume de aplicação por hectare pela fórmula:


Água gasta em litros x 10.000 m2
Volume de aplicação (litros por hectare)=
--------------------------------------
Área aplicada m2


Exemplo:
  • Distância percorrida: 50 m;
  • faixa de aplicação: 0,80 m;
  • gasto de água: 1,6 litros;
  • área aplicada: 50 m x 0,80 m = 40 m2;

1,6 litros x 10.000 m2
Volume de aplicação (litros por hectare) =
---------------------- = 400 litros/ha.
            40 m2
 


  • marcar 50 m na área a ser aplicada;
  • encher o tanque do pulverizador ou colocar uma quantidade de água conhecida;
  • regular a pressão entre 1,4 e 2,8 kgf/cm2;
  • determinar o tempo gasto pelo trator para percorrer os 50 m. Repetir pelo menos três vezes a operação;
  • fixar a altura da barra para se obter uma cobertura uniforme e determinar a faixa de aplicação da mesma;
  • com o trator parado e com a mesma rotação de trabalho, medir a descarga do maior número possível de bicos para se determinar a descarga (vazão) média de cada bico no mesmo tempo que o trator gastou para percorrer os 50 m;
  • multiplicar a descarga média por bico pelo número de bicos da barra para se determinar a vazão da barra;
  • calcular a vazão por hectare pela fórmula:,


Descarga da barra em litros x 10.000 m2
Volume de aplicação (litros/hectare) =
------------------------------------------
Área coberta pela barra em m2



Exemplo:
  • pressão: 2,8 kgf/cm2;
  • tempo gasto para percorrer 50 m: 36 segundos;
  • descarga média por bico: 1,0 litro;
  • número de bicos: 20;
  • faixa de aplicação da barra: 10 m;
  • descarga total da barra: 1,0 litro x 20 = 20 litros;
  • área coberta pela barra: 50 m x 10 m = 500 m2;


20 litros x 10.000 m2
Volume de aplicação (litros/hectare) =----------------------- = 400 litros/ha.
          500 m2



Doenças


Bacteriose Podridão radicular e Superalongamento

Murcha-bacteriana
(A bacteriose, causada por Xanthomonas axoponodis pv. manihotis, é a principal doença da mandioca, sobretudo no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nas condições de Cerrado essa doença adquiri grande expressão econômica, podendo provocar perdas totais. )

Etiologia
Agente causal
Xanthomonas campestris pv. manihotis (Bondar 1915) Dye 1978


Biologia do patógeno
Bastonetes, gram-negativos, retos, isolados, móveis através de flagelosmonotríquios. São bactérias aeróbias estritas, que apesar de serem do gênero Xanthomonas, possuem como uma das suas principais características a não produção de xantomonadinas. As colônias são brancas em meios rotineiros de cultura como BDA, NA, 523 de Kado & Heskett, etc.

Importância da doença
Doença de ocorrência em todas as regiões onde se cultiva mandioca, tanto no Brasil como no mundo. Sua ocorrência nas regiões norte e nordeste do Brasil são esparsas e com poucos relatos. Dentre as inúmeras descritas para a cultura da mandioca, a murcha bacteriana é considerada das mais severas e, por conseguinte, a de maior importância, podendo levar a perdas totais da lavoura.

Sintomatologia
Os sintomas podem ser observados como manchas angulares, aquosas (anasarcas) nas folhas. Na fase vascular, a murcha ocorre devido à invasão sistêmica pelo patógeno, acarretando concomitante necrose dos feixes vasculares. Em condições de umidade relativa elevada, pode ocorrer exsudação espontânea de pus bacteriano por rachaduras nas hastes (parte não lignificada). Com o progresso da enfermidade, ocorre morte descendente e seca de hastes, manivas e raízes.

Ciclo da doença e epidemiologia
É fitobacteriose de ocorrência natural em regiões que apresentam umidade e temperatura altas. A disseminação a longa distância pode ocorrer através do material propagativo infectado (manivas). A curtas distâncias, a disseminação se dá através do vento, respingos de chuva ou irrigação por aspersão, sendo a penetração da bactéria feita através de aberturas naturais e ferimentos. O desenvolvimento da doença dependerá muito das condições do ambiente, da susceptibilidade da cultivar bem como da virulência do patógeno.

Práticas de manejo
- Utilizar material propagativo sadio; 
- Plantar cultivares resistentes, caso disponíveis;  
(A utilização de variedades resistentes é a medida mais eficiente para o controle da bacteriose; mas, também, contribuem as práticas culturais como a utilização de manivas sadias e a adequação das épocas de plantio. As variedades atualmente em uso nas áreas de ocorrência da bacteriose caracterizam-se por apresentar uma tolerância aceitável à doença. Na Região Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal e Tocantins), as variedades recomendadas são IAC-12, IAC-13, IAC-14, Mantiqueira, Branca de Santa Catarina, IAC 352-6, IAC 352-7, IAC 12-829, IAC 7-127, Sonora, EAB 81 e EAB 653)
- Evitar plantios adensados; 
- Utilização de irrigação localizada; 
- Evitar plantios próximos a antigas lavouras, como também em campos anteriormente cultivados com mandioca onde a enfermidade tenha ocorrido.



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Podridão seca
Etiologia
Nomes comuns da doença
Podridão seca

Agente causal
Fusarium solani (Mart.) Sacc.

Biologia do patógeno
O patógeno apresenta micélio de coloração branca a violeta-clara. Macroconídios pouco numerosos são falciformes, alguns quase retos, formados em monofiálides longas sobre hifas, medindo 41,8 a 15,4 por 6 a 4,4 µm, apresentando de três a quatro septos. Microconídios abundantes, elípticos, medindo 11 a 4,4 por 4 ,4 a 2,2 µm. Clamidósporos globosos agrupados ou isolados.

Importância da doença
No estado do Pará em 2001 a podridão-seca foi responsável pela morte de 30% das mudas de mandioca da cultivar Olho-de-boto. Podridões radiculares em mandioca são causadas principalmente pelos patógenos Fusarium solani ePhytophora drechsleri e estão relacionadas a solos argilosos, mal drenados e com alto teor de matéria orgânica.

Sintomatologia
Os sintomas típicos da doença são apodrecimento do colo que impede a circulação de seiva, podridão seca nas raízes e amarelecimento e murcha de folhas, culminando com a morte das plantas.

Sintoma morfológico:
 podridão

Ciclo da doença e epidemiologia
A sobrevivência do patógeno se dá na forma de clamidósporos localizados no solo, que são as fontes de inóculo primário da doença. A penetração do fungo ocorre por ferimentos durante a germinação dos clamidósporos ou macroconídios.

Práticas de manejo
As práticas de controle recomendadas são de caráter preventivo, como a seleção de estacas provenientes de plantas sadias, rotação de cultura com espécies não hospedeiras como gramíneas, a eliminação de restos culturais e o tratamento químico das estacas.

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Podridão das manivas

Etiologia
Nomes comuns da doença
Podridão das manivas

Agente causal
Botryodiplodia theobromae Pat.
Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griff & Maubl
Biologia do patógeno
O fungo produz picnidiósporos unicelulares, uniseptados, inicialmente hialinos evoluindo para amarronzados. Conídios inicialmente sem septos, hialinos, subovóide a elipsóide oblongo, parede espessa, base truncada com conídios maduros uniseptados, freqüentemente estriados, 18 a 30 por 10 a 15 µm.

Importância da doença
Esta podridão afeta manivas sob condições de armazenamento e em hastes no campo. Plantas originadas de material propagativo infectado se apresentam debilitadas e morrem.

Sintomatologia
Inicialmente surgem manchas de coloração amarelada a pardo-acinzentada a partir das extremidades das manivas. Com a evolução da doença o tecido interno escurece, podendo atingir a medula.

Sintoma morfológico:
 podridão

Ciclo da doença e epidemiologia
O patógeno penetra o tecido do hospedeiro através de ferimentos. Condições climáticas favoráveis à doença são de altas temperaturas e umidade.

Práticas de manejo
O controle da doença é feito através da seleção do material de plantio antes e depois do armazenamento. O tratamento químico das manivas também tem se mostrado eficiente.

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Cercosporiose

Nomes comuns da doença
Cercosporiose
Mancha-parda-da-folha
Agente causal
Passalora henningsii (Allesch.) Deighton
Cercosporidium henningsii Teri
Biologia do patógeno
A cercosporiose é causada por duas espécies de fungo do gênero Cercosporidium.Cercosporidium henningsii e C. viçosae. C. henningsii produz conídios compridos, solitários, hialinos, com até onze septos e medindo 30 a 50 por 4 a 7 µm. Conidióforos são marrons claros e não septados. Peritécios negros de 100 µm podem aparecer sobre o tecido necrosado da planta. Ascas medem 55 a 72 por 10 a 13 µm e possuem oito ascósporos que são ovóides, uniseptados, medindo 17 a 22 por 5,2 a 6,8 µm. C. viçosae produz conidióforos marrom-avermelhados, de 4 a 6 por 50 a 150 µm. Conídos de 4 a 6 por 25 a 100 µm.

Importância da doença
A cercosporiose é encontrada em praticamente todas as regiões produtoras do país. No entanto, os danos causados por esta doença são raramente superiores a 20%.

Sintomatologia
A folha apresenta manchas necróticas de coloração cinza-oliváceo, tendo uma sintomatologia diferenciada segundo a espécie do fungo. Quando causadas por C. henningsii as manchas apresentam bordos bem definidos e escuros, enquanto que por C. viçosae as manchas são maiores e irregulares, sem bordos definidos. Com o progresso da doença, as folhas atacadas tornam-se amareladas, secam e caem.

Sintoma morfológico:
 murcha

Ciclo da doença e epidemiologia
A cercosporiose é mais comumente encontrada na estação chuvosa. As folhas de idade mais avançada são as mais suscetíveis. O vento e a chuva são os principais meios de disseminação da doença. A temperatura ótima para a germinação é de 39°C e umidade de 90%. Durante a germinação, os esporos produzem um tubo germinativo ramificado penetrando e colonizando a planta através dos espaços intercelulares. Com o desenvolvimento da doença o fungo produz conídios que irão originar os ciclos secundários da doença. Além da mandioca cultivada, C. henningsii hospeda espécies nativas de mandioca e a batata-doce

Práticas de manejo
Devem-se utilizar práticas culturais que diminuem o excesso de umidade na plantação, como o aumento no espaçamento, além de eliminação de espécies nativas de mandioca e uso de cultivares resistentes.

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Mancha-branca-das-folhas

Etiologia
Nomes comuns da doença
Mancha-branca-das-folhas

Agente causal
Phaeoramularia manihotis (F. Stevens & Solheim) MB Ellis.

Biologia do patógeno
O patógeno produz conidióforos que emergem dos estômatos, de coloração marrom-oliváceo, septado, medindo 50 a 200 por 3 a 5 µm. Conídios são hialinos, com até seis septos,retos a clavados e medindo 20 a 90 por 4 a 8 µm.

Importância da doença
Doença de maior importância em algumas regiões do Brasil como de baixadas em locais litorâneos, tendo pouca importância em outras regiões.

Sintomatologia
Folhas mais velhas apresentam lesões necróticas de formato irregular com coloração variando do branco ao pardacento com bordos bem definidos e avermelhados. As lesões medem de 1 a 7 mm de diâmetro. Sob ataques severos da doença, ocorre amarelecimento das folhas seguido de queda prematura.

Sintoma morfológico:

Ciclo da doença e epidemiologia
O fungo sobrevive em restos culturais infectados como micélio dormente e a suadisseminação ocorre pelo vento e água da chuva. As condições ótimas para agerminação são de temperaturas de 33°C e umidade próxima de 100%. A penetração do fungo ocorre pelos estômatos e a colonização através dos espaços intercelulares. A doença se desenvolve melhor sob continuidade de altas temperaturas e umidade.

Práticas de manejo
Para o controle da doença é recomendada práticas culturais que promovam o arejamento da plantação, como o aumento no espaçamento, de forma a diminuir a umidade no microambiente. A eliminação de espécies nativas de mandioca e de restos culturais também é recomendada para diminuir o inóculo.


Superbrotamento

O superbrotamento é uma doença causada por fitoplasma, que tem sido encontrada atacando a cultura da mandioca no Brasil, sendo particularmente importante na microrregião da Serra da Ibiapaba, no Ceará, apesar da sua ocorrência ser registrada em quase todas as regiões produtoras de mandioca.

Em condições altamente favoráveis ao desenvolvimento da doença, pode provocar uma redução de até 70% no rendimento de raízes, e acentuada diminuição nos teores de amido, que chega a 80% em cultivares suscetíveis. O superbrotamento também pode causar perdas na produção de manivas-semente, tendo em vista que, nas plantas afetadas, as hastes apresentam-se com um tamanho muito reduzido e excesso de brotação das gemas.

Os sintomas da doença caracterizam-se pela emissão exagerada de hastes a partir da haste principal, também chamados de envassouramento ou flocos, além de provocar raquitismo e amarelecimento generalizado das plantas afetadas. Acredita-se que a disseminação da doença ocorra por meio de vetores transmissores, normalmente insetos que têm o hábito sugador, além de manivas-semente contaminadas utilizadas para o plantio.

O controle do superbrotamento pode ser efetuado preventivamente, evitando a introdução de material de plantio de áreas afetadas, seleção rigorosa do material de plantio em áreas de ocorrência da doença e eliminação de plantas doentes dentro do cultivo. A utilização de variedades resistentes é o método mais eficiente de controle da doença; em trabalho realizado no Ceará foram identificados os genótipos Embrapa 54–Salamandra, Embrapa 55–Tianguá, Embrapa 56–Ubajara e Embrapa 57–Ibiapaba, resistentes à doença e com características agronômicas e industriais desejáveis.

Viroses
mosaico das nervuras apresenta ampla abrangência geográfica, embora seja particularmente importante no ecossistema do Semi-Árido Nordestino, não somente pela severa manifestação produzida, como também pela influência negativa na qualidade dos produtos obtidos. Não existe definição clara do seu efeito na produção pois, enquanto alguns acreditam que o ataque severo pode reduzir a produtividade em até 30%, outros afirmam que ela não é afetada pelo vírus, e sim a qualidade do produtos, especialmente o teor de amido na raiz. Os sintomas caracterizam-se pela presença de cloroses intensas entre as nervuras primárias e secundárias, nas plantas afetadas. Em casos severos da doença é comum observar um forte retorcimento do limbo foliar.
O “couro de sapo” tem sido observado de modo muito restrito em algumas lavouras localizadas no Amazonas, Pará e Bahia. Entretanto, a doença é considerada como potencialmente importante, pois sua manifestação severa em plantios de mandioca pode inviabilizar economicamente a produção. O ataque severo do vírus pode provocar redução em torno de 70% na produtividade ou até mesmo perdas totais em variedades suscetíveis. O vírus pode também reduzir drasticamente a qualidade do produto, especialmente os teores de amido nas raízes, cuja diminuição pode variar de 10 a 80%.
mosaico comum ocorre normalmente em regiões com temperaturas mais amenas, no Sul e Sudeste do Brasil. A manifestação severa da doença em variedades suscetíveis pode causar perdas de produção entre 10 a 20%; o vírus também prejudica a qualidade dos produtos, causando reduções nos teores de amido que variam entre 10 a 50%. Os sintomas são clorose da lâmina foliar e retorcimento dos bordos das folhas, especialmente em folhas em formação. Em alguns casos tem-se observado que, quando as folhas vão se desenvolvendo, os sintomas desaparecem por completo, notadamente quando as condições ambientais tornam-se adversas para o desenvolvimento da doença.
Como métodos de controle das viroses são sugeridos a seleção de material de plantio, uso de variedades resistentes e eliminação de plantas afetadas dentro do cultivo.

Outras doenças

Em alguns casos, dependendo das condições ambientais e da suscetibilidade das variedades utilizadas, a antracnose causada por Colletotrichum gloeosporioides pode causar prejuízos esporádicos ou temporários na mandioca; em determinadas épocas ela ocorre de maneira mais intensiva, causando perdas significativas na produção de raízes e redução da qualidade dos produtos.
As cercosporioses em mandioca são bem conhecidas, apesar de não causarem maiores prejuízos para a cultura; portanto, não são motivo de preocupação para os produtores.


Pragas

Pragas e métodos de controle

A cultura da mandioca, por ser de ciclo bianual, está sujeita a diversos ataques de insetos e ácaros, alguns classificados como pragas de maior importância, que podem causar danos severos à cultura e resultar em perdas no rendimento. Recomenda-se que sejam utilizadas práticas de manejo que contribuam para o bom desenvolvimento das plantas e possam reduzir os danos causados pelas pragas nas áreas de cultivo, tais como: obtenção de ramas para plantio em áreas não infestadas, seleção de manivas-semente, plantio em áreas corrigidas e adubadas conforme a análise de solo, plantio em cultivos múltiplos ou consorciados e rotação de culturas.

Percevejo-de-renda

Uma das pragas que vem preocupando a pesquisa no Cerrado é o percevejo-de-renda, Vatiga illudens (Drake, 1922), que normalmente não causava danos nos cultivos, mas tem-se constituído num problema, tanto nas áreas de pesquisa como nas áreas de produtores, aumentando sua ocorrência de ano para ano.
É uma praga de hábito sugador que ocorre no início da estação seca. O adulto é de cor cinzenta e a ninfa (fase jovem do inseto) é branca, sendo ambos encontrados na face inferior das folhas basais e medianas da planta; quando o ataque é severo, podem chegar até as folhas apicais.

O dano é causado tanto pelas ninfas como pelos adultos, cujos sinais de ataque manifestam-se por pontuações amarelas pequenas, que se tornam de cor marrom-avermelhada. Na face inferior das folhas aparecem inúmeros pontos pequenos, de cor preta, que correspondem aos excrementos dos insetos. Quando a infestação é severa, pode ocorrer o desfolhamento da planta.

O dano na folhagem pode causar redução na fotossíntese e queda das folhas inferiores. Podem ocorrer perdas no rendimento, a depender da cultivar utilizada, idade da cultura, intensidade e duração do ataque.
Pode causar perdas significativas no rendimento da cultura em condições de baixa umidade. Trabalhos no Cerrado verificaram reduções de 21% e 50%, respectivamente, na produção de raízes e massa verde do terço superior de diferentes cultivares de mandioca avaliadas nas condições do Distrito Federal; as cultivares mansas (Mantiqueira e Jaçanã) foram as mais infestadas, enquanto as bravas (EAB-670 e IAC 12-829) foram as menos infestadas.

A maior infestação de insetos ocorre no primeiro semestre do ano, até a desfolha das plantas, concentrando-se no período de fevereiro a maio, reiniciando uma infestação crescente até setembro.
O melhor controle consiste na utilização de cultivares mais tolerantes ao ataque. Essa praga pode ser controlada com inseticidas organofosforados sistêmicos, resultando num incremento da produção de raízes e parte aérea da ordem de 23% e 22%, respectivamente. Embora eficientes, esses inseticidas não estão registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para uso na cultura da mandioca. 

Ácaros e Mandarová

Ácaros

Os ácaros são pragas das mais severas que atacam a mandioca, sendo encontrados em grande número na face inferior das folhas, freqüentemente durante a estação seca do ano, podendo causar danos consideráveis, principalmente nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste. Alimentam-se penetrando o estilete no tecido foliar e succionando o conteúdo celular. Os sintomas típicos do dano são manchas cloróticas, pontuações e bronzeamento no limbo, morte das gemas, deformações e queda das folhas, reduzindo a área foliar e a fotossíntese.

Os ácaros mais importantes para a cultura da mandioca no Brasil são o ácaro verde (conhecido como “tanajoá”) e o ácaro rajado.

O ácaro verde alimenta-se da seiva das folhas que estão brotando e localiza-se na parte apical da planta, picando as folhas não expandidas e as hastes. Seu dano é maior no broto, nas gemas e folhas jovens, embora também ocorra nas partes mais baixas da planta, que são menos afetadas. Os sintomas iniciais são pequenas pontuações amareladas nas folhas, que perdem sua cor verde característica, crescendo geralmente deformadas. Quando o ataque é severo, as folhas embrionárias não alcançam seu desenvolvimento normal e há uma grande redução foliar, induzindo novas ramificações; as hastes tornam-se ásperas e de cor marrom, e o desfolhamento e morte delas se iniciam progressivamente, começando pela parte superior da planta.

O ácaro rajado tem preferência pelas folhas que se encontram nas partes mediana e basal da planta, cujos sintomas iniciais são pontos amarelos na base das folhas e ao longo da nervura central. Quando as populações aumentam, os ácaros se distribuem em toda a folha, e as pontuações amarelas aparecem na totalidade da folha, que adquire uma coloração marrom-avermelhada ou de ferrugem, à medida que a infestação aumenta. Em ataques severos, observa-se um desfolhamento intenso nas partes mediana e basal da planta, que avança progressivamente até a parte terminal, quando a planta apresenta o broto muito reduzido e com grande quantidade de teias de aranha. As folhas atacadas secam, caem e, em casos mais severos, as plantas podem morrer.

Em geral, os ácaros inicialmente atacam plantas isoladas, logo pequenos grupos de plantas em determinados locais (focos) e, posteriormente, invadem toda a cultura, pela dispersão causada pelo próprio deslocamento, pela ação involuntária do homem e dos animais e pelo transporte pelo vento, sendo este último o meio mais importante. Outro meio de dispersão, e a maiores distâncias, é o transporte de material vegetativo infestado.

Durante os períodos secos (baixa umidade relativa e alta temperatura) os ácaros têm uma alta taxa de reprodução. Além da relação com os fatores climáticos, o aumento da população dos ácaros varia segundo a planta hospedeira, o seu estado nutricional e a presença de inimigos naturais. A temperatura é um dos fatores de maior influência na população de ácaros, sendo que temperaturas baixas ou mudanças bruscas de temperatura reduzem suas populações. A umidade relativa, quando alta e contínua, provoca redução na população da praga, por afetar a oviposição, eclosão e sobrevivência das larvas e aparecimento de inimigos naturais. A precipitação é outro fator que ajuda a diminuir as populações; as chuvas fortes não somente causam aumento da umidade relativa, como também lavam as folhas, podendo ocorrer também a eliminação dos ácaros por afogamento ou pelo golpe direto das gotas de água.

Para o controle dos ácaros que atacam a mandioca, recomenda-se a utilização do controle integrado, que consiste na combinação e integração de todas as técnicas disponíveis.

O uso de cultivares de mandioca resistentes e/ou tolerantes é o meio ideal para controlar ou reduzir os ácaros e minimizar os danos causados à cultura.

Existem vários inimigos naturais dos ácaros que exercem um bom controle, dentre os quais destacam-se alguns coleópteros e diversos ácaros benéficos da família Phytoseiidae; estes ácaros vivem e ovipositam entre as colônias dos ácaros-praga e consomem os seus ovos, larvas, ninfas e adultos. Outro inimigo natural importante é o fungo Neozygites sp., que tem sido encontrado atacando as fêmeas do ácaro verde.

O controle cultural dos ácaros deve ser utilizado e consiste na realização de práticas que dificultam o desenvolvimento populacional da praga e retardam a sua dispersão, tais como: 1) destruição de plantas hospedeiras; 2) inspeções periódicas na cultura para localizar focos; 3) destruição dos restos de cultura, prática indispensável naquelas plantações que apresentaram altas populações de ácaros; 4) seleção do material de plantio livre de ácaros, insetos e enfermidades; e 5) distribuição adequada das plantas no campo, para reduzir a disseminação dos ácaros.

Não há nenhum produto registrado até o momento para o controle químico de ácaros da mandioca. Este tipo de controle, além de anti-econômico, provoca desequilíbrio por eliminar os inimigos naturais (insetos e ácaros benéficos), muito comuns nos mandiocais.

Mandarová

O mandarová da mandioca, Erinnyis ello, é considerado uma das pragas mais importantes desta cultura, pela ampla distribuição geográfica e alta capacidade de consumo foliar, especialmente nos últimos ínstares larvais. A lagarta pode causar severo desfolhamento, o qual, durante os primeiros meses de desenvolvimento da cultura, pode reduzir o rendimento e até ocasionar a morte de plantas jovens. Este inseto tem-se apresentado somente nas Américas, onde tem desfolhado grandes plantios de mandioca. O mandarová da mandioca pode se apresentar em qualquer época do ano, mas em geral ocorre no início da estação chuvosa ou da seca, entretanto é uma praga de ocorrência esporádica, podendo demorar até vários anos antes de surgir um novo ataque.

No início, a lagarta é difícil de ser vista na planta, devido ao tamanho diminuto (5 mm) e à coloração, confundindo-se com a da folha. Quando completamente desenvolvidas, o colorido das lagartas é o mais variado possível, havendo exemplares de cor verde, castanho-escura, amarela e preta, sendo mais freqüentes as de cores verde e castanho-escura. A lagarta passa por cinco estádios que duram aproximadamente de 12 a 15 dias, período em que consome, em média, 1.107 cm² de área foliar, sendo que 75% dessa área é consumida no quinto ínstar.

A prática da aração da área para novos plantios contribui entre outras vantagens, no enterrio profundo de algumas pupas, enquanto outras ficam na superfície do solo expostas aos raios solares, as quais são eliminadas.

A eliminação das plantas invasoras, especialmente as euforbiáceas, presentes na plantação ou em suas imediações, é outra prática recomendada, as quais servem de hospedeiras à praga.
No caso de ataques contínuos do mandarová em uma região, recomenda-se a rotação de culturas, já que ao desaparecer o hospedeiro mais prolífero, diminui a população da praga. Inspeções periódicas das lavouras, identificando os focos iniciais, também tornam o controle mais eficiente.

Em áreas pequenas, recomenda-se a catação manual e destruição das lagartas.

O inseticida biológico seletivo à base de Bacillus thuringiensis tem mostrado grande eficiência no controle do mandarová, principalmente quando aplicado em lagartas com tamanho entre 5 mm e 3,5 cm de comprimento, ou seja, quando as lagartas estão entre o primeiro e terceiro ínstares.

Outro agente biológico de grande eficiência no controle do mandarová é o Baculovirus erinnyis, um vírus que ataca as lagartas. O controle deve ser feito quando forem encontradas de cinco a sete lagartas pequenas por planta, embora este número de lagartas por planta seja flexível, a depender do estágio de desenvolvimento e do vigor das plantas, da cultivar e das condições ambientais. O B. erinnyis pode ser obtido pela maceração de lagartas infectadas na lavoura, as quais apresentam-se descoradas, com perda dos movimentos e da capacidade alimentar, encontrando-se dependuradas nos pecíolos das folhas. Deve-se levar em consideração que as lagartas infectadas levam cerca de seis dias para morrer, porém a partir do quarto dia deixam de se alimentar. Para o preparo da “calda”, utilizar apenas as lagartas recém-mortas. As lagartas não usadas de imediato devem ser conservadas em congelador e descongeladas antes da aplicação. Deve-se proceder da seguinte forma para o preparo da “calda”: esmagar bem as lagartas infectadas, juntando um pouco de água para soltar o vírus; coar tudo em um pano limpo ou passar em peneira fina, para não entupir o bico do pulverizador; o líquido obtido (coado) está pronto para ser usado. Em cada 200 litros de água, colocar duas colheres de sopa (20 ml) do líquido coado para aplicação em um hectare de mandioca. O Baculovirus deve ser aplicado no final da tarde.

O mandarová tem ainda uma série de inimigos naturais que são capazes de exercer um bom controle, não se recomendando aplicações de produtos químicos, porque ocorre destruição desses insetos benéficos.
Podem ainda ser utilizadas armadilhas luminosas para capturar adultos, o que não constitui propriamente um método de controle, mas permitem diminuir as populações, além de fornecer dados para o conhecimento da flutuação populacional do mandarová, prevenindo o agricultor contra ataques intensos, o que ajuda a planejar melhor a aplicação das diferentes alternativas de controle.

Uso de Agrotóxicos

Agrotóxicos são os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento dos produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos (Lei Federal 7.802 de 11.07.89). 
Os agrotóxicos são importantes para a bananicultura, todavia, exigem precaução no seu uso, visando a proteção dos operários que os manipulam e aplicam, dos consumidores de banana, dos animais de criação, de abelhas, peixes, de organismos predadores e parasitas, enfim, do meio ambiente.

Colheita e Pós-colheita

O início da colheita da mandioca depende de fatores como:
1.Técnicos: 
a) ciclo das cultivares (precoces - 10-12 meses; semiprecoces - 14-16 meses; e tardias - 18-20 meses). Deve-se considerar também o objetivo do produto, se mandioca de mesa, aipim ou macaxeira, colhidas aos 8 a 14 meses e para indústria 18 a 24 meses; b) ocorrências observadas ao longo do ciclo de cada cultivar ou de cada gleba, como o ataque de pragas ou doenças, que podem antecipar ou retardar a colheita; c) condições em que se encontram as diferentes áreas de mandioca na ocasião da colheita, como o grau de infestação de plantas daninhas e a recuperação das plantas, por exemplo, do ataque de mandarovás e/ou de ácaros, já tendo ocorrida a reposição do amido consumido na reconstituição da parte aérea danificada; e d) sistema de plantio em relação às condições de umidade do solo, desde quando nas culturas instaladas em covas ou camalhões, as raízes de reserva se desenvolvem mais superficialmente em relação ao nível do solo, o que não acontece quando o plantio é em sulcos.
1.Ambientais: 
a) condições de solo e clima, que determinam as facilidades e dificuldades ao arranquio das plantas. Nas regiões em que se predominam indústrias de produtos de mandioca, a colheita é feita geralmente nos períodos secos e quentes ou secos e frios, entre as estações chuvosas, pois as raízes apresentam suas qualidades desejáveis em seu mais alto grau. Nas Regiões Norte e Nordeste, em que a mandioca é considerada produto de subsistência, a colheita ocorre o ano inteiro, para atender ao consumo e à comercialização nas feiras livres; e b) estado das estradas e dos caminhos de acesso ao mandiocal.
1.Econômicos:
a) situação do mercado e dos preços dos produtos; b) disponibilidade de mão-de-obra e de recursos de apoio, pois a colheita da mandioca é a operação do sistema de produção que requer maior emprego do elemento humano, sendo mais dificultada em solo endurecido, com cultivar ramificada e com maior infestação de ervas daninhas. Um homem colhe 600 a 800 kg de raízes de mandioca numa jornada de trabalho de oito horas, podendo alcançar até 1.000 kg se o mandiocal estiver em solo mais arenoso, limpo e com boa produção por planta; e c) premência de tempo, em casos em que, por exemplo, compromissos financeiros ou de âmbito contratual devem ser satisfeitos dentro da época preestabelecida, apesar de não combinarem com a época da colheita da mandioca.
As épocas mais indicadas para colher a mandioca são aquelas em que as plantas encontram-se em período de repouso, ou seja, quando pelas condições de clima e do ciclo elas já diminuíram o número e o tamanho das folhas e dos lobos foliares, condição em que atinge o máximo de produção de raízes com elevado teor de amido.
Embora já existam implementos mecanizados de fabricação nacional, a colheita da mandioca é primordialmente manual e/ou com auxílio de implementos, tendo duas etapas: a) poda das ramas, efetuada a uma altura de 20 a 30 cm acima do nível do solo; e b) arranquio das raízes, com a ajuda de ferramentas, a depender das condições de umidade e/ou características do solo. 
Após o arranquio ou colheita das raízes, estas devem ser amontoadas em pontos na área, a fim de facilitar o recolhimento pelo veículo transportador, devendo-se evitar que permaneçam no campo por mais de 24 horas, para que não ocorra a deterioração fisiológica e/ou bacteriológica. O carregamento das raízes do campo até o local do beneficiamento é feito por meio de cestos, caixas, sacos, grades de madeira etc. Algumas regiões utilizam bolsões de lona conhecidos por “big bag”, para grandes carregamentos de raízes. Esses bolsões são distribuídos na área para colocação das raízes, mais ou menos 800 kg, e um trator equipado com hidráulico eleva as bolsas para cima dos caminhões, ocasião em que um operário desfaz o nó e as raízes caem dentro da carroceria do caminhão. 




Pós-colheita
As raízes da mandioca são uma ótima fonte energética, onde estão também presentes compostos cianogênicos potenciais, que oferecem riscos à saúde em caso de processamento inadequado. As raízes de mandioca podem ser usadas para consumo de mesa (aipim ou mandioca mansa, com baixo teor de compostos cianogênicos potenciais – concentração menor que 100 ppm) ou de forma industrial (mandioca ou mandioca brava, com alto teor de compostos cianogênicos potenciais – concentração maior que 100 ppm).

Em termos tecnológicos, o escurecimento enzimático é um fator importante a ser considerado no processamento. Após a colheita e após o descascamento, inicia-se esse processo de deterioração de forma mais intensa, que pode ser evitado com a aplicação de tratamentos antioxidantes (por exemplo, por imersão em solução diluída de ácidos orgânicos) e/ou branqueamento (tratamento térmico brando).

Os principais produtos derivados do aipim ou mandioca mansa são o minimamente processado ou os processados como mandioca pré-cozida congelada, como os “chips”, por exemplo (Fig. 3). 

Os principais produtos derivados da mandioca ou mandioca brava são a farinha seca (Fig. 4) e farinha d’água (Fig. 5), fécula ou polvilho doce (Fig. 6) e polvilho azedo.

     
Figura 3. Fluxograma geral do processamento de mandioca para produção de mandioca frita

Figura 4. Fluxograma geral do processamento de mandioca para produção de farinha seca


Figura 5. Fluxograma geral do processamento de mandioca para produção de farinha d’água.


Figura 6. Fluxograma geral do processamento de mandioca para produção de fécula.



Mandioca na alimentação animal 

Raspa de raízes de mandioca 
As raízes da mandioca destacam-se como fonte de energia, que é o componente quantitativamente mais importante das rações alimentícias para diferentes espécies de animais. Apresentam quantidades mínimas de proteína, vitaminas, minerais e fibra e são bem aceitas pelos animais.

A concentração de energia útil na mandioca e seus derivados é afetada pela umidade. A raiz de mandioca quando fresca, apresenta menos de 1.500 kcal de energia metabolizável por quilo de massa fresca; quando desidratada, varia de 3.200 a 3.600 kcal 
A desidratação é um processo importante para conservar a qualidade das raízes depois de colhidas, facilita seu uso na composição de alimentos, eleva a concentração de nutrientes e facilita a conservação dos alimentos, além de ser um dos métodos mais eficientes na redução da toxicidade.

O processo de produção consiste basicamente, logo após a colheita, no corte das raízes e exposição ao sol. A produção de raspa deve ocorrer no período adequado à colheita, quando as condições climáticas são favoráveis (boa insolação, alta temperatura e baixa umidade relativa).

de energia metabolizável, nível adequado para a maioria dos animais de todas as idades.

Lavagem das raízes
As raízes devem ser lavadas para eliminar a terra e outros elementos estranhos aderidos a elas, especialmente quando são processadas sem a retirada da casca (película externa e córtex). A lavagem adequada permite obter materiais com boa qualidade, quanto ao conteúdo de resíduos.
Corte das raízes
As raízes devem ser divididas em pequenos pedaços, usando maquinário apropriado, para acelerar o processo de secagem, facilitar o armazenamento, a sua conservação e uso na preparação de rações alimentícias.
Desidratação das raízes
É a operação mais importante no processo de preparação de raspas, devido à necessidade de baixar o teor de umidade de 60-70% nas raízes para 10-14% nas raspas. 
Nos sistemas tradicionais de secagem, os pedaços das raízes são espalhados uniformemente em uma área cimentada, lona plástica ou bandejas com fundo de tela, em camadas que proporcionem no máximo uma carga de 15 quilogramas por metro quadrado. Para acelerar o processo, o material deve ser revolvido com um ancinho ou rodo de madeira, no sentido do maior comprimento, a cada duas horas no primeiro dia. À noite, junta-se e protege-se o material com uma lona plástica ou similar.
Rendimento
O índice de eficiência na produção de raspa de raízes de mandioca situa-se de 30-40%, isto é, para cada 1.000 quilogramas de raízes são produzidos de 300 a 400 quilogramas de raspa, dependendo da variedade, idade da planta , umidade inicial, densidade e condições climáticas.
Armazenamento
O armazenamento da raspa seca pode ser feito à granel ou em sacos de aniagem ou ráfia, com capacidade de 30 a 40 quilogramas, tendo o cuidado de compactar bem o produto e colocá-lo em local com boa ventilação, alta temperatura, baixa umidade relativa e protegido da chuva. Para evitar o desenvolvimento de bactérias e fungos, que ocasionam transtornos nutricionais e sanitários, o material armazenado deve estar desidratado de forma homogênea, com umidade que não exceda 14%.
Utilização

As experiências têm demonstrado que a raspa de raízes de mandioca pode ser incluída na formulação de rações para animais domésticos, em substituição parcial ou total dos cereais (milho, trigo, cevada etc.), graças ao seu valor energético e à sua palatabilidade.

Feno da parte aérea da mandioca 



Feno da parte aérea da mandioca
A parte aérea da mandioca é constituída pelas hastes principais , galhos e folhas, em proporções variáveis. É um produto que apresenta um potencial protéico de muita importância, sendo também rico em vitaminas, especialmente A, C e do complexo B; o conteúdo de minerais é relativamente alto, especialmente cálcio e ferro. Esse material pode ser submetido a diferentes processos para obtenção de produtos destinados a alimentação animal.
Quando a folhagem se destina a produção de feno para monogástricos (aves, suínos e cavalos), deve-se utilizar as partes mais tenras (hastes novas e folhas). No caso da alimentação de ruminantes (bovinos, caprinos e ovinos) esta seleção não precisa ser tão criteriosa, podendo-se utilizar também as manivas. 
A alternativa de desidratar a folhagem abre novas possibilidades para o uso da parte aérea da mandioca na alimentação de animais, de onde se pode obter um feno que oferece numerosas vantagens, podendo ser usado diretamente ou em mistura com outros componentes da ração.
Produção de feno
A fenação é um processo de conservação de forragens, que, além de manter as qualidades do material após a colheita, facilita seu uso na fabricação de alimentos, eleva a concentração de nutrientes e elimina a maior parte do ácido cianídrico, reduzindo-o a níveis seguros para a alimentação animal. 
O processo de produção consiste basicamente em, logo após a colheita das ramas, preferencialmente as partes mais tenras (terço superior), triturar-se o material e expor ao sol, quando as condições climáticas são favoráveis (boa insolação, alta temperatura e baixa umidade relativa). A parte basal, por ser bastante lenhosa, possui muita fibra e poucos nutrientes, além do risco de, mesmo após a trituração, apresentar lascas que podem provocar perfurações no estômago dos animais. 
Corte das ramas
As ramas devem ser trituradas em pequenos pedaços, usando maquinário apropriado (máquina de picar forragem, moto-forrageira etc.), para acelerar o processo de secagem, facilitar o armazenamento, a sua conservação e o uso na preparação de rações.
Desidratação das ramas
É a operação mais importante no processo de produção de feno, devido à necessidade de baixar o teor de umidade de 65-80% nas ramas para 10-14% no feno.
Nos sistemas tradicionais de secagem, o material picado é espalhado uniformemente em uma área cimentada, lona plástica ou bandejas com fundo de tela. Para acelerar o processo, o material deve ser revolvido com ancinho ou rodo de madeira, no sentido do maior comprimento, a cada trinta minutos, permitindo uma secagem mais uniforme e rápida. A depender da insolação, ao final de quatro horas o material está em condições de ser armazenado.
Rendimento
A taxa de eficiência na produção de feno da parte aérea da mandioca situa-se entre 20-30%, isto é, para cada 1.000 quilogramas de ramas são produzidos de 200-300 quilogramas de feno, dependendo da variedade, idade da planta, umidade inicial, densidade e condições climáticas
Armazenamento
O armazenamento do feno pode ser feito em sacos de aniagem ou ráfia, tendo o cuidado de colocá-los em local com boa ventilação, alta temperatura, baixa umidade relativa e protegido da chuva . Para evitar fermentações indesejáveis e conseqüente deterioração do produto, o material armazenado não deve apresentar umidade superior a 14%.
Utilização
As experiências têm demonstrado que as ramas de mandioca podem ser incluídas na formulação de rações para animais domésticos, especialmente ruminantes (bovinos, caprinos e ovinos), em substituição parcial ou total dos cereais (milho, trigo e cevada), graças ao seu valor nutritivo. 

Mercado e Comercialização 

Mercado e comercializaçãoa
Apesar da grande diversidade, o sistema produtivo da cadeia da mandioca apresenta três tipologias básicas: a unidade doméstica, a unidade familiar e a unidade empresarial. Essa tipologia leva em consideração a origem da mão-de-obra, o nível tecnológico, a participação no mercado e o grau de intensidade do uso de capital na exploração. 
A unidade doméstica é caracterizada por usar mão-de-obra familiar, não utilizar tecnologias modernas, participar do mercado vendendo apenas o excedente e dispor de pouco capital para investimento. A unidade familiar já adota algumas tecnologias modernas, tem uma participação significativa no mercado e dispõe de algum capital para investir; embora a mão-de-obra seja a familiar, às vezes contrata diaristas ou empreiteiros para as tarefas de plantio, capinas e colheita. A unidade empresarial caracteriza-se pelo emprego da mão-de-obra de terceiros, dispondo de capital para investimento. As unidades empresarial e a do tipo familiar, juntas, respondem pela maior parte da produção de raízes no Brasil. 
O segmento de processamento da cadeia da mandioca está intimamente relacionado com o uso das raízes para a indústria de farinha, de fécula, de alimentos pré-cozidos, de congelados de mandioca e de ração animal, localizadas no Estado do Mato Grosso do Sul, nos seguintes municípios: Dois Irmãos do Buriti, Campo Grande e Terenos. 
A escala de operação das indústrias de processamento de farinha vai desde as pequenas unidades artesanais de processamento (comunitárias ou privadas) até as unidades de grande porte que processam, em média, 300 sacas de farinha por dia, passando pelas unidades de médio porte (100 sacas por dia). A maioria das fecularias possui capacidade operacional para moer, no mínimo, 150 toneladas de mandioca por dia. Na cadeia da mandioca existem ainda outros produtos de importância econômica regional e que são comercializados de forma informal, como é o caso da raspa de mandioca e da parte aérea. 
As etapas de processamento e distribuição às vezes são realizadas por um mesmo ator. Essa situação pode acontecer no mercado de farinha, de raízes frescas e de fécula, ou seja, um mesmo produtor/empresa processa e distribui os produtos. Neste caso, as raízes frescas (no caso dos aipins) são comercializadas: nas feiras (atacado ou varejo), para atravessadores, nas CEASA’s, para a agroindústrias, supermercados e sacolões/frutarias. A farinha é vendida em feiras livres e repassada para supermercados. Já no caso da fécula, ocorre a comercialização diretamente com as empresas que irão usá-la como insumo em diversos processos industriais. Apesar do crescimento da comercialização via associações e cooperativas, ainda prevalece a figura do intermediário como principal agente de comercialização na cadeia. Essa função é exercida por agentes esporádicos (caminhoneiros) e por comerciantes regularmente estabelecidos nos centros urbanos. 
O processo de embalagem depende do produto (farinha ou fécula) e do mercado a que se destina. No caso da farinha, é comercializada nas feiras livres, geralmente embalada em sacas de 50 kg, ou em supermercados, embalada em pacotes de meio, um ou dois quilos, vendidos em fardos de 30 kg. Já a fécula é embalada em sacas de 25 kg, para atender tanto ao mercado atacadista como ao mercado das indústrias; no caso desse último mercado, a fécula também pode ser comercializada em embalagens de maior capacidade. As raízes destinadas ao consumo in natura são comercializadas em caixa tipo “k” retornáveis de 23 kg. 
O segmento de consumo da cadeia da mandioca, na Região do Cerrado, é caracterizado por consumidores que absorvem a própria produção, ou seja, são agricultores que definem os produtos em função de suas preferências e hábitos regionais. Cerca de 62% da produção são retidos nos estabelecimentos agropecuários de forma in natura, servindo de alimento tanto para o ser humano como para os animais (gado, porco e galinha), e também como matéria-prima para as pequenas casas de farinhas e para a fabricação de polvilho. 
No caso dos demais consumidores, que adquirem os produtos no mercado, o padrão de consumo depende do produto, nível de renda, costumes regionais e hábitos de compra. No tocante à farinha comum, farinhas temperadas, farinha tipo “beiju”, mandioca “fresca” e outros produtos tradicionais, identificam-se, pelo menos, dois tipos de consumidores que podem ser caracterizados em função dos hábitos de compra: “o consumidor de feira livre” e o “consumidor de supermercado”. Com relação aos consumidores de fécula, todos podem ser classificados como consumidores intermediários, isto é, adquirem o produto para ser utilizado como insumo nos diversos processos industriais. Enquadram-se nessa categoria os consumidores que compram pequenas quantidades que podem ser encontradas no comércio varejista e no mercado atacadista, como é o caso das padarias, confeitarias e pequenas indústrias de processamento de carne. Além disso, incluem-se também os consumidores que transacionam grandes volumes, diretamente negociados com as fecularias, visando obter melhores preços e condições de pagamento. Nesse segmento da cadeia inserem-se, também, os importadores. O negócio de fécula, atualmente, mostra-se como um dos mais promissores devido ao mercado internacional, sendo que em 2002 foram exportadas 17,9 milhões de toneladas de fécula, enquanto o consumo desse produto no Brasil gira em torno de 500 mil toneladas por ano. 

O nicho de mercado que vem crescendo, tanto na Região do Cerrado como em todo o Brasil, é o dos produtos minimamente processados, sendo a mandioca um desses. A mandioca congelada, cozida ou pré-cozida encontra espaço nas cadeias de restaurantes, cozinha industrial e bares, sendo comercializadas em embalagens de um ou dois quilos. No Distrito Federal, 23% da produção de raízes são destinados às agroindústrias que trabalham com essa linha de produto, fora o que é importado de municípios da Região do Entorno. 
O produto mandioca descascada, que tem tido boa aceitação no mercado, é comercializado tanto em feiras livre (varejo), como em supermercado, sacolões e frutarias, em embalagem de um ou dois quilos. O preço desse produto é, geralmente, de 25 a 50% superior ao do da mandioca com casca. 
Cerca de 35% da produção de mandioca do Cerrado são destinados à industria; desse total, 17% são comercializados diretamente com as indústrias, enquanto que, do restante, uma parcela é processada nos próprios estabelecimentos agropecuários e a outra chega à industria pelas mãos de intermediários. No Estado do Mato Grosso do Sul, que tem parte de sua área territorial na Região do Cerrado, encontra-se o maior número de indústrias; conseqüentemente, 73% da produção são destinados para a indústria. No restante da Região do Cerrado predomina o consumo da mandioca fresca ou de mesa.

Sazonalidade e formação de preço 

Sazonalidade e formação de preço

A sazonalidade dos preços das raízes influencia diretamente o preço dos produtos. As flutuações nos preços são diretamente influenciadas por mudanças na oferta, haja vista que as mudanças na demanda se processam mais lentamente.
 No Estado do Mato Grosso do Sul, o período do ano em que os preços recebidos pelos produtores são mais altos situa-se entre os meses de março e julho, quando há escassez do produto. A oferta concentra-se nos meses de agosto a dezembro, em que os preços alcançados estão no nível mínimo. No mês de maio ocorre o preço mais alto, e o mais baixo em dezembro, sendo que a diferença entre esses dois preços é de 18,4%. No Estado de Minas Gerais, o período de preços altos vai de setembro a janeiro, e o de preços baixos, de março a junho. O pico dos preços ocorre em janeiro e o menor preço em junho, sendo o primeiro 17,9% maior. No Distrito Federal ocorrem dois picos de preços, um em março, com maior intensidade, o outro em outubro, que é 6,1% inferior àquele; os níveis de preços mais baixos localizam-se nos meses de julho e agosto.
Quanto à formação dos preços, há uma série de fatores que interferem neste processo: 1) aspectos relacionados com o ciclo da cultura, que é função direta da combinação das variedades cultivadas e das condições ambientais; 2) aspectos inerentes à estrutura de mercado enfrentada pelos produtores de mandioca, em que o processo de formação de preço se aproxima de uma estratégia concorrencial, ou seja, os produtores de matéria-prima concorrem em preço. Além disso, as informações incompletas ou mesmo a falta de informação a respeito do mercado favorecem à ação dos intermediários, que agem como agentes determinantes no processo de formação de preço; 3) praticamente não há barreiras à entrada no mercado de farinha; em função da simplicidade da tecnologia, os investimentos não precisam ser altos e, inclusive, a farinha pode ser produzida em nível artesanal. Conseqüentemente, quando o preço do produto está atrativo, ocorrem entradas de agricultores no negócio e a produção de raízes e farinha aumenta rapidamente, reduzindo os preços; 4) a quantidade ofertada de matéria-prima independe de uma relação mais forte com as agroindústrias, isto é, a oferta de matéria-prima local não leva em consideração a capacidade instalada das unidades de processamento, havendo assim períodos de excesso e de escassez, com reflexos diretos no processo de formação de preços. A inexistência de contratos de fornecimento de longo prazo nas unidades individuais concorre para a não existência de volume e regularidade desejada de produção, fazendo com que a cadeia perca competitividade, dado o inadequado grau de coordenação entre os seus segmentos; e 5) os fatores relacionados com questões culturais de cada localidade influenciam no aumento da oferta de matéria-prima, como uma necessidade para se fazer caixa, visando a aquisição de bens e serviços de demanda imediata. Além disso, é importante ressaltar o aumento de oferta de matéria-prima que geralmente acontece no final de cada mês, como uma alternativa para recompor a renda, sobretudo dos agricultores que dependem de fontes de renda tais como a aposentadoria. 

Coeficientes Técnicos 

A determinação do custo de produção é um importante instrumento na tomada de decisão no setor rural. Apesar de sua aparente simplicidade, elaborar estimativas de custo de produção ou os chamados orçamentos de custo não é uma tarefa fácil. Nesse processo estão envolvidos aspectos que não podem ser avaliados de forma eficiente para todos os produtores (empresários). Por exemplo, torna-se extremamente difícil, nessas condições, saber qual o custo de oportunidade, associado a cada fator de produção, assumido pelos diferentes tomadores de decisão nas diversas regiões produtoras de mandioca. Portanto, os valores aqui apresentados, para os diferentes sistemas de produção, referem-se a coeficientes médios.
Na Tabela 9 são apresentados os custos para o sistema de plantio, recomendado pela pesquisa, com espaçamento de 1,00 x 0,60 m (16.666 plantas por hectare). Nesse sistema são utilizados insumos modernos como fertilizantes, defensivos e mecanização, mas o plantio, tratos culturais e fitossanitários e a colheita são realizados manualmente. O rendimento médio estimado nesse sistema é de 20 t/ha, proporcionado um custo médio de produção da ordem de R$ 108,15 por tonelada de raízes .
Os solos de cerrado apresenta dois delimitadores comuns que são a acidez elevada e a baixa fertilidade natural. Embora a mandioca produza em solo com baixo teor nutricional, como toda cultura possui nível mínimo de exigência. O fósforo, como um dos macronutrientes importantes para seu desenvolvimento dessa cultura, terá que ser reposto em doses suficientes para atender a necessidade do solo e, a partir daí, ficar disponível para ser absorvido pela planta. Por outro lado, essa cultura é pouco afetada pela acidez, produzindo melhor na faixa de pH de 5,5 a 7; nesse caso, é recomendável a calagem no primeiro ano de cultivo.

Um outro nutriente importante é o nitrogênio, que tem como fonte a uréia ou o sulfato de amônio, cuja aplicação deve ser em cobertura no prazo de 30 a 60 dias após o brotamento das manivas, com o solo ainda úmido. A primeira fonte é recomendada para o período chuvoso, por ser mais volátil, mas no caso da ocorrência de veranicos, recomenda-se o sulfato de amônio. Outra grande diferença entre essas duas fontes é o frete, pois para transportar 40 kg de N e a fonte for o sulfato de amônia, necessitaria de 2,25 vezes o volume se a fonte fosse a uréia.

Dos 16 elementos essenciais ao cultivo da mandioca, o zinco é um deles. Como os solos de cerrado são, em sua grande maioria, altamente deficiente nesse micronutriente, então optou-se em mantê-lo no custo de produção, embora a sua aplicação seja feita apenas uma única vez.

As recomendações das doses dos macro e micronutrientes, bem como da calagem, só podem ser definidas, obrigatoriamente, depois da análise de solo, porque essa tem por objetivo usar correta e eficientemente os fatores de produção destinados para corrigir e adubar o solo.



No lugar de superfosfato simples e do cloreto de potássio pode-se utilizar o formulado 02-20-20+Zn na dosagem de 300 kg/ha, ao preço de R$ 0,46/kg.

Para a análise da rentabilidade, considerou-se o preço histórico de R$ 0,13 o kg de raízes de mandioca, recebido pelos produtores de mandioca na Região do Cerrado, calculado a partir de uma série de preços de janeiro de 1994 a dezembro de 2000 , deflacionados pelo IGP-DI/FGV. Com base nesses preços e no rendimento médio estimado, obtém-se margem bruta da ordem de R$ 437,04 por hectare, após o pagamento do custo operacional, essa margem terá que remunerar o capital fixo, inclusive a capacidade empresarial e o risco do negócio. Os valores anteriormente apresentados para custo unitário e preço recebido pelos produtores proporcionam uma relação benefício:custo de 1,20:1.








Tabela 9. Custo de produção de um hectare de mandioca, valores em reais (R$) de out./nov/2001.
Especificação
Unidade
Quantidade
Preço (R$)
Por unidade
Valor total
1. Insumos
Maniva-semente
m3
5
4,50
22,50
Calcário
t
1
39,15
39,15
Uréia (40 kg de N)
kg
67
0,54
36,18
Superfosfato simples* (80 kg de P2O5)
kg
444
0,40
177,60
Cloreto de potássio* (60 kg de K2O)
kg
83
0,60
49,80
Sulfato de zinco (4 kg de zinco)
kg
20
1,32
26,40
Formicida
kg
1
6,00
6,00
Subtotal....................................................................................................................
357,63
Participação percentual.........................................................................................
18,2
2. Preparo do solo
Aração
h/tr
3
25,00
75,00
Gradagem
h/tr
1,5
25,00
37,50
Sulcamento
h/tr
3
25,00
75,00
Subtotal....................................................................................................................
187,50
Participação percentual.........................................................................................
9,5
3. Adubação
Aplicação de fertilizantes
D/H
4
10,00
40,00
Subtotal....................................................................................................................
40,00
Participação percentual.........................................................................................
2,0
4. Plantio
Transporte de manivas
D/H
1
10,00
10,00 

Seleção e preparo de manivas

D/H
5
10,00
50,00
Plantio em sulcos
D/H
4
10,00
40,00
Subtotal....................................................................................................................
100,00
Participação percentual.........................................................................................
5,1
5. Tratos culturais e fitossanitários
Capinas manuais (0 3)
D/H
36
10,00
360,00
Aplicação de formicida
D/H
1
10,00
10,00
Subtotal....................................................................................................................
370,00
Participação percentual ..........................................................................................
18,8
6. Colheita
Colheita
D/H
25
10,00
250,00
Subtotal....................................................................................................................
250,00
Participação percentual.........................................................................................
12,7
7. Comercialização
Caixa tipo “k” usada retornável
Un
87
0,60
52,20
Frete comercial (cx “k” de 23 kg)
Cx “k”
870
0,70
609,00
Subtotal.....................................................................................................................
661,20
Participação percentual........................................................................................
33,7
Custo operacional efetivo ............................................................................................
1.966,33
Percentual total.........................................................................................................
100,00
Outros custos (juros, taxas e impostos) ....................................................................
196,63
Custo operacional total..............................................................................................
2.162,96



Fontes:












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